TO DIE WITH THE SUN; reescrita de harry potter escrita por SWEETBADWOLF


Capítulo 41
Capítulo 41 — A Entrada da Câmara Secreta




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— Afastado?! – exclamou McGonagall olhando irritada para Sophie que estava encostada na mesa de Dumbledore com os braços cruzados. – Com que direito eles poderiam afastar Dumbledore?

Sophie suspirou e olhou para a cadeira onde seu velho amigo deveria estar sentado, ele deveria estar ali acalmando não só os animos da professora como os da própria Sophie. Ela voltou a olhar para McGonagall e levantou o pedaço de pergaminho que segurava em mão, entregando para a bruxa.

— E ele sabia que isso ia acontecer – resmungou a Potter. – Encontrei esse pergaminho na mesa dele quando voltei da cabana.

Não era necessário mencionar a aventura na floresta.

— Ele tinha desconfianças que Lúcio Malfoy tentaria tirá-lo do castelo. – continuou ela irritada. – E como pode ler, Hogwarts sem ele aqui, a diretoria da escola fica...

— Comigo. – disse McGonagall ao terminar de ler o pergaminho. – Como vice diretora, devo tomar o lugar dele enquanto estiver fora.

Sophie concordou e foi se sentar no sofá que ficava no canto da sala. Caindo nele, totalmente cansada e pensativa sobre aquele dia. Aslan se sentou no chão ao lado do rosto dela, esfregando a juba nela e fazendo com que ela relaxasse.

— Aquele tolo! – exclamou McGonagall mais irritada que antes e Sophie olhou surpresa para ela. – Em tantos momentos para tirar férias, e ele resolve fazer isso agora!

Sophie bufou achando graça.

— Bem – disse Sophie. –, o que vai fazer sobre isso?

McGonagall suspirou e tornou a se acalmar, largou o pergaminho na mesa e se virou para Sophie, e a Potter sorriu com a confiança firme brilhando nos olhos daquela bruxa incrível.

— Manter a calma primeiramente – respondeu ela séria. –, vamos continuar como se se saída de Dumbledore não fosse algo tão grave como é. A notícia da... – ela fechou os punhos e respirou fundo para manter a raiva longe. –... Da prisão de Hagrid vai se espalhar com força, mas não vamos mencionar nada caso perguntem. Sabemos que os ataques não vão parar...

— Claro que não vão. – disse Sophie acariciando a juba de Aslan. – E este é o meu medo, se quer saber. Com Dumbledore aqui eu tinha fé que nenhuma morte acontecesse mas agora com ele longe... Você também sente que é questão de tempo?

O silêncio carregado de preocupação e medo da professora foi resposta suficiente para Sophie.

— Então vamos garantir que não chegue a isto. – disse a vice diretora com firmeza.

Sophie concordou com a cabeça e se levantou.

— Irei dormir agora professora – disse a Potter se sentindo bastante cansada, a adrenalina do que havia passado na floresta já estava deixando seu corpo e a cada segundo ela sentia que não se aguentaria em pé por muito tempo. – Boa sorte e, bem, se precisar de algo, será uma honra ajudá-la.

— Obrigada, Potter. – acenou com a cabeça em agradecimento. – Não se preocupe muito, eu tenho certeza que logo nosso verdadeiro diretor vai estar de volta. Assim como Hagrid.

— Que assim seja.

Ela se virou com um último aceno e partiu para porta, Aslan ao seu lado. Mas então, parou antes de sair, uma curiosidade pairava sobre seus pensamentos. Ela se virou de volta para a professora.

— Professora – ela chamou e quando a bruxa mais velha olhou para ela, continuou: – Não posso deixar de estar curiosa e um tanto confusa com Dumbledore em relação a mim.

— Como assim? – perguntou McGonagall, as sobrancelhas franzidas.

— Por que ele queria que eu fosse com ele? Encontrar-se com Fudge, presenciar toda a troca com o Hagrid e estar presente para a insolência tola de Malfoy? – questionou Sophie dando de ombros. – Por que não você?

Antes que Minerva pudesse lhe responder, um dos diretores, um velho com uma aparência quase tão serena quando Dumbledore, e parecendo tão sábio também falou:

— Com o tempo, jovem Potter, você ira entender o que está acontecendo e principalmente como a mente de Albus Dumbledore trabalha – disse ele sorrindo levemente. – Até então, apenas veja tudo como ensinamentos.

Sophie franziu a testa e olhou para os outros quadros ali que concordaram levemente com as palavras do colega. A Potter suspirou e concordou também, olhou para McGonagall que também lhe dava um sorriso suave. Retornou-lhe o sorriso e enfim partiu da sala com seu leão.

Assim que havia descido as escadas, Aslan se abaixou, se pudesse falar, ela tinha certeza que teria sido uma ordem para ela subir em cima dele para que a levasse até a torre da Grifinória. Mas, falando ou não, ela não precisava de muito incentivo para aquilo e subiu em cima do felino bastante agradecida. No caminho, sua mente ia dos eventos na cabana, na floresta, nas palavras de Aragogue, no relâmpago. Tudo estava uma agitação e verdadeiramente ela não conseguia se concentrar em nada.

Sendo assim, ela tentou acalmar a si própria e deixar todas as questões que tinha para quando estivesse de fato acordada e com capacidade de entender. E foi quando sua mente ficou em silêncio, quando ela abandonou todo o estresse daquele dia que ela percebeu que a maior pista de todas estava naquele momento no banheiro das meninas.

Murta Que Geme.

 

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— Tantas vezes estivemos naquele banheiro, e ela ali a apenas três boxes de distância – comentou Rony amargurado à mesa do café, na manhã seguinte –, e poderíamos ter perguntado a ela, e agora...

Harry concordou comendo as salsichas assadas. Olhou novamente pela mesa da Grifinória querendo que Sophie estivesse ali mas Teresa havia informado para ele que a irmã havia decidido dormir mais do que o normal. O que Harry não podia culpar, afinal, ele mesmo teria preferido ficar na cama naquele dia. Mas ao contrário da irmã, ele não podia ter o luxo de faltar em uma ou duas aulas. Suas notas não eram boas o suficiente para isso.

— Precisamos contar para Sophie quando nos encontrarmos com ela. – disse Rony. – E então precisamos ir conversar com Murta.

