TO DIE WITH THE SUN; reescrita de harry potter escrita por SWEETBADWOLF


Capítulo 12
Capítulo 12 — Desejo Através do Espelho




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O coração de Sophie se sentia quente, cheio de amor e felicidade. Ela estava sentada num tapete felpudo, seus amigos sentados ao lado dela, seu irmão brincando de xadrez de bruxo com Rony e Hermione próximo deles, e então, os adultos sentados nos sofás, rostos conhecidos e até mesmo desconhecidos para ela.

Seus pais, sentados juntos, ambos com largos sorrisos e risadas leves e lindas sendo ouvida por ela, o som mais belo que ela já havia escutado. Sua mãe, com seus doces cabelos ruivos e seus olhos verdes cheios de amor e brilho, e seu pai, com seus cabelos tão bagunçados como tivesse acabado de voar, eles estavam tão felizes, que Sophie não resistiu a vontade de se levantar e correr até eles.

Ela pulou em seus colos, e os abraçou, proclamando o quanto os amava tanto, e os queria para sempre ao lado dela. Fechou os olhos ao sentir os braços deles enrolarem em volta do corpo dela, a abraçando tão forte que fez ela ter mais certeza de que era real. Eles eram reais.

Quando se afastou deles, seu pai ainda sorrindo, aquele sorriso carregado de carinho e amor e que ela sabia que era o sorriso que ele apenas dava para ela, beijou-lhe na testa.

— Minha pra sempre, moça. – ele disse baixinho para ela.

— Nossa pra sempre. – sua mãe o corrigiu sorrindo cheia de amor para filha.

Sophie sorriu mais largo para eles e então se voltou para os outros naquela sala enorme. Remus foi o primeiro que ela viu, e não perdeu tempo, correndo para ele que já lhe esperava de braços abertos, a pegando prontamente no colo e a levantando no ar. A Potter gargalhou alegre, e seu padrinho riu feliz, lhe dando um abraço logo em seguida.

— Eu sinto que o Remus é o favorito dela.

Sophie virou a cabeça ao som daquela voz traquina, e se possível, seu sorriso se tornou ainda mais largo.

— Sirius!

Sirius sorriu e pegou no colo lhe dando um beijo babado na bochecha, a qualquer ela fez careta para o outro padrinho, mas ainda o abraçou com força.

Quando estava de volta ao chão, voltou a se sentar ao lado dos amigos, Fred e Jorge estavam lá, como sempre estavam planejando algo novo e perigoso para aprontar junto com Harriet. Estranhamente, Charles Francis e Erik Lehnsherr também estavam com eles, mas Sophie se sentia bem por isso, como se fosse certo eles estarem ali, no meio daquela família.

E então havia David, que esperava por ela com o livro de “O Hobbit” em mãos, pronto para ler para ela. Sophie não perdeu nem mais um segundo de tempo e se sentou ao lado dele, deixando sua voz narrar aquela história que ela já estava tão apaixonada através de seu coração. Com a cabeça deitada no ombro dele, ela se permitiu observar as outras pessoas na sala.

Havia dois homens, um era de aparência forte e de cabelos loiros escuros e barba, de olhos azuis acinzentados, e outro, de aparência mais suave, com cabelos pretos e olhos azuis cristalinos carregados de esperança. De certa forma, aqueles dois lhe lembrava muito Erik e Charles.

Ao lado dos homens, tinha duas mulheres. Um de cabelos ruivos escuros, e olhos verdes escuros, magra e com um rosto forte e ao mesmo tempo gentil maroto, e a outra de cabelos castanhos escuro, olhos azuis brilhantes e uma pele branca leitosa, seu rosto carregado de bondade e felicidade. Elas eram tão lindas quanto sua mãe, Lily.

A Sra. Weasley estava ao lado delas, conversando também.

Em um canto, não muito afastados de onde Sirius e Remus, estavam dois casais.

O primeiro, era de um homem muito magro e de aparência fofa desajeitada, usando roupa de professor com gravata borboleta, estava abraçado com a mulher pequena, de aparência fofa mas mais segura, cabelos curtos e rosto fofo.

E eles conversavam com um Peter Pettigrew de aparência feliz e jovem, que segurava de forma amorosa o corpo de uma mulher linda, de cabelos loiros e olhos castanhos.

Peter, então a olhou, e ele sorriu com carinho para ela, lhe dando um breve aceno com a cabeça antes de se voltar para o outro casal.

Tudo estava bem...

Tudo estava como deveria estar...

Todos felizes...

Todos...

Todos...

Todos estavam sumindo.

Sophie assistiu com os olhos arregalados carregados de lágrimas e coração acelerado, Peter com a garota sumirem, depois todos os rostos que ela não conhecia sumirem devagar em seguida. Charles e Erik foram os próximos, seguidos por Rony e Hermione, e então os gêmeos e Harriet.

Sophie abriu a boca para gritar, para pedir, implorar que aquilo parace. Mas não parou.

David começou a sumir, devagar, tão devagar. Ela tentou segurar sua mão mas passou, como se ele fosse um fantasma. A última coisa que viu dele foi o rosto triste e olhos cheios de tristeza antes de enfim desaparecer.

E ela começou a chorar.

Quando olhou para Remus e Sirius, viu que apenas o lupino ainda estava lá, mas já começava a desaparecer também.

— Moony!

Ele olhou para ela desamparado antes de sumir.

Ela não perdeu mais tempo e correu para os braços de sua mãe e pai, puxando Harry no caminho, ela o prendeu no meio dos pais, os segurando com força. Fechou os olhos com força, desejando que aquilo parace.

— Sophie...

Abrindo os olhos e olhando para a mãe, seu choro se tornou mais forte e alto. Sua mãe estava sumindo.

— Querida, eu te amo tanto.

E então ela se foi. Se foi para sempre.

Seu pai então lhe deu outro beijo na testa, este mais demorado e carregado de tristeza em meio ao amor.

— Minha filha pra sempre.

E ele se foi também.

