TO DIE WITH THE SUN; reescrita de harry potter escrita por SWEETBADWOLF


Capítulo 51
Capítulo 51 — O Vazio dos Dementadores




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01 de Setembro de 1979.

Era uma escura, os moradores das casas dali já haviam ido embora. Fugido, de medo e terror, ido para o mais longe e o mais seguro que podiam imaginar. Sem saberem, que naquele tempo, nada mais, nenhum lugar era seguro. Era onze da noite, e não deveria ter ninguém por aquele lado. Mas tinha. Eles foram convocados para estarem ali, mais do que isso, eles estavam ali para trazerem de volta o que lhes pertencia.

Eles chegaram olhando em volta, procurando por qualquer sinal do inimigo, ou mais importante da criança. James Potter olhava tudo como um homem em sua missão mais importante de vida, assim como pai da criança ao seu lado também estava. Assim como a mãe da criança também estava.

O Potter respirou fundo para se acalmar. Ele precisava se acalmar e sabia disso, fazia parte de seu treinamento e ele teve que aprender a se acalmar. Moody o ensinou. E ele aprendeu. Mas Moody, seu Comandante não lhe ensinou, não avisou que crianças estariam envolvidas naquela situação de perigo.

Ele olhou para a esposa, sua amada Lily, ela estava do lado de Marion. Ela não havia saído do lado de Marion desde da notícia.

Eles estavam juntos na sala de reunião, esperando pelos outros integrantes da Ordem. James, Lily, Marion e Logan. O pequeno David havia ficado com o avô materno que o levaria para passear no parque.

— Eu quero sair – disse Marion de repente, baixinho apenas para eles ouviram. – Esse trabalho... Essa caçada.

— Do que você está falando? – perguntou James confuso, ao contrário de Lily que parecia compreender o que a mulher mais velha estava dizendo.

— Não acaba, James. Estou cansada... E estou com medo. Não por mim mas... Pelo David. – disse Marion com um suspiro, se encostando em Logan que a abraçou. – Sabe a pior coisa que consigo pensar? A pior de todas? Meu filho, meu garoto precioso crescer nessa vida.

James arregalou os olhos e compreendeu. De repente, ele entendeu muito bem o que Marion estava dizendo. Muito bem mesmo. Pensou em Sophie e sentiu o coração apertar. Os Lungbarrow estavam na Ordem a mais tempo que eles, e a guerra já havia começado antes deles chegarem. E ainda estava acontecendo.

Teria um fim?

Então a porta se abriu com força e o caos reinou. Moody entrou carregando o corpo machucado mas ainda vivo de Lucas Noble, pai de Marion. Atrás dele vinham Richard, Remus, Brian, Sharon, Alice e Frank.

— Pai? – perguntou Marion com a voz tremula antes de arregalar os olhos e gritar: – Pai?!

— Segure ela! – ordenou Moody e como reflexo, James obedeceu, segurando a mulher com força. – Ele foi abandonado na nossa porta, uma mensagem. Ainda está vivo, pelo menos. Mandei Pettigrew atrás do medibruxo.

Marion ainda estava tentando se soltar desesperada enquanto o restante tentava manter Lucas Noble vivo. Lily estava paralisada, assim como Logan. Assim como Logan, que soltou a perguntar que desencadeou o Inferno:

— Onde está David? Onde está o meu filho?

E tudo congelou. O coração de cada um naquela sala parou, gelou. E tudo se tornou cinza, e tudo se tornou puro terror. O inimigo tinha o garoto precioso da Ordem.

— Fiquem atentos – ordenou Moody com a voz fria. – Eles estão aqui, eu sinto isso.

James manteve a mente focada naquele momento, não querendo mais voltar naquele mesmo dia mais cedo. Ele olhou em volta e então parou, sua respiração prendeu e seus olhos se arregalaram. No final da rua, andando encolhido e pequeno, vinha a figura de um garoto. Mas ele sabia que não era qualquer garoto. Era o seu pequeno homem. Estava sozinha, e andava como se estivesse com medo, mas ainda assim andava, parecia estar procurando por algo. Por seus pais. Sua família.

— David – James suspirou, o primeiro a notar o garoto e o primeiro a começar a andar até ele em passos largos. – David!

— Potter! 

— Filho!!

David parou de andar, olhando para James que continuava se aproximando. E quando no reconheceu, o coração de James chorou em alívio ao ver ele abrir aquele lindo sorriso de menino e começar a andar mais rápido em direção a ele. Foi uma questão de cinco segundos.

Um.

James estava quase chegando nele.

Dois.

Maélie Melder aparatou atrás de David, sem que o garoto percebesse.

Três.

James começou a correr mais rápido.

Quatro.

— DAVID, CUIDADO!!!!

Cinco.

Melder apunhalou David pela costas enquanto olhava diretamente para James que não havia parado de correr um segundo se quer. A mulher sorria e David arfava de dor.

— NÃÃÃÃÃÃO!!!

Melder então desaparatou e David começou a cair no chão, mas antes que seu corpo magro encontrasse o solo, James finalmente o alcançou e o segurou, em choque ao ver o tanto de sangue saindo de sua boca e costas.

— Não, não, não... – chorou James tremendo. – Não faz isso comigo, pequeno homem...

David chorava de dor e olhava para ele com seus olhos, tão brilhantes de alegria, agora cinzas de medo. James olhou desesperado para trás mas para seu terror ninguém estava chegando, os Comensais estavam lutando contra os da Ordem, Melder e Markos não deixavam Logan e Marion passar. E eram mais Comensais.

James voltou a olhar para David que estava tremendo agora.

— Vamos, David, vai ficar tudo bem, você tem que aguentar, pequeno homem – continuava James piscando várias vezes e acalmando a respiração.

Eu preciso me acalmar. Eu precioso meu acalmar. Ele precisa de mim.

— Você me prometeu, lembra? Quem vai cuidar do meu anjinho, se não você? – continuou James sentindo as lágrimas caindo. 

Trêmulo, e ainda com medo, James finalmente conseguiu se levantar, arrumando David em seu colo, de forma que o rosto – que já estava se tornando frio – descansasse em seu ombro. Ele não podia aparatar, a força de uma aparatação poderia ser pior naquele momento. Olhando de volta para trás, todos ainda estavam lutando. Ele estava sendo ignorado.