Mas aconteceu uma coisa logo na primeira aula, Transfiguração, que varreu a Câmara Secreta para longe dos pensamentos dos dois garotos pela primeira vez em semanas. Minutos depois de entrarem em sala, a Profª McGonagall avisou que os exames começariam no dia primeiro de junho, dali a uma semana.

Exames?— gritou Simas Finnigan. – E vamos ter exames?

Ouviram um estrondo atrás de Harry quando a varinha de Neville escapuliu e fez desaparecer um pé de sua carteira. A professora restaurou-a com um aceno da própria varinha e se virou de cara amarrada para Simas.

— A razão de se manter a escola aberta neste momento é vocês receberem educação – disse ela severamente. – Portanto, os exames vão se realizar normalmente, e confio que vocês estejam estudando a sério.

Estudando a sério! Jamais ocorrera a Harry que haveria exames com o castelo naquela situação. Houve muitos murmúrios de protesto na sala que fizeram a professora amarrar ainda mais a cara.

— As instruções que recebi do Prof. Dumbledore foram no sentido de manter a escola funcionando o mais normalmente possível. E isto, não preciso dizer, significa descobrir o quanto os senhores aprenderam neste ano.

Harry olhou para os dois coelhos que devia transformar em chinelos. Que é que ele aprendera até ali naquele ano? Não conseguia lembrar nada que lhe pudesse ser útil em um exame. Rony parecia que tinha acabado de ser informado de que seria obrigado a ir viver na Floresta Proibida.

— Você pode me imaginar fazendo exames com isso? – perguntou ele a Harry, mostrando a varinha, que começara a assobiar alto.

Harry fez uma careta. Pelo menos ele não ia falhar sozinho.

No fim, Sophie já sabia que era Murta Que Geme. Mas ao invés de ser fácil para eles irem falar com a garota fantasma, foi praticamente impossível. Pois, assim como o ano dele, os outros anos também teriam exames e isso incluía o quarto ano de Sophie que se viu cheia de estudos para se preparar. E além disso, a segurança no andar do banheiro feminino de Murta estava tão vigiado com professores, monitores e fanstamas monitorando a cada segundo que era impossível entrar ali até mesmo com a capa da invisibilidade.

Harry já não sabia mais o que fazer.

 

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Três dias antes do primeiro exame, a Profª McGonagall deu outro aviso no café da manhã.

— Tenho boas notícias – disse, e os alunos no Salão, ao invés de se calarem, desataram a falar.

— Dumbledore vai voltar! – exclamaram de alegria vários alunos.

E aquilo fez Sophie sorrir ao ver que não era a única sentindo falta daquele velho bruxo.

— Apanharam o herdeiro de Slytherin! – gritou, esganiçada, uma menina na mesa da Corvinal.

— Os jogos de quadribol vão recomeçar! – berrou Olívio excitado.

Quando o vozerio diminuiu, a professora disse:

— A Profª Sprout me informou que finalmente as mandrágoras estão prontas para serem colhidas. Hoje à noite, poderemos ressuscitar os alunos que foram petrificados. Não será preciso lembrar a todos que um deles talvez possa nos dizer quem ou o que os atacou. Tenho esperanças que este ano tenebroso terminará com a captura do culpado.

Houve uma explosão de vivas. Todos estavam eufóricos, de gritos na mesa da Grifinória, assobios na da Lufa-Lufa, palmas fortes da Corvinal e punhos levantados na mesa da Sonserina. Sophie abraçou Erik com força que pela primeira vez desde quando Charles foi petrificado estava sorrindo genuinamente e parecendo muito feliz.

— Então, não vai fazer diferença nunca termos perguntado nada à Murta! – disse Rony a Harry e Sophie – Mione e Charls provavelmente terão todas as respostas quando os acordarem! E mais, os dois vão endoidar quando descobrirem que vamos ter exames dentro de três dias. Eles não estudaram, não é mesmo? Vai ser divertido!

Sophie e Harry reviraram os olhos para a idiotice do amigo. Nesse instante Gina Weasley se aproximou e se sentou ao lado de Rony. Parecia tensa e nervosa e Sophie reparou que torcia as mãos no colo.

— Que foi que aconteceu? – perguntou Rony, servindo-se de mais mingau.

Gina não disse nada, mas olhava de uma ponta a outra da mesa da Grifinória com uma expressão apavorada no rosto, que lembrou a Sophie alguém, embora ele não conseguisse atinar quem.

— Desembucha logo – disse Rony, observando-a.

— Gina? – Sophie perguntou, sentindo-se preocupada com a garota.

A Potter então percebeu com quem Gina parecia. Estava se balançando para a frente e para trás na cadeira, exatamente como Dobby fazia quando estava hesitando, pouco antes de revelar a informação proibida.

— Tenho que lhes contar uma coisa – murmurou Gina, e Sophie percebeu que ela parecia estar tomando cuidado para não olhar para Harry.

— O quê? – perguntou Harry.

Gina fez cara de quem não consegue encontrar as palavras certas.

— Pode falar, Gina – disse Sophie gentilmente. – O que é?

Gina abriu a boca, mas não saiu som algum. Harry se curvou para a frente entre o corpo da irmã e falou baixinho, de modo que somente ela, Gina e Rony pudessem ouvir.

— É uma coisa sobre a Câmara Secreta? Você viu alguma coisa? Alguém se comportando estranhamente?

Gina tomou fôlego e, naquele exato momento, a sineta para a aula tocou assustando.

— Gina! – chamou Benjamin Greenfire distante ao lado de Luna Lovegood. – Vamos, não podemos nos atrasar!

Gina olhou dos amigos do primeiro ano e para os Potter e o irmão, parecendo indecisa por um momento mas então balançou a cabeça e levantou.

— Eu tenho que ir. – e saiu correndo para onde os amigos lhe esperavam.

— Bem, isso foi estranho. – disse Rony confuso para os dois Potter.

— Sim. – concordou Harry ainda olhando pelo caminho que Gina havia tomado. – Devemos falar com ela mais tarde?

— Sim – respondeu Sophie. – Acho que seria bom... Estou preocupada com ela. Não sei se perceberam mas ela tem estado bem bipolar nos últimos meses.

— Pode ser todo o medo para com o monstro. – comentou Harry. – Não era isso que ela estava esperando para seu primeiro ano em Hogwarts.

— Pode ser – concordou Sophie. – Assim como eu não estava esperando receber um leãozinho...

