TO DIE WITH THE SUN; reescrita de harry potter escrita por SWEETBADWOLF


Capítulo 56
Capítulo 56 — Bicho Papão




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01 de Outubro de 1976, Hogwarts.


Estava uma tarde ensolarada nos terrenos de Hogwarts, uma brisa entrava fresca pelas janelas da sala comunal da Grifinória onde atualmente espalhados pela sala se encontravam um grupo bem variado de estudantes, não só grifinórios como também pertencentes as outras casas.

No canto da sala, na mesa que ficava próxima a janela, estavam Lily, Remus e Sharon estavam terminando suas lições de casa várias semanas andiatadas. James, Sirius e Brian estavam na mesa próximo ao centro, planejando a próxima pegadinha contra todos os alunos na festa de Halloween. Richard, por sua vez, estava ao mesmo tempo que lendo um bom livro sobre a filosofia da antiga era bruxa, também estava observando os três garotos para não deixar que eles ultraparassem o limite como no último ano.

Já no sofá principal que ficava em frente a lareira, que naquele momento estava apagada, se encontravam Peter esticado no sofá com a cabeça no colo de Hannah que estava lhe acariciando os cabelos enquanto conversavam com Alice e Frank que estavam sentados no tapete, quer dizer, Frank estava sentado no tapete enquanto Alice estava sentada em seu colo. Os quatro conversavam sobre a próxima visita para Hogsmeade.

Não haviam muitas pessoas na sala, pois a maioria havia ido aproveitar e tomar um ar fora do castelo, eles estavam em um dos poucos momentos em que tinham paz de verdade, onde a ideia de uma guerra eminente não tomava conta de suas mentes, onde poderiam agir como os jovens que eram sem as pressões e temores sobre os próximos ataques de Voldemort e a próxima lista de mortos que sempre viam nos jornais, aquele era apenas um dia para relaxar e aproveitar com amigos.

Era o sexto ano de suas vidas em Hogwarts, eles estavam encaracando isso como seus últimos momentos de liberdade, afinal, depois do sétimo ano, a guerra os chamaria. 

— Eu to com fome – comentou Peter de repente fazendo Sirius bufar.

— E me diga um momento em que você não está com fome, Peter – disse o Black sorrindo para o outro garoto.

— Quando estou comendo – retrucou Peter calmamente. – A gente vai passar o dia aqui mesmo?

— Até a turminha dos estudos ali resolver largar os cadernos e viver um pouco – respondeu James se espreguiçando e deitando a cabeça no ombro de Brian que lhe deu um beijo na testa. – Adoro quando você é tão carinhoso comigo, Francis.

Naquele momento Sharon soltou um longo e exasperado suspiro de alívio e jogou a pena sobre a mesa, claro que longe do ensaio que tinha acabado de terminar junto com seus parceiros de estudo.

— Acabamos – disse a Williams olhando irritada para o ensaio feito. – Eu não estou suportando mais, vocês não estão entendendo a gravidade da situação aqui.

— Ah para, não foi tão ruim – disse Lily mas ela parecia tão exausta quanto a corvina.

— Não tão ruim vai ser a minha mão na sua cara, Evans – resmungou Sharon em brincadeira. – Eu não sei porque escutei vocês dois sobre cursar Runas Antigas.

— Vocês nos escutou porque nos ama – comentou Remus de forma convencida. – Mas francamente eu tenho que concordar com as reclamações feitas. O que a Vector tem na cabeça para mandar um trabalho de três pés sobre a história das runas no Egito antigo? Eu lá tenho cara de Priscila, a Rainha do deserto para saber sobre o Egito?!

— Olha – começou Alice com seu tom de voz que dizia “fofoca da semana fresquinha do forno” –, vocês não ouviram isso de mim, até porque nem era para eu estar naquele corredor...

— Então por que estava naquele corredor? – perguntou Sirius sorrindo maroto.

— Porque eu me perdi, Black. Eu não sou você que se mete em todos os corredores que existe a procura de uma presa indefesa – retrucou Alice revirando os olhos. – Sou uma moça comprometida.

— Gente que corredor é esse? – perguntou Hannah com a sobrancelha levantada para os amigos.

— O corredor, amiga – respondeu Alice abandonando a mão. – Deixa eu continuar! Eu escutei que, aparentemente a namorada largou dela, isso é dor de cotovelo.

— Ah, então a bonitona resolve descontar na minha pobre pessoa que não tem nada haver com esse b.o todo?! – exclamou Sharon cruzando os braços. – Nossa que maravilha.

— Por que a namorada terminou com a prof? – perguntou Sirius mais concentrado na fofoca. – Garota, tem cheiro de traição nesse angu ai.

— Amiga e eu não sei? – retrucou Alice saindo do colo de Frank e se sentando no de Sirius. – Eu ouvi de alguns alunos do sétimo ano que ela tem se encontrado com outra mulher em Hogsmeade todo final de semana.

— Gente, e ela ainda tem a pachorra de ficar brava porque a namorada largou ela – disse Sirius indignado fazendo bico e balançando a cabeça. – Falta de vergonha na cara.

— As tias fofoqueiras terminaram de fofocar? – perguntou Remus com a sobrancelha para os dois.

— Por enquanto sim, mas eu vou ficar de olho para saber mais – respondeu Alice sorrindo.

James então se levantou batendo as duas mãos juntas e com um sorriso animado em seu rosto, além de dar pequenos pulinhos mostrando o quão ansioso estava para sair daquela sala.

— Então já que o clubinho do estudo terminou de estudar – Sharon mostrou o dedo do meio para o garoto, Lily revirou os olhos e Remus o ignorou – O que vamos fazer de legal fora dessa sala abafada e tediosa?

— Como o que? – perguntou Richard calmamente enquanto largava o livro na mesa ao lado da poltrona em que estava sentado.

— Eu não sei, só to afim de sair daqui. Nem que seja para ficar fazendo nada lá fora – comentou James ainda dando pulinhos.

— Potter para de pular – resmungou Lily e na mesma hora James parou sorrindo para ela como um cachorro animado pelo carinho do dono. – Eu mereço.

— Bem, alguém tem alguma ideia sobre o que fazer? – perguntou Frank se levantando e de maneira nada sútil em seu pequeno ciúmes, puxou Alice do colo de Sirius.

