TO DIE WITH THE SUN; reescrita de harry potter escrita por SWEETBADWOLF


Capítulo 49
Capítulo 49 — Bons Velhos Tempos




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Quando Remus chegou em Hogwarts, ele havia sido muito bem recebido. Todos os professores – com exceção de um – haviam sido maravilhosos com ele, dando boas vindas e boa sorte como novo professor daquela escola. Minerva, que havia deixado claro para todos o quão orgulhosa era dele e por ter sido seu aluno, mostrou-lhe a sala que ele daria aula e ficou conversando com ele por horas antes de deixá-lo para se acomodar e até mesmo enfim aceitar, que era o mais novo professor de Defesa Contra as Artes das Trevas de Hogwarts.

Remus sabia – na verdade até sentia – o quanto Snape estava irritado com sua contratação. Mas ele não podia ligar menos, afinal, assim como Severus Snape não gostava dele, ele retribuía o sentimento. Principalmente quando se lembrava como o professor de Poções era com Harry, e o comentário horrível que havia feito para Charles. Então o melhor para ele fazer, era de ignorar os olhares que Snape lhe dava.

Dumbledore, por sua vez, havia o surpreendido novamente. No segundo dia como professor, o diretor o tinha chamado em sua sala e havia lhe mostrado uma poção feita por Dâmocles Belby. A poção que suavizava a irracionalidade do lobo, tornando as noites de lua-cheia mais calmas para Remus. O diretor ainda havia dito que Dâmocles pretendia encontrar a cura para a pessoa deixar de ser um lobisomem, mas até lá... Remus só podia esperar com esperança.

Os dias foram se passando, e um dia antes do aniversário de Harry, Remus havia corrido para Hogsmeade para comprar vários chocolates que seu afilhado gostava. E nesse caminho, foi quando ele viu, pela primeira vez em anos, a Casa dos Gritos. Mesmo que de longe ele podia ver, a casa que ele passou a adolescência, junto com os melhores amigos de sua vida, e vivendo o terror do lobisomem em seu corpo e alma.

Ele ponderou muito. Mas enfim, depois de três dias após ter visto a Casa de longe. Remus finalmente havia decidido ir até ela.

E lá estava ele, parado em frente ao Salgueiro Lutador. Olhava para a árvore com um brilho intenso, cheio de memórias, felizes e tristes, memórias de uivos e gritos, de dor e mais dor, em seus olhos castanhos. O vento soprava, uma brisa morna com o sol da manhã batendo em seu cabelo.

Ele respirou fundo e um cheiro familiar invadiu seu nariz, não um cheiro de comida ou o cheiro de alguém. Era um cheiro que ele podia descrever apenas sendo de uma mistura de: amor, raiva, tristeza e felicidade. Era o cheiro de casa.

Já se faziam dias que ele havia chegado no Castelo. Mas só agora ele teve a coragem de ir até o Salgueiro. E agora, em frente a árvore, ele sentia um misto de saudade e medo. Já se fazia muitos anos, desde da última vez que havia passado por aquela passagem. Mas ele sabia que precisava fazer isso, logo a lua-cheia chegaria e mesmo que agora exista uma poção para deixar o lobo menos descontrolado, ele ainda precisaria passar a noite ali. Só que, desta vez, sozinho.

Dando um suspiro, ele apontou a varinha para a árvore e lançou o feitiço de imobilização. Respirou fundo novamente e passou por baixo da árvore, subiu pelos degraus e parou em frente a porta fechada. Seu coração batia dolorosamente em seu peito, seu estômago parecia estar dando voltas e voltas e uma enorme vontade de vomitar lhe atingiu forte.

Com tantas emoções, tantos sentimentos batendo forte dentro de si, e com o coração terrivelmente acelerqdo, Remus abriu a porta.

O lugar não havia mudado. Estava mais sujo e com muito mais teia de aranha nos cantos do que da última vez, mas era o mesmo quarto. O quarto que ele tantas vezes passou as noites de lua-cheia. O quarto em que ele se transformava no monstro e seus amigos apareciam em forma de animal. James, um enorme cervo. Peter, um rato rápido. E Sirius, um lindo e enorme cachorro preto.

