TO DIE WITH THE SUN; reescrita de harry potter escrita por SWEETBADWOLF


Capítulo 40
Capítulo 40 — Aragogue e o Relâmpago




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/803380/chapter/40

— Todos os alunos devem voltar à sala comunal de suas casas até as seis horas da tarde. Nenhum aluno deve sair dos dormitórios depois dessa hora. Um professor os acompanhará a cada aula. Nenhum aluno deve usar o banheiro a não ser escoltado por um professor. Todos os treinos e jogos de quadribol estão adiados. Não haverá mais atividades noturnas. 

Foi isso que Sophie escutou quando passou pela entrada da sala comunal da Grifinória com Aslan ao seu lado. Ela parou ali mesmo e observou o local. Os alunos da Grifinória aglomerados na sala comunal estavam em frente a professora McGonagall em silêncio.

Ela enrolou o pergaminho que acabara de ler e disse com a voz um tanto embargada:

— Não preciso acrescentar que raramente me senti tão aflita. É provável que fechem a escola a não ser que o autor desses ataques seja apanhado. Eu pediria a quem achar que talvez saiba alguma coisa que me procure.

Sophie olhou para Aslan que também olhou para ela, de repente, o medo da escola fechar e ela ser forçada a deixar seu leão para trás tomou conta de seu coração. E pelo olhar que Aslan estava lhe lançando, estava claro que era um sentimento recíproco.

— Sophie!

Sophie olhou de volta para os alunos, focando sua atenção no aluno do segundo ano que havia lhe chamado. Era Jared Spiderwick, um garotinho bastante ousado e corajoso na opinião da Sophie, além de bastante gentil também.

— Você não vai deixar fechar a escola, não é? – perguntou ele, a preocupação era palpável em sua voz, mas seus rosto mostrava confiança para com ela.

De repente todos estavam olhando para ela também, e ela não pode deixar de se sentir um tanto confusa. Quando foi que ela se tornou uma fonte de confiança para aqueles alunos de sua casa? Quem era ela para confortar aqueles alunos cheios de medos e preocupações?

“Seja, Sophie Potter, a garota que o leão escolheu.”

Ao se lembrar daquelas palavras ditas por alguém muito importante de seu futuro, Sophie se sentiu mais confiante do que nunca.

— Eu – ela começou devagar, lançou um rápido olhar para a Profª McGonagall, mas a mesma não estava olhando para ela. Suspirou e se voltou para os alunos. – Eu não sei o que vai acontecer, essa é a verdade. Não posso prometer nada para vocês, mas posso dizer que: Hogwarts esteve sempre esteve aqui para aqueles que precisaram dela, e se for preciso vamos garantir que ela sempre continue aqui. Essa é a nossa casa e mesmo jovens como somos, vamos nos manter firmes e cuidar dela.

Os alunos levantaram os punhos e gritaram em concordância. McGonagall então olhou para ela, o brilho emocionado em seus olhos era tudo que Sophie precisava para saber o quão agradecida a professora estava por suas palavras. A Potter então andou até onde seu irmão e amigos se encontravam juntos. Todos eles ali.

— Achamos melhor passarmos esta noite juntos. – disse Patrick baixinho e triste.

Eles estavam bem próximos um do outro. Dean estava abraçando Castiel com bastante força, com o queixo descansando em cima dos cabelos pretos do lufano que estava com os olhos vermelhos por provavelmente ter chorado por Charles e Hermione. Patrick estava com a cabeça deitada no ombro de Teresa que estava acariciando seus cachos loiros quase inconsciente do ato. Fred, Jorge e Harriet estavam sentados juntos em silêncio e tristes, a primeira vez que Sophie via eles daquele jeito. Harry e Rony estavam sentados no tapete, ambos olhando para o chão. E Erik, a quem ela estava sentada ao lado, estava sem demonstrar nada em seu rosto, mas ela conseguia sentir, por sua ligação de alma o quão triste ele estava, a mesma tristeza que ela sentia.

— Foi uma boa ideia. – concordou Sophie baixinho. – Vocês... Vocês viram eles?

— Sim – fungou Castiel. – Mione... Ela estava segurando os braços do Cha-rles... – os olhos dele lacrimejarem e ele fungou novamente. – Ele...ele... Tentou proteger ela...

Castiel escondeu o rosto no pescoço do Winchester e Harriet se jogou em Fred começando a chorar baixinho também. Sophie fechou os olhos mais triste que antes e sentindo a tristeza de seu irmão de alma se intensificar.

— Eu vou me deitar um pouco. – disse Erik se levantando. – Onde fica o dormitório de vocês? – perguntou para os gêmeos.

— Eu te levo lá. – disse Jorge também se levantando. – Quero deitar também. Vamos lá.

Sophie observou Erik se afastar, os ombros ainda eretos e a postura firme, mas ela conseguia sentir daqui o quanto ele estava se segurando para não desmoronar. Para ela e para ele, Charles era mais que um amigo, era uma parte importante do passado de seus pais. O Francis era o outro irmão que Sophie protegeria até o fim. E para Erik... Bem, a história de um Lehnsherr com um Francis não era para se ignorar.

“Um Lehnsherr sempre protege um Francis.”

Sophie suspirou e também se levantou, dizendo aos outros que também iria se deitar. Ela tinha que dormir um pouco para estar bem acordada para aquela noite. Se ajoelhou em frente a Harry, levantou o queixo dele fazendo com que ele olhasse para ela, e com um sorriso triste, beijou-lhe a testa. Os olhos verdes de Harry a encararam com gratidão e amor, e um pequeno sorriso lhe enfeitou os lábios.

Gentilmente a Potter bagunçou os cabelos ruivos de Rony também lhe deu um sorriso fino, e então ela se levantou, partindo com Aslan ao lado dela, para uma soneca que ela sabia estar carregada de preocupações.