— O que vocês acham de um piquenique? – sugeriu Hannah. – Podemos fazer próximo ao lago...

Peter abriu um largo sorriso para a garota, seus olhos brilhavam cheios de amor e carinho pela jovem, que ao ver como o namorado a observava corou na mesma hora.

— Você é uma genia, amor – disse o garoto levantando a cabeça e dando um selinho rápido nela. – Eu topo completamente. Tem tudo que eu gosto. Comida, minha namorada perfeita, meus amigos insuportáveis e comida.

— Você disse comida duas vezes – disse Frank.

— Eu sei – cantarolou Peter se levantando. – E ai, quem topa? 

No fim, todos toparam. E enquanto Hannah e Peter iam juntos na cozinha pegar várias comidas, o restante dos maratos e marotas continuaram caminho para fora do castelo e já procurarem um bom lugar para ficarem próximo ao lago.

— Então, Sharon – começou Sirius enquanto seguiam caminho. – Fiquei sabendo que você está apaixonada por um garoto ai...

Brian olhou um tanto preocupado para a corvina que concordava na cabeça. Ele estava tão preocupado com a concordância de Sharon que não viu os outros amigos rindo na direção dele.

— Sim – respondeu Sharon.

— E como ele é? – perguntou James num tom animado.

— Baixo, nem gordo nem magro, cabelos castanhos até os ombros, olhos azuis, um idiota completo mas terrivelmente adorável...

— Se parece comigo – comentou Brian com um suspiro e ainda não percebendo os sorrisos dos amigos. – Pena que você está apaixonada por outra pessoa.

Cada um deles olhou para Brian como se ele tivesse perdido a cabeça enquanto Sharon olhava para o céu pedindo paciência.

— Eu mencionei “um idiota completo”? – perguntou a Williams.

— Sim – respondeu Brian.

— Só pra ter certeza.

Demoraria até o evento do baile de inverno que teria aquele ano para Brian finalmente perceber que Sharon estava, de fato, falando sobre ele. E então ele a pediria para ela ser seu par e sua namorada.

Enfim eles encontraram um bom lugar vazio próximo ao lago – afinal praticamente toda Hogwarts estava aproveitando aquele dia do lado de fora –, eles se acomodaram na grama, sendo sentados ou deitados, e as comidas que Peter e Hannah haviam pego estavam postas numa toalha que o rapaz havia pegado da cozinha emprestado. E assim eles passaram aquela tarde, juntos conversando sobre planos futuros – Peter, Hannah, Frank e Alice –; lendo livros – Richard, Lily e Remus –; fofocando sobre a vida alheia – Sirius e Sharon, e não muito tempo depois, Alice se juntou também, afinal era fofoca –; e jogando “eu vejo com os meus olhinhos” – James e Brian.

Mas o mais importante daquele dia, era que eles estavam, acima de tudo, aproveitando a companhia um do outro. Sentindo cada um dos amigos ao seu redor, e deixando suas mentes irem para um futuro carregado de vida, carregado de amor e esperança. Um futuro onde eles estariam juntos, e não havia guerra. Era apenas um sonho, e cada dia que se passava faziam eles terem certeza disso, de ser apenas um sonho. Mas por aquele momento, e por muitos ainda vividos naquele mesmo ano, era mais real que a própria vida sentida.

E quando a noite já estava presente, a lua minguante brilhante no céu e o frio surgindo cada vez mais, para uma pessoa com um pouco de senso, já significava que era hora de voltar para dentro do castelo. Porém, por algum motivo, cujo nenhum dos amigos descobriu, James Potter, Brian Francis, Peter Pettigrew, Sirius Black, Alice Lewis-Jones e Hannah Sanders, resolveram que era o momento ideal para se jogarem no lago, que aquela hora, já deveria estar congelando.

Porém os seis não se contentaram em irem sozinhos, de alguma forma, eles conseguiram convencer os outros alunos que estavam próximos ainda aquele horário a entrarem também, e em pouco tempo, o lago estava cheio de alunos mergulhando, fugindo da Lula Gigante, puxando a perna do amigo ao lado, e assustando o próximo.

E apesar de Remus, Richard, Lily, Sharon e Frank terem ido completamente contra aquela ideia que só teria um resultado no final, ao ver tantos alunos se divertindo juntos, cantando e brincando, sendo jovens sem preocupações, bem, não seriam eles cinco que negariam o prazer de apenas viver o momento.

E no final, a Ala Hospitalar nunca esteve tão cheia de gripados. E aquela foi a única vez que Madame Pomfrey viu tantos gripados felizes e em paz um com o outro.

 

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11 de Setembro de 1993, Hogwarts.


Sophie estava deitada em sua cama no dormitório feminino da Grifinória. Era final de semana e ela estava aproveitando aquela folga das aulas para apenas respirar e relaxar. Sem pensar em Sirius, sem pensar nas coisas que não estava contando para Remus a quem merecia sua lealdade acima de qualquer um, sem pensar nas mil vezes em que havia mentido para Erik dizendo que estava bem quando ele perguntava, sem pensar em Peter Pettigrew sendo o Perebas durante tantos anos.

Já se passaram nove dias desde do encontro com Sirius. E apesar do tempo apertado por conta das aulas e as inúmeras lições, Sophie havia conseguido tempo para visitar ele sem que os outros soubessem. Tendo o Mapa do Maroto em mãos e a capa da invisibilidade que ela pegou emprestada com o irmão mais novo, Sophie fazia o possível para ver o segundo padrinho pelo menos uma vez no dia.

Durante os dias que se passaram ela percebeu como o humor dele era variado. As vezes ele estava em um momento sombrio onde só conseguia pensar em vingança contra o Peter, as vezes ele não perdia o sorriso do rosto enquanto ouvia ela contando sobre os momentos dela em Hogwarts com os amigos e Harry, as vezes ele estava simplesmente triste no qual as vezes acabava chorando e dizendo o quanto “sentia falta de quando eles eram idiotas e inocentes juntos” e ela simples sabia que ele estava falando de todo o seu grupo perdido, não apenas de seu pai.