Mas, além dessas noites, existiam as noites em que eles iam lá apenas para se divertirem, contarem histórias, estudar ou apenas relaxar. Se esconderem do mundo, por apenas um momento. Foi a partir do quinto ano que Richard, Brian e Frank haviam se juntado a eles. Momentos doces.

Remus fechou os olhos e seus punhos se fecharam juntos. Sem segurar, lágrimas enfim caiam de seus olhos e ele se irritou.

Ele odiava aquele lugar. Odiava muito. Mas ele também amava. Amava com todas as forças possíveis. Aquele lugar havia sido sua casa, assim como Hogwarts era. O lugar em que ele havia percebido estar apaixonado. O lugar que ele teve os amigos ao lado. Mesmo tendo as lembranças ruins, haviam as boas. E as boas eram muitas.

— Gostaria de poder voltar no tempo, para os bons e velhos tempos. – sussurrou Remus passando a mão nas paredes e arrastando suavente pelo caminho. – Se vocês estiverem ouvindo isso... Eu devo ter conseguido.

Ele foi até a janela da casa e olhou para o céu que começava a tomar um tom azul bebê.

— E eu ainda vejo o céu estando azul.

Ele andou, observando tudo até ficar de frente para a cama de casal.

Então uma lembrança lhe atingiu em cheio. Foi no sexto ano. Ele podia até mesmo ver a cena acontecendo diante de seus olhos.

Ele com dezesseis anos de idade, cabelos grandes e bagunçados. Sentado na cama, morrendo de dor do que estava por vir, se preparando para a transformação que teria de sentir, quando um outro garoto de cabelos pretos e longos, tão bagunçados quantos o dele, com uma barba crescendo entrou na casa.

— Sirius?! O que está fazendo aqui?? – perguntou Remus surpreso e assustado. Um enorme medo tomando conta dele.

A lembrança estava muito vívida em sua mente. E isso fazia seu coração se apertar.

— Não quero mais deixar você passar por isso sozinho. – disse o moreno simplesmente, e se sentando no chão. – Toda vez que chegamos aqui você já é um lobisomem. E eu sei que te dói, eu posso escutar os gritos. Não quero você passando por isso sozinho, Moony.

— Não, não Sirius, você não quer ver isso. – retrucou Remus apavorado. – É horrível. – ele estava a beira das lágrimas.

Remus sentiu o coração doer, com cada parte daquela memória. Seus braços já estavam ao redor de si mesmo, se abraçando para espantar a solidão. De repente, ele queria muito que Sophie estivesse ali com ele.

— Ei, ei – Sirius ficou em frente ao jovem Remus, e tocando em seu rosto, disse com firmeza: – Não importa. Pode ser a coisa mais feia do mundo e eu vou continuar aqui. Não vou deixar você passar por isso sozinho. Não mais.

Remus olhou para o amigo e o abraçou com força, o segurando como sua tábua de salvação.

— Obrigado Sirius. Obrigado por estar sempre aqui. – agradeceu Remus fechando os olhos e suspirando tranquilo. Feliz, pela primeira vez numa noite como aquela.

— Meu prazer, Remus. Sempre meu prazer. – sussurrou Sirius sorrindo.

A lembrança se dissolveu lentamente nos dois se abraçando. E Remus chorava novamente. A saudade doía muito, não apenas de Sirius mas também de James. De Peter, de Richard e Brian. Mesmo de Frank, que ainda vivo... Nunca mais seria o mesmo.

Saudade dos tempos em que eles eram infinitos e nada poderia para-los.

Mas ele não podia fazer nada. Não agora. Não mais.

Depois de ter parado de chorar e de ter respirado fundo várias vezes para se acalmar, Remus deu uma última olhada para o lugar que ele tanto amava e odiava. E saiu e por fim, saiu.

Naquele mesmo dia, Edwiges, a coruja de Harry apareceu em sua sala com uma carta de Sophie avisando sobre a presença da irmã de Válter e que eles precisavam se comportar para que o tio assinasse a autorização para que Harry fosse para Hogsmeade.

— Quanto tempo você acha que ela aguenta antes de perder a linha? – brincou Remus olhando para Edwiges que deu um “owo” e mordiscou o dedo de Remus gentilmente. – Eu acho que terei que agilizar as coisas aqui ou é capaz de alguém morrer naquela casa.

