TO DIE WITH THE SUN; reescrita de harry potter escrita por SWEETBADWOLF


Capítulo 48
Capítulo 48 — Aquele do Balão Humano




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Na manhã seguinte, os cinco já estavam na cozinha como de costume. Sophie e Erik preparando o café da manhã e Harry, Harriet e Charles arrumando a mesa. Os Dursley ainda não fizeram nenhum tipo de sinal de que estavam acordados, o que era o grande motivo para o bom humor de Sophie até então.

— Harry, ligue a televisão – pediu Sophie distraidamente, enquanto fazia sua “omelete” – Vamos saber quais são as notícias de hoje.

— Até parecemos trouxas, assim – comentou Erik sorrindo para a ruiva.

— Eu sei, não é estranho?

Harry riu e foi até a televisão novinha que os Dursley haviam comprado de presente de boas vindas para as férias de verão em casa de Duda, que andara se queixando, em várias vozes, sobre a grande distância entre a geladeira e a televisão da sala. Duda passara a maior parte do verão na cozinha, seus miúdos olhinhos de porco fixos na telinha e sua papada em cinco camadas balançando enquanto ele comia sem parar.

Erik sempre se encolhia sobre como Petúnia não cuidava da alimentação do jovem, que para sua idade estava muito acima do peso, algo muito prejudicial na saúde.

Ele ligou a televisão e aumentou um pouco para eles ouvirem melhor.

— Fugitivo? – disse Charles de repente, olhando para o repórter que estava dando matéria do jornal da manhã. – Harry, aumenta um pouco mais.

Harry aumentou e saiu da frente da televisão para Charles assistir. Ele se sentou ao lado do amigo e olhou para o repórter na televisão, que já ia adiantado na transmissão de uma notícia sobre um fugitivo da prisão.

“Alertamos os nossos telespectadores de que Black está armado e é extremamente perigoso. Se alguém o avistar deverá ligar para o número do plantão de emergência imediatamente.”

— Devem estar atrás dele feito uns loucos – comentou Charles virando-se para Harriet que concordou. – Dúvido muito que o nosso ministro ou ministro dos trouxas encontrem ele.

— Só irão encontrá-lo quando o próprio Black quiser ser encontrado. – disse Sophie confiante, colocando seu prato de ovos mexidos na mesa.

Ela nunca disse que era omelete.

— Do que vocês estão falando? – perguntou Harry confuso. – Vocês conhecem esse Black?

— Ele é um bruxo que fugiu de Azkaban, a prisão. – respondeu Erik.

— Mas pensei que ninguém pudesse fugir de lá. – disse Harry surpreso.

— Todos pensaram – concordou Harriet séria. – Black foi o primeiro a fugir de Azkaban, nosso mundo está um caos por isso.

— Dizem que ele fazia parte do grupo de Voldemort – comentou Erik cruzando os braços, com o rosto neutro. – Mas foi preso mesmo por ter matado treze pessoas, com um único feitiço.

— Erik! – reeprendeu Charles.

— Ele vai saber mais cedo ou mais tarde. – Erik deu de ombros.

— Treze pessoas?! – exclamou Harry olhando para Erik. Se ele tivesse olhado para Sophie, teria visto o quão desconfortável ela estava.

— Sim, ele fez isso com muitas testemunhas presentes  – disse Erik sério e pensativo. – Dúvido que o Ministério o encontre. Como a Sophie falou, ele só vai ser encontrado quando ele quiser.

— Me pergunto o que fez ele fugir. – disse Harriet bebendo o suco.

— Eu tambem me pergunto... – murmurou Sophie.

Harry olhou novamente para a tela da televisão e engoliu em seco. Ele havia ouvido falar de Azkaban e quão bem guardada era, e pelo fato do aviso daquele homem estar solto está sendo noticiado para os trouxas, então com certeza, ele era um perigo, um grande perigo.

— Enfim, chega de falar do Black! – exclamou Harriet sorrindo. – Vamos falar dos materiais!

— Iremos hoje para o Caldeirão Furado? – perguntou Charles depois de terminar de comer.

— Estive pensando, e acho que devíamos ficar até a volta do Remus, assim o Harry pode ter a chance dos tios assinarem o consentimento para ele ir para Hogsmeade. – disse Erik roubando um pouco dos ovos mexidos do prato de Sophie, que lhe deu um tapinha na mão.

— Bem, então é bom você começar a pedir logo para seus tios, Harry. Remus provavelmente vai voltar logo agora, ele não iria perder o aniversário da Sophie. – comentou Harriet.

Harry ia responder quando a porta da cozinha se abriu e o tio Válter apareceu com um terno bem arrumado, os bigodes penteados e a papada balançando. E o bom humor de Sophie Potter, se foi.