Estava claro para ela que Sirius estava quebrado. Algo compreensível, afinal, foram doze anos preso em uma prisão horrorosa. Se ela realmente esperava que quando ele fosse solto ele sairia brincando sobre tudo e pulando para os lados em felicidade, então ela era burra. O que ela não era. Ela sempre soube que haveria sequelas. Desde do momento em que o próprio Sirius havia escrito a última carta para ela e Remus, e depois quando o próprio Dumbledore falou sobre Azkaban e por fim quando Hagrid foi solto após ter ficado alguns dias lá.

Ninguém que entrasse em Azakaban, sairia com a sanidade intacta.

E ela se preocupava com seu padrinho. Realmente se preocupava. Mesmo o fato dela sentir medo dele quando aquele lado sombrio estava presente onde ele deixava claro seu desejo de morte contra Peter já era para se preocupar. Afinal, mesmo desde pequena sabendo que Remus se transformava em lobisomem, uma criatura realmente perigosa, ela nunca sentiu medo de seu lobo. Muito pelo contrário, se Remus não trancasse a porta de ferro do porão, ela até mesmo já teria entrado naquele quarto a muito tempo para acalmá-lo.

Então ela sentir medo de Sirius naqueles momentos de sombra e escuridão, só fazia ela ter certeza o quanto seu padrinho precisava de ajuda. E por mais que ela quisesse, por mais que ela desejasse, não seria ela que conseguiria tal feito. Ela tinha certeza, em seu coração, que apenas Harry e principalmente o único que para Sirius ainda estava vivo em seu coração de seu antigo grupo, Remus, seriam capazes de ajudá-lo.

E oh, ela queria contar para Remus. Naquele mesmo momento sua vontade era correr até seu padrinho e contar tudo, pedir ajuda. Porque ela estava perdida, terrivelmente perdida. Mas ainda havia algo que a impedia. E este algo, era Peter.

Ela estava na presença de Perebas no total de cinco vezes durante aqueles dias. Não sozinha, ele sempre estava nas mãos ou no bolso de Rony. Mas ela sabia que era questão de tempo até o rato fugir de seu dono e aparecer em sua cama, como havia feito nos últimos tempos. E ela não sabia também como se sentir sobre ele.

Estava claro para ela que em seu coração ele estava perdoado. Depois de tudo que ouviu dele, depois de saber da terrível perda que ele sofreu, o primeiro de todos a ter que aguentar a dor da morte de alguém realmente próximo daquele grupo. Alguém a quem ele pretendia se casar um dia, e que muito provavelmente planejava criar uma família. Depois de ouvir o quanto ele realmente gostava dela e o quanto ela era a única coisa que trazia pelo menos um pouco de felicidade para ele, era bastante significativo. Além do maior fato de todos: Se não fosse por Peter Pettigrew, ela não estaria viva.

Então sim, em seu coração Peter estava perdoado. Pois assim como tantos outros, ele era vítima daquela guerra.

Mas uma coisa era você perdoar o homem que traiu seus pais e de certa forma, causou a morte deles. E outra, e bem extrema seria estar de frente, cara a cara com ele. Olhar em seus olhos e ver o homem quebrado, o traidor, o perdido. Como ela se sentiria? O que ela faria? O que ela queria fazer? Como ela lidaria com aquilo?

E ela não podia ainda contar para Remus. Porque ela não fazia ideia de como Remus agiria, e a última coisa que ela queria era ele se juntar com o plano de vingança com Sirius.

Pois essa era a única certeza que ela tinha. Ela não queria que Peter morresse. Não assim. Pelas mãos dos dois homens a quem ele cresceu, quem ele amou um dia, seus antigos amigos.

E ainda tinha o Harry no meio disso tudo.

Sophie suspirou se sentindo realmente cansada e a beira de um baita ataque de ansiedade, seus olhos se encheram de lágrimas e ela colocou as mãos no rosto, respirando e inspirando fundo várias vezes até se acalmar pelo menos um pouco. Eram tantos sentimentos orbitando todo o seu ser que ela não fazia ideia de como aceitar todos eles, como... Como lidar com todos eles.

Ela tirou as mãos do rosto e olhou para Aslan, ela estava com a cabeça deitada em seu corpo esticado na cama – a qual ela havia precisado tornar bem maior para caber aquele felino que era maior que o Hagrid –, e sorriu ao vê-lo dormir tranquilamente. Ela passou a mão por sua juba e riu carinhosamente ao ouvi-lo ronronar.

— Obrigada por não me deixar sozinha, querido – ela sussurrou.

Então olhando para Aslan, ela se lembrou de duas pessoas importantes para ela que estavam longe. Uma estava longe por estar conhecendo o mundo e sendo magnífico, e a outra estava num futuro de um tempo distante mas cheio de promessas.

David, que apesar de nunca ter conversado pessoalmente com ele, ela considerava seu melhor amigo. E Alec, o leão que não era um leão a quem ela aparentemente tinha muito amor por. Duas pessoas que sempre que tiveram a oportunidade davam força para ela através de suas palavras, davam a ela a confiança que existia.

— Me pergunto o que vocês me diriam para fazer – sussurrou ela olhando para o pingente dado por David no seu último Natal em Hogwarts antes de sair. Um leão enrolado em um sol.

Ela sorriu novamente. Por algum motivo ela sentia que David seria o rapaz que pegaria na mão dela e diria para ela correr o mais longe que podia para esquecer toda aquela bagunça. E Alec seria aquele que apoiaria qualquer decisão que ela tomasse depois de dar conselhos abertos, e que não sairia do lado dela.

Já se sentindo mais calma, ela olhou para o lado, a mesinha ao lado da cama e viu ali o livro “O Hobbit”. Fez um bico olhando para aquele seu livro favorito, pensando se seria bom para ela lê-lo mais uma vez. Depois de muito matutar os prós e contras, ela decidiu ler. Afinal, não é como se ela fosse chorar que nem uma condenada novamente, não é mesmo?

 

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Erik, Charles, Castiel, Dean, Harriet, Teresa, Patrick, Jorge e Fred estavam andando tranquilamente pelos corredores de Hogwarts. Tudo estava tranquilo, apesar de já ter se passado dias, os alunos ainda comentavam sobre o quão animados estavam com Remua como professor.

— Não estou nem um pouco surpreso – dizia Castiel sorrindo. – Eu sabia que ele iria arrasar.

— Vocês viram a Sophie hoje? – perguntou Erik percebendo que os senrimentos de sua irmã de alma, onde estivesse, estavam um tanto triste, o que já o preocupava.

