TO DIE WITH THE SUN; reescrita de harry potter escrita por SWEETBADWOLF


Capítulo 27
Capítulo 27 — Uma Lenda Esquecida




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Harry olhava assutado para o corpo da Madame Nor-r-ra, a gata do zelador, que estava pendurada pelo rabo em um suporte de tocha. Estava dura como um pau, os olhos arregalados e fixos.

E ele sabia que devia sentir pena da gata mas tudo que conseguia pensar naquele momento era que...

— Não é o Aslan. – ele sussurrou para os amigos. – ASLAN!

— Psiu!! – disse Rony assustado para Harry. – Cala a boca, temos que sair daqui!

— E o Aslan?! – retrucou Harry irritado.

— A gente não devia ajudar? – perguntou Hermione olhando ainda assustada para o corpo da gata.

— A gente tem que sair daqui, é isso que temos que fazer! Aslan deve estar bem...

Mas era tarde demais. Um ronco, como o de um trovão distante, informou-lhes que a festa terminara naquele instante. De cada ponta do corredor onde estavam, ouviram o barulho de centenas de pés que subiam as escadas, e a conversa alta e alegre de gente bem alimentada; no instante seguinte os alunos entravam aos encontrões pelos dois lados do corredor.

A conversa, o bulício, o barulho morreu de repente quando os garotos que vinham à frente viram o gato pendurado. Harry, Rony e Mione estavam sozinhos no meio do corredor, e os estudantes que se empurravam para ver a cena macabra se calaram.

Então alguém gritou em meio ao silêncio.

— Inimigos do herdeiro, cuidado! Vocês vão ser os próximos, sangues ruins!

Era Draco Malfoy, olhando com os olhos frios para o trio.

 

•°•°•°°•TDWTS•°°•°•°•


— Algo aconteceu. – disse Dumbledore, os dois estavam parados em frente as portas do Grande Salão, observando os alunos irem para a escadaria. – Tem alguma ideia para onde Aslan tenha ido?

— Não, e por isso estou mais preocupada. – respondeu Sophie comendo uma pelinha do dedo. – Você sentiu alguma coisa?

— Sim, e não gosto nada do que senti. – respondeu o diretor. – Onde Harry está?

— Nick convidou ele para o aniversário de morte dele...

Nesse momento Castiel aparecendo correndo indo na direção deles, e pelo olhar apavorado em seu rosto, Sophie já sentiu enjoada de medo.

— Sophie, diretor! Rápido! Algo... Uma coisa... Olha eu não sei o que aconteceu mas vocês precisam vir! – e saiu correndo por onde veio.

Sophie e o diretor partiram com rapidez atrás do rapaz, subindo os degraus em passos rápidos até chegarem no segundo andar onde um aglomeração se encontrava. Mas, assim que os alunos viram que o diretor havia chegado, deram espaço para eles passarem.

Você!— gritou a voz de Filch carregada de raiva. – Você! Você assassinou a minha gata! Eu te mato! EU TE MATO!

— Argo! – chamou o diretor com firmeza.

Sophie e Dumbledore finalmente haviam chegado até o fim da aglomeração e viram o zelador segurando Harry pelas vestes de forma bastante violenta. Erik estava tentando fazer o homem largar o irmão dela mas aparentemente Filch era bem forte. A Potter mais velha sentiu bastante raiva naquele momento.

— Largue o meu irmão, Filch! – ela rosnou.

— Sophie! – exclamou Harry. – Sophie, o Aslan...

Neste momento um rugido foi ouvido e todos os alunos se afastaram dando passagem para Aslan que vinha acompanhado dos professores da escola. Sophie sentiu um aperto no peito ao ver que ele estava mancando. Ela correu até ele, segurando a pata esquerda que parecia estar quebrada.

— Seu idiota, o que você estava pensando? – ela perguntou para o leão que choramingou.

— Meu Deus... O que é isso?!

Sophie olhou na direção em que a professora Sprout estava apontando e finalmente viu o porque de tanta balbúrdia naquele andar. A pichação na parede com aquele aviso fez todo o corpo dela se arrepiar de medo. Lançando um olhar rápido para Harry – que agora havia sido solto por Filch – e para Erik que estava ao lado dele, os dois olhavam para ela com expressões sérias e temerosas. Ela se voltou para Aslan e viu que Aslan olhava para a parede pichada como se ela fosse o seu inimigo, estava mostrando seus dentes e rosnava baixinho.

— Você sabe o que é isso. – ela sussurrou apenas para o leão ouvir, e o mesmo acenou.