 

•°•°•°°•TDWTS•°°•°•°•


Aos poucos o restante do grupo também foi para os dormitórios mas Harry não notou nenhum deles, nem mesmo os escutou. Depois que Sophie subiu, sua mente se voltou para os corpos petrificados de Mione e Charles. Ele não conseguia tirá-los da memória, nem mesmo conseguia acalmar a sensação de mal estar por sua melhor amiga e seu amigo.

E para piorar, se o culpado não fosse pego logo, a escola poderia fechar. Ele não queria perder aquele lugar, não quando ele havia lhe trazido tantas coisas boas, sendo a mais importante uma família que ele nunca sonhou ter a sorte de ter.

— Que é que vamos fazer? – perguntou Rony baixinho ao ouvido de Harry. – Você acha que eles suspeitam de Hagrid?

— Precisamos ir falar com ele – disse Harry decidindo-se. – Não posso acreditar que desta vez ele seja o culpado, mas se soltou o monstro da última vez saberá como entrar na Câmara Secreta, e isto é um começo.

— Mas McGonagall disse para ficarmos em nossa torre a não ser na hora das aulas...

— Acho – disse Harry, mais baixinho ainda – que está na hora de tirar outra vez da mala a velha capa do meu pai.

Harry herdara somente uma coisa do pai: uma longa capa de invisibilidade prateada. Era a única chance que tinham de sair escondidos da escola para visitar Hagrid, sem ninguém ficar sabendo. Assim, foram se deitar na hora de costume, esperaram até Neville, Dino e Simas pararem de discutir sobre a Câmara Secreta e irem finalmente dormir, então se levantaram, vestiram-se outra vez e jogaram a capa por cima dos dois.

A viagem pelos corredores escuros e desertos do castelo não foi um prazer. Harry, que perambulara pelo castelo à noite várias vezes antes, nunca os vira tão cheios depois do pôr do sol. Professores, monitores e fantasmas andavam pelos corredores aos pares, olhando tudo atentamente, à procura de alguma atividade incomum. A capa da invisibilidade não os impedia de fazer barulho, e houve um momento particularmente tenso em que Rony deu uma topada a poucos metros do lugar onde Snape estava montando guarda. Felizmente, Snape espirrou quase ao mesmo tempo que Rony xingou. Foi com alívio que chegaram às portas de entrada e as abriram devagarinho.

Fazia uma noite clara e estrelada. Eles correram em direção às janelas iluminadas da casa de Hagrid e despiram a capa somente quando estavam à sua porta de entrada.

Segundos depois de terem batido, Hagrid escancarou a porta. Eles deram de cara com um arco que o amigo apontava. Canino, o cão de caçar javalis, o acompanhava dando fortes latidos.

— Ah! – exclamou ele, baixando a arma e encarando os meninos. – Que é que vocês estão fazendo aqui?

— Para que é isso? – perguntou Harry, ao entrarem, apontando para o arco.

— Nada... nada... – murmurou Hagrid. – Estava esperando... não faz mal... Sentem... Vou preparar um chá...

Ele parecia não saber muito bem o que estava fazendo. Quase apagou a lareira ao derramar água da chaleira e em seguida amassou o bule com um movimento nervoso da mão enorme.

— Você está bem, Hagrid? – perguntou Harry. – Soube do que aconteceu com a Mione e o Charls?

— Ah, soube, soube, sim – respondeu Hagrid, com a voz ligeiramente falha.

Ele não parava de olhar nervoso para as janelas. Serviu aos meninos dois canecões de água fervendo (esquecera-se de pôr chá na chaleira) e ia servindo uma fatia de bolo de frutas num prato quando ouviram uma forte batida na porta.

Hagrid deixou cair o bolo de frutas. Harry e Rony se entreolharam em pânico, mas logo se cobriram com a capa e se retiraram para um canto. Hagrid se certificou de que os garotos estavam escondidos, apanhou o arco e escancarou mais uma vez a porta.

— Boa-noite, Hagrid.

Era Dumbledore. Ele entrou, parecendo mortalmente sério e vinha acompanhado por um homem de aspecto muito esquisito e atrás do homem se encontrava Sophie Potter. Harry estava muito surpreso e Rony havia deixado a boca cair aberta.

O estranho tinha os cabelos grisalhos despenteados, uma expressão ansiosa e usava uma estranha combinação de roupas: terno de risca de giz, gravata vermelha, uma longa capa preta e botas roxas de bico fino. Sob o braço carregava um chapéu-coco cor de limão.

— É o chefe do papai! – cochichou Rony. – Cornélio Fudge, Ministro da Magia!

Harry deu uma forte cotovelada em Rony para fazê-lo calar-se.

Hagrid empalidecera e suava. Deixou-se cair em uma cadeira e olhava de Dumbledore para Cornélio Fudge para Sophie que olhava para Cornélio com um olhar quase tão mortal quanto o de McGonagall.

A Potter usava uma camisa do vermelha da banda Queen— uma banda de rock trouxa –, onde mostrava o vocalista, Freddie Mercury com uma coroa e roupas de rei, e por cima da camisa um sobretudo preto. E também usava uma calça preta e um tênis surrado. Harry teve a leve impressão que sua irmã estava vestida com vestes trouxas para irritar o Ministro da Magia.

— Problema sério, Hagrid. – começou Fudge em tom seco. – Problema muito sério. Tive que vir. Três ataques em alunos nascidos trouxas, e um contra o aluno filho do falecido Major Brian Francis e ex-auror Sharon Francis. As coisas foram longe demais. O Ministério teve que agir.

— Eu nunca. – disse Hagrid, olhando suplicante para Dumbledore. – O senhor sabe que eu nunca, Prof. Dumbledore...

— Quero que fique entendido, Cornélio, que Hagrid goza de minha inteira confiança. – disse Dumbledore fechando a cara para Fudge.

— Olhe, Albus – respondeu Fudge, constrangido. – A ficha de Hagrid depõe contra ele. O Ministério teve que fazer alguma coisa, o conselho diretor da escola entrou em contato...

— Contudo, Cornélio, continuo a afirmar que levar Hagrid não vai resolver nada. – disse Dumbledore. Seus olhos azuis tinham uma intensidade que Harry nunca vira antes.