— Vocês já terminaram? – rosnou Válter olhando diretamente para Sophie. – Eu e Petúnia temos que preparar o nosso café para irmos buscar minha irmã, Guida.

— Irmã? – perguntaram Sophie e Charles arregalando os olhos.

— Tia Guida? – perguntou Harry também com os olhos arregalados. – Ela não está vindo para cá... está?

Se tinha alguém que Harry odiasse mais do que a tia Petúnia e o tio Válter, então esse alguém era a tia Guida.

Tia Guida era irmã mais velha de tio Válter. Embora não fosse um parente consangüíneo de Harry (cuja mãe fora irmã de tia Petúnia), a vida inteira ele tinha sido obrigado a chamá-la de “tia”. Tia Guida morava no campo, em uma casa com um grande jardim, onde ela criava buldogues. Raramente se hospedava na Rua dos Alfeneiros, porque não conseguia suportar a idéia de se separar dos seus preciosos cachorros, mas cada uma de suas visitas permanecia horrivelmente nítida na cabeça de Harry.

Na festa do quinto aniversário de Duda, tia Guida tinha dado umas bengaladas nas canelas de Harry para impedi-lo de vencer o primo em uma brincadeira. Alguns anos mais tarde, ela aparecera no Natal trazendo um robô computadorizado para Duda e uma caixa de biscoitos de cachorro para Harry. Na última visita, um ano antes do garoto entrar para Hogwarts, ele pisara sem querer o rabo do cachorro favorito da tia. Estripador perseguira Harry até o jardim e o acuara em cima de uma árvore, mas tia Guida se recusara a recolher o cachorro até depois da meia-noite. A lembrança desse incidente ainda produzia lágrimas de riso nos olhos de Duda.

— Guida vai passar uma semana aqui – rosnou tio Válter –, e enquanto estamos nesse assunto – ele apontou um dedo gordo e ameaçador para Harry e depois para Sophie - precisamos acertar algumas coisas antes de eu sair para apanhá-la.
“Em primeiro lugar” rosnou tio Válter. “vocês vão falar com bons modos quando se dirigir a Guida”

— Tudo bem – concordou Harry com amargura. –, se ela fizer o mesmo quando se dirigir a mim, minha irmã e meus amigos.

— Em segundo lugar – continuou o tio, fingindo não ter ouvido a resposta de Harry –, como Guida não sabe nada da sua anormalidade, não quero nenhuma... Nenhuma gracinha enquanto ela estiver aqui. Você vai se comportar, está me entendendo? Vocês todos vão se comportar e nada de ficarem latindo um para o outro!

— Nos comportaremos se ela se comportar – retrucou Harry irritado.

— Em terceiro lugar...

— Antes de você continuar com essas balelas todas, você pensou no que vai dizer para a sua irmã em relação a mim e aos meus amados amigos? – perguntou Sophie cruzando os braços.

— Claro que eu já pensei! – rosnou Válter.

— Por favor, pare de rosnar, parece um animal descontrolado – resmungou Erik revirando os olhos.

— Vocês são amigos do Duda que vieram passar as férias aqui – disse Válter com um ar de orgulho; aparentemente pela ideia.

— Eca. – disseram Sophie, Charles, Harriet e até Erik.

— Enfim, e em terceiro lugar – continuou tio Válter, seus olhinhos maldosos agora simples fendas na enorme cara púrpura –, dissemos a Guida que você freqüenta o Centro St. Brutus para Meninos Irrecuperáveis.

Quê?!— berrou Harry.

— E você vai sustentar essa história, moleque, ou vai se dar mal! – cuspiu tio Válter.

— Isso é uma ameaça? – perguntou Erik num tom frio e calmo.

Válter deu um passo para trás e pareceu assustado com o tom do alemão.

— Se acalme Erik. O Sr. Dursley não poderia fazer nada com Harry, não quando estamos aqui. – disse Charles colocando a mão no braço de Erik.

Harry ficou sentado ali, o rosto branco e furioso, encarando o tio Válter, sem conseguir acreditar no que ouvia. Tia Guida vinha fazer uma visita de uma semana – era o pior presente de aniversário que os Dursley já tinham lhe dado, incluindo nessa conta o par de meias velhas do tio.

— O que você nos pede, é para que nós nos comportemos enquanto sua irmã estiver aqui, certo? – perguntou Charles  calmamente, como se tivesse tido uma ideia.

— Sim, basicamente isso – concordou Válter cruzando os braços.

— Bem, então nós temos uma proposta para você – disse Charles sorrindo marotamente.