E assim ele o fez. Tentou fazer tudo o mais rápido possível – mas de forma bem feita –, porém havia muitas coisas para fazer e ele ainda tinha que terminar de preparar as aulas para os alunos do quinto ano e sétimo que tinham os N.O.M'S e os N.I.E.M'S para fazer. E quando deu uma semana da carta que Sophie havia mandado, Dumbledore havia entrado em sua sala com um sorriso no rosto e com a bochecha corada. Era uma visão um tanto diferente para Remus.

— Diretor? O que lhe trás aqui? – perguntou Remus se levantando da cadeira e saindo de trás da mesa para cumprimentar Dumbledore que ainda sorria. – Está... tudo bem?

— Eu diria que sim – respondeu o diretor, o sorriso nunca saindo do rosto. – Hoje, á alguns minutos para ser sincero, essa carta chegou em meu escritório. – levantou uma carta que segurava na mão esquerda. – Do Ministro da Magia, e o conteúdo que se encontra nela é, eu devo dizer, muito engraçado para mim e talvez possa ser um pouco preocupante para você. Apesar de que, eu deva lhe garantir que não há nada para se preocupar.

Dito tudo isso, o diretor entregou a carta que estava em suas mãos para um confuso Remus que a leu. No momento em que ele terminou de ler, ele ficou em silêncio por um minuto, antes de começar a rir.

— Essa é uma reação que eu não esperava. – comentou o diretor.

— Eu to rindo de nervoso – explicou Remus olhando para o diretor. – Eu sabia que isso ia acontecer e para falar a verdade, estou surpreso que demorou tanto.

— Bem, acredito que você deva ir ao encontro deles no Caldeirão Furado, professor Lupin – disse Dumbledore olhando ao redor. – Você já terminou as preparações das aulas?

— Sim, está tudo pronto – respondeu Remus sorrindo e com um sentimento agradável no peito. – Eu estou me sentindo confiante.

— Assim como eu. Você vai se sair muito bem, disto não a dúvida – falou Dumbledore gentil e animado. – Mas agora, você tem uma afilhada e um afilhado que precisam de você e eu acho que o senhor Lehnsherr não conseguirá domar aquelas duas crianças por mais tempo.

— Tem razão, é melhor eu ir. Voltar para minhas pestes. – respondeu Remus rindo.

 

•°•°•°°•TDWTS•°°•°•°•


Algumas horas antes, Rua da Magnólia.

— Deus que alívio estar longe daquela casa. – comentou Harriet se sentando na calçada.

— Eu sentiria mais alívio se não estivesse preocupado com o que vai acontecer com Harry e Sophie – retrucou Erik. – Apesar de achar que o Ministério não quer ter que lidar com dois bruxos menores de idade que transformaram a tia em um balão quando estão caçando um assassino louco e perigoso.

— Ela vai ficar daquele jeito pra sempre? – perguntou Harry para Charles que negou com a cabeça.

— Não, o Ministério manda bruxos para trazerem ela ao normal e apagar a memória, claro. – respondeu Charles.

— O que devemos fazer agora? – perguntou Harriet.

— Vamos começar chamando um Nôitibus Andante. – respondeu Sophie também sentada na calçada, e acariciando Baguera que lambia seu rosto.

— Eu detesto o Nôitibus – resmungou Harriet.

— Não podemos ir andando para o Caldeirão Furado e com certeza eu não vou no ônibus trouxa com esse malão – retrucou Sophie olhando para a melhor amiga.

— Sophie... – chamou Harry.

— Acho que o Ministério já está na casa dos Dursley. – comentou a Potter para si mesma e não prestando atenção nos amigos.

— Sophie. – chamou Charles puxando a ruiva pelo braço.

— Eu sei que deveria sentir pena da Guida mas cara...

Baguera latiu e Sophie voltou a prestar atenção ao mundo em seu redor.

— Que foi?

— Tem alguma coisa ali. – disse Erik olhando para frente e apontando para as árvores que estavam na frente deles.

Sophie olhou para a direção que a amiga apontava e viu, que no meio das árvores, alguma coisa se aproximava devagar, estava escuro e nem Sophie ou os amigos podiam ver o que era.

— O que é? – perguntou Harry sentindo o coração batendo forte de medo.

— Não sei.. – Erik sussurrou. – Parece um...

— Cachorro. – completou Charles.