Ele estava sendo ignorado porque já estavam considerando David como morto. Mas James não pensou nisso, naquele momento, James começou a correr para o mais longe possível, segurando firmemente o corpo do garoto.

— ELES SOLTARAM OS DEMENTADORES! – era o grito de aviso de Remus.

James olhou para trás, uma nuvem mais escura que o céu cresceu na rua, cobrindo seus amigos, cobrindo sua esposa. E estava se movimentando para cobrir ele e David. Não tinha como correr. Não tinha como fugir. James fechou os olhos se ajoelhou no chão, cobrindo o corpo de David com o dele próprio, e o segurando com toda a força que tinha. E ele não soltaria.

O frio veio. O vazio, a dor, a falta de vida. A morte. Tudo junto caindo sobre eles.

.
.
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.
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Até não mais. James sentia algo diferente, algo forte e vivo se aproximando, e era bom. Era tão bom. Ele se atreveu a abrir os olhos e ao longe duas formas prateadas brilhavam no meio daquela escuridão. Patronos. O Potter sorriu em esperança, ele não sabia quem pertencia aqueles dois Patronos. Mas estava grato.

Os Dementadores fugiam, desapareciam pela noite, e James já podia ver seus amigos e sua esposa no final da rua. E então ele olhou com atenção para os Patronos, um leão e uma pantera. James sabia que nenhum deles tinha esses patronos corpóreos, mas não estava reclamando.

Os dois patronos se aproximaram de onde ele estava e James se levantou, e foi quando sentiu David caído em seu colo, sem vida. O Potter arregalou os olhos e puxou o corpo dele para olhar melhor, seus olhos estavam fechados, sua boca aberta, não saia mais sangue. Mas também não respirava.

— Não, não, não – chorou James passando a mão pelo rosto de David e por seus cabelos bagunçados. – Não, David, David, me escuta! David! A gente... A gente vai cuidar de você! Você... Vai ver só logo vai estar falando de um capítulo novo que você aprendeu a ler! Aquele livro... Hum... Bobbit! Eu sempre soube que não é Bobbit mas falo mesmo assim para você me corrigir. – James riu enquanto chorava mais e então puxou o garoto para um abraço. – Ai meu Deus. Por favor, não! Meu Deus, ele não! David!!

Foi então que ele notou que os Patronos ainda estavam ali parados, bem na frente dele.

— Ele não... – chorou o Potter ainda abraçado com o corpo do garoto e fechando os olhos.

De repente, um sopro cheio de magia e vida passou por eles. E quando James tornou a abrir os olhos, os Patronos não estavam mais ali. Ao fundo, ele podia ver o restante dos seus amigos se aproximando deles, Marion chorava alto enquanto corria até eles e Logan estava caído de joelhos no chão.

James chorou mais e quando já ia fechar os olhos...

— Tio James? Por que a minha boca ta com gosto ruim?

James arregalou os olhos e afastou o corpo de David e quando olhou para o rosto daquele garoto impossível, viu que ele estava com os olhos abertos sonolentos, limpava a boca fazendo careta.

— David... – sussurrou o Potter.

— Minhas costas doem – resmungou o garoto olhando em volta e então arregalou os olhos. – Tio James! Tinha um monte de pessoas ruins! Eles me pegaram! E... E... Bateram no meu vovô! Eles queriam me fazer chorar! Mas eu não chorei tio James! Eu fui forte! Eles são tão feios! Onde estamos? Mãe? Mamãe!!!

Nesse momento Marion chegou até eles, caindo de joelhos ao lado de James e puxando David para seu colo, o garoto abraçou ela forte enquanto a mãe lhe retribuía. James, por sua vez, olhava cheio de espanto e admiração para aquele menino. Ele então levantou a camisa que David vestia e viu que o ferimento nas costas feito por Maélie, era apenas uma cicatriz fraca que sumiria com o tempo.

Lily agora estava ao lado dele, o abraçando de lado enquanto observavam Logan e Marion abraçando David com força, e lhes dizendo palavras de amor e carinho.

— Tudo bem? – perguntou Lily baixinho, apenas para ele ouvir.

James não sabia como aquilo aconteceu. E nem o porque havia acontecido. Mas estava grato. E seria eternamente grato. Então sorrindo de lado, e chorando agora de alívio ele olhou para sua amada e disse:

— Só dessa vez... Todo mundo vive.

 

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01 de Setembro de 1993, King’s Cross.


— Remus? Reemus?

Remus balançou a cabeça saindo da lembrança de um dos dias mais horríveis que já havia vivido e se voltou para a afilhada que estava sentada ao seu lado no carro que os levava para a estação. Estavam também presentes: Erik, Charles, Teresa, Castiel, Dean e Patrick que estavam conversando sobre o novo ano letivo.

— Sim? – perguntou ele para Sophie que o olhava preocupada.

— Eu disse que estamos quase chegando – disse ela. – Você está bem?

Remus suspirou.

— Sim, sim... Apenas, fui pego em uma lembrança ruim da guerra – respondeu ele passando a mão no rosto. – Envolvia aquela família que lhe falei ano passado... Os Lungbarrow. Mais principalmente o filho deles.

— Quer falar sobre? – perguntou a Potter mais preocupada.

Remus olhou para ela, era tentador desabafar sobre um dos piores dias daquela guerra com alguém. Mas ele não podia fazer isso com sua afilhada, não com ela tão jovem e feliz por estar voltando para Hogwarts.

— Não, prefiro deixar essa lembrança para trás. – respondeu ele dando um leve beijo em sua testa.

Mais cinco minutos se passaram e eles enfim haviam chegado na estação. Cada um saiu do carro, e com seus carrinhos seguiram pelo caminho que os levaria até a passagem e então para a plataforma 9¾. Olhando em volta, Remus não podia culpar os trouxas olharem tanto para eles, era um baita grupo enorme que eles eram.

— Remus?

Remus olhou para o lado e viu Harry encolhido ao seu lado. Franziu a testa.

— O que foi, Harry? – perguntou Remus passando os braços em volta dos ombros do garoto.

Harry se juntou mais ao lado dele.

— É só... – ele olhou para atrás – Por favor, fique ao meu lado, eu não aguento mais o Sr. Weasley grudado em meus ombros como se eu fosse fugir a qualquer momento.