Ela suspirou e deu um beijo rápido na juba dele antes de se levantar. Procurou por Teresa e Patrick na multidão e quando os avistou, os chamou com a mão, eles chegaram rapidamente.

— Levem ele para a Ala Hospitalar, por favor. – ela pediu. – Não precisam ficar com ele, apenas digam para a Madame Pomfrey o levar para a sala de Dumbledore depois que cuidar da pata dele.

— Deixa com a gente. – respondeu Teresa.

Sophie sorriu fraco para ela e foi ficar ao lado do diretor que estava dando ordem para os monitores.

— Levem os alunos para suas respectivas salas comunais, ninguém mais sai hoje, nada de passeios noturnos. – disse o diretor com o rosto sério. – Sr. Potter, Srta. Granger e Sr. Weasley fiquem por favor.

— Devo ir também, senhor? – Sophie perguntou baixinho enquanto os monitores levavam os alunos embora.

— Não, Sophie. Gostaria que ficasse, acredito que o aviso de nosso amigo elfo acaba de se tornar real. – respondeu Dumbledore. – Vamos...

Lockhart deu um passo à frente pressuroso.

— A minha sala fica mais próxima, diretor, logo aqui em cima, por favor, fique à vontade...

— Muito obrigado, Gilderoy – disse Dumbledore.

Os presentes se afastaram para os lados em silêncio para deixá-los passar. Lockhart, com o ar agitado e importante, acompanhou Dumbledore, apressado; o mesmo fizeram a Profª McGonagall, Profª Sprout, Prof. Flitwick e o Prof. Snape.

Sophie andava tranquilamente ao lado de Dumbledore, o trio estava atrás de Filch que ia carregando a gata paralisada e chorando baixo.

Ao entrarem na sala escura de Lockhart, ouviram uma agitação passar pelas paredes; Sophie viu enjoada os vários Lockharts nas molduras se esconderem, com os cabelos presos em rolinhos. O verdadeiro Lockhart acendeu as velas sobre a escrivaninha e se afastou um pouco.

Dumbledore pegou a Madame Nor-r-ra de Filch e a pôs na superfície polida e começou a examiná-la. Sophie ficou ao lado de Harry, trocando olhares tensos com os três alunos mais jovens que agora estavam sentados, em cadeiras fora do círculo iluminado pelas velas.

A ponta do nariz comprido e curvo de Dumbledore estava a menos de três centímetros do pelo de Madame Nor-r-ra. Ele a examinou atentamente através dos óculos de meia-lua, apalpou-a e cutucou-a com os dedos longos. A Profª McGonagall estava curvada quase tão próxima, os olhos apertados. Snape esticava-se por trás deles, meio na sombra, com uma expressão estranhíssima no rosto: era como se estivesse fazendo força para não sorrir. Sprout e Flitwick estavam ao lado de Filch, o acalmando. E Lockhart andava à volta do grupo, oferecendo sugestões.

— Decididamente foi um feitiço que a matou, provavelmente a Tortura Transmogrifiana. Já a usaram muitas vezes, que pena que eu não estava presente, conheço exatamente o contrafeitiço que a teria salvado...

Os comentários de Lockhart eram pontuados pelos soluços secos e violentos de Filch. Sophie já estava pronta para mandar o professor de Defesa Contra as Artes das Trevas calar a boca, tudo que ele estava falando só estava piorando a situação de Filch e por mais que ela não fosse a maior fã do homem, ela estava sentindo muita pena dele. Ela sabia como era o sentimento de seu bichinho ser atacado e quase morto, havia sentido no último ano em Hogwarts.

Pensar no último ano, a fez se lembrar de Voldemort. Aslan havia agido de maneira semelhante na floresta proibida quando Voldemort havia aparecido, ido atrás do bruxo para atacá-lo. E ele havia feito novamente naquela noite, pedindo para ela não segui-lo e corrido direto para o perigo. E só ele saberia o que havia encontrado que quebrara seu osso da pata.

Dumbledore agora murmurava palavras estranhas para si mesmo, tocando Madame Nor-r-ra com a varinha mas nada aconteceu: ela continuava parecendo que fora empalhada recentemente.

Então o diretor se ergueu, Minerva e Snape se afastaram, e Sophie se aproximou dele, que agora havia se virado para Filch que ainda chorava encolhido em uma cadeira como se fosse um bebê, com os professores Flitwick e Sprout ainda tentando os acalmar.

— A gata não está morta, Argo. – informou ele baixinho.