Ela então puxou Harry com mais força, o abraçando com tudo que tinha, como forma de não deixar que ele sumisse também. Ela não podia deixar seu irmão sumir, ele não.

— Sophie... O que está acontecendo? Onde estão os outros? Sophie, por que eu estou ficando transparente?

Sophie fechou os olhos e abraçou Harry com mais força... Até não estar abraçando mais nada.

Não havia mais ninguém. Ela perdeu todos eles. Mesmo os estranhos, não estavam mais lá.

— A valente criança...

Sussurrou uma voz suave e velha. E Sophie se encolheu mais no sofá, ainda chorando sozinha. 

— Sophie Potter...

A voz continuou.

— Sol Poente, acorde, minha criança. Sua jornada ainda precisa seguir, saía dos sonhos sombrios.

Sophie abriu os olhos e se viu no dormitório escuro, deitada em cima de Aslan, com o restante das garotas dormindo. Seu coração ainda batia forte no peito, e seu corpo estava quente e trêmulo, o medo e a tristeza ainda estavam presos em seus ossos... Assim como a solidão.

As duas patas enormes de Aslan surgiram em volta do seu corpo, lhe dando um abraço animal forte. Ela o escutou resmungar suavemente.

— Aslan... – ela sussurrou.

Ele a abraçou mais forte, e ela, se sentindo segura e menos sozinha com seu fiel leão ao seu lado, se permitiu deixar as lágrimas caírem sem fazer nenhum barulho. Se virando um pouco, afundou a cabeça na juba quente e fofa dele e chorou.

— Nunca me deixe, Aslan. Por favor, nunca me deixe.

Ela se encolheu mais, no choro baixo e o coração doendo como o fogo queimando, ela odiava tanto aquilo, odiava com todas as forças aquilo que sentia, e ela desejava com todas as forças que não pudesse sentir mais nada, porque aquela dor estava a consumindo, e ela estava cansada e odiava.

 

•°•°•°°•TDWTS•°•°•°°•

 

 

— O que vocês estão fazendo?

 

 

O Natal se aproximava. Certa manhã em meados de dezembro, Hogwarts acordou coberta com mais de um metro de neve. O lago congelou e os gêmeos Weasley receberam castigo por terem enfeitiçado várias bolas de neve fazendo-as seguir Quirrell aonde ele ia e quicarem na parte de trás do seu turbante. As poucas corujas que conseguiam se orientar no céu tempestuoso para entregar correspondência tinham de ser tratadas por Hagrid para recuperar a saúde antes de voltarem a voar.

 

 

Naquele dia, no fim de tarde, boa parte dos alunos excitados para as férias próximas, estavam em suas salas comunais aproveitando o doce calor de suas lareiras e o aconchego de suas salas quentes e confortáveis, algo perfeito para aqueles dia particularmente frio como aquele.

 

 

Porém, quando Sophie não viu nenhum sinal do irmão, Rony e Hermione, saiu junto de Aslan em procura deles. Indo por todos os lugares que ela imaginava que aqueles três iriam – até mesmo se arriscando no terceiro andar –, ela achou realmente surpreendente vê-los na biblioteca com vários livros ao redor.

 

 

— Pesquisas! – respondeu Hermione orgulhosa.

 

 

— Sobre? – a ruiva perguntou, se sentando ao lado de Harry que estava com o rosto deitado em um dos livros.

 

 

— Nicolau Flamel. – respondeu o Potter mais novo com preguiça.

 

 

— O alquimista ou o jogador de golfe? – perguntou Sophie, e pelos olhares que recebeu de Rony e Mione teve sua resposta. – O alquimista, então.

 

 

— Sabe sobre ele? – a Granger perguntou parecendo ansiosa.

 

 

— Não exatamente, só sei mesmo sobre ele porque eu tinha um amigo mais velho que ano passado estava aprendendo sobre o que ele fez. – respondeu a Potter dando de ombros. – Mas, por que estão pesquisando sobre ele?

 

 

Os três se entre-olharam e acenaram antes de se voltarem para ela.

 

 

“Pra quem se odiavam uns meses atrás, eles estão indo muito bem.” Pensou ela.


— Lembra o primeiro jogo de quadribol, que eu quase caí por causa do Snape? – Harry lhe perguntou.

— E tem como eu esquecer?

— Certo, enfim, a gente foi se encontrar com o Hagrid para comemorar um pouco com ele...

— Foi Snape. – explicou Rony para Harry. – Hermione e eu vimos. Ele estava azarando a sua vassoura, murmurando, não despregava os olhos de você.

— Bobagens – disse Hagrid, que não ouvira uma única palavra do que se passara ao seu lado nas arquibancadas. – Por que Snape faria uma coisa dessas?

Harry, Rony e Hermione se entreolharam, imaginando o que lhe contar. Harry decidiu contar a verdade.

— Descobri uma coisa – falou a Hagrid. – Ele tentou passar pelo cachorro de três cabeças no Dia das Bruxas. Levou uma mordida. Achamos que estava tentando roubar o que o cachorro está guardando.

— Quando você descobriu isso?! – questionou Sophie cortando o irmão.

— Na noite antes do quadribol. Fui até a sala dele para entregar um trabalho que tinha esquecido, e quando cheguei lá escutei ele falando com Filch sobre o cão. – respondeu Harry.

— E antes, naquela noite do Halloween, quando estávamos indo para o banheiro das meninas, vimos o Snape ir para o terceiro andar, e depois ele aparece mancando. – continuou Rony.

— Achamos que ele pode ter soltado o trasgo como distração para pegar o que quer que o cão esteja guardando. – finalizou Hermione.

Sophie olhou para os três com a sobrancelha esquerda arqueada.

— Uau. – disse ela. – Certo, bem, continue com o que você estava dizendo.

Hagrid deixou cair o bule de chá.

— Como é que vocês sabem da existência do Fofo?

— Fofo?

— É... é meu... comprei-o de um grego que conheci num bar no ano passado. Emprestei-o a Dumbledore para guardar o...