Remus olhou para trás e viu que Arthur olhava para Harry como se piscasse, Harry sumiria. O Lupin suspirou e  apertou os ombros de Harry com carinho e disse:

— Ele só está preocupado. – disse Remus dando um leve sorriso para o afilhado que parecia exasperado de qualquer forma. – Vamos para casa, sim. Lá ele não vai estar nos seus ombros.

Harry sorriu e todos se dirigiram a barreira nove e dez, parando em frente a parede.

— Certo, vamos fazer isso em pares porque somos muitos. Eu vou primeiro com o Harry – disse o Sr. Weasley já indo para perto do garoto.

Remus sentiu Harry puxar seu casaco de leve e rapidamente o lobisomem interferiu.

— Arthur, deixe que eu passo com o Harry. Não se preocupe – dito isso, Remus pegou o carrinho de Harry e puxou o garoto para mais perto.

— Obrigado – sussurrou Harry fazendo Remus sorrir.

Remus começou a andar devagar até a barreira sem chamar a atenção e Harry o imitou, e discretamente os dois passaram pela barreira e saíram na plataforma 9¾, quando ergueram as cabeças, viram o Expresso de Hogwarts, um trem vermelho a vapor, que soltava baforadas de fumaça na plataforma apinhada de bruxas e bruxos que foram levar os filhos ao embarque.

— Ah! Esse trem é um colírio para os meus olhos! – exclamou Castiel atrás deles e Remus e Harry deram espaço para os outros que passariam a barreira.

— Você parece muito tranquilo para uma pessoa que irá fazer os N.O.M.S. – comentou Sophie também aparecendo e olhando para o amigo. – A maioria está morrendo de medo de enlouquecer durante.

— Puff! – zombou Castiel revirando os olhos. – Querida, eu não vou enlouquecer. Estou bastante confiante que tudo vai dar certo. – e continuou andando.

— Ele vai ser o primeiro a enlouquecer – disse Gabriel seguindo o irmão.

Logo, todos do grupo haviam passado a barreira e estavam andando para entrar no trem.

— Ah, olha lá a Penélope! – exclamou Percy, alisando os cabelos e corando.

Gina, Gabriel, Harry, Samuel, Hermione e Rony olhavam enojados para o garoto que continuava lambendo o cabelo enquanto seguia até sua namorada com o peito estufado para que ela não deixasse de reparar no seu distintivo reluzente. Parecia ter esquecido, que Penélope também era monitora.

Já, Sophie, Dean, Castiel, Charles, Harriet, Patrick, Teresa, Fred e Jorge gargalhavam enquanto Erik revirava os olhos.

— Que horror – comentou Jorge rindo.

— Vamos logo procurar um lugar! – disse Harriet ainda rindo.

Todos foram andando até os últimos carros do trem, passando por cabines cheias, até uma que lhes pareceu bem vazia. No meio do caminho, eles encontraram com o pai de Harriet, Xenofílio e sua irmã mais nova Luna Lovegood que era grande amiga de Gina. Com todos juntos, eles entraram, guardaram os malões, – Bichento e Baguera firmes no colo de seus donos –, e depois saíram para se despedirem de Molly, Arthur, Mary e Bobby.

A Sra. Weasley beijou cada um dos rostos deles – menos de Gabriel que foi mais esperto e fugiu –, e por último foi Harry. Remus riu do menino que ficou encabulado, mas que fez cara feliz quando recebeu outro abraço dela.

— Você vai se cuidar, não vai, Harry? – recomendou a senhora, se endireitando, com um brilho estranho nos olhos.

Ela continuou agora abraçando cada um deles, por último dessa vez sendo Sophie. 

— Se cuidem viu, nada de aprontarem e continuem estudando para os N.O.M'S. – disse ela sorrindo eles. – E... cuidem do Remus para que tudo saía bem.

— É mais fácil ele cuidar da gente – brincou Patrick escorado em Remus que o empurrou.

— Fiz sanduíches para todos... Tome aqui, Rony... Não, não são de carne enlatada... Fred? Tome aqui, querido..., Remus eu também fiz para você, vem cá!

Remus riu e pegou o sanduíche de Molly, já ia guardando em sua maleta quando viu Arthur arrastar Harry para um canto. Por alguns minutos sentiu vontade de puxar o garoto para perto e não deixar que Arthur falasse baboseiras sobre Sirius mas teve que se segurar e respirar fundo. Particularmente, ele também estava feliz em se afastar de Arthur e voltar para Hogwarts.

— Tá legal? – ouviu a voz de Erik ao seu lado.

— Sim, sim estou. Apenas com sono. – respondeu Remus o que não era uma mentira completa, ele não havia dormido bem a noite. – Onde está a encrenca ruiva?

Antes que alguém respondesse, a encrenca ruiva apareceu na porta do trem com uma jaqueta vermelha e amarela, um grande "G" sob seu coração e, se virou e todos viram na parte de trás um enorme leão da casa Grifinória.

— É claro que ela precisa exibir de qual casa ela pertence, não? – perguntou Erik.

— Me digam, teria como alguém não me notar? – perguntou Sophie com um sorriso convencido, tão semelhante ao que James tinha, que Remus revirou os olhos.

— Impossível – respondeu Castiel rindo.

— Quando ela não estiver olhando, a gente pega o casaco e bota fogo – disse Dean baixinho para Erik.

— Fechado. – concordou o alemão.

— Obrigada, Sra. Weasley por ter feito esse presente maravilhoso! – agradeceu Sophie sorrindo com carinho para Molly.

— Está linda, querida. – disse Molly passando as mãos no cabelo de Sophie.

Erik e Dean se olharam e suspiraram.

— Só vamos esconder onde ela nunca mais ache – disse Erik e Dean concordou.

— VAI GRIFINÓRIA! – gritou um aluno da Grifinória para Sophie que sorriu orgulhosa.

— Eles me amam! – exclamou Sophie alegre.

— Certo, mini-James, pra dentro com você e sua extravagância – disse Remus empurrando a afilhada para dentro do trem. – Todo mundo, para os seus lugares.

— Arthur! – chamou a Sra. Weasley, que agora tocava os garotos para embarcar no trem junto com Mary. – Arthur, que é que você está fazendo? O trem já vai sair! Coloca esse garoto dentro desse trem ou o bicho vai pegar!

Nisso, Remus olhou novamente para Arthur e viu que ele estava com as duas mãos no ombro de seu garoto. Novamente o sentimento de puxar Harry e lhe dizer que Sirius não era nada daquilo que Arthur dizia vibrou em sua mente e novamente ele se segurou.