— Proposta? – resmungou Válter. – Nós lhe damos abrigo e vocês ainda resolvem nos chantagear!

— Chame como quiser – Charles deu de ombros. – Enfim, a proposta que queremos lhe fazer é o seguinte: Se o Harry se comportar, agir da maneira como você quer e nós também nos comportarmos da maneira que você quer, então você irá assinar um papel de autorização para o Harry.

— Papel de autorização? Por que tenho que assinar? Por que o seu padrinho não assina? – perguntou Válter para Sophie que revirou os olhos.

— Porque, Sr. Inteligente, o padrinho é meu. Ou seja, ele é responsável por mim. Se ele fosse responsável pelo Harry, então o Harry não estaria morando aqui. – retrucou Sophie como se estivesse falando com uma criança.

— É uma proposta justa. Harry e nós nos comportamos e você assina a autorização. Se acontecer o contrário, você não assina e sairemos desta casa. – disse Erik de braços cruzados. – Simples.

— Feito? – perguntou Harry estendendo a mão para Válter.

— Muito bem, feito. – concordou Válter apertando a de Harry. – Agora se vocês já terminaram, eu e minha família gostaríamos de usar a cozinha.

— Certo, vamos pessoal. Vamos dar uma volta. – disse Sophie sorrindo enquanto saía da cozinha com o restante do grupo. – A louça é de vocês hoje.

— Nossa?! – perguntou Válter arregalando os olhos.

— Sim – respondeu Erik passando por Válter. – Ontem foi a gente que limpou.

Válter resmungou. Eles então voltaram para o quarto no andar de cima, Baguera já dando um pulo nas pernas de Erik que o pegou e se sentou com ele em seu colo na cama de Harry. Sophie e Charles se sentaram no colchão dela, próximo a janela, Harry se sentou na cadeira e Harriet deitou em seu colchão.

— Então, como essa Guida é? – perguntou Harriet chamando atenção de Harry. – Você pareceu bem assustado quando o seu tio mencionou ela.

— Acredite, eu tenho bons motivos para ser. A tia Guida consegue ser pior que o tio Válter em uma escala superior. – respondeu Harry lembrando das vezes que a tia Guida vinha para a rua dos Alfineiros. – Ela me odeia, e deixa isso bem claro todas as vezes que vem para cá.

— Não parece ser nem um pouco agradável – comentou Charles. – Por Merlin, Harry, como você consegue aguentá-los?

— A verdade é que eu não sei como sobrevivi tanto tempo vivendo com eles, se querem saber. – respondeu o Potter. – Eles são... Bem, vocês já viram dez por cento de como se eles são, então já devem imaginar como os outros noventa.

— Só mais alguns dias, irmãozinho, e longe daqui, e então estaremos em Hogwarts – disse Sophie abrindo um pequeno sorriso. – E cara, estou tão ansiosa para ver como o Moon vai se sair!

— Assim como nós – concordou Erik. – Finalmente um professor digno.

— Falando em professor, me fez lembrar das lições... terminamos todas as lições de casa? – perguntou Harriet olhando para Erik.

— Sim, já fizemos todas. Harry, você só tem uma última do Snape – lembrou o Lenhsherr para o garoto que deu um alto suspiro. – Não se preocupe, eu te ajudo com essa.

— Obrigado Erik – agradeceu Harry sorrindo, e então tornou a suspirar e jogar a cabeça para trás. – Uma semana. Uma semana com a tia Guida falando mal de mim enquanto vocês fingem serem amigos do Duda.

— Acredite, Harry, não gostamos disso tanto quanto você, mas é o único jeito para você conseguir que Válter assine a autorização. – disse Charles, solidário com o que o garoto estava prestes a passar.

— O que você tem, Sophie? – perguntou Erik de repente para a Potter que estava olhando para a janela, parecendo entre pensativa e aflita.

— Admito que estou preocupada com os N.O.M.S – respondeu a ruiva com um suspiro. – Desde do primeiro ano vendo os alunos do quinto desmaiando por todos os lados, gritando ou coisa pior por causa desse exame... É muita... Pressão.

— Relaxa Löwin, a gente vai se sair bem – disse Erik de forma calma, e fazendo a irmã de alma sorrir com o apelido. – Só não podemos enlouquecer no meio dos exames, de resto, ta tudo certo.

 Eles ficaram em silêncio por um longo tempo, cada com os pensamentos longe e só voltaram para a realidade quando ouviram o carro de Válter saindo da casa. Com isso, cada um começou a arrumar o quarto, deixando-o mais trouxa possível, guardando os materiais nos malões. Com uma carta, Sophie despachou Edwiges para Remus, e Errol, a coruja dos Weasley, também foi despachada para de volta ao seu lar.