— Procure entender o meu ponto de vista – disse Fudge, manuseando o chapéu coco. – Estou sofrendo muita pressão. Precisam ver que estou fazendo alguma coisa. Se descobrirmos que não foi Hagrid, ele voltará e não se fala mais no assunto. Mas tenho que levá-lo. Tenho. Não estaria cumprindo o meu dever...

— Levá-lo? – perguntou para a surpresa de Fudge, Sophie começando a tremer. – Levá-lo aonde? Para a Prisão de Azkaban?!

— Só por um tempo. – disse Fudge sem encarar Hagrid nos olhos. – Não é um castigo, Hagrid, é mais uma precaução. Se outra pessoa for apanhada, você será solto com as nossas desculpas...

Sophie negou com a cabeça irritada. Hagrid estava totalmente pálido, e Harry nunca vira alguém com uma expressão tão assustada antes em sua vida.

— Desculpas não vou curar Hagrid do horror que ele aguentará em Azkaban! – rosnou Sophie, os olhos brilhando para Fudge com raiva pura. – Ele é inocente!

Antes que Fudge pudesse responder, ouviram outra batida forte na porta. Dumbledore atendeu-a. Foi a vez de Harry levar uma cotovelada nas costelas; deixara escapar uma exclamação audível.

O Sr. Lúcio Malfoy entrou decidido na cabana de Hagrid, envolto em uma longa capa de viagem, com um sorriso frio e satisfeito. Canino começou a rosnar.

— Já está aqui, Fudge – disse em tom de aprovação. – Muito bem...

— Que é que o senhor está fazendo aqui? – perguntou Hagrid furioso. – Saia da minha casa!

— Acalme-se, Hagrid. - pediu Sophie colocando uma mão no enorme braço dele. Mas a ruiva parecia ao ponto de pegar a varinha e lançar uma maldição em Malfoy tanto quanto o próprio Hagrid.

— Meu caro, por favor acredite em mim, não me dá nenhum prazer estar no seu... Hum... Você chama isso de casa? – questionou Malfoy, desdenhoso, correndo os olhos pela pequena cabana. – Simplesmente vim à escola e me disseram que o diretor se encontrava aqui.

— E o que era exatamente que você queria comigo, Lúcio? – perguntou Dumbledore. Falou com cortesia, mas a intensidade ainda encandecia os seus olhos azuis.

— É lamentável, Dumbledore – disse Malfoy sem pressa, puxando um rolo de pergaminho. –, mas os conselheiros acham que está na hora de você se retirar. Tenho aqui uma Ordem de Suspensão, com as doze assinaturas. Receio que o Conselho pense que você está perdendo o jeito. Quantos ataques houve até agora? Mais dois hoje à tarde, não foi? Nesse ritmo, não sobrarão alunos nascidos trouxas em Hogwarts, e todos sabemos que perda horrível isto seria para a escola.

— Oras como se você ligasse, não é mesmo?! – rosnou Sophie ficando ao lado de Dumbledore. – Não ficaria surpresa se esses doze bruxos dissessem que você os ameaçou para assassinar!

Lúcio olhava para Sophie com divertimento nos olhos, arrogância pingando por toda a sua postura mas olhando mais atentamente, Harry pode ver ele olhando com curiosidade para a irmã também.

Dumbledore colocou a mão suavemente no ombro de Sophie, fazendo a mesma se acalmar e respirar fundo e olhar para o diretor.

— Respire, Sophie. – disse Dumbledore olhando para ela com os olhos brilhando.

— Ah, olhe aqui, Lúcio – disse Fudge, parecendo assustado. –, Dumbledore suspenso, não, não, a última coisa que queremos neste momento...

— A nomeação, ou a suspensão de um diretor é assunto do Conselho, Fudge. – disse o Sr. Malfoy suavemente. – E como Dumbledore não conseguiu fazer parar os ataques...

— Olhe aqui, Malfoy, se Dumbledore não consegue fazê-los parar – disse Fudge, cujo lábio superior estava úmido de suor. –, eu pergunto, quem vai conseguir?

— Isto resta ver. – retrucou o Sr. Malfoy com um sorriso desagradável. – Mas como todo o Conselho votou...

Hagrid levantou-se de um salto, a cabeça desgrenhada raspando o teto.

— Não podem afastar Dumbledore! Se afastá-lo todos os nascidos trouxas não sobrarão! Será um ataque por dia, guarde minhas palavras Malfoy! – vociferou.

— Ai, ai, ai, sabe, esse seu mau gênio ainda vai lhe causar problemas um dia desses, Hagrid. – disse o Sr. Malfoy. – Eu aconselharia você a não gritar assim com os guardas de Azkaban, eles não vão gostar nadinha.

— Isso é ridículo! – exclamou Sophie se virando para Fudge e depois se voltando para Malfoy. – Você não se importa com nada que está acontecendo, um maldito comensal...

Acalme-se, Sophie.— ordenou Dumbledore, a voz infinitamente mais séria e grave. Virou-se então para Lúcio Malfoy. – Se o Conselho quer que eu me afaste, Lúcio, naturalmente eu vou obedecer...

— Mas... – gaguejou Fudge.

Não!— urrou Hagrid com raiva.

— Professor, por favor não faça isso! – pediu Sophie ficando em frente ao diretor com os olhos brilhando em preocupação. – O que farei sem o senhor aqui? Minha única esperança é o senhor, por favor não me deixe.

— Minha cara amiga – disse Dumbledore suavemente e sorrindo gentil para a jovem. – Isto é irônico porque no momento você é a minha esperança.

Dumbledore então olhou para Lúcio que sorria ironicamente para os dois.

— Porém – continuou ele, falando muito lenta e claramente de modo que ninguém perdesse uma só palavra. –, você vai descobrir que só terei realmente deixado a escola quando ninguém mais aqui for leal a mim. - nisso olhou para Sophie e depois para Lúcio. – Você também vai descobrir que Hogwarts sempre ajudará aqueles que a ela recorrerem, e quando ela precisar aqueles estarão presente. – nisso ele olhou para a lareira.