— Ela disse que queria dormir até mais tarde hoje. – respondeu Teresa. – Então no dormitório foi a última vez que a vi.

Eles tinham acabado de virar a esquina que os levaria para o Salão Principal quando Angelina Johnsson, uma das artilheiras do time da Grifinória veio correndo na direção deles com o rosto carregado de preocupação.
          
— Gente, rápido, acho que a Sophie precisa de vocês! – exclamou a garota com a voz num tom um tanto desesperado.

— Como assim, Angel? O que aconteceu? – perguntou Dean primeiro já tomando uma pose de amigo protetor.

— Ela não para de chorar! Eu não sei o que aconteceu, encontrei ela no dormitório chorando tanto... – disse a garota ja correndo de volta para a sala comunal da Grifinória com os outros a seguindo.

— Ela está no dormitório? – perguntou Erik correndo mais rápido que todos.

— Sim, mas eu a levei para o dormitório dos meninos para vocês todos conseguirem entrar – informou Angelina.

Não demorou muito e todos eles estavam se espremendo em frente a porta do dormitório dos meninos do quinto ano. Erik era o que estava na frente, e após bater gentilmente, disse:

— Sophie? – ele chamou, sua voz carregada de carinho. – Meine Liebe, was ist passiert? Hmm? Ich fühle dich, meine Seele, lass mich dir helfen...

A falta de resposta de Sophie deixou Erik mais preocupado assim como todos os outros. Afinal, eles sabiam o quanto a conexão daqueles dois era forte. E para Sophie não responder, então algo estava realmente errado.

Mas através da preocupação de Charles, ele também estava pensativo.

— Tinha algo na cama ou perto dela que indicava o motivo dela estar chorando? – Charles perguntou se virando para Angelina.

A artilheria franziu a testa pensando na pergunta do garoto e negou.

— Não. A única coisa na cama dela era um livro... Se eu não me engano se chamava “Bobbit”.

Todos ficaram confusos com aquela informação mas Charles por sua vez, entendeu e deu um leve sorriso. Passou pelos amigos e parou em frente a porta.

— Sophie – ele chamou com a voz calma e tranquila. –, lembra-se o nosso primeiro contato? Na verdade, o meu primeiro contato com você? Hum? Lembra o que eu escrevi naquela carta, minha amiga? Você não está sozinha. Eu sei que você ainda não leu o último, que provavelmente será o presente de Natal do David esse ano... Mas acredite em mim, você vai ver um final feliz.

Ele sorriu ao escutar barulhos de passos e então a porta se abrir um pouco, antes que Sophie o puxasse para dentro, ele sorriu tranquilamente para os outros e piscou. Já dentro do quarto, Sophie já voltava a se deitar na cama onde Aslan também estava deitado.

A ruiva caiu na cama e se encolheu ao lado do leão. Charles suspirou com simpatia, Sophie sempre foi emotiva quando se tratava de personagens favoritos tendo finais trágicos. E quem era ele para julgar? Ele era igual.

Ele se sentou próximo ao corpo dele e gentilmente lhe acariciou os cabelos.
         
— Leu “O Hobbit” novamente, então...

Ela se virou um pouco e olhou para ele. Suas bochechas estavam vermelhas assim como seus olhos que também estavam lacrimejados. 

— Eu não pude evitar – disse ela num tom miserável – Hoje não tinha nada para fazer e o livro tava na mesinha...

— Entendo, minha amiga, entendo – disse Charles calmo. – Conseguiu chegar até o final ou parou na despedida do Thorin?

— Eu não consigo ir mais até o final, toda vez que chega na despedida eu to ferrada no choro – disse Sophie, seu queixo começando a tremer indicando que iria chorar novamente logo. – Se eu ir até o final eu morro de tanto chorar! O Bilbo sozinho no Bolsão... Por que tinha que ser assim? Não é justo! Por que Thorin, Fili e Kili tinham que morrer?! Se eles estivessem vivos, Bilbo teria ficado em Erebor com os anões e eles seriam uma grande família! Que nem a gente é!

Charles continuou a olhando com simpatia.

— Eu sei, Sophie. E eu concordo com você – disse ele. – Mas Tolkien queria que fosse assim, para mostrar o que a guerra é capaz de trazer... Nem sempre o herói vive no final, minha amiga. Afinal, em uma guerra não existe herói. Apenas os seres. Isso é a única coisa que a morte vê. Não o status, não a importância... Mas o ser. E essa é a triste e cruel verdade da guerra.

Sophie tornou a chorar e Charles sorriu para Aslan que passou os braços enormes e peludos ao redor do pequeno corpo dela.

— Eu odeio o David por ter me feito ler esse livro e ter ido embora! – exclamou ela com a voz abafada.

Charles riu baixo. Deixe que Sophie Potter seja dramática em todos os momentos.

— Não, minha amiga. Você não odeia. – ele disse suavemente.

Passou um curto momento e ela disse.

— Não. Mas ainda to brava com ele

— Então quando ele voltar para você, você de uma bela bronca nele. – cantarolou Charles. – Como eu disse, o último livro será entregue de presente de Natal para você por ele... E confie em mim, conhecendo sua imaginação, você verá um final feliz.
     
— Promete?

— Cruze o meu coração, Sophie Potter. E espero morrer.

Sophie então se virou para ele e abriu finalmente um sorriso.

A verdade era que ler o livro de “O Hobbit” ajudou sim Sophie. Apesar de toda tristeza, ela estava segurando tantos sentimentos juntos e com isso segurando a vontade de chorar. E o livro deu a oportunidade para ela enfim soltar tudo, não só a tristeza pelo personagem querido morto. Mas também toda a confusão que estava sentindo antes, toda tristeza pela situação de Sirius, e a história de Peter. Tudo, através das lágrimas.

 

Não era atoa que na semana seguinte ela estava bem mais leve. Ainda não sabendo o que fazer a seguir, mas mais leve de qualquer forma.

 

 

        
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A nova semana veio e Harry infelizmente já teve que começar segunda tendo que aguentar à volta de Malfoy para as aulas. E obviamente era pior aguentar ele e seu grupinho de amigos durante as aulas de Poções, do Prof. Snape.

Malfoy havia entrado como se fosse um sobrevivente heróico de uma terrível batalha com o braço direito enfaixado e pendurado em uma tipoia.