Suspirou, e assim que o restante entrou, ele que já estava prestes a entrar também, viu um enorme cão preto parado, um pouco longe dele mas olhando diretamente para ele. Remus sentiu um aperto no peito e um cheiro familiar subir em seus sentidos, o cachorro o encarava com o rabo balançando. Era bem grande, e com olhos tão cinzas como um dia de inverno. Ele voltou a pisar no chão e deu um passo em direção ao cachorro, seu coração batendo dolorosamente no peito quando ele chamou:

— Padfoot? – sua voz tremia.

O cachorro latiu e andou lentamente até ele. Quando estava perto o suficiente o cachorro passou por suas pernas, alisando seu corpo por elas e Remus esqueceu como se respirar. O cachorro passou por ele e quando Remus olhou para atrás procurando por ele, o mesmo já havia sumido.

— Remus? Você vem? – perguntou Teresa aparecendo na porta.

Remus concordou com a cabeça pois não confiava mais em sua voz. Todos se ajustaram em suas cabines, o grupo dos mais velhos ficariam em uma cabine e Harry, Samuel, Rony, Mione, Gabriel e Remus ficariam em outra ao lado, enquanto Gina e Luna foram atrás de seu amigo, Benjamin Oliveira.

O Lupin se sentou ao lado da janela e encostou a cabeça no vidro, tentava entender os acontecimentos a alguns minutos atrás e tentava acalmar seu coração que batia forte e muito rápido em seu peito, de repente, sentia-se muito cansado e queria tirar umas horas de sono.

— Ei, a gente vai dar uma volta pelo trem – avisou Sophie se sentando ao lado de Remus e acariciando os cabelos do padrinho. – Durma um pouco, sei que você não dormiu bem noite passada.

— Está bem... – murmurou Remus soltando um longo suspiro. – Não faça nada que eu não faria.

— E como irei me divertir assim? – perguntou Sophie indignada.

— Se vira... – dito isso o lupino havia deixado o sono o levar para longe.

 

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— Meu lobinho tolo – comentou Sophie com carinho para o padrinho que havia capotado.

Se virou para sair e viu Rony, Hermione, Gabriel e Samuel encostados na porta.

— O que estão fazendo? – perguntou Sophie confusa.

— O meu pai está segurando o Harry para conversar e o trem já está andando! – reclamou Rony irritado.

Sophie abriu a porta e olhou para fora vendo o irmão correndo até a porta.

— Vamos lá garoto, ou você corre ou você fica aí. – gritou Sophie rindo e esticando o braço para Harry segurar sua mão.

Harry riu e pegou a mão da irmã, deixou ser puxado por ela e logo estava dentro do trem.

— O que meu pai tanto queria conversar com você que quase fez você perder o trem? – perguntou Rony ao lado de Mione.

— Do tal Sirius Black, falou para eu não ficar saindo do castelo a noite, essas coisas... – comentou Harry olhando para os amigos e depois para Sophie que concordava com a cabeça.

— Entendi... – disse Sophie suspirando. – Eu vou dar uma volta pelo trem, o Remus está dormindo pois ele não dormiu bem na noite passada então... tentem não fazer muito barulho.

— Está bem. – concordou Harry vendo Sophie se afastar.

Sophie sorriu e saiu ao encontro dos amigos.

 

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Harry esperou um pouco e se virou para os quatro amigos.

— Preciso falar com vocês em particular. – murmurou Harry quando o trem ganhou velocidade.

Os cinco entraram na cabine e fecharam a porta. Harry olhou para Remus e viu se ele estava dormindo mesmo.

— Está ferrado no sono. – comentou Harry sorrindo com carinho para o padrinho adormecido.

— Que é que você ia nos dizer? – perguntou Samuel se sentando de frente para Harry que estava sentado ao lado de Remus.

Harry contou toda a conversa entre o Sr. e a Sra. Weasley, Mary e Bobby e Remus, e o alerta que Arthur acabara de lhe dar. Quando terminou, Samuel estava visivelmente surpreso e até curioso, Rony olhava abobado e Hermione cobrira a boca com as mãos. Gabriel parecia com tédio.

Finalmente Hermione baixou as mãos e disse:

— Sirius Black fugiu para vir atrás de você? Ah, Harry... Você vai ter que tomar muito, mas muito cuidado. Não vai sair por aí procurando encrenca, Harry...

— Eu não saio por aí procurando encrenca. – respondeu Harry, irritado e Gabriel bufou. – Em geral as encrencas é que vêm ao meu encontro.

— Harry teria que ser um bocado obtuso para sair procurando um biruta que quer matá-lo, não acha? – falou Sam.

— Mas ele é obtuso. – retrucou Gabriel.

— Valeu, Gabe. – resmungou o Potter.

— Ninguém sabe como foi que o homem fugiu de Azkaban – comentou Rony embaraçado. – Ninguém jamais tinha feito isso antes. E ainda por cima, ele era um prisioneiro de segurança máxima.

— Mas vão pegá-lo, não vão? – perguntou Hermione muito séria. – Quero dizer, todos os bruxos e trouxas estão procurando o Black também.

Então Harry se lembrou de algo que Sophie disse na casa dos Dursley. “Só irão encontrá-lo quando o próprio Black quiser ser encontrado.” e também outra coisa que Remus havia dito no Caldeirão Furado para o Sr.Weasley: “Black é esperto Arthur. Sabe disso. E você sabe muito bem que ele só será encontrado quando quiser ser. O próprio Dumbledore disse isso.”

— Harry? – chamou Samuel pelo amigo que olhou para ele. – Vai contar para Sophie?

— Não. Ela já está muito ocupada com os N.O.M.S. – disse Harry decidido.

Ele não colocaria mais uma preocupação na cabeça de Sophie. Sua irmã estava bem, e muito ocupada com os N.O.M.S, e colocar mais esse peso em suas costas só iria piorar a situação.

— Que barulho foi esse? – perguntou Rony de repente. Uma espécie de apitinho fraco vinha de algum lugar. Os garotos procuraram por toda a cabine. – Está vindo do seu malão, Harry. – disse Rony se levantando e esticando os braços para o bagageiro.

Pouco depois retirava o bisbilhoscópio de bolso, que fora guardado entre as vestes de Harry. O objeto girava muito rápido na palma da mão de Rony e emitia um brilho intenso.