Harry teve um enorme sentimento de que o diretor olhava diretamente para ele. E sua certeza só aumentou quando viu o diretor piscar.

— Admiráveis sentimentos. – disse Malfoy fazendo uma reverência. – Todos sentiremos falta do seu... Hum... Modo muito pessoal de dirigir as coisas, Albus, e só espero que o seu sucessor consiga impedir... Ah... Matanças.

E dirigiu-se à porta da cabana, abriu-a, fez um gesto largo indicando a porta para Dumbledore. Sophie fez menção de segui-lo – seu rosto demonstrando toda a preocupação e tristeza que estava sentindo – mas o diretor a parou apenas com o olhar. Primeiro ele olhou para ela e depois novamente para a lareira. E Harry viu ela dar um leve aceno.

— Até breve, minha amiga.

— Tchau, professor.

Fudge, manuseando seu chapéu-coco, esperou Hagrid passar à sua frente, mas Hagrid continuou firme, inspirou profundamente e disse com clareza:

— Se alguém quiser descobrir alguma coisa, é só seguir as aranhas. Elas indicariam o caminho certo! É só o que digo.

Fudge olhou-o muito admirado.

— Tudo bem, estou indo. – disse Hagrid, vestindo o casacão de pele de toupeira. Mas quando ia saindo para acompanhar Fudge, ele parou outra vez e se virou para Sophie: – Você pode dar comida a Canino enquanto eu estiver fora?

— Claro que sim, Hagrid. – concordou ela sorrindo. – Vou cuidar bem dele até a sua volta, querido.

Hagrid lhe deu um aceno agradecido e um sorriso lacrimejesoso.

— Tchau, Sophie. – e saiu, com Fudge logo atrás dele.

A porta se fechou com força e Sophie suspirou, fechando os olhos por um momento. Quando os abriu novamente estava olhando para onde Harry e Rony estavam.

— Podem sair. Eu sei que vocês estão aí.

 

•°•°•°°•TDWTS•°°•°•°•


Sophie observou seu irmão e Rony saírem de baixo da capa, ambos com as bochechas vermelhas por terem sido pegos. Ela revirou os olhos e se sentou na poltrona de Hagrid, ainda olhando para os dois.

— O que fazem aqui? – perguntou ela.

— Nós... – começou Rony ficando vermelho. – Nós estávamos seguindo algumas pistas...

— Que tipos de pistas? – perguntou Sophie novamente, cruzando os braços e levantando a sobrancelha esquerda.

— Nós, bem nós descobrimos que Hagrid abriu a Câmara Secreta. – falou Harry baixo e olhando para os próprios sapatos.

— Depois eu vou querer saber como vocês chegaram nessa mentira ridícula. – resmungou Sophie. – Hagrid não abriu a Câmara Secreta. Por mais que ele ache as criaturas enormes fofas, ele jamais faria essas coisas com outro ser humano. Principalmente com Charles e Hermione.

Harry e Rony se entre olharam, ambos se sentindo mais envergonhados.

— Tem razão... percebemos isso enquanto ouvíamos a conversa. – disse Rony pensativo. – Mas e agora? Sem Dumbledore aqui... Hagrid tem razão com o que disse. Haverá um ataque por dia.

— O que faremos? – perguntou Harry olhando para Sophie. – Precisamos fazer alguma coisa.

Sophie deixou a cabeça cair para trás e então a virou, olhando direção a janela. Franziu a testa.

— Sigam as aranhas. – sussurrou ela ainda olhando para a janela. – Foi o que Hagrid disse, não é? Sigam as aranhas. – Então se levantou e ficou próxima a janela olhando para o parapeito dela. – Vocês se lembram de termos visto as aranhas se comportarem assim naquela primeira vez que visitamos o banheiro da Multa? – perguntou ela, e ao concordar dos dois jovens, ela apontou para um bando de aranhas pequenas andando em fileira.

— Por que elas estão agindo desta forma? – perguntou Harry se aproximando delas também, ficando ao lado de Sophie. Rony ficou atrás deles, bem longe das aranhas.

— Sigam as aranhas. – sussurrou Sophie novamente pensativa olhando os aracnídeos e então se virando para Harry. – Vamos segui-las!

— Vamos... Espera, o que?!— exclamou Rony olhando para Sophie assustado. – Agora?

— Claro – disse Sophie olhando para o ruivo. – Acredito que agora com Dumbledore longe, não temos muito tempo para ficarmos pensando no que fazer e Hagrid nos deu algo para um começo.

— Mas... mas... está tarde. – continuou Rony, quase choroso.

— Realmente, e quando isso me impediu de fazer alguma burrada? Ou vocês dois de fazerem alguma burrada? – retrucou a ruiva.

— Temos que fazer isso pelo Hagrid, Mione e Charles, Rony. – disse Harry firme para o amigo, que mesmo apavorado havia concordado.

Harry deixou a capa da invisibilidade em cima da mesa de Hagrid. Não precisariam dela na floresta escura como breu.

— Vamos, Canino, vamos dar um passeio. – chamou Sophie dando palmadinhas na perna, e Canino saiu de casa dando saltos de felicidade atrás deles, correu para a orla da floresta e levantou a perna contra um enorme sicomoro.

Os dois irmãos puxaram a varinha, murmurando “Lumos!” e brilhou luzinhas na ponta, suficiente para deixá-los ver o caminho à procura das aranhas.

— Bem pensado. – disse Rony. – Eu acenderia a minha também, mas você sabe, provavelmente iria explodir ou fazer outra maluquice qualquer...

Enquanto Rony se preparava mentalmente para entrar na floresta, Sophie e Harry viram duas aranhas solitárias correndo para longe das luzes das varinhas procurando a sombra das árvores.

— Muito bem. – suspirou Rony resignado com o pior. – Estou pronto. Vamos.

— Meninos, eu lhes digo: será uma noite longa. Muito longa.— disse Sophie olhando em volta e suspirando alto.