Lockhart parou imediatamente de contar o número de assassinatos que evitara.

— Não está morta? – engasgou-se Filch, olhando por entre os dedos para Madame Nor-r-ra. – Então por que é que ela está toda... Toda dura e gelada?

— Ela foi petrificada. – respondeu Dumbledore (“Ah! Eu bem que achei!”, disse Lockhart.) – Mas de que forma, eu não sei dizer..

— Pergunte a ele! – gritou Filch, virando o rosto manchado e escorrido de lágrimas para Harry.

— Nenhum aluno da idade do meu irmão seria capaz de fazer isso, Filch! – retrucou Sophie irritando-se.

— Você só diz isso porque ele é seu irmão! – urrou Filch.

— Nenhum aluno de segundo ano poderia ter feito isto. – disse agora Dumbledore com firmeza. – Seria preciso conhecer Magia Negra avançadíssima...

— Foi ele, foi ele! – cuspiu Filch, o rosto balofo congestionado. – O senhor viu o que ele escreveu na parede! Ele encontrou... No meu escritório... Ele sabe que eu sou um... Sou um... – O rosto de Filch se contorceu de modo horrendo. – Ele sabe que sou um aborto!— terminou.

Rony e Hermione arregalaram os olhos para Filch e Harry. Sophie não ficou surpresa, mas levantou a sobrancelha para o irmão que se apressou em se defender:

— Jamais encostei o dedo em Madame Nor-r-ra! – disse Harry em voz alta. – Nem mesmo sei o que é um aborto.

— MENTIRA! – gritou Filch o rosto ficando roxo. – VOCÊ VIU A CARTA DO FEITICEXPRESSO!

— Se me permite falar, diretor. – pediu Snape de seu lugar nas sombras, e Sophie já sentiu raiva e seus maus pressentimentos aumentarem; tinha certeza de que nada que Snape tivesse a dizer iria beneficiar seu irmão.

— Snape se você ousar... – Sophie disse baixo mas olhando diretamente para a sombra que Snape se encontrava.

— Talvez Potter e seus amigos simplesmente estivessem no lugar errado na hora errada. – disse ele ignorando Sophie e com um ligeiro trejeito de desdém lhe encrespando a boca como se duvidasse do que dizia. – Mas temos um conjunto de circunstâncias suspeitas neste caso. Por que é que estavam no corredor do andar superior? Por que não estavam na Festa das Bruxas?

Harry, Rony e Hermione rapidamente explicaram para todos sobre a festa de Nick.

— ... Havia centenas de fantasmas na festa, que poderão confirmar que estávamos lá... – terminou Rony firme.

— Mas por que não foram depois para a Festa das Bruxas? – perguntou Snape, os olhos negros faiscando à luz das velas. – Por que subir àquele corredor?

Rony e Hermione olharam para Harry.

— Porque... Porque... - disse Harry, e Sophie percebeu que ele estava ficando ansioso e segurando o dedo mindinho com força, algo que só fazia quando mentia ou estava muito nervoso. – porque estávamos cansados e queríamos nos deitar.

— Sem comer nada? – perguntou Snape erguendo a sobrancelha e com um pequeno sorriso desdenhoso.

— Até onde eu sei, professor, os alunos ainda tem direitos de vontade própria. – retrucoy Sophie antes de Harry. – Se meu irmão, Rony e Hermione estavam querendo voltar para o dormitório então significa que obviamente eles estavam sem fome.

— Isso e também porque havíamos escutado o rugido de Aslan vindo daquele andar. – falou Hermione ansiosa. – Foi como naquela noite na floresta, Sophie.

Sophie engoliu em seco.

— Assim que escutamos o rugido dele, corremos para aquele corredor. – disse Harry. – Quando chegamos lá encontramos a gata, eu planejava chamar ajuda mas estava preocupado com Aslan que não estava em nenhum lugar.

Sophie concordou, ficando mais pensativa ainda pela situação. Dumbledore lançou a Harry um olhar penetrante.

— Inocente até que se prove o contrário, Severus. – disse o diretor com firmeza.

Snape pareceu furioso. E Filch também.

— Minha gata foi petrificada! – gritou, os olhos esbugalhados. – Quero ver alguém ser castigado!

— Vamos curá-la, Argo. – disse Dumbledore, paciente. – A Profª Sprout recentemente obteve umas mandrágoras. Assim que elas crescerem, vou mandar fazer uma poção que ressuscitará Madame Nor-r-ra.

A diretora da Lufa-Lufa concordou orgulhosa.