— E eu uma irmã. – os dois sorriram um para o outro.

— Enfim, vou dar uma passada rápida na biblioteca, tenho que ver algo sobre criaturas mágicas.

Harry e Rony concordaram.

— Ta bom. Estavamos pensando em tentar ir ver no banheiro da Murta hoje depois da aula do tapado do Lockhart – comentou Rony. – Alguma chance de nos encontrarmos lá?

— Se tivermos sucesso em passar pelos professores, com certeza. – concordou a Potter se levantando e se afastando. – Vejo vocês lá!

 

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Harry sabia que o mistério todo poderia ser resolvido no dia seguinte sem ajuda deles, mas não ia deixar passar uma oportunidade de falar com Murta se aparecesse uma – e para sua alegria apareceu, no meio da manhã, quando a turma estava sendo levada para a aula de História da Magia por Gilderoy Lockhart.

Lockhart, que tantas vezes os tranquilizara dizendo que o perigo passara, para em seguida provar-se o contrário, agora estava inteiramente convencido de que nem valia a pena levá-los em segurança pelos corredores. Seus cabelos não estavam tão sedosos quanto de costume; parecia que estivera acordado a maior parte da noite, vigiando o quarto andar.

— Marquem minhas palavras – disse, contornando um canto com os alunos. – As primeiras palavras que aqueles coitados petrificados vão dizer serão “Foi Hagrid”. Francamente, estou pasmo que a Profª McGonagall continue achando que todas essas medidas de segurança são necessárias.

— Concordo, professor – disse Harry, fazendo Rony derrubar os livros de surpresa.

— Obrigado, Harry – disse Lockhart, gentilmente, enquanto esperavam uma longa fila de alunos da Lufa-Lufa passar. – Quero dizer, nós, professores, já temos muito o que fazer sem ter que acompanhar alunos às aulas e ficar de guarda a noite inteira...

— Tem razão – disse Rony, percebendo a jogada. – Por que o senhor não nos deixa aqui, só temos mais um corredor pela frente...

— Sabe, Weasley, acho que vou fazer isso. Preciso mesmo preparar a minha próxima aula...

E se afastou depressa.

— Preparar a aula – Rony caçoou quando o professor se foi. – É mais provável que vá é enrolar os cabelos.

Os dois amigos deixaram o resto dos colegas da Grifinória seguirem em frente, dispararam por uma passagem lateral e correram para o banheiro da Murta Que Geme. Mas quando estavam se parabenizando pela jogada genial...

— Potter! Weasley! Que é que os senhores estão fazendo?

Era a Profª McGonagall, e sua boca parecia um fio de linha de tão fina.

— Íamos... Íamos... – gaguejou Rony. – Íamos... Ver...

— Mione e Charls. – disse Harry. Rony e a professora olharam para ele.

“Não os vemos há séculos, professora”,  continuou Harry depressa, pisando o pé de Rony, “e pensamos em entrar sem sermos vistos na ala hospitalar, sabe, e contar a eles que as mandrágoras já estão quase prontas e... Para não se preocupar...”

A Profª McGonagall. continuou a olhar fixo para ele e por um instante Harry achou que ela ia explodir, mas quando falou, tinha a voz estranhamente rouca.

— Claro – disse, e Harry, espantado, viu uma lágrima brilhar nos seus olhos de contas. – Claro, compreendo que isto tenha sido mais duro para os amigos dos que foram... Compreendo bem. Está bem, Potter, é claro que os  senhores podem ir visitar a Srta. Granger e o Sr. Francis. Vou informar ao Prof. Binns onde foram. Diga a Madame Pomfrey que têm a minha permissão.

Harry e Rony se afastaram, mal ousando acreditar que tinham evitado uma detenção. Quando dobraram o canto do corredor, ouviram distintamente a professora assoar o nariz.

— Essa – disse Rony entusiasmado. –, foi a melhor história que você já inventou.

Não havia escolha agora senão ir à ala hospitalar e dizer à Madame Pomfrey que tinham permissão da Profª McGonagall para visitar Mione e Charles. Madame Pomfrey os deixou entrar, com relutância.

— Não tem sentido conversar com uma pessoa petrificada. – disse ela, enquanto levava os garotos para onde os dois corpos estavam. – disse a mesma coisa para a Srta. Potter mas ela continua aqui.

Harry e Rony se olharam surpresos.

Assim que ela abriu a cortina os garotos viram Sophie sentada ao lado do corpo de Charles com um livro em mãos. Aslan estava deitado ao seus pés. Ela olhou para cima e abriu um pequeno sorriso ao ver Harry e Rony.

— Olá meninos – disse ela com uma voz suave bem falsa na opinião de Harry. – Vieram ver nossos amigos também?

— Sim – disse Harry se sentando ao lado de Sophie enquanto Rony se sentava do outro lado da cama, perto de Mione.

— Eles dois tem sorte de ter vocês. – comentou Madame Pomfrey olhando para os corpos petrificados e depois para Sophie, Harry e Rony.

Harry se sentiu um pouco mal ao ouvir aquilo mas logo afastou o pensamento quando Madame Pomfrey saiu e Sophie puxou a manga dele.

— Foram pegos por qual professor? – perguntou ela.

— McGonagall. Estávamos quase no banheiro quando ela nos viu. – disse Harry. – A única coisa que pude pensar foi em dizer que queríamos ver Mione e Charles. To me sentindo um pouco mal agora...

— E você? – perguntou Rony. – O que faz aqui?

Sophie olhou para ver se Madame Pomfrey estava longe e tirou algo do bolso.

— Eu estava procurando um livro Animais Malignos do Mundo Mágico para o exame de Trato das Criaturas Mágicas e na estante de livros que eu procurava, tinha o livro que eu queria, e estava colocado de qualquer jeito. Eu o peguei e comecei a folhea-lo e vi que tinha uma página faltando. A página claramente arrancada. – Sophie então entregou o livro que segurava para Harry que viu que de fato uma página havia sido rasgada. – Perguntei para a Madame Pince quem havia lido aquele livro pela última vez e a resposta foi: Charles Francis e Hermione Granger.

Que?!— exclamou Rony chocado. – Esses dois casados com a biblioteca arrancara a página de um livro?