Então, com Canino correndo à volta, cheirando raízes e folhas de árvores, eles se embrenharam na floresta. Orientados pela luz das varinhas dos irmãos, seguiram o fluxo constante de aranhas que iam pelo caminho. Seguiram-no por uns vinte minutos, sem falar, procurando ouvir outros ruídos que não fossem os dos gravetos estalando ou das folhas rumorejando. Então, quando o arvoredo se tornou mais denso que nunca, de modo que já não avistavam as estrelas no alto, e as varinhas de Harry e Sophie brilhavam solitárias num mar de trevas, eles viram as aranhas que os guiavam abandonarem o caminho.

Sophie e Harry pararam, tentando ver onde as aranhas estavam indo, mas tudo fora do seus pequenos círculos de luz estava escuríssimo. Sophie nunca se embrenhara tão fundo na floresta. E assim era Harry também que lembrava-se vivamente de Hagrid aconselhando-o a não se afastar do caminho da floresta da última vez que estivera ali. Mas o guarda-caça se achava agora a caminho da prisão bruxa Azkaban, longe deles.

Alguma coisa úmida encostou na mão de Harry, e ele deu um pulo para trás, esmagando o pé de Rony, mas era apenas o nariz de Canino.

— Devemos continuar? – perguntou Harry para Sophie.

— Sim. – respondeu Sophie olhando em volta. – Eu não gosto de ficar aqui, não por medo mas... Bem, você sabe.

— Sei.

Harry ainda se lembrava dos acontecimentos do ano passado quando Aslan havia sido atacado por Voldemort  e quase morrera no processo. Sophie havia desmaiado logo após ter encontrado o leão por conta do tamanho do medo que estava sentindo não só de Aslan morrer como também medo por Harry que ela não sabia onde ele estava.

Sim, Harry também não gostava de estar naquela floresta.

Então os três acompanharam as sombras velozes das aranhas entrando pelo meio das árvores. Não podiam mais andar muito depressa; havia raízes e tocos de árvores no caminho, pouco visíveis na escuridão quase total. Harry sentia o hálito quente de Canino em sua mão. Mais de uma vez tiveram que parar para que Harry e Sophie pudessem se agachar procurando as aranhas.

Caminharam pelo que pareceu pelo menos meia hora, as vestes agarrando nos galhos baixos e espinheiros. Passado algum tempo, repararam que o chão parecia estar descendo, embora o arvoredo estivesse mais denso que nunca.

Então Canino soltou de repente um latido que ecoou por todos os lados, fazendo Harry e Rony darem um pulo de fazer a alma se soltar do corpo, Sophie apenas olhou em volta com os olhos arregalados.

— Que foi? – perguntou Rony alto, olhando a escuridão à volta e segurando o cotovelo de Harry com força.

— Tem alguma coisa se mexendo ali adiante. – sussurrou Sophie. – Escutem... Parece uma coisa grande... Sim... – ela olhou para eles temerosa. – Bem grande.

Eles escutaram. A uma certa distância para a direita, a coisa grande estava partindo galhos à medida que abria caminho por entre as árvores.

— Ah, não – exclamou Rony. – Ah, não, ah, não, ah...

— Cale a boca. – mandou Harry muito nervoso. – A coisa vai ouvir você.

Me ouvir?! – exclamou Rony numa voz estranhamente aguda. – Ela já ouviu o Canino!

— Rony, é bom meu palpite estar errado sobre o que iremos encontrar. – sussurrou Sophie.

A escuridão parecia estar empurrando para dentro das órbitas dos olhos deles enquanto aguardavam aterrorizados. Ouviram um ronco esquisito e em seguida o silêncio.

— Que acha que ela está fazendo? – perguntou Harry.

— Provavelmente está se preparando para atacar.

Os três esperaram, tremendo, mal atrevendo a se mexer. Sophie havia segurado Canino.

— Você acha que foi embora? – cochichou Harry.

— Não faça perguntas complicadas. – resmungou Sophie.

Então, para a direita, eles viram um clarão repentino tão intenso, na escuridão, que os dois ergueram as mãos para proteger os olhos. Canino latiu e tentou correr, mas ficou preso num emaranhado de espinhos e latiu ainda mais alto.

— Harry! – gritou Rony, a voz esganiçando de alivio. – Harry é o nosso carro! Ande!

— Pera... Que?!— exclamou Sophie.

Harry e Sophie acompanharam o Weasley como pôde em direção à luz, esbarrando e tropeçando nas coisas e um instante depois saíram numa clareira.

O carro do Sr. Weasley estava parado, vazio, no meio de um círculo de árvores grossas sob uma ramagem densa, os faróis acesos. Quando Rony avançou boquiaberto, ele foi ao encontro do garoto, exatamente como um canzarrão turquesa cumprimentando o dono.

— Estava aqui o tempo todo! – disse Rony encantado, andando à volta do carro. – Olhe só para ele. A floresta fez ele virar selvagem...

As laterais do carro estavam arranhadas e sujas de lama. Pelo jeito ele passara a rodar na floresta sozinho. Canino pareceu não gostar nada do carro; ficou colado Sophie que sentia o cão tremer. A respiração mais calma outra vez, Harry guardou a varinha nas vestes. Enquanto Sophie olhava surpresa para o carro.

— E nós achamos que ele ia nos atacar! – disse Rony, apoiando-se no carro e lhe dando palmadinhas. – Fiquei muito tempo imaginando onde teria sumido!

Sophie revirou os olhos e voltou a olhar em volta apurando a vista à procura de sinais de aranhas no chão iluminado, mas todas fugiram da claridade dos faróis.

— Perdemos a pista. Vem, vamos tentar encontrá-las.

Rony ficou calado. Nem se mexeu. Tinha os olhos fixos em um ponto a uns três metros acima do chão da floresta, logo atrás de Harry. Seu rosto estava lívido de terror. Sophie olhou para Harry que olhou para ele confuso, e ao mesmo tempo, os dois olharam para cima e ofegaram de puro terror.