— Eu faço. – Lockhart entrou na conversa. – Devo ter feito isto centenas de vezes. Seria capaz de preparar um Tônico Restaurador de Mandrágora até dormindo...

— Desculpe-me – disse Snape num tom gelado. –, mas creio que sou o professor de Poções aqui nesta escola.

Houve uma pausa muito incômoda.

— Vocês podem ir. – disse Dumbledote a Harry, Rony e Hermione e eles saíram com pressa. – Minerva, por favor leve a gata junto com a Profª Sprout, e Argo, vá com elas. Se me dão licença irei ter uma conversa com Sophie. – ele se virou para a Potter mais velha. – Vamos para a minha sala.

Sophie e Dumbledore saíram da sala de Lockhart e foram até a do diretor. Ao chegarem lá, a ruiva ficou aliviada ao ver que Aslan já se encontrava deitado no tapete com a pata enfaixada.

— Fico feliz em te ver bem, Aslan. – comentou Dumbledore indo se sentar em sua mesa.

— Ele sentiu. – comentou Sophie acariciando a juba do leão. – Seja o que for que fez aquilo com a gata e na parede, ele sentiu, viu e brigou.

Dumbledore concordou, seu rosto bastante pensativo.

— Então... o que acha? – perguntou o diretor. – Sobre Harry, digo. Tive a impressão que ele não estava dizendo algo.

— É porque ele realmente não estava. – falou Sophie com um suspiro. – O senhor sabe, tão bem quanto eu, que aquele caminho não leva para a sala comunal da Grifinória. Seja qual for o caminho que Harry estava tomando, ele foi atraído justamente para aquele lugar. Talvez apenas pelo rugido de Aslan, ou talvez por algo mais.

— Sem ser Aslan, o que poderia tê-lo atraído? – perguntou Dumbledore pensativo.

— Não sei... Mas eu vou conversar com ele. – respondeu Sophie. – Agora, o que significa aquilo? Aquela coisa escrita na parede. A Câmera Secreta...?

— Bem, é uma história longa. – respondeu Dumbledore. – Mas creio que seria bom, você entendê-la agora, já que amanhã de manhã, todos estarão falando sobre ela.

— Todos sabem a história?

— Não, muitos nunca ouviram. Mas você sabe, eles vão atrás da história verdadeira. – disse Dumbledore. – Enfim, começou com os quatro fundadores de Hogwarts....

 

•°•°•°°•TDWTS•°°•°•°•


Sophie abriu os olhos preguiçosamente, e por um breve minuto ficou confusa com o teto desconhecido que estava vendo, mas logo se acalmou se lembrando que havia decidido dormir no quarto antigo do afilhado de Dumbledore junto com Aslan, para o leão não precisar ter que andar até o dormitório da Grifinória.

Olhando para o chão, ela viu o leão deitado no tapete felpudo do quarto, a pata enfaixada estava agora enrolada de baixo do corpo enorme do felino o que já dava um pouco de alívio para ela. Voltando a olhar para o teto, ela suspirou. Observando os Pássaros Trovões voando em círculos, ela se permitiu relaxar um pouco mais antes de ter que lidar com o novo dia.

E seria um dia cheio, terrivelmente cheio. Com todo o tipo de fofoca acontecendo sobre a pichação na parede, sobre o que poderia ser a Câmara Secreta, e quem era o herdeiro.

Ela escutou toda a história que Dumbledore contou sobre quem foi que criou a Câmara, e a criatura que vivia - ou vive - dentro dela. Ela não ficou nem um pouco surpresa de ter sido Salazar Slytherin a ter criado tudo isso, porém, o medo pela ideia de um monstro ainda estar vivo e agora livre pelo castelo realmente havia pegado ela. Principalmente em relação ao Harry, mais uma vez o medo de seu irmão desaparecer estava crescendo dentro dela, por mais que ela tentasse evitar senti-lo, era muito forte.

Ela fechou os olhos e respirou fundo para acalmar seu coração que havia começado a desparar. Suas mãos se fecharam com força no edredom de banana do afilhado de Dumbledore e sua respiração começou a ficar presa em sua garganta quando...

A música começou. Foi como um chá calmante em sua alma e mente, e ela estava respirando normalmente novamente, assim como seu coração voltava a se acalmar. Na escuridão pelos seus olhos fechados, um brilho azul e amarelo se formou em sua mente, estava fraco, mas ainda iluminava bastante.