Era quase quatro da tarde quando eles terminaram tudo.

— Bem, parece que está tudo certo – disse Charles olhando ao redor. – Todos os materiais já estão guardados nos melões?

— Sim. – respondeu Harriet.

— E os malões já estão escondidos? – perguntou Charles novamente.

— Sim. – respondeu Erik.

— Nada mágico perdido pelos cantos? – Charles perguntou novamente.

— Nada. – respondeu Sophie sorrindo para o moreno.

— E estamos todos preparados para conhecer a irmã do Válter? – Charles perguntou fazendo Harry rir.

— Não. – Todos responderam.

— Então, está tudo certo!

Os cinco riram, e Baguera latiu animado também, mas o momento de alegria durou pouco, pois logo Petúnia estava chamando por eles.

Deixando comida e água para o filhote, os cinco desceram e viram Petúnia e Duda arrumados. Charles, Harriet e Sophie se seguraram para não rirem das roupas que o Dursley mais novo usava. O garoto estava com os cabelos louros emplastrados de um jeito lambido, uma gravata-borboleta.

— Muito bem, já que temos que ser amigos do Dudley, então todos menos o Harry temos que ficar ao lado dele. – informou Erik empurrando os amigos para o lado de Duda que estava assustado. – E é bom você fingir que somos seus amigos ou você saberá como um porco anda. – rosnou Erik baixo para Duda sem Petúnia ouvir.

Duda guinchou.

— Bem, acho que estamos todos prontos! – Erik sorriu para os amigos e deu uma leve piscada para Harry que riu.

— Dê um jeito nesse seu cabelo, garoto! – reclamou Petúnia irritada para Harry.

Harry não via sentido em tentar fazer seu cabelo ficar penteado. Tia Guida adorava criticá-lo, por isso, quanto mais desarrumado, mais satisfeita ela iria ficar.
 
Demasiado cedo, ouviu-se um ruído de pneu triturando areia quando o carro de tio Válter entrou de marcha a ré pelo caminho da garagem, depois, batidas de portas e passos no jardim.

— Atenda a porta! – sibilou tia Petúnia para Harry.

Com uma sensação de grande tristeza e depressão na boca do estômago, Harry abriu a porta.

Na soleira encontrava-se tia Guida. Era muito parecida com o tio Válter; corpulenta, alta, socada, a cara púrpura, tinha até bigode, embora não tão peludo quanto o do irmão. Em uma das mãos ela trazia uma enorme mala, e, aninhado sob a outra, um buldogue velho e mal-humorado.

— Santo Deus. – sussurrou Sophie assustada. Os amigos concordaram com a cabeça tão assustados quanto ela.

— Onde está o meu Dudoca? – bradou tia Guida. – Onde está o meu sobrinho fofo?

Tia Guida largou a mala na barriga de Harry, deixando-o sem ar, colocou o buldogue no chão e agarrou Duda num abraço apertado e plantou-lhe uma beijoca na bochecha.

Harry sabia perfeitamente bem que Duda só agüentava os abraços da tia porque era bem pago para isso, e não deu outra, quando os dois se separaram, Duda levava uma nota novinha de vinte libras apertada na mão gorda.

— Petúnia! – exclamou tia Guida, ao largar Duda. As duas se beijaram, ou melhor, tia Guida deu uma queixada na bochecha ossuda de tia Petúnia. – Como é bom te ver! Você emagreceu!

Tia Petúnia deu um sorriso amarelado e então tia Guida se virou para a irmã e os amigos de Harry que olhavam Petúnia um pouco assustados.

— E quem são vocês? – Tia Guida perguntou examinando os cinco da cabeça até os pés.

— Ah eles são amigos do Duda, vieram passar as férias aqui com ele. – explicou Petúnia se enrolando um pouco.

— Aaah! Válter falou que os amiguinhos do meu Dudinha estariam aqui! – falou Guida animada e então para o horror de Sophie, e graça dos outros, a mulher colocou as mãos gorduchas nas bochechas de Sophie. – Você é uma graça! Qual é o seu nome garota?

— Lupin. Sophie Lupin. – reapondeu Sophie ficando vermelha de raiva e de vergonha. – Quer parar com isso, minha senhora? Eu preciso das minhas bochechas pra comer, né.

Tia Guida olhou surpresa para ela, assim como todos estavam com os olhos arregalados na direção da Potter, Erik já estava com a mão no rosto em negação quando, sem aviso algum, Guida soltou uma risada alta e bem humorada.

— Oh, eu gostei de você! – e deu um tapão nas costas da ruiva que teria caído de cara no chão se Erik e Charles não tivessem segurando a parte de trás da roupa.