Eles nem tiveram tempo para nada. Ouviram um som estalado e alto e de repente coisas compridas e peludas estávam os agarrando  pelas cinturas e erguendo-os do chão, deixando-os de cara para baixo. Sophie tentava manter a calma, mas seu coração batia tão rápida e com tanta força que ela sentia que teria um ataque cardíaco logo, logo. Pelo canto ela viu Canino choramingar e uivar – no instante seguinte, ele estava sendo arrebatado para o meio das árvores escuras.

A coisa que os seguravam andava sobre seis pernas imensamente compridas e peludas, as duas dianteiras agarravam-no com firmeza sob um par de pinças pretas e reluzentes. Malditas aranhas.

Estavam entrando no coração da floresta. Sophie ouvia Canino lutando para se libertar de um quarto monstro, ganindo alto, mas ela não poderia ter berrado nem se tivesse querido; parecia ter deixado a voz no susto quando viu as criaturas descendo em teias lá na clareira.

Ela não se atreveu a contar quanto tempo ficou nas garras da aranha; só soube que de repente a escuridão diminuiu o suficiente para deixá-la ver que o chão coberto de folhas agora estava pululando de aranhas. Esticou o pescoço para o lado e percebeu que tinham chegado à borda de uma vasta depressão, uma depressão que fora desmatada, de modo que as estrelas iluminaram claramente a pior cena que ela jamais vira. E tinha certeza que a opinião era compartilhada por Harry e principalmente mais do que ela, Rony.

Aranhas, aranhinhas como aquelas que cobriam as folhas embaixo. Aranhas do tamanho de cavalos, com oito olhos, oito pernas, pretas, peludas, gigantescas. De repente, ela estava se sentindo Bilbo Bolseiro e só queria mais que tudo ter o Um Anel e uma espada de nome Ferroada para matar todas aquelas criaturas e fugir.

O maciço espécime que carregava Sophie desceu uma encosta íngreme em direção a uma teia enevoada em forma de cúpula, bem no meio da depressão, enquanto suas companheiras acorriam de todos os lados, batendo as pinças excitadas à vista do carregamento.

Sophie caiu no chão de quatro quando a aranha o soltou. Harry, Rony e Canino caíram com um baque surdo ao lado dela. Canino não uivava mais, encolhia-se em silêncio onde caíra. Rony era a imagem exata de uma pessoa verdadeiramente aterrorizada, se o medo tivesse uma forma humana, sem dúvida seria o Rony naquele momento. E Harry tinha a boca aberta e os olhos arregalados. A Potter mais velha rapidamente fechou a boca do irmão com medo de que as aranhinhas entrassem ali.

Então Sophie percebeu que a aranha que o soltara estava falando alguma coisa. Fora difícil entender, porque ela batia as pinças a cada palavra.

— Aragogue! – A aranha chamou. – Aragogue!

E novamente o sentimento de ser Bilbo Bolseiro voltou para ela, mas logo foi esquecido quando o palpite dela do que eles encontrariam ao seguir as aranhas se tornou certeiro.

E do meio da teia enevoada em forma de cúpula, emergiu lentamente uma aranha do tamanho de um filhote de elefante. Havia fios cinzentos na pelagem do seu corpo e nas pernas negras, e cada olho, em sua feia cabeça provida de pinças, era leitoso. A aranha era cega.

— Quem é? – disse, batendo rapidamente as pinças.

— Homens. – bateu a segunda aranha que apanhara Harry.

— É Hagrid? – perguntou a enorme aranha aproximando-se, os oito olhos leitosos movendo-se vagamente.

— Estranhos. – bateu a aranha que trouxera Rony.

— Mate-os. – bateu Aragogue preocupada. – Eu estava dormindo...

— Somos amigos de Hagrid! – gritou Sophie. Seu coração parecia ter do peito e ido bater na garganta.

Clique, clique, clique fizeram as pinças das aranhas por toda a depressão.

Aragogue parou.

— Hagrid nunca mandou homens à depressão antes. – disse lentamente.

— Hagrid está com problemas. – continuou Harry. – Foi por isso que viemos.

— Problemas?! – exclamou a aranha idosa, e os irmãos pensaram ter sentido preocupação no clique das pinças. – Mas por que os mandou?

Sophie pensou em se levantar, mas decidiu o contrário; achou que as pernas não o agüentariam. Harry foi quem falou com a voz trêmula:

— Na escola, coisas ruins tem acontecido. Ataques feitos por um monstro desconhecido. E acham que foi o Hagrid que as fez. Levaram ele para Azkaban.

— Mas sabemos que não foi ele... – disse Sophie, e lentamente, sem saber de onde a ousada coragem surgiu, ela se levantou com a cabeça abaixada como forma de respeito.

Aragogue bateu as pinças furiosamente, e a toda volta da depressão o som foi repetido pela multidão de aranhas; era como um aplauso, exceto que, em geral, aplausos não faziam Harry sentir náuseas de medo.

— Mas isso foi há anos. – disse Aragogue preocupada. – Anos e anos atrás. Lembro-me muito bem. Foi por isso que o fizeram sair da escola. Acreditaram que eu era o monstro que morava na chamada Câmara Secreta. Acharam que Hagrid tinha aberto a Câmara e me libertado.

— E você... Você não veio da Câmara Secreta? – perguntou Harry, que sentia um suor frio na testa.

— Eu! – exclamou Aragogue, batendo as pinças zangada. – Eu não nasci no castelo. Vim de uma terra distante. Um viajante me deu de presente a Hagrid quando eu ainda estava no ovo. Hagrid era só um garoto, mas cuidou de mim, me escondeu num armário do castelo, me alimentou com restos da mesa. Hagrid é um bom amigo e um bom homem. Quando fui descoberta e responsabilizada pela morte da garota, ele me protegeu. Tenho vivido aqui na floresta desde então, onde Hagrid ainda me visita. Ele até me arranjou uma esposa, Mosague, e você está vendo como a nossa família cresceu, tudo graças a bondade de Hagrid...