— Como vai o braço, Draco? – perguntou Pansy Parkinson, com um sorrisinho insincero. – Está doendo muito?

— Está – respondeu o garoto, fazendo uma careta corajosa.

Mas Harry o viu piscar para Crabbe e Goyle, quando Pansy desviou o olhar.

— Vá com calma, vá com calma – falava o Prof. Snape gratuitamente toda vez que passava pelo loiro.

Harry, Rony e Gabriel fizeram caretas um para o outro; Snape não teria dito “vá com calma” se eles tivessem entrado atrasados, teria lhes dado uma detenção. Mas Malfoy sempre conseguira escapar com qualquer coisa nas aulas de Poções.

A classe estava preparando uma poção nova naquele dia, uma Solução Redutora. Malfoy armou seu caldeirão bem ao lado do de Harry e Rony, Gabriel e Hermione de modo que os três ficaram preparando os ingredientes na mesma mesa.

— Professor – chamou o loiro –, vou precisar de ajuda para cortar as raízes de margarida, porque o meu braço...

— Weasley, corte as raízes para Malfoy. – ordenou Snape sem erguer a cabeça.

Rony ficou vermelho como um tomate. Estava prestes a levantar quando outra voz exclamou no fundo da sala:

— Ah que isso! – todos se viraram e viram Sophie entrando na sala. – Pode deixar que eu mesma ajudo o pobre coitado.

— O que faz aqui, Potter? Não devia estar em aula? – perguntou Snape irritando olhando para Sophie que fechava a porta da sala e passava pelos alunos, fazendo uma especial questão de esbarrar no grupinho de Malfoy.

— Foi cancelada. Então eu pensei: num, por que não ir ver como meu querido irmão está indo na aula do meu professor menos favorito do mundo? – comentou Sophie sorrindo e piscando para Harry, Rony, Gabriel e Hermione. – E não se preocupe, Dumbledore sabe que estou aqui.
“Agora, você precisa de ajuda Draquinho?” perguntou Sophie virando-se para Malfoy que ficou vermelho. “Ah como ele é fofo não é mesmo? E frágil. Só falta você ser feito de açúcar e não poder se molhar.”

O comentário da Potter fez a maioria rir e Malfoy ficar mais vermelho. Sophie começou a cortar as raízes.

Harry olhou para Snape e viu que o mesmo estava vermelho, parecia que estava prestes a explodir. Rony o cutucou e fez um sinal para ele voltar a fazer a poção.

— Ah que droga, eu errei! Desculpa Draco, eu sou tão desastrada! Ai de mim... – dizia Sophie fazendo cara de inocente enquanto continuava cortando as raízes da forma mais errada possível. – Ih rapaz, errei de novo! Caramba acho que eu não sirvo para essa vida de cortadora de raízes.

Harry e Rony sorriam largo para a ação de Sophie, Hermione segurava o sorriso e Gabriel já estava com o rosto enfiado na mochila escondido para rir.

Sophie então se aproximou um pouco mais de Malfoy e disse com a voz séria e deixando claro o quão sem paciência estava:

— Se eu voltar na próxima aula de poções, Draco, e você continuar com esse drama de que continua com dor nessa droga de braço, eu juro pelo Universo, mas você irá saber de verdade como é ter um braço quebrado – sussurrou Sophie tomando cuidado para Snape não ouvir. – Agora corte essas drogas de raízes e deixe o Hagrid em paz.

— Certo – resmungou o garoto baixo.

Sophie sorriu, batendo na cabeça dele como se fosse um cachorrinho.

— Bom garoto – e antes de se afastar disse: – Aliás, apesar de tudo, obrigada pelo comprimido. – e foi se sentar no fundo da sala.

Verdade seja dita, ninguém ficou surpreso quando viram o braço do Draco funcionar normalmente.

Sophie estava prestes a pegar o caderno para revisar a lição de casa que Remus havia passado quando viu que Neville estava suando frio. Muito frio. Frio até demais.

Suspirando, e sem que Snape a notassse já que ainda estava sentado olhando as lições na mesa, ela se aproximou de Neville e se ajoelhou ao lado dele fingindo procurar alguma coisa no chão.

— Qual a cor? – perguntou ela baixinho. – Qual a cor da poção?

— Laranja – respondeu Neville baixinho para a ruiva.

— Garoto, você é um perigo para si mesmo – sussurrou ela de volta mas sorrindo suave para ele. – Relaxa, Sophie Potter está aqui para salvar sua vida. – e com isso, puxou a mão do garoto anotando com letras pequenas e curtas o que ele devia fazer para melhorar a poção.

 

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Enquanto Sophie estava concentrada ajudando Neville, Harry estava tendo uma conversa interessante com Simas Finnigan.

— Vocês já souberam? – perguntou o grifinório curvando-se para pedir emprestada a balança de latão de Harry. – No Profeta Diário desta manhã, eles acham que avistaram Sirius Black.

— Onde? – perguntaram Harry e Rony depressa. Do lado oposto da mesa, Draco ergueu os olhos, escutando a conversa atentamente.

— Não muito longe daqui – respondeu o colega, que parecia excitado. – Foi visto por uma trouxa. Claro que ela não entendeu muito bem. Os trouxas acham que ele é apenas um criminoso comum, não é? Então ela telefonou para o número do plantão de emergência. Mas até o Ministério da Magia chegar lá, o Black já tinha sumido.

— Não muito longe daqui... – repetiu Rony, lançando a Harry um olhar sugestivo, e depois para Mione e Gabriel.

O ruivo então percebeu que estavam sendo observados, e se virou para Malfoy.

— Que foi, o chatisse?

Mas os olhos do garoto brilhavam de maldade, e estavam fixos em Harry. Ele se debruçou na mesa.

— Está pensando em apanhar o Black sozinho, Potter?

— Acertou! – respondeu Harry displicentemente. – Quer um prêmio? Idiota.

Os lábios finos de Draco se curvaram num sorriso nada legal.

— É claro, se fosse eu – continuou em voz baixa –, eu já teria feito alguma coisa há mais tempo. Eu não ficaria na escola como um bom menino, eu estaria lá fora procurando o homem.

— De que é que você está falando, Malfoy? – perguntou Rony com aspereza.