— Isso é um bisbilhoscópio? – perguntou Hermione, interessada assim como Sam, levantando-se para ver melhor.

— É... E veja bem, é dos baratinhos. – disse Rony. – Endoidou quando o amarrei na perna de Errol para mandar para Harry.

— Você estava fazendo alguma coisa suspeita na hora? – perguntou Hermione astutamente.

 — Não! Bem... Eu não devia estar usando o Errol. Você sabe, ele não pode realmente fazer viagens longas... Mas como é que eu ia mandar o presente do Harry?

— Ponha-o de volta no malão – aconselhou Harry enquanto o bisbilhoscópio continuava a apitar baixinho. –, senão vamos acordar o Moony.

Rony enfiou o bisbilhoscópio dentro de um par de meias velhas do tio Válter particularmente horrendas, o que abafou o som, depois fechou a tampa do malão.

— Poderíamos mandar verificar esse bisbilhoscopio em Hogsmeade. – disse Rony, sentando-se outra vez. – Vendem essas coisas na Dervixes e Bangues, instrumentos mágicos e artigos sortidos. Foi o que Fred e Jorge me contaram.

— Vocês conhecem muita coisa de Hogsmeade? – perguntou Hermione interessada. – Li que é o único povoado inteiramente bruxo da Grã-Bretanha...

— É, acho que é – comentou Gabriel meio sem pensar. –, mas não é por isso que quero ir lá. Só quero conhecer a Dedosdemel e mergulhar naquele paraíso!

— E o que é a Dedosdemel? – perguntou Hermione.

— É uma loja de doces – respondeu Rony, com uma expressão tão sonhadora quanto Gabriel, assomando em seu rosto –, que tem de tudo.. Diabinhos de Pimenta... Que fazem a boca fumegar... E enormes Chocobolas recheadas de musse de morango e creme cozido, e Canetas de açúcar realmente ótimas, que a gente pode chupar em classe e fazer de conta que está pensando no que se vai escrever...

— Mas Hogsmeade é um lugar muito interessante, não é? – insistiu Hermione, pressurosa. – O livro Sítios Históricos da Bruxaria diz que a estalagem foi o quartel-general da Revolta dos Duendes de 1612, e diz que a Casa dos Gritos é o prédio mais mal-assombrado da Grã-Bretanha...

— E bolas maciças de sorvete de frutas que fazem a gente levitar uns centímetros acima do chão enquanto está comendo. – continuou Gabriel com Rony, os dois decididamente não estavam ouvindo uma palavra do que Hermione dizia.

A garota virou-se para Harry e Sam.

— Não vai ser ótimo sair um pouco da escola e explorar Hogsmeade?

Sam concordou animado.

— Imagino que sim. – respondeu Harry deprimido. – Vocês vão ter que me contar quando descobrir.

— Como assim? – perguntou Rony.

— Não posso ir. Os Dursley não assinaram o meu formulário de autorização.

Gabriel fez uma cara de horror. Enquanto Rony balançava a cabeça.

— Você não tem autorização para ir? Mas... mas... o  Remus? O Remus não pode assinar para você? – perguntou Rony.

— Não. Mesmo ele sendo como um padrinho, pai, para mim, ele não é nenhum dos dois. Ele é padrinho da Sophie, portanto, responsável pela Sophie. – disse Harry olhando para Remus que dormia.

— Bem... podemos apelar para o Fred e o Jorge, eles conhecem todas as passagens secretas para sair do castelo...

— Rony! – ralhou Hermione com severidade. – Acho que o Harry não devia sair escondido da escola com o Black solto por aí...

— É, imagino que é o que McGonagall vai dizer quando eu pedir autorização. – disse Harry amargurado.

— Mas se nós estivermos com ele. – disse Rony, animado, a Hermione – Black não ousaria...

— Ah claro, porque nós somos bem mais fortes que o homem que matou treze pessoas não é mesmo? – retrucou Samuel revirando os olhos. 

Hermione também revirou os olhos e colocou Bichento no acento ao lado dela.

— Não solta essa coisa! - Exclamou Rony, mas tarde demais; Bichento saltou com leveza do colo dela, espreguiçou-se, bocejou e pulou nos joelhos de Gabriel; que acariciou o felino de maneira preguiçosa.

— Mantenha esse monstro longe! – rosnou Rony.

— Ronald, quer parar?! – retrucou Hermione, zangada.

Harry, Sam e Gabruel reviraram os olhos e assistiu enquanto os dois brigavam baixinho para não acordar Remus. Sam pegou um livro e começou a ler, e Gabriel e Harry conversaram sobre os doces do mundo bruxo e trouxa.

 

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— Ei Soph!! – gritou um garoto do quarto ano da Grifinória. – Está preparada para as partidas de Quadribol este ano?

— Se estou? Meu caro, Gregory, eu nasci preparada para isso! – retrucou Sophie sorrindo. – As outras casa que se preocupem, pois no céu nada é capaz de me segurar!

— Vai Grifinória! – gritou Gregory sorrindo e indo para junto dos amigos.

Sophie riu e continuou passando pelos corredores com os amigos.

— Vamos atrás do Jordan, ele tinha mandado uma carta sobre algo que tinha visto nas férias dele no Brasil – comentou Fred apontando para ele, Jorge e Harriet. – Nos vemos na cabine mais tarde?

— Fechado – concordaram os outros.

O restante continuou o caminho, Sophie estava tão intrertida conversando com Castiel e Teresa que não viu que estava prestes a bater de frente com alguém. Foi só quando ela quase caiu e duas mãos seguraram ela na cintura que ela se deu conta.

— Opa, Sophie – brincou Olívio Wood, capitão do time da Grifinória sorrindo pra ela – Cadê sua super visão, leoa?

— Eu deixo ela guardada para os jogos, capitão – retrucou Sophie batendo de leve no peito do amigo. – Como você está?

— Melhor agora em ver minha jogadora favorita – piscou o garoto e Sophie sentiu suas bochechas corarem, e ela riu tímida.

— Você ta dizendo isso pra todas as garotas do nosso time ou tenho um lugar especial? – perguntou Sophie ainda rindo.

Ela estava tão intrertida com Olívio que não viu os olhares surpresos e vitoriosos dos amigos na direção dela.

— Oh – Olívio tirou um mão da cintura dela e pos sobre o próprio peito. – Assim você me magoa, ruiva. Você senta no trono pra mim.