Realmente parecia ser um cachorro. Mas o tamanho não era de um cachorro, era enorme demais para ser um cachorro. Porém quanto mais o animal se aproximava mais eles podiam ver que de fato era um cachorro. Enorme e tão preto quanto a noite mais profunda.

Todos se levantaram e ficaram olhando para o cachorro.

Sophie sentiu um forte frio na barriga e um aperto estranho em seu coração, segurou Baguera mais próximo de si, mas o filhote não parecia assustado, na verdade seu rabinho estava balançando bem rápido mostrando felicidade.

Então, enquanto seu irmão e seus amigos deram um passo para trás, ela deu um para frente e assim fez o cachorro. A luz da lua brilhou no rosto do animal e Sophie pode ver que os olhos eram de cor cinza, tal como o céu em dia de tempestade.

Sophie e o animal continuaram se olhando durante um tempo que a ruiva não saberia dizer mas repentinamente o cachorro se virou e correu para dentro das árvores e longe dos cinco. Baguera latiu e não muito tempo depois outro latido de resposta ecoou de dentro das árvores. E então silêncio.

— Sophie? – chamou Erik confuso e tocando no ombro da amiga. – Está tudo bem?

— Sim... Eu pensei que era... bem, me enganei. Era só um cachorro. Chame o Nôitibus. – pediu a Potter balançando a cabeça e olhando para Erik com um leve sorriso.

Erik acenou e levantou a varinha. Antes mesmo que Harry pudesse perguntar o que ele iria fazer, uma luz ofuscante brilhou e ele teve que cobrir os olhos, um barulho alto foi ouvido e ele olhou para frente. Um enorme ônibus estava em sua frente, cor azul. Parecia ser um ônibus normal apenas com duas coisas diferentes. A primeira era que a cor, naturalmente vermelha, agora era azul e no para-brisa informavam: Nôitibus Andante.

Harry ficou olhando para o ônibus impressionado quando um condutor de uniforme roxo saltou do ônibus para anunciar em altas vozes aos ventos da noite:

— Bem-vindo ao ônibus Nôitibus Andante, o transporte de emergência para bruxos e bruxas perdidos. Basta esticar a mão da varinha, subir a bordo e podemos levá-lo aonde quiser. Meu nome é Stanislau Shunpike, Lalau, e serei seu condutor por esta noite. – Lalau terminou de dizer a frase ensaiada e olhou para os cinco.

— Bem, vamos embora. – disse Erik pegando o malão de Sophie e entregando para Lalau. – Vão entrando, eu ajudo ele com as bagagens.

Eles concordaram e entraram. Sophie foi na frente e assim que viu uma cama vazia, aproveitou-se e se deitou dando um leve sorriso para Baguera que se aconchegava em sua barriga.

— Isso realmente vai para todos os lugares? – perguntou Harry se sentando em uma cama ao lado da irmã.

— Sim. Qualquer lugar que você queira, que seja em terra. Eles podem ir por água também mas fiquei sabendo que os pilotos estão querendo fazer greve sobre isso. Algo sobre tubarões sendo liderados por um homem louco – comentou Charles pensativo. – Enfim, quem...

— Eu pago. – murmurou Sophie de olhos fechados antes que o amigo terminasse de fazer a pergunta. – Caldeirão Furado ou o Largo?

— Vamos logo para o Caldeirão, Rony e Hermione vão para lá daqui a duas semanas, não vão? – perguntou Harriet.

— Sim – concordou Harry vendo Erik se aproximando com Lalau.

— Então, para onde vamos? – perguntou Lalau olhando os cinco.

— Quanto custa até o Caldeirão Furado? – perguntou Charles.

— Onze cicles mas por vinte vocês ganham chocolate quente e por quinze um saco de água quente e uma escova de dentes da cor que você quiser. – respondeu Lalau dando um sorriso sacana.

— Muito bem, quem quer chocolate quente? – perguntou Sophie abrindo um sorriso.

 

•°•°•°°•TDWTS•°°•°•°•


— Isso está muito bom. – comentou Charles suspirando ao tomar um grande gole de chocolate quente.

Erik que estava ao lado dele, revirou os olhos sorrindo e passou o dedão no canto da boca do moreno que estava suja de chocolate, depois limpou nas vestes. Charles arregalou os olhos para Erik e sorriu timidamente, sentindo as bochechas se aquecerem.