— Não sabe, Potter? – sussurrou Malfoy ainda olhando para o Potter.

— Não sei o quê?

Quando Malfoy abriu a boca, Sophie surgiu lhe dando um tapa bem dado em sua cabeça loira.

— O bafo de cobra vai cuidar das suas raízes – resmungou ela para o loiro que revirou os olhos e voltou para seu próprio canto. Sophie então se virou para o irmão. – Não estão vendo que ele está fazendo isso para vocês se atrasarem, seus patetas?

Harry olhou irritado para Malfoy e voltou a se concentrar na poção, assim como Rony e Sophie voltou para o fundo. Neville já não mais suava frio.

Não muito tempo depois, Snape se levantou.

— Todos já devem ter terminado de misturar os ingredientes. Essa poção precisa cozinhar antes de ser bebida; portanto guardem os materiais enquanto ela ferve e, então, vamos testar primeiro a do Longbottom...

Sophie sorriu tranquila e focou o olhar no caderno já terminando sua própria lição de casa. Quando estava perto da aula acabar, Snape foi até Neville com um sorriso zombeteiro no rosto.

— Venham todos para cá – disse. –, e observem o que acontece ao sapo de Longbottom. Se ele conseguiu produzir uma Poção Redutora, o sapo vai virar um girino. Se, o que eu não duvido, ele não preparou corretamente, então o sapo será envenenado.

Sophie assistiu tudo com atenção e sorriu quando o sapo de Neville se transformou, de fato, em um girino. Snape, por sua vez, ficou vermelho de raiva e olhou para Sophie que lhe deu um tchauzinho com a mão, pois naquele momento o sinal havia tocado. A aula havia acabado, e ela saiu da sala pulando de alegria.

 

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— Você não se cansa de irritar, Snape? – perguntou Erik assim que se encontraram para a aula de Aritmancia.

— Nah... – retrucou Sophie sorrindo e se sentando com Erik ao lado. – É divertido e deixa o meu dia mais brilhante.

— Claro que sim – disse Erik revirando os olhos. – Mas, então, quando você pretende me dizer o que você está aprontando?

— Hmm?

— Não se finja de desentendida, não combina com você. – retrucou o alemão. – Francamente você me insulta achando que eu não notei o seu comportamento nos últimos dias. Nem vou começar sobre sábado.

— Já disse que achei que ler “O Hobbit” novamente não me faria chorar – reamungou a Potter. Ela então suspirou. – Peço que você espere mais um pouco, irmão. É um assunto muito incerto ainda para mim.

Erik olhou para ela por um longo momento antes de suspirar e lhe dar um leve beijo na testa.

 

— Eu tenho todo o tempo do mundo pra você, Meine Löwin Seele.

 

 

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A aula prática mal havia começado e Harry já estava adorando. Remus sabia como agir em sala de aula e era gentil com todos.

Eles estavam agora  na sala dos professores, onde, a pouco tempo, Snape estava e que antes de sair da sala havia menosprezado Neville, dizendo para o Lupin que Neville era péssimo em tudo, o que deixou obviamente o garoto bem pra baixo. Mas Remus logo tratou de mudar a situação, defendendo o garoto e ainda dizendo a Snape que seria ele que começaria a aula prática.

Harry não podia estar mais orgulho do padrinho como estava agora.

— Agora, então – disse Remus, chamando, com um gesto, a turma para o fundo da sala, onde não havia nada exceto um velho armário em que os professores guardavam mudas limpas de vestes. Quando o professor se postou a um lado, o armário subitamente se sacudiu, batendo na parede.
“Não se preocupem”, disse ele calmamente porque alguns alunos tinham pulado para trás, assustados. “Há um bicho-papão aí dentro.”

A maioria dos garotos achou que isso era uma coisa com o que se preocupar. Neville lançou ao professor um olhar de absoluto terror e Simas Finnigan mirou o puxador, que agora sacudia barulhentamente, com apreensão.

— Bichos-papões gostam de lugares escuros e fechados – informou o mestre. – Guarda-roupas, o vão embaixo das camas, os armários sob as pias... Eu já encontrei um alojado dentro de um relógio de parede antigo. Um teve a coragem se enfiar em baixo da cama de Sophie quando ela era criança. Eu digo, vocês não querem me ver no lado padrinho protetor.

Todos sorriram imaginando a cena de uma Sophie pequena sendo protegida pelo professor.

— Este aquu se mudou para cá ontem à tarde e perguntei ao diretor se os professores poderiam deixá-lo para eu dar uma aula prática aos meus alunos do terceiro ano.
“Então, a primeira pergunta que devemos nos fazer é, o que é um bicho-papão?”

Hermione levantou a mão.

— É um transformista – respondeu ela. – É capaz de assumir a forma do que achar que pode nos assustar mais.

— Eu mesmo não poderia ter dado uma definição melhor – disse Remus, e o rosto de Hermione se iluminou de orgulho. – Então o bicho-papão que está sentado no escuro aí dentro ainda não assumiu forma alguma. Ele ainda não sabe o que pode assustar a pessoa que está do lado de fora. Ninguém sabe qual é a aparência de um bicho-papão quando está sozinho, mas quando eu o deixar sair, ele imediatamente se transformará naquilo que cada um de nós mais teme.
“Isto significa”, continuou o Remus, preferindo não dar atenção à breve exclamação de terror de Neville, “que temos uma enorme vantagem sobre o bicho-papão para começar. Você já sabe qual é, Harry?”

Tentar responder uma pergunta com Hermione do lado, com as plantas dos pés subindo e descendo impacientes e a mão no ar, era muito irritante, mas Harry resolveu tentar assim mesmo. Ele queria orgulhar Remus.

— Hum... porque somos muitos, ele não vai saber que forma tomar.

— Precisamente – concordou Remus acenando para ele com os olhos brilhando, e Hermione baixou a mão, parecendo um pouquinho desapontada. – É sempre melhor estarmos acompanhados quando enfrentamos um bicho-papão. Assim, ele se confunde. No que deverá se transformar, num corpo sem cabeça ou numa lesma carnívora? Uma vez vi um bicho-papão cometer exatamente este erro, tentou assustar duas pessoas e se transformou em meia lesma. O que, nem de longe, pode assustar alguém.
“O feitiço que repele um bicho-papão é simples, mas exige concentração. Vejam, a coisa que realmente acaba com um bicho-papão é o riso. Então o que precisam fazer é forçá-lo a assumir uma forma que vocês achem engraçada. Vamos praticar o feitiço com as varinhas primeiro. Repitam comigo, por favor... riddikulus!”