Sophie riu e revirou os olhos, e ficando na ponta dos pés deu um leve beijo na bochecha dele.

— Te vejo mais tarde, Olive – e com isso saiu dos braços do capitão, e passando pelos amigos que olhavam para ela cheios de surpresa.

Olívio por sua vez riu baixo e continuou caminho atrás de seu próprio grupo.

Sophie teria continuado andando, se não tivesse percebido que seus próprios amigos estavam ainda parados olhando para ela. Ela se virou e olhou para eles confusa.

— Que?

Cada um deles se olharam e em silêncio resolveram deixar aquilo para outra hora, e seguiram caminho. Em algum momento eles se separaram, Sophie, Dean, Erik e Patrick foram para um canto e, Charles, Teresa e Castiel para o outro.

— Então – começou Erik devagar, parecendo um tanto tímido. – Eu... Eu tenho pensado em... Bem, pedir o Charles em namoro...

Dean olhou confuso para o alemão.

— Mas... Mas... Vocês ainda não estão namorando? – perguntou Dean coçando a cabeça, genuinamente confuso.

— Eu sei – concordou Sophie com um suspiro. – Trágico.

— Cale a boca – resmungou Erik. – Eu só... Eu não quero assustar ele ou pior, cometer o erro que o Frederico fez com a Sophie.

A Potter se arrepiou.

— Da tontura só de lembrar.

— Nem me fale – concordou Patrick balançando a a cabeça.

Dean colocou o braço em volta do ombro do Lehnsherr, lhe dando vários tapinhas, e de uma maneira bem arrogante disse:

— Erik, presta atenção, o segredo pra chegar no cremoso é: Chegue no cremoso e diga que você quer fazer roma ao contrário com ele. Foi assim que conquistei o meu. – disse ele e então arregalou os olhos. – Ooh, a tia do doce! – e correu até a mulher.

— Castiel realmente se encantou nisso? – perguntou Erik confuso.

— Quando perguntei para ele sobre o pedido de namoro do Dean, ele disse que deu tanta risada que foi parar na Ala Hospitalar de tão ridículo que foi – respondeu Patrick cruzando os braços e se escorando na parede. – Mas ele aceitou no final quando viu que o idiota tava falando sério.

— Anotado – disse Erik.

Dean então voltou com os braços cheios de doces, jogou alguns para os amigos e guardou o resto nos bolsos.

— Eu só – Erik suspirou. – Não quero nada clichê...

Dean arregalou os olhos novamente animado e Erik já se encolheu com o que estava por vir.

— Eu tenho uma ideia otima que é bem brega, mas você vai amar! – disse o Winchester sorrindo.

— Ele acabou de dizer que não quer clichê. – comentou Sophie.

— Não é clichê. – retrucou Dean.

— Brega e clichê é a mesma coisa!

— Eu vou te contar e quero ver se você conhece alguém que já fez esse tipo de pedido. – disse Dean.

— Então vai...

— Meu primo pediu a namorada dele assim. Ela amou, mas eu achei breguissimo, mas talvez você ame. Não, não é tão brega assim... Faz, vê se funciona. Ó, você vai dar uma caixa pra essa pessoa...

— Não funciona. – disse Sophie segurando o riso.

— Que que eu vou falar?! – retrucou o Winchester irritado e Sophie riu. – Se não funciona então você já sabe o que eu vou falar! Então, o que eu vou falar?

— Você vai dar uma caixa pra ele... – disse Sophie ainda rindo.

— Vai continua.

— Nada, continua. Perdão. Vou ficar quieta. – disse a Potter segurando ainda mais a risada que queria continuar saindo.

— Ótimo. É uma caixa... – continuou Dean.

— Não faz. – sussurrou Sophie sem Dean ver.

— Fiquei até nervoso. É uma caixa...

— Vai ter duas alianças... – interrompeu Sophie novamente fazendo o Winchester olhar irritado pra ela.

— Que alianças?! Claro que não! – Sophie tornou a rir. – Tu não disse que ia ficar quieto?! – Dean respirou fundo novamente e continuou: – É uma caixa, ai você vai colocar um espelho na caixa e depois vai encher de coisa...

— Ai... – disse Sophie tampando o rosto.

— Ai na tampa vai tá escrito assim: O final é o que eu desejo. – Dean parecia orgulhoso da ideia. – Ai a pessoa vai tirar tudo da caixa e quando ver no final, vai ser o reflexo dela.

Erik e Patrick olharam para o Winchester com caretas iguais de tão ridícula era a ideia.

— Abriu uma cárie no meu dente! – exclamou Sophie.

— Mas é romântico! – disse Dean se virando pra ela.

— Horrível! – retrucou Sophie e se virou para Erik: – Só pede em namoro, mano.

— Ele não quer clichê!

— Então! Só pega na mãozinha e fala assim: Quer namorar comigo?

— Isso é clichê! – exclamou Dean cruzando os braços.

— Não é clichê! Isso é normal! – disse Sophie indignada.

— Todo mundo faz! Ele não quer...

— Queeee?! Não! Todo mundo faz uma cena que nem o Fred fez, isso sim.

Erik suspirou e se virou para Patrick. Sophie e Dean continuavam discutindo ao fundo. Patrick sorriu para o alemão e tirou uma bala de chá, entregando para o amigo.

— Você vai saber quando for o momento certo pra pedir seu garoto em namoro. – disse Patrick sabiamente.

Erik concordou. Era o melhor conselho a seguir do que os dois idiotas atrás dele.  

 

•°•°•°°•TDWTS•°°•°•°•


Enquanto os mais velhos discutiam assuntos do coração, Rony, Gabriel, Mione, Samuel e Harry se encontravam em uma situação menos divertida. Draco Malfoy, ladeado pelos seus asseclas, Vicente Crabbe e Gregório Goyle resolveram que era hora de atormentar eles.

Draco Malfoy e Harry eram inimigos desde que se encontraram na primeira viagem de trem para Hogwarts. Malfoy, que tinha uma cara desdenhosa, pálida e pontuda, era aluno da Sonserina; jogava como apanhador no time de sua casa, a mesma posição de Harry no time da Grifinória. Crabbe e Goyle pareciam existir para fazer o que Draco mandava. Eram grandes e musculosos; Crabbe, mais alto, tinha um pescoço muito grosso e um corte de cabelos de cuia; os cabelos de Goyle eram curtos e espetados, e seus braços compridos como os de um gorila.