— Não um livro qualquer mas o livro que tem  uma das respostas que procurávamos, caro Rony. – disse Sophie sorrindo. – Veja bem, assim que a Madame Pince disse que havia sido a esses dois – apontou para Charles e Mione –, eu havia entendido o que eles haviam ido fazer na biblioteca no dia do jogo. Os dois foram mais espertos que todos, eles descobriram o que é a criatura da Câmara Secreta. Assim que eu vim para cá, comecei a procurar pelo papel e o encontrei. – Nisso mostrou um papel amassado que havia tirado do bolso.

— E... o que é? – perguntou Rony ansioso.

— Aqui. – Sophie entregou a página do livro dobrada para Harry.

O Potter mais novo abriu rapidamente e começou a ler baixo:

“Das muitas feras e monstros medonhos que vagam pela nossa terra não há nenhum mais curioso ou mortal do que o basilisco, também conhecido como rei das serpentes. Esta cobra, que pode alcançar um tamanho gigantesco e viver centenas de anos, nasce de um ovo de galinha, chocado por uma rã. Seus métodos de matar são os mais espantosos, pois além das presas letais e venenosas, o basilisco tem um olhar mortífero, e todos que são fixados pelos seus olhos sofrem morte instantânea. As aranhas fogem do basilisco, pois é seu inimigo mortal e o basilisco foge apenas do canto do galo, que lhe é fatal.”

Quanto mais Harry lia sobre o monstro, mais Aslan rosnava e se agitava, parecendo com uma fúria bastante assassina.

— Esse é o monstro. – falou Sophie olhando ansiosa para os dois, ignorando o drama do leão. – Charles e Hermione descobriram. A página estava no bolso dela, e pelas posições que os dois se encontram, eu tenho certeza que Charles planejava segurar a cobra para Mione correr até a gente.

— Não teve tempo. – disse Rony tristemente.

— E é por isso que eu posso ouvi-lo. – falou Harry. – É uma cobra.

— O Rei das cobras. – murmurou Rony espantado e concordando. – Mas... se ele mata só em olhar para as pessoas... por que ninguém morreu ainda?

Sophie e Harry se olharam e lentamente a Potter mais velha disse:

— Porque ninguém olhou nos olhos dele. Não diretamente pelo menos.

Harry concordou.

— Colin estava com a máquina fotográfica... – começou ele.

— E Justino deve ter visto o basilisco através do Nick-Quase-Sem-Cabeça, Nick recebeu toda a carga, mas ele é um fantasma então não poderia morrer de novo. – continuou Sophie olhando para Harry.

— E Hermione e Charles estavam com um espelho. – Harry apontou para o espelho na mesinha ao lado, que estava na mão de Hermione quando encontrados. – Elas usaram o espelho para vigiar os cantos, caso estivesse vindo.

— Mas e a Madame Nor-r-ra? Ela não tinha uma máquina e nem um espelho. – questionou Rony.

— Mas tinha água. – respondeu Sophie sorrindo.

— Com a água no chão naquela noite, ela só viu o reflexo do basilisco. – disse Harry.

Harry examinou a página que tinha na mão, pressuroso. Quanto mais lia, mais ela fazia sentido.

“O canto do galo... Lhe é letal!”— leu ele em voz alta. – Os galos de Hagrid foram mortos! O herdeiro de Slytherin não queria nenhum perto do castelo quando a Câmara fosse aberta! – voltou a ler mais animado. – “As aranhas fogem do basilisco!” Tudo se encaixa!

— Mas como é que o basilisco anda circulando pelo castelo? – perguntou Rony. – Uma cobra gigantesca... Alguém a teria visto...

— Nossos queridos amigod fizeram questão de responder isso para nós. – disse Sophie apontando para uma palavra no canto no papel.

Canos.

— Canos? Está usando encanamento. – disse Rony assustado olhando para o teto.

— Por isso que ouço a voz de dentro das paredes. – concordou Harry.

Rony arregalou os olhos para os dois.

— A entrada para a Câmara Secreta! – ele disse com a voz rouca. – E se for um banheiro? E se for o...

— Banheiro da Murta Que Geme! – completaram Harry e Sophie.

Os três ficaram sentados ali, a excitação circulando com rapidez pelo corpo, mal conseguindo acreditar.

— Isto significa – disse Harry. –, que não devo ser o único a falar a língua das cobras na escola. O herdeiro de Slytherin deve ser outro que fala também. É assim que ele controla o basilisco.

— Que vamos fazer? – perguntou Rony, cujos olhos faiscavam. – Vamos direto à Profª McGonagall?

— Vamos à sala dos professores. – disse Sophie, ficando de pé de um salto. – Ela vai para lá dentro de dez minutos. Já está quase na hora do intervalo.

Os três correram para baixo. Sophie mandou Aslan para a Torre da Grifinória, mando que o leão seguiu com bastante relutância. Não querendo ser encontrados perambulando por outro corredor, foram diretamente à sala dos professores, ainda deserta. Era um aposento amplo, as paredes forradas com painéis de madeira, as cadeiras de madeira escura. Eles ficaram andando de um lado para o outro, excitados demais para se sentar.

Mas a sineta do intervalo jamais tocou.

Em vez disso, ecoando pelos corredores, ouviram a voz da Profª McGonagall, magicamente amplificada.

“Todos os alunos voltem imediatamente aos dormitórios de suas casas. Todos os professores voltem à sala de professores. Imediatamente, por favor.”

Harry virou-se para Sophie e Rony.

— Não outro ataque! Não agora! – rosnoy Sophie irritada e triste, batendo na mesa.

— Que vamos fazer? – disse Rony horrorizado. – Voltar ao dormitório?

— Não. – falou Harry, olhando à sua volta. Havia um tipo feio de guarda-roupa à sua esquerda, onde guardavam as capas dos professores. – Ali dentro. Vamos ouvir o que foi. Depois podemos contar o que descobrimos.

Os três esconderam dentro do armário, escutando o barulho de centenas de pessoas andando no andar de cima e a porta da sala de professores se abrir e bater. Do meio das dobras mofadas das capas, observaram os professores chegarem um a um. Alguns pareciam intrigados, outros completamente apavorados.

Então chegou a Profª McGonagall.

— Aconteceu – disse ela na sala silenciosa. – Uma aluna foi levada pelo monstro. Para a Câmara.