— O quê? – perguntou Harry, ansioso.

— Não me pergunte mais nada – retrucou Hagrid com impaciência. – É segredo.

— Mas Snape está tentando roubá-lo.

— Bobagens – repetiu Hagrid. – Snape é professor de Hogwarts, não faria uma coisa dessas.

— Então por que ele tentou matar Harry? – perguntou Hermione.

Os acontecimentos daquela tarde sem dúvida tinham mudado a opinião dela sobre Snape.

— Eu conheço uma azaração quando vejo uma, Hagrid, já li tudo sobre o assunto! A pessoa precisa manter contato visual e Snape nem ao menos piscava, eu vi!

— Estou dizendo que vocês estão enganados! – falou Hagrid com veemência. – Não sei por que a vassoura de Harry estava agindo daquela forma, mas Snape não iria tentar matar um aluno! Agora, escutem bem, os três: vocês estão se metendo em coisas que não são de sua conta. Isto é perigoso. Esqueçam aquele cachorro e esqueçam o que ele está guardando, isto é coisa do Prof. Dumbledore com o Nicolau Flamel...

— Ah-ah! – exclamou Harry. – Então tem alguém chamado Nicolau Flamel metido na jogada, é?

Hagrid parecia furioso consigo mesmo.

— E foi assim que descobrimos sobre Nicolau Flamel. E agora estamos procurando sobre ele para saber mais. – disse Hermione.

— O problema é que não sabemos em que livro encontrar. – resmungou Harry.

Sophie agora estava com os braços cruzados.

— Eu só tenho uma pergunta. – ela disse devagar. – Por que é tão importante isso tudo? Quero dizer, porque não falar com Dumbledore?

— Foram duas perguntas. – retrucou Harry sorrindo. – Acreditamos que Dumbledore não vai acreditar em nós, assim como Hagrid não acreditou. Estamos querendo ter mais provas primeiro antes de falar com ele.

— Faz sentido. – Sophie pegou o livro que Harry estava usando para deitar a cabeça.

— Você acredita na gente? – perguntou Rony com os olhos brilhando. – Sobre o Snape estar traindo a escola?

Sophie passou por algumas páginas sem prestar muita atenção enquanto sua mente vagava pela possibilidade de Snape estar planejando roubar o que quer que Dumbledore tenha colocado sobre guarda daquele enorme cão. Era óbvio que ela não tinha o melhor dos humores para o professor de poções, e ela mesma viu com os próprios olhos o que de fato parecia ele estar azarando a vassoura de seu irmão, o que já lhe deixa mais desconfiada quanto irritada com ele.

— Snape é uma boa possibilidade. – comentou ela por fim. – Afinal, mesmo o melhor dos amigos já foi capaz de trair. Então não é impossível um monstro como Snape fazer o mesmo.

Harry olhou com curiosidade para ela, mas ela o ignorou.

— Mas tomem cuidado, e se precisarem de alguma coisa é só chamar.

 

•°•°•°°•TDWTS•°•°•°°•


— Tenho tanta pena – disse Draco Malfoy, na última aula de Poções do ano. – dessas pessoas que têm que passar o Natal em Hogwarts porque a família não as quer em casa.

Olhou para Harry ao dizer isso. Crabbe e Goyle riram. Harry, que estava medindo pó de espinha de peixe-leão, não lhes deu atenção. Malfoy andava muito mais desagradável do que de costume desde a partida de quadribol. Aborrecido porque Sonserina perdera, tentara fazer as pessoas rirem dizendo que um sapo iria substituir Harry como apanhador no próximo jogo. Então percebeu que ninguém achara graça, porque estavam todos muito impressionados com a maneira com que Harry conseguira se segurar na vassoura corcoveante. Por isso Draco, invejoso e zangado, voltara a aperrear Harry dizendo que não tinha família como os outros...

Era verdade que Harry não ia voltar à rua dos Alfeneiros para o Natal. A Profª. Minerva passara a semana anterior fazendo uma lista dos alunos que iam ficar em Hogwarts no Natal, e Harry assinara seu nome na mesma hora. Não sentia nenhuma pena de si mesmo; provavelmente aquele seria o melhor Natal que já tivera. Rony e os irmãos também iam ficar, porque o Sr. e a Sra. Weasley iam à Romênia visitar Carlinhos. E o mais especial, Sophie também iria ficar. Sim, seria o melhor Natal que ele teria.

Quando deixaram as masmorras ao final da aula de Poções, encontraram um grande tronco de pinheiro bloqueando o corredor à frente. Dois pés enormes que apareciam por baixo do tronco e alguém bufando alto denunciou a todos que Hagrid estava por trás dele.

— Oi, Hagrid, quer ajuda? – perguntou Rony, metendo a cabeça por entre os ramos.

— Não, estou bem, obrigado, Rony.

— Você se importaria de sair do caminho? – ouviu-se a voz arrastada e seca de Draco atrás deles. – Está tentando ganhar uns trocadinhos, Weasley? Vai ver quer virar guarda-caça quando terminar Hogwarts. A cabana de Hagrid deve parecer um palácio comparada ao que sua família está acostumada.

Rony avançou para Draco justamente na hora em que Snape subia as escadas.

— WEASLEY!

Rony largou a frente das vestes de Draco.

— Ele foi provocado, Prof. Snape. – explicou Hagrid, deixando aparecer por trás da árvore a cara peluda. – Malfoy ofendeu a família dele.

— Seja por que for, brigar é contra o regulamento de Hogwarts, Hagrid. – disse Snape, insinuante. – Cinco pontos a menos para Grifinória, Weasley, e dê graças a Deus por não ser mais. Agora, vamos andando, todos vocês.

Draco, Crabbe e Goyle passaram pela árvore com brutalidade, espalhando folhas para todo lado com sorrisos nos rostos.

— Eu pego ele – prometeu Rony, rilhando os dentes às costas de Draco –, um dia desses, eu pego ele.

—Odeio os dois. – disse Harry. – Draco e Snape.