Erik não pode deixar de sorrir ao ver as bochechas do moreno se tornarem tão vermelhas quanto os tomates de sua mãe.

— Você fica realmente fofo quando tá vermelho – cantarolou o alemão e seu sorriso se ampliou quando viu que agora os ouvidos de Charles estavam mais vermelhos.

Nenhum deles notou a Sophie Potter que estava prendendo a respiração enquanto assistia a cena acontecendo em sua frente. Ela estava mordendo os lábios para não gritar de alegria e começar a cantar “We Are The Champions” por finalmente Erik estar se abrindo.

Harriet, por sua vez, por algum estranho motivo, estava de cabeça para baixo num canto do Noitibus e bastante equilibrada, o que era uma façanha incrível sendo que o ônibus se movia como se estivesse sambando.

Harry, por sua vez, olhava a conversa de Erik e Charles com um meio sorriso no rosto. Feliz pelos amigos estarem mais próximos, mas ele ainda estava preocupado com o que iria acontecer com ele e Sophie, eles ainda eram menores de idade e sendo menores de idade, eles não podiam fazer magia fora de Hogwarts. Se eles forem expulsos de Hogwarts, Harry não gostava nem de imaginar o que eles fariam.

Ele respirou fundo e olhou pela janela.

— Os trouxas não podem nos ver? – perguntou ele ao ver a velocidade que o veículo se movia.

— Os trouxas! – exclamou Lalau com desdém. – E eles lá escutam direito? E também não enxergam direito. Nunca reparam em nada, não é mesmo?

Harry pode ver Sophie revirar os olhos para o que Lalau havia dito.

— É melhor ir acordar Madame Marsh, Lalau – disse Ernesto. – Vamos entrar em Abergavenny dentro de um minuto.

Ernesto Prang, um bruxo idoso que usava óculos de grossas lentes, era o motorista do Noitibus durante anos e nunca recebeu nenhuma reclamação em seu serviço. E existem boatos que ele era amigo do tal Homem Louco que expulsava os noitibus dos mares com tubarões.

Lalau passou pela cama de Harry e desapareceu por uma estreita escada de madeira. Harry continuou a espiar pela janela, sentindo-se mais nervoso a cada hora.

— Ei, se acalma – disse Erik se sentando ao lado dele.

— Você não tá preocupado? Com o que pode acontecer? – perguntou Harry olhando para Erik.

— Uma parte minha, sim. Mas se tudo der certo, e com uma boa explicação, garanto que nada vai acontecer com vocês. – disse Erik sorrindo e bagunçando o cabelo o garoto de leve.

Harry sorriu e voltou a olhar pela janela.

Ernesto não parecia ter dominado o uso do volante, o nôitibus a toda hora subia na calçada, mas não batia em nada; os fios dos lampiões, as caixas de correio e as latas de lixo saltavam fora do caminho quando o ônibus se aproximava e tornavam à posição anterior depois de ele passar Lalau voltou do primeiro andar, seguido de uma bruxa meio esverdeada e embrulhada em uma capa de viagem.

— Chegamos, Madame Marsh – Exclamou Lalau alegremente, enquanto Ernesto metia o pé no freio e as camas deslizavam bem uns trinta centímetros para a dianteira do ônibus. Madame Marsh cobriu a boca com um lenço e desceu as escadas, titubeante. Lalau atirou a mala para ela e bateu as portas do ônibus; ouviu-se novo estampido, e o veículo saiu roncando por uma estradinha do interior, fazendo as árvores saltarem de banda.

Harry não teria conseguido dormir mesmo se estivesse viajando em um ônibus que não produzisse tantos estampidos e saltasse um quilômetro e meio de cada vez, seu estômago deu muitas voltas quando ele tornou a refletir no que iria lhe acontecer.

Lalau abrira um exemplar do Profeta Diário e agora o lia mordendo a língua. Um homem de rosto encovado, e cabelos longos e embaraçados piscou devagarinho para Harry em uma grande foto na primeira página. Pareceu-lhe estranhamente familiar.

Ele tocou no braço de Erik que olhou para ele.

— Aquele não é o tal de Black? – perguntou Harry baixo para o alemão.