— Santo cupido, Hagrid. – sussurrou Sophie olhando em volta para as crias de Aragogue. – Você passou dos limites.

Harry reuniu o que restava de sua coragem.

— Então você nunca... Nunca atacou ninguém?

— Nunca. – falou rouca a aranha. – Teria sido o meu instinto, mas por respeito a Hagrid, eu nunca fiz mal a um ser humano. Não conheço parte alguma do castelo a não ser o armário em que cresci. A nossa espécie gosta do escuro e do silêncio...

— Mas então... Você sabe o que matou aquela garota? – perguntou Sophie. – Porque a coisa que matou está de volta atacando pessoas outra vez...

Suas palavras foram abafadas por uma eclosão de cliques e o ruído de muitas pernas longas a se agitar com raiva; grandes sombras escuras moveram-se a toda volta.

— Acho que não devia ter perguntado isso, Sophie. – sussurrou Harry.

— A coisa que mora no castelo – disse Aragogue – é um bicho que nós aranhas tememos mais do que qualquer outro, assim como tememos a Grande Fera que anda livremente pelo castelo. – as aranhas tornaram a gritar cheias de medo só por seu pai mencionar a tal fera que Sophie tinha certeza ser Aslan. – Lembro-me muito bem como supliquei a Hagrid que me deixasse ir embora, quando senti a fera rondando pela escola.

— O que é? – perguntou Harry pressuroso.

Mais cliques altos, mais movimentos; as aranhas pareciam estar fechando o cerco.

— Agora você não deveria ter perguntado isso, Harry. – sussurrou Sophie para o irmão.

— Nós não falamos nisso! – disse Aragogue com rispidez. – Não mencionamos seu nome, assim como não mencionamos o nome da Grande Fera! Eu nunca disse nem a Hagrid o nome daquele temível bicho, embora ele tenha me perguntado muitas vezes.

Nem Sophie e nem Harry queriam insistir no assunto, não com as aranhas se aproximando por todos os lados.

Aragogue parecia ter-se cansado de falar. Estava recuando lentamente para sua teia em forma de cúpula, mas as outras aranhas continuaram a se aproximar devagarinho de Harry, Sophie e Rony.

— Bem, então vamos embora. – falou Sophie, tentando e falhando manter a voz calma, a Aragogue, ouvindo as folhas farfalharem às suas costas.

— Embora? – repetiu Aragogue lentamente. – Acho que não...

— Mas... Mas...

— Meus filhos e minhas filhas não fazem mal a Hagrid, porque eu assim ordeno.

— Quando eu falar pra você correr, você pega o Rony e o Canino e corre. – sussurrou Sophie baixo. Harry olhou surpreso para ela enquanto a mesma continuava olhando para onde Aragogue falava.

—... Mas não posso negar a eles carne fresca, quando ela entra com tanta boa vontade em nosso ninho. Adeus, amigos de Hagrid. – Nesse momento várias aranhas começaram a andar até eles.

— Harry, corre! – gritou Sophie pegando a varinha e apontando para as aranhas e lançando um raio azul nelas fazendo várias recuarem para trás.

Harry virou-se depressa. A poucos passos, erguendo-se acima dele, havia uma parede maciça de aranhas, dando cliques, os muitos olhos brilhando nas cabeças feias. Havia aranhas demais, mas ao tentar se levantar, pronto para morrer lutando ao lado de Sophie, ouviu uma nota alta e longa, e um clarão de luz atravessou a depressão. O carro do Sr. Weasley roncou encosta abaixo, os faróis acesos, a buzina tocando, derrubando aranhas para os lados; várias foram atiradas de costas, as múltiplas pernas sacudindo no ar. O carro parou cantando os pneus diante dos garotos e as portas se abriram.

— Entrem! – gritou Sophie empurrando Rony e Harry para dentro do carro. – Canino, vem!

O cachorro entrou rapidamente no carro. E quando Harry e Rony haviam entrado no carro, Sophie fechou ambas as portas.

— Leve-os para longe da depressão. – ordenou Sophie olhando para o carro que deu ré.

— Sophie!! – ela escutou Harry enquanto o carro se afastava. – Volta! RONY VOLTA PARA LÁ!

E foi a última coisa que escutou dele antes do carro estar totalmente afastado. Ela se voltou para as aranhas e que se aproximavam dela por todos os lados. Ela lançou outra onde de Lumus Máxima ao redor dela e as aranhas recuaram irritadas. Ela então fechou os olhos com força, com o coração acelerado.

“Seja forte, valente coração, estou com você. Me chame toda vez que ver um relâmpago, não se sinta sozinha, você sempre pode me encontrar. Alguns milhares de quilômetros é apenas um pouco de espaço.”

Ela foi até o fundo de sua mente, onde a música tocava alto e pediu por ajuda, pediu por um relâmpago. E como mágica antiga e poderosa, no mesmo instante um clarão seguido pelo barulho de um trovão caiu bem ao lado de onde ela estava fazendo varias aranhas voarem e gritarem assustadas.

Ela abriu os olhos chocadas com o que estava bem ao seu lado. Um relâmpago estava bem ali, ao lado dela, como se congelado no tempo iluminando tudo ao redor dela e fazendo todas as aranhas ficarem afastadas.

— Tempestade! Tempestade! – gritavam as aranhas num misto de raiva e medo. – Inimigo! A Tempestade Iminente está aqui!

Sophie olhou chocada para todas aranhas e depois para o relâmpago ainda firme e brilhante ao seu lado. Então ela ouviu novamena voz de Aragogue:

— Você é o centro da Tempestade. – disse ele com um tom antigo e assombrado.

— O que isso significa? – ela perguntou com o coração martelando no peito com força.

— Assim existe o Senhor das Trevas – contou Aragogue. –, meu pai, solitário e sem nunca saber o que é a luz e o amor. E como equilíbrio existe o Senhor do Resplendor, igualmente sozinho mas carregado de amor. Amor para aquela a quem ele ama, aquele a quem ele prometeu a eternidade em vida e em morte. A Estrela do Amanhã, o Sol, tão poderosa e cheia de luz quanto ele.