— Vamos, ânimo, o Natal está aí – disse Hagrid. – Vou lhes dizer o que vamos fazer, venham comigo ver o Salão Principal, está lindo.

Então os três acompanharam Hagrid e sua árvore até o Salão Principal, onde a Profª. Minerva e o Prof. Flitwick estavam trabalhando na decoração para o Natal.

— Ah, Hagrid, a última árvore... ponha naquele canto ali, por favor.

O salão estava espetacular. Festões de azevinho e visco pendurados a toda a volta das paredes e nada menos que doze enormes árvores de Natal estavam dispostas pelo salão, umas cintilando com cristais de neve, outras iluminadas por centenas de velas.

— Quantos dias ainda faltam até as férias? – perguntou Hagrid.

— Um. – respondeu Hermione. – Ah, isso me lembra: Harry, Rony, falta meia hora para o almoço, devíamos estar na biblioteca.

— Ih, é mesmo – disse Rony, despregando os olhos do Prof. Flitwick, que fazia sair bolhas azuis da ponta da varinha e as levava para cima dos galhos da árvore que acabara de chegar.

— Biblioteca? – espantou-se Hagrid, acompanhando-os para fora da sala. – Na véspera das férias? Não estão estudando demais?

— Ah, não estamos estudando – respondeu Harry, animado. – Desde que você mencionou o Nicolau Flamel estamos tentando descobrir quem ele é.

— Vocês o quê? – Hagrid parecia chocado. – Ouçam aqui: já disse a vocês, parem com isso. Não é da sua conta o que o cachorro está guardando.

— Só queremos saber quem é Nicolau Flamel, só isso – falou Hermione.

— A não ser que você queira nos dizer e nos poupar o trabalho – acrescentou Harry. – Já devemos ter consultado uns cem livros e não o encontramos em lugar nenhum. Que tal nos dar uma pista? Sei que já li o nome dele em algum lugar.

— Não digo uma palavra – respondeu Hagrid, decidido.

— Então vamos ter que descobrir sozinhos – disse Rony, e saíram depressa para a biblioteca, deixando Hagrid desapontado.

Hermione puxou uma lista de assuntos e títulos que decidira pesquisar enquanto Rony se dirigiu a uma carreira de livros e começou a tirá-los da prateleira aleatoriamente. Harry vagou até a Seção Reservada. Vinha pensando há algum tempo se Flamel não estaria ali. Infelizmente, o estudante precisava de um bilhete assinado por um professor para consultar qualquer livro reservado e ele sabia que nenhum jamais lhe daria o bilhete.

Eram livros que continham poderosa magia negra jamais ensinada em Hogwarts e somente lida por alunos mais velhos que estudavam no curso avançado de Defesa Contra as Artes das Trevas.

— O que é que você está procurando, menino?

— Nada. – disse Harry.

Madame Pince, a bibliotecária, apontou-lhe um espanador de penas.

— Então é melhor sair daqui. Vamos, fora!

Desejando ter sido um pouco mais rápido em inventar alguma história, Harry saiu da biblioteca. Ele, Rony e Hermione já tinham concordado que era melhor não perguntar a Madame Pince onde poderiam encontrar Flamel. Tinham certeza de que ela saberia informar, mas não podiam arriscar que Snape ouvisse o que andavam tramando. Harry esperou do lado de fora no corredor para saber se os outros dois tinham encontrado alguma coisa, mas não alimentava muitas esperanças. Afinal estavam procurando havia quinze dias, mas como só tinham breves momentos entre as aulas, não era surpresa que não tivessem achado nada. O que realmente precisavam era de uma longa busca sem Madame Pince bafejar o pescoço deles.

Cinco minutos depois, Rony e Hermione se reuniram a ele balançando negativamente a cabeça. E foram almoçar.

— Vocês vão continuar procurando enquanto eu estiver fora, não vão? – recomendou Hermione. – E me mandem uma coruja se encontrarem alguma coisa.

— E você poderia perguntar aos seus pais se sabem quem é Flamel – disse Rony. – Não haveria perigo em perguntar a eles.

— Nenhum perigo, os dois são dentistas.

 

•°•°•°°•TDWTS•°•°•°°•


— Acorde, Sol Poente, saía da escuridão.

Sophie abriu os olhos lacrimejados para o quarto ainda escuro, saindo de mais um pesadelo daquele mês. Ela respirou fundo, passanso as mãos pelo rosto, e se acalmandando o quanto podia.

Aqueles pesadelos estavam se tornando cada vez piores e em todos eles, antes dela acordar, aquela voz suave se fazia presente, a chamando de “Sol Poente”, pedindo para que ela acordasse. Aquela voz a tirava daquela escuridão que seus sonhos haviam se tornado, e ela era grata.

Olhando para a janela ao lado da cama, viu que o dia começava a surgir, a neve nunca parando de cair, de forma suave e calma. Sophie se lembrou, que aquela era uma manhã de Natal. O primeiro Natal dela longe de Remus, mas o primeiro com Aslan e Harry.

Olhando para seu amado leão, que ainda dormia, com suas enormes patas a segurando com força de forma protetora. Ela só podia sorrir em vê-lo tão vulnerável, tão parecido com um gatinho indefeso. Ela ainda não entendia o que havia feito para merecê-lo, não entendi o motivo de ter a honra de ter sido escolhida por ele, mas era tão grata. Tão absolutamente grata.

Aslan lhe dava tanta segurança quanto Remus. Aquele leão era tudo para ela, nada poderia superá-lo, nada poderia arrancá-lo de seu coração agora ele já havia entrado e feito dele sua casa. E ela sabia que o mesmo era sentido por ele. Seu Aslan sempre viria quando ela precisasse, disso ela não tinha dúvidas, e nunca teria.

Suspirou, um pouco mais calma, e com as imagens do pesadelo sumindo aos poucos. Ela tocou na corrente no pescoço e fechou os olhos, desejando tanto que aqueles sonhos parecem, que aquele medo desaparecesse... Seu maior medo, é que nunca sumisse, que mesmo depois de anos, aquela ferida continuaria tão profunda, que seria eterna.