Guida então olhou para Erik.

— Que rapaz magrinho! Deve comer mais senhor. .

— Erik Lehnsherr. – informou Erik cruzando os braços.

— Alemão. Uma raça perigosa, você tem aqui, Válter. – brincou Guida rindo na direcão do irmão que abriu um sorriso tenso e voltou para fora para terminar de pegar as bagagens. A Dursley mais velha se voltou para Charles e Harriet. – Uhum, e quais são seus nomes?

— Charles e Harriet Francis – respondeu Charles dando um passo para trás e empurrando Harriet para frente.

— Um casal de irmãos lindos, sem dúvida. Britânicos firmes! – disse Guida orgulhosa, e sorrindo e virando-se para Petúnia: – Fico feliz em conhecer os amigos de meu sobrinho querido.

Harry olhou para Sophie e ele percebeu que Erik estava segurando ela nas costas. Parecia que sua irmã estava à um passo de matar a tia Guida. Provavelmente pelo comentário desnecessário do Erik ser alemão.

Estripador, buldogue começou a rosnar na direção de Harry e para seu desagrado, finalmente foi notado.

— Ah... Ainda está aqui. – disse Guida num tom irritado.

— Estou. – respondeu o menino, deixando claro em seu tom de voz o quanto odiava estar ali.

— Não diga “estou” nesse tom insolente e ingrato. – rosnou tia Guida na direção dele. – É uma grande bondade Válter e Petúnia acolherem você. Eu não teria feito o mesmo. Eu o teria mandado direto para um orfanato se alguém largasse você na minha porta.

Harry estava doido para responder que preferia viver em um orfanato do que com os Dursley, mas a lembrança do formulário de Hogsmeade e o olhar que Erik lhe deu fez com que se calasse.

Ele se esforçou para dar um sorriso constrangido.

— Não me venha com sorrisinhos! – trovejou tia Guida. – Estou vendo que não melhorou nada desde a última vez que o vi. Tive esperanças que a escola lhe desse educação à força, se fosse preciso. Onde vocês estão mandando ele mesmo, Petúnia.

— St. Brutus – respondeu Petúnia prontamente. – É uma instituição de primeira classe para casos irrecuperáveis.

— Entendo – se voltou para Harry. – Eles usam vara em St. Brutus? – vociferou.

Harry viu Petúnia lhe dar um breve aceno com os olhos arregalados.

— Ah sim, muitas vezes. Muitas. Sempre dói.

— Perfeito! – orgulhou-se Guida. – Eu não aceito essa conversa fiada de não bater em gente que merece. Uma boa surra de vara resolve noventa e nove casos em cem. Você já apanhou muitas vezes?

— Oh sim, inúmeras! – respondeu o Potter.

Tia Guida apertou os olhos.

— Não gosto do seu tom, moleque. Se você consegue falar das surras que leva com esse tom displicente, obviamente não estão lhe batendo com a força que deviam. Petúnia, se eu fosse você escreveria à escola. Deixaria claro que os tios aprovam o uso de força extrema no caso desse moleque.

Enquanto Guida falava isso, Harry percebeu que agora eram Charles e Erik segurando sua irmã para que não pulasse na mulher.

Tio Válter entrou nesse momento, sorrindo jovialmente e fechou a porta.  Mas o sorriso vacilou quando viu Sophie tentando se soltar dos braços de Erik, Charles e agora Harriet.

— Chá, Guida? – Ofereceu fazendo com que Guida não olhasse para atrás. – E o que é que o Estripador vai tomar?

— Estripador pode beber um pouco de chá no meu pires. Vocês ouviram o noticiário? Sobre aquele prisioneiro que fugiu? Um horror! – respondeu tia Guida enquanto seguiam todos para a cozinha, deixando Harry com a irmã e os amigo sozinhos no hall com a mala.

— Mas de que inferno esse demônio saiu?! – resmungou Sophie baixo para só amigos ouvirem. – E por que raios vocês três ficaram me segurando?!

— Você estava quase pulando no pescoço, se é que pode-se chamar aquilo de pescoço, da mulher! – resmungou Erik de volta. – Temos que nos controlar ou Harry não conseguirá ir para Hogsmeade.

— Quem diabos é Estripador? – perguntou Harriet confusa.

— O buldogue. – respondeu Harry. – É uma peste infernal.

— Certo... certo. – murmurou Sophie tentando se acalmar. – Uma semana. Tenho que me controlar durante uma semana. Ok. Acho que posso fazer isso. É, eu posso fazer isso.

 

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Sophie não podia fazer isso.