— Sim. É ele. – concordou Erik. – Não comente nada.

Harry concordou e se aproximou mais de Erik.

O nôitibus corria pela escuridão, espalhando para todo o lado moitas de plantas, latas de lixo, cabines telefônicas e árvores, e Harry continuava encostado em Erik, inquieto e pensativo, em sua cama de penas.

Um a um, bruxos e bruxas de roupa de dormir e chinelos desceram dos andares superiores e desembarcaram do ônibus. Todos pareciam satisfeitos de descer.

Finalmente, o grupo eram os únicos passageiros que restaram.

— Muito bem, então – disse Lalau, batendo palmas e se virando para os cinco. –, Caldeirão Furado?

— Isso. – concordou Erik.

— É pra já. Segurem firme aí...

BANGUE.

E na mesma hora o nôitibus estava correndo pela Rua Charing Cross como uma trovoada. Harry se sentou e ficou observando os edifícios e bancos se espremerem para sair do caminho do veículo. O céu estava um pouquinho mais claro.

— Caldeirão Furado senhores... como disseram que chemavam mesmo? – perguntou Lalau para os cinco que já estavam de pé.

— Não dissemos. – respondeu Erik sério.

Os cinco pularam para fora e Erik novamente ajudou Lalau a tirar os malões do nôitibus. Quando estava tudo feito, Harry se virou para Lalau.

— Obrigado. – agradeceu ele. – E... obrigado senhor Ernesto. – deu um leve grito para o velho que buzinou em sinal de ter ouvido.

— Ah, aí estão vocês! – exclamou uma voz.

Antes que Harry pudesse se virar, sentiu uma mão segurá-lo pelo ombro.

— Senhor Potter é um prazer em conhecê-lo finalmente e senhorita Potter é um prazer revê-la – disse a voz de ninguém mais, ninguem menos que Cornélio Fudge, o Ministro da Magia. Ao mesmo tempo, Lalau gritou:

— Caramba! Ernesto corre aqui! Corre aqui!

Harry ergueu a cabeça para o dono da mão em seu ombro e teve a sensação de que um balde de gelo estava virando dentro do seu estômago, não era bem o seu plano dar de cara justo com o ministro. Lalau saltou para a calçada, ao lado deles.

— Que nome foi que o senhor chamou esse garoto, ministro? – perguntou ele excitado.

Fudge, um homenzinho gorducho, vestindo uma longa capa de risca de giz, parecia enregelado e exausto.

— Quem? Harry? – perguntou ele, franzindo a testa. – Este é Harry Potter, meu caro.

— Eu sabia! – gritou Lalau radiante. – Ernesto! Ernesto! É o Harry Potter! Estou olhando para a cicatriz dele!

— Bem – disse Fudge, irritado –, muito bem, fico satisfeito que o nôitibus tenha apanhado o Harry, Sophie e a Srta. Lovegood, Sr. Francis e o Sr. Lehnsherr mas agora eles e eu precisamos entrar no Caldeirão Furado, então... Adeus.

Fudge aumentou a pressão no ombro de Harry, e o menino sentiu que estava sendo conduzido para o interior do bar. Um vulto curvo segurando uma lanterna apareceu à porta atrás do balcão. Era Tom, o dono encarquilhado e sem dentes do bar-hospedaria.

— O senhor os encontrou, ministro! – exclamou Tom. – Quer alguma coisa para beber? Cerveja?Conhaque?

— Talvez um bule de chá. – pediu Fudge, que continuava segurando Harry.

Ouviram-se passos que arranhavam o chão e gente ofegante atrás deles, e Lalau e Ernesto apareceram, carregando o malão de Harry, Sophie e Harriet, e a gaiola de Edwiges, olhando para os lados, excitados. Enquanto Erik e Charles traziam os outros malões.

— Por que é que você não nos disse quem era, hein, garoto? – perguntou Lalau sorrindo, radiante, para Harry, enquanto o cara de coruja do Ernesto espiava muito interessado por cima do ombro do ajudante.

— E uma sala reservada, por favor, Tom. – pediu Fudge enfaticamente.

Fudge conduziu Harry e os outros por um corredor estreito, acompanhando a lanterna de Tom, até uma saleta. Tom estalou os dedos, um fogo se materializou na lareira, e, fazendo uma reverência, ele se retirou do aposento.