Abriu os olhos e observou o desenho da corrente, tentando manter aqueles pensamentos sombras afastados o máximo que conseguia.

— Feliz Natal, David. – ela sussurrou com um pequeno sorriso. – Onde quer que esteja...

Aslan se mexeu, e a Potter voltou seus olhos para ele, que agora estava acordado e a olhando com aqueles olhos mel iluminando qualquer escuridão que ainda estivesse insistindo em sua mente, olhavam para ela com ternura.

— E feliz Natal para você também, querido. – ela disse para ele, passando a mão em sua juba.

Aslan ronronou. Sophie, sabendo que não voltaria a dormir, decidiu tomar banho e começar aquele primeiro dia de Natal em Hogwarts.

Após um banho bem relaxante, quente e demorado, Sophie se sentia pronta para o restante daquele dia que seria tranquilo e, ela esperava, com ótimas lembranças. Afinal, era seu primeiro Natal com seu irmão. Saindo do dormitório, com Aslan ao lado, ela entrou na sala comunal, seus olhos já batendo na árvore de Natal, que agora estava cheia de presentes esperando para serem abertos.

Sorrindo, ela foi em busca dos que tinham seu nome; eram quatro presentes direcionados para ela. Claro, ela poderia esperar para abrir quando todos acordassem ou... Quem ela estava enganando? Ela era curiosa demais para esperar e já estava abrindo os presentes sem pensar em mais nada.

O primeiro foi da Sra. Weasley. Um belo suéter vermelho escuro com o medelo exato da PhoenixFire cruzando o rosto de um leão feroz estampado na frente.

— Olhe isso, Aslan. Ela faz você parecer um leão bastante feroz. – comentou Sophie olhando para o dito leão que estava deitado no tapete com a barriga pra cima e esfregando as costas. A Potter bufou. – Se ela soubesse...

Colocando o suéter, ela partiu para o próximo, e ficou bastante encantada ao ver que era de Dumbledore. Era uma fotografia, do que parecia ser seus pais, na graduação de Hogwarts. Sua mãe muito grávida exibindo sua barriga, e seu pai atrás dela, a abraçando. Ambos sorrindo e acenando para quem quer que estivesse vendo aquela foto.

— Olhe para eles, Aslan. – ela sussurrou, virando a foto na direção do leão que agora a estava olhando. – Eu deixei a mamãe enorme. – ela riu baixo e voltou a olhar a foto. – Enorme e linda.

Suspirando, ela enfiou a foto no bolso, fazendo uma anotação mental de agradecer o diretor por aquele presente precioso.

Partindo para o próximo, ela sorriu ao ver que era de Remus. Era um baú com feitiço de extensão para ela guardar todos os livros que tinha, em ordem alfabética. Havia uma pequena nota que a fez rir alto.

“Estou te mimando muito. Tenho quase certeza que isso não é bom para meus bolsos, mas você vale a pena.

Feliz Natal, moça. Eu te amo, até a minha morte e depois.

Com um abraço de lobo,
Remus.”

Dando um leve beijo na nota, ela também o enfiou no bolso, e deixou o baú de lado para abrir o último presente. Era um embrulho que claramente motrava que tinha um livro dentro, e tinha uma carta em cima, a qual ela abriu primeiro.

“Minha cara Sophie,

Estive pensando em formas de como começar essa carta e nenhuma me pareceu boa o suficiente. Afinal, como se começa uma carta para uma pessoa que nunca falei pessoalmente, mas que me fez sentir menos solitário, e iluminou meus dois últimos natais de forma tão assustadora e tão bela?

Eu sinto que preciso me desculpar. Por ter saído sem ter deixado claro que não estaria de volta em Hogwarts quando você voltasse. Mas, admito que fui covarde, se quer saber, descobrir duas atrás que eu sou muito covarde. Culpo meus traumas por isso, Sophie. E tive medo, que chegar muito perto de você, me faria ser Ícaro. Você é um sol que nunca esperei ter presente, e tenho medo das consequências da aproximação.

Veja bem, o universo não foi lá muito gentil comigo.

Mas, de qualquer forma, eu estou longe. Vivendo algo absolutamente incrível, uma aventura linda e o que eu realmente estava precisando, o que eu realmente queria. E espero que você também viva uma aventura por ai, Sophie, afinal, poderemos compartilhar nossas histórias quando... Se... Um dia voltarmos a nos ver.

Antes que eu me esqueça, como está Aslan? Eu realmente espero que bem, eu sei que ele ficou triste com a minha partida, mas por favor, avise-o que sinto bastante falta dele, e jamais vou me esquecer deste magnífico leão.

Também sinto sua falta, mesmo nunca termos falado cara a cara, nossos bilhetes eram o mundo para mim.

Agora, como eu disse, você deu um pequeno significado bonito do Natal para mim. Desde do seu primeiro bilhete para mim, essa data se tornou um pouco mais suportável de viver e é graças a você. Por conta disso, quero deixar claro que mandarei algo para você, em todos os natais, por dois motivos.

O primeiro, claro, para manter, lembrar dessa pequena luz de que você está ai, você existe, e você é sólida e brilha. E isso, Sophie, deixa o mundo mais lindo.

E o segundo motivo, é por razões totalmente egoístas. Não quero que você me esqueça. É ridículo, eu sei, mas, se você quiser me dar algo de presente, que seja isso. Não me esqueça, Sophie Potter.

Até um dia, minha amiga.
David A. T. L.

PS: Partindo da premissa de que a senhorita já leu “O Hobbit” – me desculpe por não ter avisado sobre o final, mas ei, é um livro que vale a pena as lágrimas –, envio para você o meu livro de “O Senhor dos Anéis”, primeira edição, muito precioso e entrego em suas mãos, Sophie. Boa leitura e aventura!”

— Oh... – ela murmurou, sentindo a garganta apertar e os olhos arderem.

Aslan se levantou e se sentou ao lado dela, olhando-a com curiosidade.