Harry percebeu no segundo dia em que a tia Guida estava na casa, que sua irmã não podia se controlar. Só no segundo dia, sua irmã tentou pular em cima de Guida pelo menos dez vezes e em todas as vezes, Erik sempre a segurava.

Por conta disso, agora – quarto dia –, em todo lugar da casa que Sophie ia, Erik ia atrás por precaução.

E enquanto Erik cuidava de Sophie. Charles cuidava dele próprio, pois assim como a irmã, Harry também não estava aguentando muito bem a ter que lidar com Guida.
     
Tio Válter e tia Petúnia em geral encorajavam Harry a ficar fora do  caminho deles, o que o menino fazia com a maior satisfação. Tia Guida, por outro lado, queria Harry debaixo dos seus olhos o tempo todo, para poder fazer, com aquele vozeirão, sugestões para melhorá-lo. Adorava comparar Harry a Duda, e tinha o maior prazer de comprar presentes caros para Duda enquanto olhava feio para Harry, como se o desafiasse a perguntar por que não recebera um presente também.

Charles e Erik que fingiam ser amigos do Duda pareciam estarem fazendo o possível para não tentar matar Guida pelas coisas que ela dizia à Harry. E Sophie tentava se manter o mais longe possível da mulher e só ficava perto dela na hora do jantar e almoço, porém a mulher sempre a pegava junto com Erik, Charles e Harriet para conversarem sobre como o Duda era um jovem maravilhoso. E para a tristeza de Erik, Charles também estava tentando matar Guida então ele tinha que segurar tanto Sophie quanto Charles.

Harriet, era a única realmente equilibrada naquela casa nos momentos que se passaram.

Mas o pior de tudo e Harry acreditava que era o motivo principal da raiva de Sophie ficar tão grande era pelo motivo que ela não parava de soltar piadas de mau gosto sobre as razões de Harry ser uma pessoa tão “deficiente”. E cada uma, envolvia falar mal de Lily e James Potter.

Mas então o sexto dia chegou, o penúltimo dia de Guida naquela casa. A vitória para Harry estava próxima, e ele já estava se sentindo confiante que conseguiria terminar aquela semana sem problemas. Mesmo Sophie parecia confiante, naquele dia. Até a hora do jantar.

Quando o claro sinal que não conseguiriam terminar aquela semana sem um problema aconteceu.

Todos estavam sentados na mesa, Harry estava no meio entre Sophie e Charles e comia a comida sem dizer uma palavra, assim como os outros amigos estavam.

— Você não deve se culpar pelo que os meninos são hoje, Válter. – comentou ela olhando para Harry. – Se existe alguma coisa podre por dentro, não há nada que ninguém possa fazer. Principalmente quando vem do tipo de ralé que são os pais.

E foi isso. As mãos dos dois Potter estavam tremendo, e seus rostos estavam começando a ganhar a coloração vermelha.

Tia Guida esticou a mão para a taça de vinho.

— Isso é uma das regras básicas da criação – continuou ela. – A gente vê isso o tempo todo com os cachorros. Se tem alguma coisa errada com uma cadela, vai ter alguma coisa errada com o filhote...

Naquele momento, a taça de vinho que tia Guida segurava explodiu em sua mão. Cacos de vidro voaram para todo lado e ela gaguejou e piscou, a caraça vermelha pingando.

— Guida! – guinchou tia Petúnia. – Guida, você está bem?

— Não se preocupe – resmungou tia Guida, enxugando o rosto com o guardanapo. – Devo ter segurado a taça com muita força. Fiz a mesma coisa na casa do coronel Fubster no outro dia. Não precisa se preocupar, Petúnia, tenho a mão pesada...

Mas tanto Válter quanto Petúnia haviam olhado para Harry e para Sophie desconfiados. Erik, Charles e Harriet também estavam olhando para os dois, Charles e Harriet tinham olhares de surpresos direcionados para os Potter, já Erik olhava para os dois com o misto de repreensão e um outro olhar que Harry não soube explicar.

— Com licença, mas eu tenho que terminar minha lição de casa – pediu Sophie se levantando e colocando o prato em cima da pia antes de sair para o quarto.

Harry também resolveu sair, no corredor, apoiou-se na parede e respirou profundamente. Fazia muito tempo desde a última vez que se descontrolara e fizera uma coisa explodir. Não podia deixar que isso acontecesse de novo, O formulário de Hogsmeade não era a única coisa em jogo – se ele continuasse a agir assim, ia se encrencar com o Ministério da Magia. Ele ainda era um bruxo menor de idade, portanto, pela lei dos bruxos, ele era proibido de fazer mágica fora da escola.