O Prof. Flitwick deixou escapar um grito fino. A Profª Sprout tampou a boca com as mãos. Snape agarrou com muita força o espaldar de uma cadeira e perguntou:

— Como você pode ter certeza?

— O herdeiro de Slytherin – disse a professora muito pálida –, deixou outra mensagem. Logo abaixo da primeira. “O esqueleto dela jazerá na Câmara para sempre.”

O Prof. Flitwick rompeu em lágrimas.

— Quem foi? – perguntou Madame Hooch, que afundara, com os joelhos bambos, numa cadeira. – Que aluna?

— Gina Weasley. – respondeu McGonagall.

Sophie engasgou com a própria respiração colocando as duas mãos firmemente na boca para tampar qualquer ruído que fizesse. Rony escorregou no armário em silêncio e Harry estava sem reação.

Mas piorou. Pois Minerva continuou para o pesadelo de Sophie:

— Mas ela não foi a única. – disse Minerva devagar, parecendo segurar as lágrimas com bastante força. – Tinha uma outra mensagem ao lado desta que falei. “Os rugidos de morte do leão ecoará para o vazio da Câmara onde jazerá sozinho, sem vida, o inimigo.”

— Aslan. – disse a Profª Sprout agora chorando com tudo que tinha.

Sophie escorregou ao lado de Rony. Estava branca, pálida, se sentia fria e oca. Ela já não ouvia mais nada a não ser as batidas de seu coração se acelerando num ritmo assustador. Rony segurou o braço dela com força. E Harry continuou em pé, lágrimas estavam caindo de seus olhos.

— Teremos que mandar todos os alunos para casa amanhã – continuou Minerva respirando fundo. – Isto é o fim de Hogwarts. Dumbledore sempre disse...

A porta da sala de professores bateu outra vez. Por um momento delirante Harry teve certeza de que seria Dumbledore. Mas era Lockhart e ele sorria.

— Lamento muito, cochilei, que foi que perdi?

Ele não pareceu notar que os outros professores o olhavam com uma expressão muito próxima ao ódio. Snape se adiantou.

— O homem de que precisávamos! Em pessoa! Uma menina e o leão de Sophie Potter foram seqüestrados pelo monstro, Lockhart. Levados para a Câmara Secreta. Chegou finalmente a sua vez.

Lockhart ficou lívido.

— Isto mesmo, Gilderoy. – disse a Profª Sprout. – Você não estava dizendo ainda ontem à noite que sempre soube onde era à entrada da Câmara Secreta?

— Eu... Bem, eu... – gaguejou Lockhart.

— É, você não me disse que tinha certeza do que havia dentro dela? – falou o Prof. Flitwick.

— D-disse? Não me lembro...

— Pois eu me lembro de você dizendo que lamentava não ter tido uma chance de enfrentar o monstro antes de Hagrid ser preso. – continuou Snape. – Você não disse que o caso todo foi mal conduzido e que deviam ter-lhe dado carta branca desde o começo?

Lockhart contemplou os rostos duros dos colegas à sua volta.

— Eu... Eu realmente nunca... Vocês devem ter entendido mal.

— Vamos deixar o problema em suas mãos, então, Gilderoy. – disse a Profª. McGonagall. – Hoje à noite será uma ocasião excelente para resolvê-lo. Vamos providenciar para que todos estejam fora do seu caminho. Você terá oportunidade de cuidar do monstro sozinho. Enfim, terá carta branca.

Lockhart olhou desesperado para os lados, mas ninguém veio em seu socorro. Ele não parecia mais bonitão, nem de longe. Seu lábio tremia e na ausência do sorriso costumeiro, cheio de dentes, seu queixo parecia pequeno e fraco.

— M-muito bem. – disse. – Estarei em minha sala me... Me preparando.

E saiu.
   
— Muito bem – disse a Profª McGonagall, cujas narinas tremeram. –, com isso o tiramos do caminho. Os diretores das casas devem ir informar os alunos do que aconteceu. Digam que o Expresso de Hogwarts os levará para casa logo de manhã. Os demais, por favor, certifiquem-se de que nenhum aluno fique fora dos dormitórios.

— Minerva – falou a Profª Sprout. –, Sophie não vai suportar outra perda... É demais para o coração dela.

Minerva parou e olhou para o teto, seus olhos bruljaram cheios de lágrimas.

— Eu... Não existem mais chances. Acabou.

E então saiu, e os professores se levantaram e saíram logo em seguida, um por um.

Sophie agora chorava assim como Rony. Harry continuava sem saber como reagir. Os três sentindo que falharam com Gina. E Sophie sentindo mais que tudo que falhou com Aslan ao mandá-lo para longe.

 

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Eles haviam voltado para a Torre da Grifinória que estava silenciosa, carregada de tristeza e pequenos choros. Assim que Sophie avistou Jorge primeiro ela o abraçou com força, e o abraço foi retribuído pelo gêmeo que começara a chorar, Fred estava chorando com Harriet ao lado o confortando também. Novamente o restante do grupo estava ali para apoiar os Weasley.

Quando Sophie se afastou de Jorge e olhou para Erik, ela própria não foi capaz de aguentar e caiu em lágrimas perdendo o controle das pernas que pareciam terem virado gelatinas, ela quase caiu de cara no chão, mas o Lehnsherr foi mais rápido e a pegou. A segurou com tanta força quanto podia enquanto ela gritava em seu ombro.

Harry foi até eles e abraçou os dois, do lado da irmã onde ele chorava junto sob os cabelos dela. Logo, um enorme abraço em grupo estava acontecendo entre eles, sendo presenciados pelos outros alunos da Grifinória que estavam de luto por aqueles que foram levados, e em silêncio em respeito aqueles que sentiam mais que tudo.

Percy não estava presente. Fora despachar uma coruja para o Sr. e a Sra. Weasley, depois trancou-se no dormitório.

Nenhuma tarde jamais se arrastou tanto quanto essa, nem tampouco a Torre da Grifinória esteve tão cheia e, no entanto, tão silenciosa. Próximo ao pôr-do-sol, Fred e Jorge foram se deitar, porque não conseguiam continuar sentados, os outros integrantes do grupo tiveram que voltar para os próprios dormitórios mas Erik prometeu que voltaria para ficar com Sophie.

E no fim, num canto, ficaram os três sentados juntos ali. Sophie, Rony e Harry.