— Está tudo bem, garota preciosa. – era a voz escocesa novamente, e parecia tão perto dela. – Seja forte, valente coração, estou com você. Me chame toda vez que ver um relâmpago, não se sinta sozinha, você sempre pode me encontrar. Alguns milhares de quilômetros é apenas um pouco de espaço.

Ela sentiu um toque suave na testa dela, como um dos beijos que Remus lhe dava quando a colocava para dormir quando criança, e todo seu medo se foi. Ela estava calma, ela estava bem, ela ficaria bem.

Quando ela abriu os olhos novamente, não havia ninguém, a música havia sumido assim como as cores azuis e amarelas. Que por coincidência, eram as cores daquele quarto. Ela não sabia quem era o dono daquela voz, não sabia o porquê de continuar ouvindo ele dentro de sua mente, mas ela não se importava, pois, por algum motivo, aquela voz lhe dava mais paz que qualquer outra.

Se sentando na cama, ela percebe que Aslan já havia acordado e também estava sentado, a observando do tapete.

— Pronto para o dia, Aslan? – ela perguntou para ele.

Aslan ficou de pé, em toda sua altura poderosa e forte, mostrando para ela que sua pata já não era mais um problema. Sophie sorriu.

— É, eu também estou.

 

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— Então... Vocês acreditam em mim? – perguntou Harry após contar para o restante do grupo sobre a noite passada.

Eles eram os únicos na mesa da Corvinal no café-da-manhã pois todos haviam acordado bastante cedo para conversarem sobre o evento da noite de Halloween.

— Claro que acreditamos, Harry. – respondeu Harriet.

— Eu deveria ter contado para eles? Digo, para Dumbledore, e os professores? – perguntou o Potter novamente.

— Com certeza não. – respondeu Castiel. – Ouvir vozes não é exatamente normal no nosso mundo, Harry.

— É tudo tão estranho... – comentou Teresa pensativa.

— Sei que é estranho. – disse Harry. – A coisa toda é estranha. O que era aquela pichação na parede? A Câmara Secreta foi aberta... Que será que significa isso?

— Sabe, me lembra alguma coisa. – disse Rony lentamente. – Acho que alguém certa vez me contou uma história de uma câmara secreta em Hogwarts... talvez tenha sido o Gui...

— E afinal o que é um aborto? – perguntou Harry.

— É exatamente o que Filch é – respondeu Erik calmo. – Um aborto é alguém que nasceu em uma família de bruxos mas não tem poderes mágicos. De certa forma é o oposto do bruxo que nasceu trouxa, mas os abortos são muito raros. Se Filch está tentando aprender magia em um curso Feiticexpresso, imagino que ele seja um aborto. Isto explicaria muita coisa. Por exemplo a razão por que ele odeia tanto os alunos.

— Do que vocês estão falando? – Era Sophie se sentando ao lado de Harry, com Aslan logo ao lado.

— Oi! Onde você dormiu? – perguntou Teresa. – Não te vi no dormitório.

— No quarto do afilhado do Dumbledore. – respondeu ela. – Fica na sala dele, e eu não queria fazer Aslan andar até a torre da Grifinória.

— Dumbledore tem afilhado? – zombou Fred.

— Sim, algum problema com isso? – retrucou Sophie franzindo a testa. Fred deu de ombros, evitando olhar para ela. – De qualquer forma, você, jovem Potter, deixou de dizer algo ontem a noite?

— Como você sabe?

— Eu te conheço muito bem, querido. Agora desembucha.

— Eu ouvi novamente. – sussurrou Harry em resposta. – Aquela voz de antes, eu escutei ela dizendo que queria matar alguém. Foi isso que estava me levando para o segundo andar antes de Aslan rugir.

— É... Que bom que você não disse nada ontem. – comentou Sophie coçando o cabelo. – Snape teria criado todo um caso de como você é terrivelmente perigoso para a sociedade.

— Foi o que eu pensei. – murmurou Hermione.

— Tem mais... Eu... Eu escutei a voz falando do Aslan. – continuou Harry. – Disse que sentia cheiro de sangue... Chamou o Aslan de inimigo.

Sophie olhou para Aslan que estava comendo. Harry pode ver que os olhos dela estavam bem pensativos.

— Acho que Aslan sabe a quem pertence essa voz. – comentou ela ainda olhando para o leão. – Acho que ele pode escutar ela também.

— Que criatura poderia ser inimiga dele? – perguntou Jorge. – Quero dizer... Nunca vi ele mal com nenhum bicho.