— É de David. – ele respondeu a pergunta que o leão fazia com os olhos. – Ele diz que sente a sua falta. Falta de nós dois.

Ela olhou para a carta, sem realmente saber o que dizer, falar ou sentir. Aquele garoto, por mais curta que tenha sido sua estadia em sua vida em Hogwarts, se tornou tão importante para ela quanto seus gêmeos e Harriet. E ela não estava nem um pouco surpresa por ele saber o nome dela, curiosa para saber como ele descobriu, mas feliz que não mentiu para ele sobre o nome.

E era curioso o quão ela entendia sobre o medo dele de se aproximar. Ela mesma sentia isso em relação ao irmão, o medo de chegar muito perto e ele sumir, e por fim, ela se machucar demais. Isso fez ela se perguntar, o que o universo ousou fazer com uma pessoa tão gentil e especial como David, para ele carregar esse trauma. Ela sentia muito por ele, e esperaria pelo dia que poderia o abraçar e o agradecer. Por apenas ser tão maravilhoso.

— Ele me pediu o presente mais fácil que existe, Aslan. – ela sussurrou sorrindo. – Porque eu nunca vou esquecê-lo.

Quando ela abriu o presente dele, segurou aquela edição tão preciosa do “Senhor dos Anéis”, ela sentiu tanto carinho que abraçou o livro contra o peito.

— Eu acho, que estou pronta para mais uma aventura. – ela sussurrou sorrindo.

 

•°•°•°°•TDWTS•°•°•°°•


Harry sempre sonhara em ganhar presentes no Natal, presentes reais, dados por carinho para ele. E quando ele viu aquele tanto de presentes esperando por ele de baixo da árvore, foi a melhor sensação que já havia sentido até então, de que haviam pessoas que se importavam com ele ao ponto daquilo. Lhe dar algo.

Harry apanhou o primeiro pacote. Estava embrulhado em papel pardo grosso e trazia escrito em garranchos “Para o Harry, de Hagrid”. Dentro havia uma flauta tosca de madeira. Era óbvio que Hagrid a entalhara pessoalmente. Harry soprou-a – parecia um pouco com um pio de coruja.

Um segundo embrulho, muito pequeno, continha um bilhete.

“Recebemos sua mensagem e estamos enviando o seu presente. Tio Válter e Tia Petúnia.”

Presa com fita adesiva na nota havia uma moeda de cinquenta pence.

— Que simpático! – exclamou Harry.

— Quanto amor. – comentou Sophie rindo.

Rony ficou fascinado pela moeda.

— Que esquisito! – disse. – Que formato! Isso é dinheiro?

— Pode ficar com ela – disse Harry rindo-se ao ver a satisfação de Rony. – Hagrid, minha tia e meu tio. E quem mandou esses?

— Acho que sei quem mandou esse – disse Rony, ficando um pouco vermelho e apontando para um embrulho disforme. – Mamãe. Eu disse a ela que você não estava esperando receber presentes... ah, não... – gemeu –, ela fez para você um suéter Weasley.

— Ei! Nada de se envergonhar dos suéteres Weasley! Eu os amo muito. – disse Sophie com orgulho.

Harry rasgou o papel e encontrou uma suéter tricotada com linha grossa verde-clara e uma grande caixa de barras de chocolate feito em casa.

— Oh, isso é lindo! – exclamou o Potter. – Eu amo isso!

Ele pegou o próximo e Sophie já se animou.

— Este é meu e do meu pad...i, pai. – ela disse sorrindo.

Harry se sentiu encantado e envergonhado. Ele não havia comprado nada para Sophie, na verdade, nem se quer havia comprado nada para ninguém, nunca havia participado de troca de presentes antes, e nem mesmo estava esperando receber aqueles.

— Obrigado, Sophie! E me desculpe por não ter...

— Não, não, não. Nada de desculpas. O seu presente para a gente é você estando feliz, isso vale a pena. – ela disse acenando com a mão. – Você está feliz?

— Muito.

— Então, feliz Natal.

Ele abriu e arregalou os olhos excitado. Era um livro chamado “Quadribol pelo mundo”, e era enorme e cheio de ilustrações que se movimentavam.

— Eu adoro isso! Obrigado, de verdade.

Sophie apenas piscou para ele.

O presente seguinte também continha doces – uma grande caixa de sapos de chocolate dados por Hermione.

Restava apenas um embrulho. Harry apanhou-o e apalpou-o. Era muito leve. Desembrulhou-o.

Uma coisa sedosa e prateada escorregou para o chão onde se acomodou em dobras refulgentes. Fred soltou uma exclamação:

— Já ouvi falar nisso. – disse em voz baixa, deixando cair a caixa de feijõezinhos de todos os sabores que Rony ganhara de Hermione. – Se isso é o que eu penso que é, é realmente raro e realmente valioso.

— E o que é?

— Uma capa da invisibilidade. – Sophie sussurrou com reverência.

Harry jogou a capa em volta dos ombros e Rony, os gêmeos e Harriet deram um berro.

— É, sim! Olhe para baixo!

Harry olhou para os pés, mas eles tinham desaparecido. Correu então para o espelho. Não deu outra, o espelho refletiu sua imagem, só a cabeça suspensa no ar, o corpo completamente invisível. Ele cobriu a cabeça e a imagem desapareceu completamente.

— Tem um cartão! – disse Rony de repente. – Caiu um cartão!

Harry tirou a capa e apanhou o cartão. Escritas numa caligrafia fina e rebuscada que ele nunca vira antes, estavam as seguintes palavras:

“Seu pai deixou isto comigo antes de morrer. Está na hora de devolvê-la a você. Use-a bem.

Um Natal Muito Feliz para você.”

Ele olhou chocado para todos em sua frente, de repente, aquele objeto em suas mãos era mais valioso do que Rony pensava, era muito mais importante do que qualquer outra coisa.

— Bem – começou Sophie, sua voz um tanto estranha mas com o rosto carregando um sorriso suave. –, use-a bem.