— Gina sabia alguma coisa. – disse Rony, falando pela primeira vez desde que entraram no armário da sala de professores. – É por isso que foi seqüestrada. Descobriu alguma coisa sobre a Câmara Secreta. Deve ter sido por isso que foi... – Rony esfregou os olhos com força. – Quero dizer, ela era puro-sangue. Não pode haver nenhum outro motivo.

— Aslan também. – disse Sophie, a voz baixa e rouca, e tão carregada de tristeza que Harry sentiu o coração se partir por ela. – Ele estava agindo estranho, nervoso e tudo... Eu não fiz nada. Eu mandei ele pra longe.

Harry podia ver o sol se pondo, vermelho-sangue, na linha do horizonte. Nunca se sentira pior na vida. Se ao menos houvesse alguma coisa que pudessem fazer. Qualquer coisa.

— Harry... Sophie... – começou Rony. – Vocês acham que pode haver alguma chance de ela não estar... Sabe... Deles dois... Ainda... Alguma chance?

Harry não soube o que dizer. Não conseguia ver como Gina e Aslan pudessem ainda estar vivos. E pelo rosto de Sophie, ela pensava o mesmo.

— Sabe de uma coisa? – falou Rony. – Acho que devíamos ir ver Lockhart. Contar a ele o que sabemos. Ele vai tentar entrar na Câmara. Podemos contar onde achamos que é, e avisar que tem um basilisco lá dentro.

Harry estava pronto para negar a ideia pois duvidava muito que Lockhart fosse de fato entrar na Câmera. Mas quando olhou para Rony e Sophie e viram o quão esperançosos eles estavam de repente, ele não podia negar. Não para a única chance que tinham.

Anoitecia quando desceram à sala de Lockhart. Parecia haver muita atividade lá dentro. Os garotos ouviram coisas sendo arrastadas, baques surdos e passos apressados. Harry bateu e fez-se um repentino silêncio na sala. Então abriu-se uma frestinha na porta e eles viram o olho de Lockhart espreitando.

—  Ah... Sr. Potter.. Srta. Potter... Sr. Weasley... – disse, abrindo um pouco mais a porta. – Estou muito ocupado no momento, se puderem ser rápidos...

— Professor, temos umas informações para o senhor. – disse Harry. – Achamos que podem ajudá-lo.

— Hum... Bem... Não e tão... – A metade do rosto de Lockhart que podiam ver parecia muito constrangida. – Quero dizer... Bem... Muito bem...

Ele abriu a porta e os garotos entraram.

Sua sala tinha sido quase completamente desmontada. Havia dois malões abertos no chão. Vestes verde-jade, lilás, azul-meia-noite, tinham sido apressadamente dobradas e guardadas em um deles; livros tinham sido enfiados de qualquer jeito no outro. As fotografias que cobriam as paredes agora estavam comprimidas em caixas sobre a escrivaninha.

— O senhor vai a algum lugar? – perguntou Sophie olhando para o professor com os olhos franzidos e os punhos fechados.

— Hum, bem, vou. – disse Lockhart, arrancando um pôster com a sua foto em tamanho natural das costas da porta, enquanto falava, e começando a enrolá-lo. – Chamado urgente... Inevitável... Tenho que partir...

— Mas e a minha irmã?! – perguntou Rony de supetão. – E Aslan?!

— Bem, sobre isso... Foi muito azar... – respondeu Lockhart, evitando encarar os garotos, enquanto puxava uma gaveta com força e começava a esvaziar o seu conteúdo em uma mochila. – Ninguém lamenta mais do que eu...

— O senhor é o professor de Defesa Contra as Artes das Trevas! – exclamou Harry. – Não pode ir embora agora! Não com todas essas artes das trevas em ação!

— Bem... Devo dizer... Quando aceitei o emprego... – resmungou Lockhart, agora amontoando meias por cima das vestes – nada na descrição da função... Não era de esperar...

— O senhor quer dizer que está fugindo?— retrucou Sophie, incrédula. – Depois de tudo que consta nos seus livros...

— Os livros podem ser enganosos. – disse Lockhart gentilmente.

— Mas foi o senhor quem os escreveu! – gritou Sophie irritada.

— Minha cara. – disse Lockhart se endireitando e amarrando a cara para Harry e Sophie. – Use o bom senso. Meus livros não teriam vendido nem a metade se as pessoas não achassem que eu fiz todas aquelas coisas. Ninguém quer ler histórias de um velho bruxo feio da Armênia, mesmo que tenha salvo uma cidade dos lobisomens. Ele ficaria medonho na capa. Nem sabe se vestir. E a bruxa que afugentou o espírito agourento tinha lábio leporino. Quero dizer, convenhamos...

— Então o senhor só está recebendo crédito pelo que outros bruxos e bruxas fizeram? – perguntou Harry, incrédulo.

— Harry, Sophie – disse Lockhart, sacudindo a cabeça com impaciência –, a coisa não é tão simples assim. Há muito trabalho envolvido. Eu tive que procurar essas pessoas. Perguntar exatamente como conseguiram fazer o que fizeram. Depois tive que lançar um Feitiço da Memória para elas esquecerem o que fizeram. Se há uma coisa de que me orgulho é do meu Feitiço da Memória. Não, foi muito trabalhoso, crianças. Não é só autografar livros e tirar fotos de publicidade, sabe. Se você quer ser famoso, tem que estar preparado para dar duro.

Ele fechou os malões com estrondo e trancou-os.

— Vejamos. – disse. – Acho que é só. E... Só falta uma coisa.

E tirou a varinha e se virou para os três.

— Lamento muito, mas tenho que lançar um Feitiço da Memória em vocês agora. Não posso permitir que saiam espalhando os meus segredos por aí. Eu jamais venderia outro livro...

Harry e Sophie apanharam as próprias varinhas bem na hora. Lockhart mal erguera a sua, quando os dois berraram:

Expelliarmus!

Lockhart foi atirado para trás, caiu por cima do malão; a varinha voou no ar; Rony agarrou-a e atirou-a pela janela.

— O senhor não devia ter deixado o Prof. Snape nos ensinar isso. – disse Harry furioso, chutando o malão de Lockhart para o lado. Lockhart ficou olhando para ele, parecendo frágil outra vez. Harry apontava a varinha em sua direção.