— Riddikulus! – repetiu a turma.

— Ótimo – aprovou o Remus batendo as mãos juntas. – Muito bem. Mas receio que esta seja a parte mais fácil. Sabem, a palavra sozinha não basta. E é aqui que você vai entrar Neville.

O guarda-roupa recomeçou a tremer, embora não tanto quanto Neville, que se dirigiu para o móvel como se estivesse indo para a forca.

— Certo, Neville – disse o professor. – Vamos começar pelo começo: qual, você diria, que é a coisa que pode assustá-lo mais neste mundo?

Os lábios de Neville se mexeram mas não emitiram som algum.

— Não ouvi o que você disse, Neville, me desculpe – cantarolou Remus animado.

Neville olhou para os lados meio desesperado, como que suplicando a alguém que o ajudasse, depois disse, num sussurro quase inaudível:

—O Prof. Snape.

Quase todo mundo riu. Até Neville sorriu como se pedisse desculpas. Remus, porém, ficou pensativo, mas o ar maroto ao seu redor não enganava ninguém.

— Prof. Snape... É eu já tive meus pesadelos com ele também. – então fingiu se tremer todo fazendo os alunos rirem novamente. – hummm... Neville, eu creio que você mora com a sua avó?

— Hum... moro – disse Neville, nervoso. – Mas também não quero que o bicho-papão se transforme na minha avó.

— Não, não, você não entendeu – disse o professor, agora rindo. – Será que você podia nos descrever que tipo de roupas a sua avó normalmente usa?

Neville fez cara de espanto mas disse:

— Bem... sempre o mesmo chapéu. Um bem alto com um urubu empalhado na ponta. E um vestido comprido... verde, normalmente... e às vezes uma raposa.

— E uma bolsa?

— Vermelha e bem grande.

— Certo então – disse o professor. – Você é capaz de imaginar essas roupas com clareza, Neville? Você consegue vê-las mentalmente?

— Consigo – respondeu Neville, hesitante, obviamente imaginando o que viria a seguir.

— Quando o bicho-papão irromper daquele guarda-roupa, Neville, e vir você, ele vai assumir a forma do Prof. Snape. E você vai erguer a varinha... assim... e gritar “Riddikulus”... e se concentrar com todas as suas forças nas roupas de sua avó. Se tudo correr bem, o Prof. Bicho-Papão-Snape será forçado a vestir aquele chapéu com o urubu, aquele vestido verde e carregar aquela enorme bolsa vermelha.

Houve uma explosão de risos. O guarda-roupa sacudiu com maior violência.

— Se Neville acertar, o bicho-papão provavelmente vai voltar a atenção para cada um de nós individualmente. Eu gostaria que todos gastassem algum tempo, agora, para pensar na coisa de que têm mais medo e imaginar como poderia fazê-la parecer cômica...

A sala ficou silenciosa. Harry pensou... O que o apavorava mais no mundo? Seu primeiro pensamento foi Lorde Voldemort – um Voldemort que tivesse recuperado totalmente as forças. Mas antes que conseguisse planejar um possível contra-ataque ao bicho-papão-Voldemort, uma imagem horrível foi aflorando à superfície de sua mente...

Uma mão luzidia e podre, que escorregava para dentro de uma capa preta... uma respiração longa e rascante que saía de uma boca invisível... depois um frio tão penetrante que dava a impressão de que ele estava se afogando...

Harry estremeceu e olhou para os lados, na esperança de que ninguém tivesse reparado nele. Muitos alunos tinham os olhos bem fechados. Rony murmurava para si mesmo “Arranque
as pernas dela”. Harry teve certeza de que sabia a que o amigo se referia. O maior medo de Rony eram as aranhas.

— Todos prontos? – perguntou o Prof. Lupin.

Harry sentiu uma onda de medo. Ele não estava pronto. Como era possível fazer um dementador se tornar menos aterrorizante? Mas não quis pedir mais tempo; todos estavam acenando a cabeça afirmativamente e enrolando as mangas.

— Neville, nós vamos recuar – disse o professor. – Assim você fica com o campo livre, está bem? Vou chamar o próximo a vir para a frente... Todos para trás, agora, de modo que Neville tenha espaço para agitar a varinha...

Todos recuaram, encostaram-se nas paredes, deixando Neville sozinho ao lado do guarda-roupa. Ele parecia pálido e assustado, mas enrolara as mangas das vestes e segurava a varinha em posição.

— Quando eu contar três, Neville – avisou Lupin, que apontava a própria varinha para o puxador do armário. – Eu confio em você, você vai ser incrível, eu prometo. Um... dois... três... agora!

Um jorro de faíscas saltou da ponta da varinha do professor e bateu no puxador. O guarda-roupa se abriu com violência. Com o nariz curvo e ameaçador, o Prof. Snape saiu, os olhos faiscando para Neville. Neville recuou, de varinha no ar, balbuciando silenciosamente. Snape avançou para ele, apanhando alguma coisa dentro das vestes.

— R... r... riddikulus!— esganiçou-se Neville.

Ouviu-se um ruído que lembrava o estalido de um chicote. Snape tropeçou; usava um vestido longo, enfeitado de rendas e um imenso chapéu de bruxo com um urubu carcomido de traças no alto, e sacudia uma enorme bolsa vermelho vivo.

Houve uma explosão de risos; o bicho-papão parou, confuso, e Remus gritou animado:

— Padma! Avante!

Padma Patil, da corvinal, adiantou-se, com ar decidido. Snape avançou para ela. Ouviu-se outro estalo e onde o bicho-papão estivera havia agora uma múmia com as bandagens sujas de sangue; seu rosto tampado estava virado para Padma e a múmia começou a andar para a garota muito lentamente, arrastando os pés, erguendo os braços duros...

Riddikulus!— exclamou Padma.

Uma bandagem se soltou aos pés da múmia; ela se enredou, caiu de cara no chão e sua cabeça rolou para longe do corpo.

— Gabriel – bradou o professor.

Gabriel passou disparado por Parvati.

Craque!