Respirou fundo novamente e lembrou que não foi o único a sair da mesa. Sophie também havia saído, será que havia sido ela que havia explodido o vidro? Ou eles dois? Harry ouviu os Dursley se levantarem da mesa e correu escada acima para sair do caminho.

Ele entrou no quarto e viu Sophie acariciando Baguera enquanto deitada em seu colchão.

— Foi você? – perguntou Harry fazendo a irmã olhar para ele. – Ou fui eu?

— Creio que foi nós dois, irmãozinho. – brincou Sophie dando um leve sorriso. – Acho que preciso de um suco de maracujá. Um bem forte.

— Somos dois.

 

•°•°•°°•TDWTS•°°•°•°•


Finalmente, um finalmente muito demorado, chegou a última noite da estada de tia Guida. Tia Petúnia preparou um jantar caprichado e tio Válter abriu várias garrafas de vinho. Eles conseguiram terminar a sopa e o salmão sem mencionar nem uma vez os defeitos de Harry; quando comiam a torta merengue de limão, tio Válter deu um cansaço em todo mundo com uma longa conversa sobre Crunnings, sua empresa de brocas; depois tia Petúnia preparou o café e o marido apanhou uma garrafa de conhaque.

— Posso lhe oferecer essa tentação, Guida?

Tia Guida já bebera muito vinho. Sua cara enorme estava muito vermelha, e suas pupilas estavam dilatadas.

— Só um pouquinho, então – concordou ela rindo. – Um pouquinho mais... Mais... Aí, perfeito.

Duda estava comendo o quarto pedaço de torta. Tia Petúnia bebericava café com o dedo mindinho esticado. Harry realmente queria desaparecer e ir para o quarto, mas deparou com os olhinhos zangados do tio Válter e viu que teria de agüentar até o fim. Ele estava sentado ao lado direito de Erik, enquanto no esquerdo estava Sophie, bem ao lado de Guida, para seu azar. Charles estava do outro lado de Harry, seguido por Harriet.

— Aah! – exclamou tia Guida, estalando os lábios e pousando o cálice de conhaque. – Um senhor jantar, Petúnia. Normalmente só como uma coisinha rápida à noite, com uma dúzia de cachorros para cuidar... – Ela soltou um gostoso arroto e deu umas palmadinhas na grande barriga coberta de tweed. – Me desculpem. Mas gosto de ver um menino de tamanho saudável. – continuou ela, dando uma piscadela para Duda. – Você vai ter tamanho de homem, Dudoca, como seu pai. Sim, senhor, acho que vou querer mais um pouquinho de conhaque, Válter... Agora esse outro ai...

Charles e Harriet estavam segurando muito para não rir, Harry podia perceber. Erik estava resmungando algo sobre partes do corpo humano, e Sophie estava em silêncio.

Guida virou a cabeça para indicar Harry que sentiu um aperto no estômago.

“É a última noite. Você aguenta. Uma última noite.”

— Esse aí tem um jeito ruim e mirrado. A gente vê isso nos cachorros. Pedi ao coronel Fubster para afogar um no ano passado. Era um ratinho. Fraco. Subnutrido.

“Última noite. Você consegue, Harry.”

— A coisa toda está ligada ao sangue, como eu ia dizendo ainda outro dia. O sangue ruim acaba aflorando. Mas, não estou dizendo nada contra a sua família, Petúnia – ela deu umas pancadinhas na mão ossuda da cunhada com sua mão que mais parecia uma pá. –, mas sua irmã não era flor que se cheirasse. Isso acontece nas melhores famílias. Depois, fugiu com aquele imprestável e aí está o resultado bem diante dos olhos da gente.
     
Harry sentiu o seu coração bater rápido e forte no peito. Olhou para Sophie e viu que ela estava com os olhos fechados e respirava fundo.

— Por favor, se acalme – sussurrou Erik para Sophie sem tirar os olhos da própria comida. – É a última noite. Depois disso ela vai embora.

Sophie concordou com a cabeça e abriu os olhos. Voltando a comer, Harry podia ver que a mão dela tremia muito. Muito mais que a dele no momento.

Harry voltou a olhar fixamente para o próprio prato, sentindo uma zoeira engraçada nos ouvidos. “Está acabando. Está acabando.”, pensou. Mas não conseguiu se concentrar muito nesse pensamento. A voz de tia Guida parecia perfurá-lo como se fosse uma das brocas do tio Válter.

— Esse Potter – continuou tia Guida bem alto, agarrando a garrafa e derramando mais conhaque no copo e na toalha da mesa. –, você nunca me contou o que ele fazia.

Tio Válter e tia Petúnia tinham uma expressão extremamente tensa. Duda chegara a levantar os olhos da torta para olhar os pais, boquiaberto.