— Sentem-se – começou Fudge, indicando a poltrona junto à lareira.

Os cinco obedeceram, Harry, sentindo arrepios percorrerem seus braços apesar da lareira acesa. Fudge despiu a capa de risca de giz, atirou-a a um lado, depois suspendeu as calças do seu terno verde-garrafa e se sentou em frente aos cinco.

— Eu sou Cornélio Fudge, Harry. Ministro da Magia.

Harry já sabia disso, é claro; vira Fudge antes, mas como estava usando a Capa da Invisibilidade do pai na ocasião, Fudge não devia saber disso.

Tom, o dono do bar-hospedaria reapareceu, com um avental por cima do camisão de dormir, trazendo uma bandeja com chá e pãezinhos de minuto.

Pousou a bandeja entre Fudge e o grupo, e saiu, fechando a porta ao passar.

— Muito bem, Harry e Sophie – começou Fudge, servindo o chá. –, não me importo de confessar que vocês dois nos deixou preocupadíssimos. Fugir da casa dos seus tios desse jeito! Eu já tinha até começado a pensar... Mas vocês estão são e salvos, e isto é o que importa.

Fudge passou manteiga em um pãozinho e empurrou o prato para Harry.

— Comam, por favor. Harry, sua cara é de quem não está se agüentando em pé. – Fudge riu. – Agora... Vocês vão ficar satisfeitos em saber que cuidamos do infeliz acidente com a Srta. Guida Dursley. Dois funcionários do Departamento de Reversão de Feitiços Acidentais foram mandados à Rua dos Alfeneiros há algumas horas. A Srta. Dursley foi esvaziada e sua memória alterada. Ela não lembra mais nada do acidente. E isto é tudo, não houve danos.

Fudge sorriu para todos por cima da borda da xícara de chá, como faria um tio examinando os sobrinhos bagunceiros. Harry, que não conseguia acreditar no que estava ouvindo, abriu a boca para falar, não conseguiu pensar em nada para dizer, e tornou a fechá-la.

— Ah, você está preocupado com a reação dos seus tios? Bom, não vou negar que eles estão muitíssimo aborrecidos, Harry, mas se dispuseram a recebê-lo de volta no próximo verão, desde que você passe em Hogwarts as férias do Natal e da Páscoa.

A língua de Harry se soltou.

— Eu sempre passo em Hogwarts as férias do Natal e da Páscoa ou na casa do padrinho da minha irmã, Remus, e não quero nunca mais voltar à Rua dos Alfeneiros.

— Vamos, vamos, tenho certeza de que você vai pensar diferente depois que se acalmar – disse Fudge em tom preocupado. – Afinal, eles são sua família, e tenho certeza de que... Bem lá no fundo, vocês se querem bem.

Não ocorreu a Harry corrigir Fudge. Continuava esperando ouvir o que ia lhe acontecer em seguida. Mas ele não pode negar de se virar para a irmã e os amigos e pode ver Erik fazer um sinal com o dedo para que continuasse em silêncio.

— Então agora só falta – disse Fudge, passando manteiga em um segundo pãozinho. – decidir onde é que você vai passar as duas últimas semanas de férias. Sugiro que alugue um quarto aqui no Caldeirão Furado e...

— Espera aí – falou Harry sem pensar. – E o meu castigo?

Fudge piscou os olhos e Charles e Harriet se engasgaram com o chá que bebiam. Erik deu um beliscão no braço de Harry, Sophie tampou o rosto e Baguera choramingou – parecia envergonhado.

— Castigo?

— Eu desobedeci à lei! – disse Harry. – O decreto que proíbe o uso da magia aos menores!

— Boca fechada não entra mosca... – cantarolou Erik baixinho.

— Ah, meu caro menino, nós não vamos castigá-lo por uma coisinha à toa como essa! – exclamou Fudge, agitando o pãozinho com impaciência. – Foi um acidente! Nós não mandamos ninguém para Azkaban por fazer a tia virar um balão!

Neste exato momento, Remus entrou na sala com Tom logo atrás dele.

— Cheguei em boa hora? – perguntou ele abrindo um leve sorriso para os cinco.

— Remus! -– exclamou Harry sorrindo e se levantando indo dar um bom abraço no padrinho.