— Bem, nem sempre estamos com ele, não é? – retrucou Sophie calma. – Eu nem sei quantos anos ele tem, só sei que ele é único e que me escolheu... Mas ninguém sabe de antes dele chegar na escola. E ainda tem o fato que ele gosta muito de andar pela floresta proibida.

— E o que fazemos? – perguntou Charles. – Com o que aconteceu com a gata do Filch, não acho sábio deixarmos Aslan sozinho. Na verdade, acho que nenhum de nós deveríamos estar sozinhos a partir de agora, se isso for o que aquele elfo que vocês conheceram quis dizer.

— Eu concordo. – disse Patrick. – Se o que aquela pichação de aviso deixou bem claro, é que a Madame Nor-r-ra não vai ser a única.

Todos concordaram, afinal, eles ainda estavam no meio do ano.

 

•°•°•°°•TDWTS•°°•°•°•


Durante alguns dias, a escola praticamente não conseguiu falar de outra coisa a não ser do ataque à Madame Nor-r-ra. Filch o manteve vivo na lembrança de todos, perambulando pelo lugar onde ela fora atacada, como se achasse que o atacante poderia voltar. Harry o vira esfregando a mensagem na parede com Removedor Mágico Multiuso Skower, mas sem resultado; as palavras continuavam a brilhar na pedra, mais fortes que nunca. Quando Filch não estava guardando a cena do crime, esquivava-se pelos corredores, os olhos vermelhos, investindo contra estudantes distraídos e tentando impingir-lhes uma detenção por coisas do tipo “respirar fazendo barulho” e “parecer feliz”.

Gina Weasley parecia ter ficado muito perturbada com o destino de Madame Nor-r-ra. Segundo os gêmeos, ela adorava gatos.

— Mas você nem chegou a conhecer Madame Nor-r-ra direito – disse Fred animando-a. – Francamente, estamos muito melhor sem ela. – Os lábios de Gina tremeram. Sophie não perdeu tempo em bater na cabeça do Weasley que logo calou a boca.

— Coisas assim não acontecem todo dia em Hogwarts. – tranquilizou-a agora Jorge. – Vão pegar o maníaco que fez isso e mandá-lo embora daqui na hora. Só espero que ele tenha tempo de petrificar o Filch antes de ser expulso. Brincadeirinha... – acrescentou Jorge depressa, ao ver Gina empalidecer. Sophie bateu na nuca dele também.

— Não ligue para eles, Gina. – tranquilizou a Potter. – Eu garanto que tudo vai ficar bem, certo? E você não tem com o que se preocupar...

— Isso é verdade! – exclamou Benjamin. – Você e Luna podem deixar de se preocuparem, se o monstro da câmara secreta chegar perto de vocês, ele vai saber o que um Greenfire é capaz para proteger seus amigos.

O sorriso de Gina fez a Potter ficar mais tranquila com a saúde mental dela. Com um olhar agradecido, ela se voltou para o restante do grupo.

Eles estavam almoçando na mesa da Lufa-Lufa, e entrando no Grande Salão, vinham Hermione e Charles, seus rosto carregavam irritação.

O ataque também afetara os dois. Tornou-se comum tanto a Granger quando o Francis passarem muito tempo lendo juntos e indo na biblioteca, mas agora não fazia quase mais nada. E tampouco o grupo conseguia obter alguma resposta quando lhe perguntavam o que pretendiam fazer. Até aquele dia.

Charles se sentou ao lado de Erik, que logo tratou de colocar um prato cheio para o corvino – algo que foi uma ação inconsciente do alemão, mas que deixou Sophie de coração quente –, e Hermione se sentou ao lado de Rony, que estava terminando uma redação do professor Binns.

— O que vocês dois tem? – perguntou Harriet.

— Todos os exemplares de Hogwarts: uma história foram retirados. – anunciou Hermione irritada. – E tem uma lista de espera de duas semanas. Eu gostaria de não ter deixado o meu exemplar em casa, mas não consegui enfiá-lo no malão com todos os livros de Lockhart.

— Para que vocês querem a história? – perguntou Harry franzindo a testa.

— Pela mesma razão que todo mundo quer: para ler a lenda da Câmara Secreta. – respondeu Charles comendo a comida como se ela fosse sua inimiga. – Hermione vai perguntar para o professor Binns, já que a próxima aula deles é com ele.

— Que vem a ser isso? – perguntou Jorge depressa. – Essa lenda...

— Esta é a questão! Nem eu, nem Charles conseguimos nos lembrar. – respondeu Mione, mordendo o lábio.

— Mione, me deixe ler a sua redação? – pediu Rony desesperado, consultando o relógio de pulso. – A aula daquele fantasma vai começar logo!