Harry nunca tivera em toda a vida um almoço de Natal igual àquele. Cem perus gordos assados, montanhas de batatas assadas e cozidas, travessas de salsichas, terrinas de ervilhas passadas na manteiga, molheiras com uva-do-monte em molho espesso e bem temperado – e, a pequenos intervalos sobre a mesa, pilhas de bombinhas de bruxo. Essas bombinhas fantásticas não se pareciam nada com as bombinhas fracas dos trouxas que os Dursley em geral compravam, cheias de brinquedinhos de plástico e chapéus de papel fino. Harry puxou a ponta de uma bombinha de bruxo com Fred e ela não deu apenas um estalinho, ela explodiu com o ruído de um canhão e envolveu-os em uma nuvem de fumaça azul, enquanto caíam de dentro um chapéu de almirante e vários camundongos brancos, vivos. Na mesa principal, Dumbledore tinha trocado o chapéu de bruxo por um toucado florido e ria alegremente de uma piada que o Prof. Flitwick acabara de ler para ele.

Pudins de Natal flamejantes seguiram-se ao peru. Percy quase quebrou os dentes em uma foice de prata que estava escondida em sua fatia. Harry observava o rosto de Hagrid ficar cada vez mais vermelho à medida que pedia mais vinho e acabou beijando a bochecha da Profª. Minerva, a qual, para espanto de Harry, rira e corara, o chapéu de bruxa enviesado na cabeça.

Quando Harry finalmente saiu da mesa, estava levando uma montanha de brinquedos das bombinhas, inclusive uma embalagem de balões luminosos e não explosivos, um kit para cultivar capixingui, a planta símbolo de Hogwarts, e um jogo de xadrez de bruxo. Os camundongos brancos tinham desaparecido e Harry teve a desagradável sensação de que eles iam acabar virando jantar de Natal para Madame Nor-r-ra.

Harry, Sophie e os Weasley e Lovegood passaram uma tarde muito alegre ocupados em uma furiosa guerra de bolas de neve. Depois, frios, molhados e ofegantes, voltaram para junto da lareira na sala comunal de Grifinória, onde Harry estreou o seu novo jogo de xadrez perdendo espetacularmente para Rony. Suspeitou que não teria levado uma surra tão grande se Percy não tivesse tentado ajudá-lo tanto.

Depois de lancharem sanduíches de peru, bolinhos, gelatina e bolo de frutas, todos se sentiram demasiado fartos e sonolentos para fazer outra coisa senão sentar e assistir – Sophie foi a única que não deu atenção, preferindo ler o novo livro que ganharam –, a Percy correr atrás de Fred e Jorge por toda a torre de Grifinória porque eles tinham furtado seu crachá de monitor.

Fora o melhor Natal da vida de Harry. No entanto, no fundinho da cabeça alguma coisa o incomodara o dia inteiro. Somente quando finalmente se deitou é que teve tempo para pensar nela: a capa invisível e a pessoa que a mandara.

Rony, cheio de peru e bolo e sem nenhum mistério para perturbá-lo, caiu no sono assim que puxou as cortinas de sua cama de dossel. Harry debruçou-se pela borda da cama e puxou a capa que escondera ali.

Do seu pai... aquilo fora do seu pai. Ele deixou o tecido escorregar pelas mãos, mais macio do que seda, leve como o ar. Use-a bem, dissera o cartão. E logo depois, reforçado por Sophie.

Tinha de experimentá-la agora. E saiu da cama e se enrolou na capa. Olhando para as pernas, viu apenas o luar e as sombras. Era uma sensação muito engraçada.

Use-a bem.

De repente, Harry se sentiu completamente acordado. Toda a Hogwarts se abria para ele com esta capa. Sentiu-se tomado de excitação em pé ali na escuridão silenciosa. Podia ir a qualquer lugar com a capa, qualquer lugar, e Filch jamais saberia.

Rony resmungou adormecido. Será que Harry devia acordá-lo? Alguma coisa o deteve – a capa do seu pai –, sentiu que desta vez – a primeira – queria usá-la sozinho.

E foi naquela noite, após procurar por Nicolau Flamel na sessão reservada, e depois fugir de Filch e Snape, que ele encontrou. O espelho.

 

•°•°•°°•TDWTS•°•°•°°•

 

 

Três dias se passaram desde do Natal, e naqueles três dias, Sophie havia percebido que algo de estranho havia acontecido com seu irmão. Ele estava quieto, pensativo e até melancólico. Francamente, ela não fazia idéia do que poderia ter acontecido com ele, mas se perguntava se poderia ter sido o presente de Dumbledore, a capa do pai deles, que tenha deixado o Potter mais novo daquele jeito.

 

 

— Deve tê-lo deixado com saudades. – comentou Harriet quando Sophie mencionou suas preocupações com a amiga. – Já passamos por isso, Soph. Ver algo daqueles que perdemos sempre dói de alguma forma.

 

 

E era verdade. Doía. Doía porque fazia com que eles voltassem a realidade de que aquelas pessoas não estavam mais por perto, e nunca mais estariam. Mas no fim, foi Dumbledore quem lhe informou o que estava deixando Harry com os pensamentos longe, longe demais do mundo real.

 

 

O Espelho de Ojesed. O espelho que mostraria o desejo mais profundo e forte do coração daquele que olhasse para.

 

 

— Ele está se perdendo no mundo dos sonhos, seus pensamentos crescem no desejo do espelho trazer seus pais de volta. – explicou o diretor com calma e olhando com suavidade e tristeza para ela. – Vai apenas enlouquecê-lo.

 

 

Sophie respirou fundo e fechou os olhos.

 

 

— Eu poderia ir até ele, eu mesmo pedir para ele não voltar para o espelho e lhe explicar o motivo. – continuou Dumbledore. – Mas, imaginei que você poderia querer fazer isso. Trazê-lo de volta para a realidade.

 

 

Aquilo doeria. Machucaria como as chamas do inferno queimando seu coração. Mas, ela não podia... Ou não queria, deixar aquela pequena chance passar. A chance de... Ver um sonho inalcançável. E por isso, lá estava ela, naquela noite fria, de frente para o grande espelho.