— Ele... Não trabalhava. – respondeu tio Válter, sem chegar a olhar de todo para Harry ou Sophie. – Desempregado.

— Era o que eu esperava – diss tia Guida, bebendo um enorme gole de conhaque e limpando o queixo na manga. – Um parasita preguiçoso, imprestável, sem eira nem beira que...

— Não era, não. – exclamou Harry inesperadamente.

Todos à mesa ficaram muito quietos. Harry tremia da cabeça aos pés. Nunca sentira tanta raiva na vida.

— Não ligue para ele, Guida. – disse tio Válter com os olhos arregalados. – Ele não sabe o que diz....

— É um pobre coitado que não aceita a realidade sobre o pai. Mas eu digo a você, seu moleque, seu pai era um parasita igual a sua mãe que se aproveitaram da bondade de meu irmão e de Petúnia! – disse Guida ficando vermelha. – Provavelmente seu pai devia ser um bêbado. Sim, um bêbado largado para ser um parasita.

— Isso é mentira. – a voz fria a quem disse isso, para a surpresa de todos, não era de Harry. Era de Sophie. E nenhum deles havia ouvido tanta frieza e raiva antes na voz dela.

Petúnia e Válter gelaram.

— O que disse, querida? – perguntou Guida olhando surpresa para Sophie.

— Nosso pai não era bêbado! – gritou Sophie se levantando e batendo a mão com força na mesa.

— MAIS CONHAQUE! – bradou tio Válter, que empalidecera sensivelmente. Ele esvaziou a garrafa no cálice de tia Guida. – Vocês dois, já está na hora de irem dor...

Mas repentinamente ele se calou. Tio Válter arregalou os olhos ao ver a irmã de repente começar a inchar.
      
Sua cara enorme e vermelha começou a crescer, os olhos miúdos saltaram das órbitas, e a boca se esticou tanto que a impedia de falar – no segundo seguinte vários botões simplesmente saltaram do seu paletó de tweed e ricochetearam nas paredes –, ela inflou como um balão monstruoso, a barriga transbordou o cós da saia, os dedos engrossaram como salames...

— Isso não é bom – disse Charles se levantando e puxando Harry para longe da mesa e de Guida. Harriet logo ao lado deles.

— GUIDA! – berraram tio Válter e tia Petúnia juntos quando o corpo dela começou a se erguer da cadeira em direção ao teto. Estava completamente redonda agora, como uma enorme bóia com olhinhos porcinos, e as mãos e os pés se projetaram estranhamente do corpo que flutuava no ar, dando estalinhos apopléticos. Estripador entrou derrapando na sala, latindo enlouquecido.

Erik pegou a mão de Sophie e puxou ela para perto de Harriet, Charles e Harry. Eles ficaram juntos, grudados em um canto da parede. Todos com os olhos arregalados e sem saber o que fazer.

— NÃÃÃÃÃÃÃO! – gritou tio Válter agarrando Guida por um pé e tentando puxá-la para baixo, mas quase foi erguido do chão também. Um segundo depois, Estripador avançou, e de um salto abocanhou a perna do tio Válter.

— Temos que sair daqui. – disse Erik com urgência no seu tom. – Agora! Vamos, rápido, peguem os malões e tudo que nos pertence.

Charles, Harriet e Harry correram para cima onde os malões estavam. Sophie e Erik ficaram olhando a cena por alguns minutos e correram para cima também. Não demorou muito e eles estavam já de pé sob a porta saindo e nesse momento tio Válter irrompia da sala de jantar, com a perna da calça em tiras ensangüentadas.

— VOLTE AQUI! – urrou. – VOLTE AQUI E FAÇA-A VOLTAR AO NORMAL!

— Não. Ela mereceu o que aconteceu! – gritou Sophie irritada. – Com sorte não volta nunca mais!

Válter andou até eles como se fosse um touro, mas antes que se aproximasse demais, Sophie levantou a varinha apontando na direção dele e Baguera pulou do colo de Charles, ficando na frente de todos e latindo irritado para Válter, pronto para atacá-lo.

— E fique bem longe da gente. – disse Charles tão irritado quanto.

— Eu não vou aceitá-lo de volta! – rosnou Válter furioso, olhando na direção de Harry.

— Não se preocupe. Eu não vou voltar. – resmungou Harry saindo da casa.

Sophie pegou Baguera no colo e com um último olhar frio para Válter saiu da casa com o restante dos amigos.

— Sabia que vocês estavam escondendo um cachorro!

Erik revirou os olhos e retrucou:

— Parabéns, gênio. Fico feliz que pelo menos um pouco de cérebro você tenha.


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