— Não, deixo não. – retrucou a garota com severidade. – Você teve dez dias para terminá-la...

— Eu só preciso de mais cinco centímetros, deixe, vai...

— Você vai assistir História da Magia ou vai pra sua aula agora? – perguntou Harry para Sophie, ignorando a nova discussão que havia se iniciado entre o Weasley e a Granger.

— História da Magia. – respondeu Sophie. – Você... Não tem ouvido mais nada? Da voz...

— Nada. – respondeu Harry. – Mas isso me deixa mais nervoso do que calmo.

A sineta tocou. Cada um deles se despediram, Sophie puxou Charles para ir com ela para a aula de Binns, para ele poder escutar sobre a lenda da Câmara. E também para ele manter ela calma, pois ela sabia o que aconteceria depois que todos escutassem sobre a lenda.

Chegando na sala, ela e o Francis se sentaram nas últimas cadeiras.

A História da Magia era a matéria mais sem graça do programa. O Prof. Binns, encarregado de ensiná-la, era o único professor fantasma, e a coisa mais excitante que acontecia em suas aulas era ele entrar em classe atravessando o quadro-negro.

Velhíssimo e enrugado, muita gente dizia que ainda não percebera que estava morto. Um belo dia ele simplesmente se levantara para dar aula e deixara o corpo sentado numa poltrona diante da lareira da sala de professores; sua rotina não se alterara nem um pingo desde então.

Hoje estava chato como sempre. O Prof. Binns abriu seus apontamentos e começou a ler num tom monótono como um aspirador de pó velho, até que quase todos os alunos na sala caíram num estupor profundo, de que emergiam ocasionalmente o tempo suficiente de copiar um nome ou uma data e, em seguida, tornar a adormecer.

Estava falando havia meia hora quando aconteceu uma coisa que nunca acontecera antes. Hermione levantou a mão, e no mesmo instante Charles acordou do estupor que havia entrado junto de Sophie.

O Prof. Binns ergueu os olhos no meio de um discurso mortalmente maçante sobre a Convenção Internacional de Bruxos de 1289 e fez uma cara de surpresa.

— Senhorita... Ah...?

— Granger, professor. Eu gostaria de saber se o senhor poderia nos contar alguma coisa sobre a Câmara Secreta? – pediu Mione com voz clara.

Dino Thomas, que estivera sentado com a boca aberta, espiando para fora da janela, acordou de repente do seu transe; a cabeça de Lilá Brown deitada sobre os braços se ergueu e o cotovelo de Neville Longbottom escorregou da carteira. Sophie sorriu de lado e cruzou os braços, Charles ao seu lado estava quase pulando da cadeira.

O Prof. Binns pestanejou.

— Minha matéria é História da Magia. – disse ele naquela voz seca e asmática. – Lido com fatos, Srta. Granger, não com mitos nem com lendas. – ele pigarreou fazendo um barulhinho como o de um giz que se parte e continuou. Charles murchou. – Em setembro daquele ano, um subcomitê de bruxos sardos...

O professor gaguejou antes de parar. A mão de Mione estava outra vez no ar.

— Srta. Grant?

— Por favor, professor, as lendas não se baseiam sempre em fatos?

O Prof. Binns olhou-a com tal espanto, que Harry teve certeza de que nenhum aluno vivo ou morto, jamais o interrompera antes. Sophie, porém, segurou a pequena risada que queria sair da garganta ao ver Charles tornando a pular na cadeira. Estava óbvio para todos ali que Hermione não iria parar de perguntar até o professor contar a história.

— Bem – disse o Prof. Binns lentamente. –, é um argumento válido, suponho. – Ele estudou Mione como se nunca antes tivesse olhado direito para um aluno. – Contudo, a lenda de que a senhorita fala é tão sensacionalista e até tão absurda que...

A classe inteira ficou pendurada em cada palavra que o professor dizia. Ele correu um olhar míope por todos, rosto por rosto virado em sua direção. Sophie percebeu que ele estava completamente desconcertado por aquela manifestação incomum de interesse.

— Ah, muito bem. – disse vagarosamente. – Vejamos... A Câmara Secreta...
“Os senhores todos sabem, é claro, que Hogwarts foi fundada há mais de mil anos... a data exata é incerta... pelos quatro maiores bruxos e bruxas da época. As quatro casas da escola foram batizadas em homenagem a eles: Godrico Gryffindor, Helga Hufflepuff, Rowena Ravenclaw e Salazar Slytherin. Eles construíram este castelo juntos, longe dos olhares curiosos dos trouxas, porque era uma época em que a magia era temida pelas pessoas comuns, e os bruxos e bruxas sofriam muitas perseguições.”