 

 

Era um magnífico espelho, da altura do teto, com uma moldura de talha dourada, aprumado sobre dois pés em garra. Havia uma inscrição entalhada no alto: Oãça rocu esme ojesed osamo tso rueso ortso moãn.

 

 

Mas a aparência e a inscrição não lhe importava.


O que lhe importava era o que estava sendo mostrado para ela.

Sua mãe e o pai estavam ao lado dela com o bebê Harry nos braços, seus olhos carregados de orgulho e felicidade, e com enormes sorrisos em seus lindos rosto. E Remus e Sirius, estavam logo atrás deles, ambos estavam sorrindo também.

Aquela era a família dela. E por um momento, ela se permitiu acreditar que eles estavam vivos e bem, que seus pais estavam em casa esperando por ela e Harry, e que... Voldemort era apenas uma história de terror.

— Você pode vê-los, Aslan? – ela sussurrou a pergunta, sem tirar os olhos do espelho. – Veja, eles estão vivos. – ela sorriu.

Ela perdeu o olhar triste que seu leão lançou em sua direção.

— Sophie?

A Potter piscou várias vezes, seu sorriso saindo do rosto e voltando para o mundo real. Seus pais estavam mortos.

Ela se virou e viu seu pequeno irmão parado próximo a porta, seus olhos arregalados assustados para ela, e isso fez a ruiva sorrir um pouco.

— Ei garoto. – ela o cumprimentou, acenando para ele se aproximar mais. – Se aventurando com a capa?

— Eu... É... Eu...

Sophie riu baixo e bateu levemente no ombro dele.

— Está tudo bem, Harry. Não sou a McGonagall, não vou brigar com você. – ela comentou sorrindo. – Eu disse para usá-la bem, assim como a carta também disse. E você está usando. Muito bem.

Harry suspirou em alívio.

— Não está brava, então? – ele perguntou.

Sophie franziu a testa.

— Por que eu estaria? Você está vivendo uma aventura, admiro isso. – ela respondeu calmamente. – Mas, então, o que você acha?

— Sobre?

— O Espelho de Ojesed, é claro.

— É assim que se chama? – questionou o garoto olhando com atenção para o enorme espelho.

— Uhum. – respondeu Sophie baixo. – É o nome. Auto explicativo eu diria, não concorda?

— Como assim?

Sophie deu de ombros.

— Desejos, Harry. – ela respondeu. – O que você mais deseja, em todo o mundo, universo e tempo?

— Minha família. – ele respondeu na hora.

Sophie concordou com a cabeça, seu peito doendo cada vez mais, e o choro começando a se formar em sua garganta.

— É isso que o espelho faz? Mostra o que eu mais desejo? – perguntou o Potter não notando como Sophie estava.

— Mostrou Rony como chefe dos monitores. – cantarolou Sophie.

— Como você sabe disso?! – questionou Harry chocado.

— Dumbledore me contou. Ele tem alguns truques bem legais, espero aprender em algum momento. – respondeu ela. – De qualquer forma, não se preocupe, Dumbledore não está irritado com você. Mais preocupado.

— Por que?

— Você perguntou se é isso que o espelho faz. Nos mostra o que desejamos... – Sophie se aproximou mais do espelho, ficando na frente do garoto, e assim, fazendo sua família retornar. – Não mostra apenas qualquer desejo. – ela tocou com reverência o rosto do pai. – Mostra-nos nada mais nem menos do que o desejo mais íntimo, mais desesperado de nossos corações.

Ela suspirou e se virou para Harry, que a olhava de forma preocupada e curiosa.

— Dumbledore me disse que, o espelho não nos dá nem o conhecimento nem a verdade. Já houve homens que definharam diante dele, fascinados pelo que viram, ou enlouqueceram sem saber se o que o espelho mostrava era real ou sequer possível. – Sophie disse bastante séria para o irmão. – Então, como uma amiga e alguém que se preocupa profundamente com você, Harry, não volte para cá, não procure mais por esse espelho. No fim... É só um sonho.

Harry respirou fundo e concordou com a cabeça, e Sophie pode ver que os olhos dele estavam ameaçando lacrimejarem também.

— Eu prometo. – disse ele firmemente.

— Bom homem. – ela tocou em seu ombro com carinho. – Agora, está tarde, sinto que você precisa de uma boa noite de sono.

— É, eu acho que realmente preciso. – concordou ele com um suspiro. – Você vem?

— Depois. Eu ainda pretendo passar no diretor Dumbledore. – ela mentiu sem olhar diretamente nos olhos de Harry. – Pode ir, nos vemos amanhã.

Ele acenou e partiu para a saída, já estava colocando a capa quando se voltou para ela.

— O que você vê? – ele perguntou.

Sophie olhou para o espelho, vendo uma família perdida, e então para se voltou para Harry.

— Um sonho feliz, é o que eu vejo. – ela respondeu. – Boa noite, Harry.

— Boa noite, Sophie.

E assim ele se foi, a deixando com o espelho. Voltando a olhar para ele, ela se aproximou mais, olhando com mais atenção para os rostos de seus pais, os lindos olhos cheios de vida e proteção, e o de seu pai, carregados de amor e carinho. E mais uma vez, ela se deixou acreditar que eles estavam vivos, que eles estavam ali com ela...

— Sophie.

Ela piscou e não ficou surpresa ao sentir as lágrimas caindo por sua bochecha e a visão estar toda borrada. Olhando para trás, viu Dumbledore esticando a mão para ela, seus olhos compreenderores e cheios de carinhos e paz estavam focados nela.

— Venha, minha amiga. – ele a chamou. – Não vale a pena viver sonhando, e se esquecer de viver.

Ela olhou uma última vez para aquela família perdida no tempo, e ainda chorando foi até o diretor, segurando com força em sua mão.

Apenas um sonho.

E enquanto se afastava, ela percebeu, ela se aproximou demais do sol.


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