— Ora! Vejam só quem está aqui. – disse Malfoy naquela sua voz arrastada, abrindo a porta da cabine. – Potinha e Fuinha. – Crabbe e Goyle riram feito trasgos. – Ouvi dizer que seu pai finalmente pôs as mãos no ouro neste verão, Weasley – disse Malfoy. – Sua mãe não morreu do choque?

Rony se levantou tão depressa que derrubou a cesta de Bichento no chão. Remus soltou um pequeno ronco.

— Quem é esse ai? – perguntou Malfoy, dando automaticamente um passo atrás, ao ver Remus.

— Professor novo – disse Harry que se levantou também, caso precisasse segurar Rony. – Que é que você ia dizendo mesmo, Malfoy?

Os olhos muito claros do menino se estreitaram; ele não era bobo de puxar uma briga bem debaixo do nariz de um professor.

— Vamos – murmurou Malfoy, contrariado, para Crabbe e Coyle, e os três sumiram.

Harry e Rony tornaram a se sentar, Rony massageando os nós dos dedos.

— Não vou aturar nenhum desaforo do Malfoy este ano. – disse cheio de raiva. – Estou falando sério. Se ele disser mais uma piadinha sobre a minha família, vou agarrar a cabeça dele e...

Rony fez um gesto violento no ar.

— É exatamente o que ele quer, Ronald – comentou Gabriel num tom entendiado. – Ele precisa de atenção, e vocês vivem fazendo isso por ele. Chega a ser patético as vezes.

Hermione e Sam concordaram. E até Harry teve concordar que Gabriel provavelmente tinha razão. Mas Rony fingiu que não tinha escutado.

A chuva engrossava à medida que o trem avançava mais para o norte; as janelas agora iam se tornando um cinza sólido e tremeluzente, que gradualmente escureceu até as lanternas se acenderem nos corredores e por cima dos bagageiros. O trem sacolejava, a chuva fustigava, o vento rugia, mas, ainda assim, Remus continuava adormecido.

— Ele não deve ter dormido nada durante a noite. – comentou Hermione olhando preocupada para Remus.

— Ele pareceu bastante abalado com a conversa de ontem a noite – disse Harry preocupado olhando o padrinho. – Não bastava ele ter aguentado eu e Sophie correndo perigo no último ano por conta do Basilisco. Agora isso...

Eles ficaram em silêncio, olhando preocupados para o adulto ferrado no sono.

— Devemos estar quase chegando – comentou Rony, curvando-se para frente para olhar, além de Remus, a janela agora completamente escura.

Nem bem essas palavras tinham saído de sua boca e o trem começou a reduzir a velocidade.

— Legal – exclamou Rony, levantando-se e passando com todo o cuidado pelo homem para tentar ver lá fora. – Estou morrendo de fome. Quero chegar logo para o banquete...

— Nós ainda não chegamos. – disse Samuel, consultando o relógio. – Então por que estamos parando?

O trem foi rodando cada vez mais lentamente. Quando o ronco dos pistôes parou, o barulho do vento e da chuva de encontro às janelas pareceu mais forte que nunca.

— Tem alguma coisa errada. – sussurrou Hermione.

Harry, que estava mais próximo da porta, levantou-se para espiar o corredor. Por todo o carro, cabeças, curiosas, surgiram à porta das cabines. O trem parou completamente com um tranco, e baques e pancadas distantes sinalizaram que as malas tinham despencado dos bagageiros. Em seguida, sem aviso, todas as luzes se apagaram e eles mergulharam em total escuridão.

— Que é que está acontecendo? – ouviu-se a voz de Rony às costas de Harry.

— Ai! – exclamou Gabriel. - Ronald, isto é o meu pé! Quer aquietar essa bunda?!

Harry voltou ao seu lugar, às apalpadelas.

— Vocês acham que o trem enguiçou? – perguntou Sam.

— Não sei... – respondeu Harry sentindo-se com frio.

Ouviu-se um barulho de pano esfregando vidro e Harry viu os contornos difusos de Rony desembaçando um pedaço da vidraça da janela para espiar.

— Tem uma coisa se mexendo lá fora. – disse ele. – Acho que está embarcando gente no trem...

A porta da cabine se abriu repentinamente e alguém caiu por cima das pernas de Harry, machucando-o.

— Desculpe... Você sabe o que está acontecendo?... Ai... Desculpe...

— Ai, Neville! – disse Harry tateando no escuro e levantando o colega pela capa.

— Harry? É você? Que é que está acontecendo?

— Não tenho idéia... Senta...

Ouviu-se um sibilo forte e um ganido de dor; Neville tentara se sentar em cima do Bichento. Não demorou muito e logo a porta foi aberta novamente.

— Castiel, essa não é a cabine... – Harry reconheceu a voz do Charles.

— Charles? – Mione chamou pelo nome do garoto. – Castiel?

— Teresa também – disse a própria também entrando.

— Eu disse que tinha acertado! Segue o pai que vocês vão longe crianças – disse Castiel orgulhoso. – Remus está aqui?

— Está. – respondeu Harry. – Onde está Sophie, e o restante do grupo?

— Não estão aqui? – questionou Castiel de volta. – Ah, bem, logo eles estarão.

— Sim – concordou Charles se sentando ao lado de Neville. – Harry? Você deu uma engordada enquanto estivemos fora?

— Eu sou o Neville.... – Neville respondeu e Harry teve a impressão de que ele estava corando.

— Oh Deus, desculpe Neville – disse Charles enquanto Castiel, Gabriel e Rony davam risada.

— Vocês sabem o que está acontecendo? – perguntou Hermione para Castiel, Teresa e Charles.

— Não. Estávamos vindo para cá quando as luzes se apagaram. – respondeu Teresa. – Pensávamos que o restante estava aqui, até.

— Achamos que alguém embarcou no trem... – comentou Sam.

— Isso não é bom...

— Vou perguntar ao maquinista o que está acontecendo – ouviu-se a voz de Hermione.

Harry sentiu a amiga passar por ele, ouviu a porta deslizar, e em seguida um baque e dois berros de dor.

— Quem é?

— Quem é?

— O grande Lobo Mau – disse Gabriel numa voz grossa e logo em seguida rindo.

— Gina?

— Mione?

— Que é que você está fazendo?

— Estávamos procurando por vocês! A Luna tá comigo, o Ben também.

— Entra aqui e senta...