Ele fez uma pausa, percorreu a sala com os olhos lacrimejantes e continuou:

— Durante alguns anos, os fundadores trabalharam juntos, em harmonia, procurando jovens que revelassem sinais de talento em magia e trazendo eles para serem educados no castelo. Mas então surgiram os desentendimentos. Ocorreu uma cisão entre Slytherin e os outros. Slytherin queria ser mais seletivo com relação aos estudantes admitidos. Ele acreditava que o aprendizado de magia devia ser mantido no âmbito das famílias inteiramente mágicas. Desagradava-lhe admitir alunos de pais trouxas, pois os achava pouco dignos de confiança. Passado algum tempo houve uma séria discussão sobre o assunto entre Slytherin e Gryfflndor, e Slytherin abandonou a escola.

O Prof. Binns parou de novo, contraindo os lábios, parecendo uma velha tartaruga enrugada.

— É o que nos contam as fontes históricas confiáveis. Mas estes fatos honestos foram obscurecidos pela lenda fantasiosa da Câmara Secreta. Segundo ela, Slytherin construiu uma câmara secreta no castelo, da qual os outros nada sabiam.
“Slytherin teria selado a Câmara Secreta de modo que ninguém pudesse abri-la até que o seu legítimo herdeiro chegasse a escola. Somente o herdeiro iria ser capaz de abrir a Câmara Secreta, libertar o horror que ela encerrava e usá-lo para expurgar a escola de todos que não fossem dignos de estudar magia.”

Fez-se silêncio quando ele acabou de contar a história, mas não foi o de sempre, o silêncio modorrento que dominava as aulas do Prof. Binns. Havia no ar um certo constrangimento enquanto todos continuavam a olhá-lo, esperando mais. O Prof. Binns fez um ar ligeiramente aborrecido.

— A história inteira é um perfeito absurdo, é claro. Naturalmente, a escola foi revistada à procura de provas da existência dessa câmara, muitas vezes, pelos bruxos e bruxas mais cultos. Ela não existe. Uma história contada para assustar os crédulos.

A mão de Mione voltou a se erguer.

— Professor... O que foi exatamente que o senhor quis dizer com “o horror que a câmara encerra”?

— Acredita-se que haja algum tipo de monstro, que somente o herdeiro de Slytherin pode controlar. – respondeu o Prof. Binns com sua voz seca e esganiçada.

Os alunos trocaram olhares nervosos. Charles olhou com os olhos azuis arregalados para Sophie, mas a ruiva só conseguia observar alguns alunos lançando olhares para Harry.

— Afirmo que a coisa não existe. – tornou Binns a dizer, folheando suas anotações. – Não há Câmara alguma e monstro algum.

— Mas, professor – perguntou Simas Finnigan. –, se a Câmara só pode ser aberta pelo verdadeiro herdeiro de Slytherin, ninguém mais seria capaz de encontrá-la, não é?

— Bobagem, O'Flaherty. – retrucou o Prof. Binns, num tom irritado. – Se uma longa sucessão de diretores e diretoras de Hogwarts não encontraram a coisa...

— Mas, professor – ouviu-se a voz fina de Parvati Patil. –, a pessoa provavelmente terá de usar Magia Negra para abri-la...

— Só porque um bruxo não usa Magia Negra não significa que não possa, senhorita Pennyfeather. – retrucou o Prof. Binns. – Eu repito, se uma pessoa como Dumbledore...

— Mas talvez a pessoa tenha que ser parente de Slytherin, por isso Dumbledore não poderia... – começou Dino Thomas, mas para o professor aquilo já era demais.

— Basta! – disse com rispidez. – É um mito! Não existe! Não há a mínima prova de que Slytherin tenha algum dia construído sequer um armário secreto de vassouras! Arrependo-me de ter contado aos senhores uma história tão tola. Vamos voltar, façam-me o favor, à história, aos fatos sólidos, criveis e verificáveis!

Sophie que ouvia tudo atentamente, agora estava olhava para Harry, que mantinha a atenção no professor. A lenda de Slytherin iria se espalhar por Hogwarts como uma praga e logo todos os estudantes estariam falando dela por todos os cantos. E ela já sabia quem seria o principal alvo de ser o suposto herdeiro.

— Que os boatos comecem. – sussurrou ela para Charles que também já estava olhando tristemente para Harry.


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