— Sr. Lupin, fico contente que Dumbledore tenha lhe entregado a carta que lhe foi enviada. – disse Fudge ainda bem humorado, se levantando e estendendo a mão para o lupino que logo a apertou.

— Também fico feliz. Agora... Eu devo me preocupar com...

— Ora meu caro, você não precisa se preocupar com nada! Harry e Sophie apenas cometeram um acidente! Apenas isso. – exclamou Fudge rindo e abanando a mão como se espantasse um mosquito. – Está tudo resolvido. E posso ver que Harry e Sophie estão sendo bem cuidados assim como os outros.

— Sim, faço o meu melhor. – disse Remus dando um breve sorriso. – Harry, Erik, Charls, Harriet e Sophie estão sob minha guarda.

— Fico feliz por isso – concordou Fudge sorrindo. – Muito bem, Tom, leve-os para seus quartos. O senhor permanecerá aqui, eu acredito Sr. Lupin?

— Sim, sim irei.

— Ótimo. Tom irá lhes mostrar os seus quartos... ah crianças, peço para que, bem não fiquem andando muito por ai...

Harry franziu a testa mas não teve tempo de dizer nada pois Remus o puxou para fora da pequena sala, junto com os outros.

Logo, Tom havia colocado Harry, Sophie e Remus juntos em um quarto e Harriet, Erik e Charles em outro. E antes de todos irem dormir, os seis se juntaram no quarto de Harry e obviamente, Harriet, Erik e Charles deram um grande abraço em Remus.

— Fico feliz por ver vocês também – exclamou Remus sorrindo.

— Como foi arrumando tudo lá em Hogwarts? – perguntou Charles animado.

— Tudo certo, tudo pronto para as aulas começarem. – respondeu Remus e então se virou para Sophie. – E você ruiva? Não ganho nenhum abraço? – perguntou ele olhando para Sophie com um sorriso maroto no rosto.

— Você me deixou num inferno, você não merece um abraço – resmungou a Potter, e Remus fez cara de triste, colocando beiço pra fora. – Esse rosto é jogo sujo e você sabe disso.

— Nunca disse que ia jogar limpo. – retrucou o Lupin piscando para ela.

Sophie abriu um enorme sorriso e pulou em Remus que caiu para trás, por sorte tinha uma cama para amortecer a queda.

— Nunca mais me deixe com aqueles demônios!

— Nunca! – sussurrou Remus abraçando ela mais forte. – Senti sua falta mini-Lily.

Os dois riram e nesse momento Baguera pulou em cima deles, ficando no peito de Remus que olhou surpreso para o cachorro.

— Olá, jovem cão – disse Remus bem humorado. – Quem é você?

— Esse é o Baguera – apresentou Charles pegando o filhote no colo. – Encontrei ele na rua perto da casa dos Dursley e bem, peguei pra mim.

— Agora ele faz parte da família – disse Sophie animada.

— Essa é a família mais animalesca desse mundo – comentou Remus com um suspiro.

— Ainda estou confuso, o que foi que aconteceu? – perguntou Harry que estava sentado na cama fazendo carinho em Edwiges que havia sido trazida por Remus. – Por que não houve nenhum castigo?

— Acho que tem algo haver com Black. – comentou Harriet para Harry.

— Sim, como disse antes, acho que a última coisa que Fudge iria querer nesses tempos seria ter que lidar com adolescentes enquanto Black está solto. – disse Erik olhando para Remus que ficou quieto.

— É, talvez seja isso – concordou Harry. – Bem, estou com sono e admito que estou feliz por estar longe dos Dursley.

— Lamento que não tenha conseguido a assinatura para Hogsmeade, Harry. – disse Sophie arrependida para o irmão.

— É, eu também lamento. – sussurrou Harry infeliz olhando para o teto.

Depois de uma hora conversando sobre o tempo que tiveram, Harriet, Erik e Charles disseram boa noite e foram para o quarto ao lado.

Harry e Sophie se deitaram e Remus os fez rir quando os cobriu e lhes cantou uma musica que James havia feito para Lily, música essa que Harry havia considerado a favorita dele durante toda a vida.

Enquanto Sophie se perdia em lembranças de quando criancinha e com seu padrinho tonto cantando desafinado para ela dormir.

Remus, por sua vez, estava feliz em estar de volta para suas crias.


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