Onde estivera a múmia surgiu uma enorme couve-flor e só isso fez todos rirem enquanto Gabriel olhava entre pavor e nojo para a verdura.

Riddikulus! – bradou Gabriel.

Craque!

O couve-flor se transformou em um grande feijãozinho de todos os sabores, só que tinha um rosto alegre e pulava feliz.

— Muito bom! – elogio Remus rindo. – Samuel!

Sam correu para frente passando por Gabriel que estava indo saltitando para o fim da fila. O Winchester parou em frente ao bicho-papão.

Craque!

Um fantasma horrível surgiu, com o rosto pintado de branco e vermelho, seu cabelo era laranja e tinha uma testa enorme. Seu sorriso era macabro e se aproximava lentamente de Sam que estava paralisado.

— Vamos flutuar, pequeno Sammy – disse o palhaço numa voz infantil mas ainda bastante assustadora.

— A varinha, Sam, você consegue, vamos!

Sam levantou a varinha e bradou alto mas com a voz cheia de medo e raiva:

Riddikulus!

Craque!— transformou-se em uma cascavel, que saiu deslizando e se contorcendo até que – craque!— se transformou em um olho único e sangrento.

—Confundimos o bicho! – gritou Remus. – Já estamos quase no fim! Rosie!

Rosie adiantou-se correndo.

Craque!

O olho se transformou em uma mão decepada, que deu uma cambalhota e saiu andando de lado como um caranguejo.

Riddikulus!— berrou Rosie.

Ouviu-se um estalo e a mão ficou presa em uma ratoeira.

— Excelente! Rony, você é o próximo!

Rony correu para a frente aos pulos.

Craque!

Muitos alunos gritaram. Uma aranha gigantesca e peluda, com quase dois metros de altura, avançou para Rony, batendo as pinças ameaçadoramente. Por um instante, Harry achou que Rony congelara. Mas...

Riddikulus!— berrou Rony, e as pernas da aranha desapareceram; ela ficou rolando pelo chão; Lilá Brown deu um grito agudo e se afastou correndo do caminho da aranha até que ela parou aos pés de Harry.

O Potter já estava pronto para sua vez mas Remus surgiu em sua frente, impedido-o de continuar.

Craque!

A aranha sem pernas sumira. Por um segundo todos olharam assustados com a visão que surgira.

Caída no chão estava o corpo de Sophie, em suas vestes de artilheira do time de quadribol. Seus olhos estavam fechados e ela não parecia respirar. Todos eles sabiam que cena era aquela, quando no último ano, Sophie tomou um balaço na cabeça para proteger Harry. Alguns dizem que ela realmente morreu, outros que ela só havia desmaiado e entrado em cima. Mas que havia sido um momento sombrio para a escola, isso era fato.

Riddikulus! — gritou Remus num tom irritado.

Craque!

— Para frente, Neville, e acabe com ela! – mandou o professor quando o bicho-papão aterrissou no chão sob a forma de uma barata.

Craque! E Snape reapareceu.

Desta vez, Neville avançou parecendo decidido.

Riddikulus!— gritou, e, por uma fração de segundo, seus colegas tiveram uma visão de Snape com seu vestido de rendas antes de Neville soltar uma grande gargalhada e o bicho-papão explodir em milhares de fiapinhos minúsculos de fumaça, e desaparecer.

— Excelente! – exclamou o Remus sorrindo e com as bochechas um pouco vermelhas enquanto a classe aplaudia com entusiasmo. – Excelente, Neville. Estou muito orgulhoso de você! Muito bem, pessoal... Deixe-me ver... Cinco pontos para a Grifinória, Sonserina e Corvinal para cada pessoa que enfrentou o bicho-papão. Dez para Neville porque ele o enfrentou duas vezes e cinco para Harry e para Hermione.

— Mas eu não fiz nada. – protestou Harry.

— Você e Hermione responderam às minhas perguntas corretamente no início da aula, Harry – respondeu Remus gentilmente. – Muito bem, pessoal, foi uma aula excelente. Dever de casa: por favor, leiam o capítulo sobre os bichos-papões e façam um resumo para me entregar... Na segunda-feira. E por hoje é só.

Os alunos saíram alegres mas Harry continuou olhando para o padrinho. Esperou que todos tivessem ido embora para perguntar.

— Por que não deixou? – perguntou ele mal humorado. E então apontou para o mais velho. – Sem mentiras.

— Presumi que a imagem de Voldemort apareceria – respondeu Remus se aproximando do afilhado. – Acho que seria um choque e tanto para eles, não acha?

Harry parou para pensar e viu que o padrinho tinha razão. Como sempre teve.

— Eu pensei nele... No início. Mas então lembrei do dementador, no trem. – disse Harry pensativo.

— Mais uma coisa incomum que você tem com Sophie, vocês dois temem o próprio medo – disse Remus gentilmente e bagunçando o cabelo do afilhado. – Prometo que se eu achar outro bicho-papão, ele será todo seu para praticar.

Harry sorriu e concordou feliz.

 

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Sophie tirou a capa da invisibilidade e jogou num canto enquanto seguia caminho até o quarto, onde uma luz saia pela porta, deixando claro que ele ainda estava acordado. Ela e Aslan entraram no quarto e Sophie sorriu largo ao ver o padrinho lendo um livro.

Remus olhou para cima e olhou surpreso para ela e para Aslan.

— A que devo essa visita tão tardia, senhorita? – perguntou ele deixando o livro na mesinha ao lado.

— To com saudades – Sophie respondeu simplesmente dando de ombros e se jogando na cama ao lado do padrinho, o abraçando e escondendo o rosto em seu peito.

Aslan por sua vez, deitou-se no chão próximo a lareira.

Remus sorriu e acariciou os cabelos da afilhada, antes de dar um beijo ali. Pegou a varinha e abaixou a luz do fogo, e então se aconchegou mais próximo dela, a abraçando com força.

— Harry me contou o que você viu, seu bicho papão – Sophie sussurrou. – E eu sabia que você teria pesadelos por isso.

— Então aqui está você para me proteger dos pesadelos – cantarolou Remus com carinho.

— Assim como você me protegia dos bichos papões. – concordou Sophie.

Remus suspirou e fechou os olhos, se sentindo realmente mais seguro para a noite.

— Obrigado, filha.


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