Sophie por sua vez estava coberta de fúria, seus olhos brilhavam e sua varinha estava bem apontada para o rosto daquele nojento. Ela estava perdida em sua raiva até... A música começar a tocar em sua mente, suave e calma, um sussurro para se manter firme e ser melhor que Lockhart. Um sussurro muito escocês.

“Você sabe o que fazer, valente coração.”

— Que é que você quer que eu faça? – perguntou Lockhart com a voz fraca. – Eu não sei onde fica a Câmara dos Segredos. Não há nada que eu possa fazer.

— O senhor está com sorte. – disse Sophie forçando Lockhart a se levantar com a varinha. – Achamos que sabemos onde fica. E o que tem lá dentro. E você vai ir lá com a gente.

Saíram os quatro da sala, desceram as escadas mais próximas, e seguiram pelo corredor escuro em que as mensagens brilhavam na parede até a porta do banheiro da Murta Que Geme. Empurraram Lockhart na frente. Sophie ficou satisfeito de verificar que o professor tremia.

Murta Que Geme estava sentada na caixa de água do último boxe.

— Ah, é vocês. – disse quando viu os quatro. – Que é que vocês querem agora?

— Perguntar como foi que você morreu. – disse Harry.

A atitude de Murta mudou na hora. Parecia que nunca alguém lhe fizera uma pergunta tão elogiosa.

— Aaaah, foi pavoroso – disse com satisfação. – Aconteceu bem aqui. Morri aqui mesmo neste boxe. Me lembro tão bem! Eu tinha me escondido porque Olivia Homby estava caçoando de mim por causa dos meus óculos. Tranquei a porta e fiquei chorando e então ouvi alguém entrar. Disseram uma coisa engraçada. Deve ter sido numa língua diferente, acho. Em todo o caso, o que me incomodou foi que era a voz de um garoto. Então destranquei a porta do boxe para mandar ele sair e ir usar o banheiro dos garotos e então... – Murta inchou fazendo-se de importante, o rosto brilhante. – Morri.

— Como? – perguntou Rony.

— Não faço idéia. – disse Murta sussurrando. – Só me lembro de ter visto dois olhos grandes e amarelos. Meu corpo inteiro foi engolfado e então me afastei flutuando... – Ela olhou para eles sonhadora. – E então voltei. Estava decidida a assombrar Olivia Homby, sabe. Ah, como ela lamentou ter-se rido dos meus óculos.

— Onde foi exatamente que você viu os olhos? – perguntou Sophie.

— Bem ali, perto da pia. – respondeu Murta apontando vagamente na direção da pia em frente ao boxe em que estava.

Harry, Sophie e Rony correram para a pia. Lockhart ficou parado bem mais atrás, uma expressão de puro terror no rosto.
 
Parecia uma pia comum. Eles examinaram cada centímetro, por dentro e por fora, inclusive os canos embaixo. E então Harry viu: gravada ao lado de uma das torneiras de cobre havia uma cobrinha mínima.

— Essa torneira nunca funcionou. – disse Murta, animada, quando ele tentou abri-la.

— É isso. - Sussurrou Sophie dando um leve sorriso, sentia-se confiante ela estava indo buscar seu leão. Olhou para Harry. – Essa é a entrada para a Câmara Secreta.
 
— Harry. – disse Rony ansioso. – Diga alguma coisa. Alguma coisa em língua de cobra.

— Mas... – Harry se esforçou. As únicas vezes em que conseguira falar a língua das cobras foi quando estava diante de uma cobra real. Ele fixou o olhar na gravação minúscula, tentando imaginar que era real. – “Abra” – mandou.

Ele olhou para Rony e Sophie que negaram com a cabeça.

— Nossa língua.

Harry tornou a olhar para a cobra, desejando acreditar que estivesse viva. Se ele mexia a cabeça, a luz das velas fazia parecer que a cobra estava se mexendo.

“Abra”— repetiu.

Só que as palavras não foram o que ele ouviu; um estranho assobio lhe escapara da boca e na mesma hora a torneira brilhou com uma luz branca e começou a girar. No segundo seguinte, a pia começou a se deslocar; a pia, na realidade, sumiu de vista, deixando um grande cano exposto, um cano largo o suficiente para um homem escorregar por dentro dele.

Sophie suspirou de alívio ao ver a entrada aberta. Um pouco mais perto.

— Vou descer. – ela disse olhando para o cano. A música em sua mente aumentando.

— Nós também vamos. – disse Harry para a irmã.

Houve uma pausa.

— Bem, parece que vocês não precisam de mim. – disse Lockhart com uma sombra do seu antigo sorriso. – Eu vou...

E levou a mão à maçaneta da porta, mas Sophie e Harry apontaram as varinhas para ele.

— Você pode descer primeiro. – rosnou Rony.

De rosto lívido e sem varinha, Lockhart se aproximou da abertura.

— Olhem... – disse com a voz fraca. – Olhem bem, que bem isto vai trazer?

Sophie cutucou-o nas costas com a varinha. Lockhart escorregou as pernas para dentro do cano.

— Eu não acho... – começou a dizer, mas Rony deu-lhe um empurrão, e ele desapareceu de vista. Sophie seguiu-o em silêncio. Baixou o corpo lentamente para dentro do cano e se soltou.

Foi como se ela se precipitasse por um escorrega escuro, viscoso e sem fim. Viu outros canos saindo para todas as direções, mas nenhum tão largo quanto aquele, que virava e dobrava, sempre e ingrememente para baixo, e ela percebeu que estava descendo cada vez mais fundo sob a escola, para além das masmorras mais fundas. Atrás ela ouvia Harry e Rony, batendo-se ligeiramente nas curvas.

E então, quando começava a se preocupar com o que aconteceria quando chegasse ao chão, o cano nivelou e ele foi atirado pela extremidade com um baque aquoso, e aterrissou no chão úmido de um túnel de pedra às escuras, suficientemente amplo para a pessoa ficar de pé. Lockhart estava se levantando um pouco adiante, coberto de limo e branco como um fantasma. Sophie afastou-se para um lado enquanto Rony também saía chispando do cano logo em seguida veio Harry.

— Devemos estar quilômetros abaixo da escola. – disse Harry sua voz ecoando no túnel escuro.

— Provavelmente debaixo do lago. – sugeriu Sophie, apertando os olhos para enxergar as paredes escuras e limosas.

Os três se viraram para encarar a escuridão à frente.

Lumus!— murmurou Harry para sua varinha que acendeu e Sophie fez o mesmo. 