Sophie engoliu em seco e voltou a olhar para o relâmpago. E então um alto trovão soou bem acima de onde ela estava.

— Compaixão! Compaixão! – exclamou Aragogue alto. – Eu vejo a luz dele! Bondade e piedade!

Sophie olhou para Aragogue e realmente viu que os olhos da enorme aranha pareciam claros novamente. Outro trovão soou acima deles fazendo os filhos de Aragogue se agitarem.

— Paz, meus filhos e filhas. – disse Aragogue agora mais calmo. – Não é um inimigo. É bondoso demais. Cheio de misericórdia! Vá, Estrela do Amanhã, eu estaria cometendo um crime do pior tipo tendo-a morta em minha depressão.

Neste momento o rugido de Aslan soou ao longe, claramente vindo ao resgate delas e novamente as aranhas se agitaram cheias de medo. Mesmo Aragogue parecia aterrorizado.

— Vá! Encontre a sua fera e a tire de perto de nós!

Sophie olhou para trás e viu que todas as aranhas estavam abrindo caminho para ela passar. Olhou uma última vez para Aragogue:

— Tenha uma longa vida, Aragogue.

E com um último olhar para o relâmpago que começava a se apagar, Sophie correu passando pelas aranhas o mais rápido que pode e a luz do relâmpago iluminou até ela bater de encontro com Aslan que não perdeu tempo e se abaixou para que ela subisse em suas costas. E assim ela o fez, logo, estava longe da depressão.

 

•°•°•°°•TDWTS•°°•°•°•


Harry saiu do carro desesperado com as mãos na cabeça e os olhos marejados, e totalmente chocado para aquele relâmpago iluminando o que parecia ser onde eles estavam, onde sua irmã estava.

— Temos que buscar alguém! – disse Rony ao lado dele. – Eu vou até o castelo, talvez Dumbledore ainda esteja aqui!

Harry ia responder quando alguma coisa pulou sobre os dois e correu pela floresta em alta velocidade que Harry não soube o que poderia ter sido mas a dívida saiu de sua cabeça quando um rugido foi ouvido ecoando por toda a floresta até eles.

— Aslan! – exclamou Harry abrindo um largo sorriso. – Ele foi até ela, Rony! Ele foi até ela!

O Potter mais novo não soube quanto tempo se passou, ele assistiu apreensivo a luz do relâmpago sumir e nada de Aslan ou Sophie surgirem. Pareciam ter sido horas quando Aslan saiu das árvores com Sophie deitada sob suas costas e com o rosto deitado na juba fofa do leão.

— Soph! – exclamou ele indo até as Aslan e pegando a mão da irmã. – Sophie, você esta bem? Se machucou?

— Eu quero ficar sem ver aranhas durante cinco anos no mínimo! – Resmungou Sophie. – Vocês estão bem?

— Estamos...

Estamos? Não estamos não! Sigam as aranhas! Se um dia Hagrid sair de Azkaban, eu mato ele! Do que adiantou ir até lá? O que a gente descobriu?! – exclamou Rony completamente vermelho e irritado.

— Que Hagrid nunca abriu a Câmara Secreta. – respondeu Harry olhando para Sophie. – Ele sempre foi inocente.

— Certo. – resmungou Rony se sentando na grama.

— Você esta bem mesmo? – perguntou Harry olhando para Sophie que ainda estava deitada em Aslan e olhava para o céu. – O que foi aquele relâmpago lá atrás.

Sophie suspirou.

— Eu não sei. – ela respondeu por fim. – Sorte acredito, talvez alguém muito poderoso goste de mim. De qualquer forma... Estou um pouco tonta mas vou ficar bem.

Ela então se ajeitou nas costas de Aslan que nem mesmo parecia sentir o peso da ruiva.

— Eu vou para a sala de Dumbledore – informou ela. – Vou avisar aos outros diretores sobre o afastamento dele, e depois irei para a Ala Hospitalar pedir algo para tontura. Vocês vão direto para o dormitório, entenderam?

Os dois concordaram. Sophie e eles entraram juntos no castelo, e tomaram caminhos diferentes.

Rony caiu na cama sem se dar o trabalho de tirar a roupa. Harry, porém, não sentia sono. Sentou-se na borda de sua cama de colunas, pensando em tudo que Aragogue dissera.

A coisa que se escondia em algum lugar do castelo, pensou, parecia uma espécie de monstro Voldemort – nem mesmo outros monstros gostavam de nomeá-lo.

“Apesar que eles também não gostavam de chamar Aslan pelo nome de leão, e eu me recuso a comparar ele com Voldemort.” pensou Harry.

Mas ele e Rony não estavam nem perto de descobrir o que era, nem como petrificava suas vítimas. Até mesmo Hagrid jamais soubera o que havia na Câmara Secreta.

Harry puxou as pernas para cima da cama e se recostou. Não conseguia ver o que mais poderiam fazer. Tinha encontrado becos sem saída por todos os lados. Riddle apanhara a pessoa errada, o herdeiro de Slytherin escapara, e ninguém saberia dizer se era a mesma pessoa ou outra diferente, que abrira a Câmara desta vez. Não havia mais ninguém a quem perguntar. Harry ficou deitado, ainda pensando no que Aragogue dissera. O sono vinha chegando quando o que lhe pareceu a ultimissima esperança lhe veio à cabeça e ele de repente se sentou na cama.

— Rony. – sibilou no escuro. – Rony...

O amigo acordou com um ganido como o de Canino, correu os olhos arregalados à volta e viu Harry.

— Rony, aquela garota que morreu. Aragogue disse que ela foi encontrada no banheiro. – falou Harry sem dar atenção aos roncos fungados de Nevillle que vinham de um canto. – E se ela nunca saiu do banheiro? E se ela continua lá?

Rony esfregou os olhos, franzindo a cara para a lua. E então ele também entendeu.

— Você não acha que... Pelo amor de Deus, não a Murta Que Geme?!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "TO DIE WITH THE SUN; reescrita de harry potter" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.