— Aqui não! – disse Harry depressa ao sentir a Weasley se sentar em se colo. –Eu estou aqui!

— Ai! – exclamou Neville.

— Isso aqui tá parecendo o programa do Ratinho.

— Acho que é aqui, olha o barulhão que eles estão fazendo.... – Era a voz de Fred. –Aqui é a cabine do barulho comandada pelo chefão Remus Lupin?

— Só entra com a palavra chave! – disse Castiel rindo.

— Remus disse que é feio bater! – respondeu Jorge animado.

— Bem vindos à cabine dos brabos! – disse Castiel.

— Quem estão entrando? – perguntou Teresa.

— Eu, Jorge, Fred e Harriet. – respondeu Jorge entrando e apalpando os lugares quando pegou em algo diferente. – Opa, Castiel, meu amigo está feliz em me ver ou isso é para o Dean?

— Querido, para a sua informção ele está normal e tire a mão daí, não lhe pertence – retrucou Castiel batendo na palma da mão de Jorge.

— Ui, ui – cantarolou Jorge rindo. – Tem algum lugar para a gente se sentar nesse moquifo?

— Não. – respondeu Rony rindo.

— Luna está aqui? – perguntou Harriet com a voz preocupada.

— Estou aqui, Harriet. – disse Luna esticando a mão e tocando no braço da irmã.

— Fico feliz. – disse Harriet sorrindo mais aliviada.

— Estou preocupado com Erik, Sophie, Dean e Patrick – comentou Charles.

— Só eles que faltam? – perguntou Harriet.

— Sim.

— Eles vão ficar bem, os quatro sabem muito bem se defenderem – disse Jorge ainda apoupando até colocar a mão no rosto de Remus que se encontrava acordado. – Oh... Esse é um rosto velho. Quem deixou matusalém entrar no trem?

— É o Remus.

— Ah, olá Moony!

— Fiquem quietos! – ordenou Remus se levantando.

Seguiu-se um estalinho e uma luz trêmula inundou a cabine, mostrando o rosto amassado pelo sono de Remus. Mas mesmo com o rosto amassado, Remus se mostrava atento e já estava com a varinha em mãos.

— Tudo isso de bruxo em uma cabine no escuro – comentou Gabriel. – E nenhum de nós pensou em usar a varinha para iluminar. Esse é o futuro.

— Quem falta de nosso grupo? – perguntou Remus baixo.

— Sophie, Erik, Dean e Patrick – respondeu Teresa.

Harry pode ver o rosto de Remus se tornar mais branco que o normal e ele soube que o padrinho estava preocupado.

— Eu vou ver o que está... – ele já ia em direção a porta mas a mesma foi aberta antes dele se aproximar mais.

Parado à porta, iluminado pelas chamas trêmulas na mão do professor, havia um vulto de capa que alcançava o teto. Seu rosto estava completamente oculto por um capuz. Harry baixou os olhos depressa, e o que ele viu provocou uma contração em seu estômago. Havia uma mão saindo da capa e ela brilhava, um brilho cinzento, de aparência viscosa e coberta de feridas, como uma coisa morta que se decompusera na água...

Mas foi visível apenas por uma fração de segundo. Como se a criatura sob a capa percebesse o olhar de Harry, a mão foi repentinamente ocultada nas dobras da capa preta.

E então a coisa encapuzada, fosse o que fosse, inspirou longa e lentamente, uma inspiração ruidosa, como se estivesse tentando inspirar mais do que o ar à sua volta.

Um frio intenso atingiu todos os presentes. Harry sentiu a própria respiração entalar no peito. O frio penetrou mais fundo em sua pele. Chegou ao fundo do peito, ao seu próprio coração...

Os olhos de Harry giraram nas órbitas. Ele não conseguiu ver mais nada. Estava se afogando no frio. Sentia um farfalhar nos ouvidos que lembrava água correndo. Estava sendo puxado para o fundo, o farfalhar aumentou para um ronco que aumentava...

Então, vindos de muito longe, ouviu gritos, terríveis, apavorados, suplicantes. Ele queria ajudar quem gritava, tentou mexer os braços, mas não conseguiu... Um nevoeiro claro e denso rodopiava à volta dele, dentro dele...

 

•°•°•°°•TDWTS•°°•°•°•


Minutos antes.

Dean e Sophie ainda estavam discutindo sobre pedidos de namoro quando o trem parou e as luzes se apagaram. No mesmo instante os quatro se juntaram, ficando grudados um no outro. Eles ouviram um barulho como de algo abrindo, e em seguida o solavanco que quase os fez cair.

— O que está acontecendo? – sussurrou Dean.

— Alguém entrou no trem. – sussurrou Erik de volta. – Alguma coisa está no trem.

— Vamos voltar para a cabine do Remus – disse Patrick e os três concordaram.

Todos pegaram as varinhas e com “Lumus” iluminaram seus caminhos até onde se lembravam ser a cabine em que Remus estava. Eles estavam no meio do caminho quando sentiram o frio subir por seus corpos, seguido por arrepios e uma vontade enorme de não querer continuar vivendo.

Quanto mais eles continuavam andando, mais eles se sentiam vazios e tudo parecia se tornar cinza. Algo bom como a própria vida parecia cada vez mais barata e fraca comparado com a opção da morte. Sophie então parou de abrupto quando começou a sentir uma forte dor vindo de todo o seu corpo, terrível como se estivesse sendo torturada.

Então uma risada alta ecoou pela sua mente e ela caiu de joelhos colocando as duas mãos nos ouvidos e largando a própria varinha.

— Sophie! – exclamou Erik ao sentir a dor que a irmã de alma sentia.

— Inferno, o que é aquilo?!

A dor se intensificou e Sophie se encolheu no chão, no fundo ela podia ouvir alguém gritando de dor, e demorou até perceber que era ela mesma. A risada se tornava mais alta e mais alta.

Tumtp. Tumtp.

Sophie sentia tudo ficando escuro, e o som ao seu redor ficando cada vez mais distante.

Tumtp. Tumtp.

— EXPECTO PATRONUM!

Ela tentou levantar a cabeça e abrir os olhos mas tudo estava embaçado, havia apenas uma luz no final do corredor, e quando ela olhou para janela, enquanto a chuva caía, um raio enorme e brilhante surgiu e iluminou tudo ao seu redor, mesmo dentro do trem.

Um raio... E ela apagou.

Tumtp. Tumtp.


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