— Vamos. – a Potter chamou Rony e Lockhart, e lá se foram os quatro, seus passos chapinhando ruidosamente no chão molhado.

O túnel era tão escuro que eles só conseguiam ver uma pequena distância à frente. Suas sombras nas paredes molhadas pareciam monstruosas à luz da varinha.

— Lembrem-se – disse Sophie baixinho enquanto avançavam com cautela -, a qualquer sinal de movimento, fechem os olhos imediatamente...

Mas o túnel estava silencioso como um túmulo, e o primeiro som inesperado que ouviram foi o ruído de alguma coisa sendo esmagada quando Rony pisou em alguma coisa que descobriram ser um crânio de rato. Sophie baixou a varinha para olhar o chão e viu que se encontrava coalhado de ossos de pequenos animais.

Tentando por tudo não imaginar que aspecto teria Aslan ou Gina se os encontrassem, Sophie, à frente, virou uma curva escura do túnel.

— Gente... Tem alguma coisa ali... – disse Rony rouco, agarrando o ombro do amigo.

Eles se imobilizaram, observando. Sophie conseguia apenas ver o contorno de uma coisa enorme e curvilínea, deitada atravessada no túnel. A coisa não se mexia.

— Talvez esteja dormindo. – sussurrou Sophie, olhando para Harry e Rony.

Lockhart tampava os olhos com as mãos.

Os irmãos Potter se aproximaram da coisa, o coração batendo tão forte que chegava a doer. As varinhas de ambos estavam erguidas.

A luz deslizou pela pele de uma cobra gigantesca, colorida e venenosa, que se encontrava enroscada e oca no chão do túnel. O bicho que se desfizera dela devia ter no mínimo uns seis metros de comprimento.

— Droga. – xingou Rony em voz baixa.

Ouviram então um movimento súbito às costas. Os joelhos de Lockhart tinham cedido.

— Levante-se. – disse Rony com rispidez, apontando a varinha para Lockhart.

O professor se levantou – em seguida atirou-se contra Rony, derrubando-o no chão.

Sophie e Harry deram um salto à frente, mas demasiado tarde – Lockhart já se erguia, ofegante, a varinha de Rony na mão e um sorriso radioso novamente no rosto.

— A aventura termina aqui, crianças. Vou levar um pedaço dessa pele de volta à escola, dizer que cheguei tarde demais para salvar a garota e que vocês três enlouqueceram tragicamente ao verem o corpo dela mutilado, digam adeus às suas memórias!

Ele ergueu a varinha de Rony, emendada com fita adesiva, acima da cabeça e gritou:

Obliviate!

A varinha explodiu com a força de uma pequena bomba. O teto desabou e Sophie pegou o braço de Harry e o-puxou para longe, escorregando nas voltas da pele de cobra, escapando do alcance dos grandes pedaços do teto do túnel que caíam com estrondo no chão. No momento seguinte, Harry e Sophie se levantaram devagar e viram  uma parede maciça formada pelos destroços.

— Rony! – gritaram. – Você está bem? Rony!

— Estou bem! – gritou Rony do outro lado. – Estou bem, mas esse bosta aqui não está, a varinha acertou nele...

Ouviu-se uma pancada surda e um sonoro “ai!”. Parecia que Rony tinha acabado de chutar Lockhart nas canelas.

— E agora? – perguntou a voz de Rony, desesperada. – Não podemos passar, vai levar séculos...

Sophie e Harry se olharam e então olharam para o teto do túnel. Tinham aparecido nele enormes rachaduras. Nenhum deles nunca tentara cortar, com auxílio da magia, nada tão grande como essas pedras, e agora não parecia uma boa hora para tentar – e se o túnel inteiro desabasse?

Ouviu-se mais outra pancada e mais um “ai!” por trás das pedras.

— Rony! Por mais que eu odeio o Lockhart também, pare de bater na cabeça desse idiota! – gritou Sophie revirando os olhos.

Estavam perdendo tempo. Aslan e Gina já foram trazidos para a Câmara Secreta havia horas... Só havia apenas uma coisa a fazer, e os dois Potter sabiam disso.

— Espere ai. – gritou Harry para Rony. – Espere com Lockhart. Eu e Sophie iremos continuar... E... – nisso Harry olhou para Sophie e ela sorriu, os olhos brilhando em emoção e acenou com a cabeça. – Se caso não voltarmos durante uma hora...

Houve uma pausa cheia de significação.

— Vou tentar afastar umas pedras. – disse Rony, que parecia estar querendo manter a voz firme. – Para vocês poderem... Poderem passar na volta. Porque vocês vão passar de volta! Nem que eu vá atrás de vocês no inferno! – ele parou e Potter ouviram o que pareciam ele atacando uma pedra contra a parede. – Harry... Sophie...

— A gente se vê, Roniquinho. – disse Sophie dando um sorriso trêmulo, tentando mostrar segurança.

Sophie e Harry se olharam. E Sophie abraçou o Potter mais novo de lado enquanto seguiam o caminho.

— Mamãe deve estar tendo um treco agora... – disse Sophie sorrindo. – Onde quer que esteja.

— E papai deve estar todo orgulhoso e pomposo. – respondeu Harry também sorrindo. – Pelo menos estamos juntos dessa vez.

Sophie concordou e logo o som distante de Rony batalhando para retirar as pedras silenciou.

O túnel dava voltas e mais voltas. Cada nervo do corpo de Harry e Sophie formigavam desagradavelmente. Eles queriam que o túnel terminasse, mas temia o que encontraria no fim. E então, ao dobrar mais uma curva, ambos se depararam com uma parede sólida à sua frente em que havia duas cobras entrelaçadas talhadas em pedra, os olhos engastados com duas enormes esmeraldas brilhantes.

— Já sabe o que fazer. – disse Sophie dando um passo para trás.

Harry se aproximou, a garganta seca. Não havia necessidade de fingir que essas cobras de pedra eram reais; seus olhos pareciam estranhamente vivos.

“Abram”— disse num sibilo grave e fraco.

As cobras se separaram e as paredes se afastaram, as duas metades deslizaram suavemente, desaparecendo de vista e Sophie e Harry entraram juntos de mãos dadas.

— Acabei de perceber uma coisa, irmão meu.

— O que? – perguntou Harry olhando para Sophie.

— Eu odeio cobras.


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