Scream escrita por Mayara Silva


Capítulo 6
Round 2


Notas iniciais do capítulo

Oooi gente ♡ Voltei u3u

Já já estaremos entrando no clímax da história ♡ mas ainda tá um pouco longe de acabar kkkkkk acho que só termino essa história em dezembro XD

Enfim, espero que gostem u3u



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Quarto da Paris - 18:20 hrs

 

A noite já havia caído, os corredores estavam imersos em um breu profundo, algumas áreas da mansão ainda possuíam energia, porém era escassa, apenas alguns pequenos pontos de luz podiam ser vistos da janela. Prince e Paris enfim criaram coragem para sair de seus esconderijos, que os levaram até o quarto da garota. Em meio à cama cheia de pelúcias coloridas, ela se aconchegou e chorou freneticamente. Prince ficou ao seu lado e levou a mão aos seus ombros, tentando consolá-la.

 

— Calma, calma…

 

— N-não! V-você viu, não viu?? A gente quase viu o Blanket morrer, a gente se separou dele! E o papai... todo machucado… Eu quero que esse pesadelo acabe logo!

 

— Nada vai acabar se a gente ficar aqui chorando, você sabe…

 

Prince suspirou logo em seguida, temia que sua irmã chamasse a atenção daqueles invasores, mas sabia que ela precisava daquele momento. Ele se levantou e começou a caminhar pelo quarto dela, pensou que poderia encontrar algo de útil ali, Prince estava com a mente em alguma forma de fugir ou de se defender, ele tentava não pensar muito com o emocional.

De longe, viu alguns brinquedos jogados no chão e um kit de primeiros socorros perto dele.

 

— O que é isso aqui?

 

Paris limpou as lágrimas e deu uma olhada.

 

— E-eu... Eu tava brincando de enfermeira…

 

— Ah, bom… Isso é útil. O papai não ia gostar de te ver mexendo com um kit de verdade, mas com certeza ele não ligaria pra isso agora.

 

Prince pegou apenas algumas coisas do kit, era um pouco complicado transportar toda a mala de lá para cá, então ele focou no que iam realmente precisar.

 

— Vamos? Se a gente encontrar o papai logo, poderemos entregar essas coisas pra ele. Isso vai ajudar, Paris.

 

A menina suspirou mais um pouco antes de concordar com a cabeça. Ela limpou as lágrimas novamente e se levantou, mas levou consigo uma lhama de pelúcia, de certa forma a confortava.

 

— Lembra da lhama branca do papai? Eu gostava dela...

 

— Não era uma lhama, era uma alpaca.

 

— Era uma lhama…

 

— Alpaca.

 

— Lhama!

 

Eles prosseguiram com a discussão enquanto retornavam para o esconderijo. Assim que a parede falsa se fechou, um par de olhos negros os observou pela fresta da porta.

 

Prince e Paris.

 

x ---- x

 

Corredores - 18:33 hrs

 

Michael e Blanket já estavam caminhando há um tempo. O plano do cantor era resgatar todos os seus filhos antes de sair de Neverland e pedir por ajuda, mas já havia procurado por alguns esconderijos e ainda não havia visto nem sinal do casal de irmãos. Sabia que precisaria se arriscar pelos corredores e foi isso que fez. Colocou o seu filho no colo e começou a andar em passos minuciosos.

Após alguns minutos caminhando e ouvindo o chão ranger, o homem deu um passo descuidado e acabou pisando na madeira solta de um piso falso. Isso o fez tropeçar e bater o joelho no chão com violência ao tentar amortecer a queda. Embora já tivesse sentido dores piores, Michael mordeu uma das mãos para abafar um grito de dor. Blanket logo saiu do colo do pai para ajudá-lo a escapar daquele impasse.

 

— Foi o Prince, papai! Ele fez isso…

 

Uma pequena cortesia do filho mais velho. Prince havia espalhado pequenas armadilhas por todo o perímetro e, infelizmente, aquela havia despertado a atenção de um dos alienígenas, ou pelo menos assim pensavam. Michael puxou o seu pé com força para se retirar, mas caiu novamente na mesma armadilha poucos centímetros depois.

 

— Ah, Prince, Prince...!

 

Murmurou, toda aquela situação estava o levando ao limite, porém procurou não explodir na frente do seu filho.

Ouviu-se um barulho. Blanket foi averiguar o que era, contudo o homem o puxou de volta.

 

— Fique aqui com o pai, Blankie!

 

Ele sussurrou, um pouco apreensivo. Após se certificar de que seu filho ficaria do seu lado, tentou se livrar daquela armadilha e puxar o seu pé de volta, mas viu que isso iria demorar um pouco. Visualizou todo o lugar, desconhecia alguma passagem secreta próxima, não eram todos os lugares que possuíam essa engenhosidade. Estavam em desvantagem fatal.

Forçou mais um pouco, até que conseguiu escapar. A madeira estava lá, solta, e Michael acabou percebendo que, para além de um simples pedaço fora do eixo, aquela “armadilha” era, na verdade, um alçapão pequeno e estreito. Teria que servir.

Agarrou o pequeno Blanket e adentrou àquela minúscula caverna escura.

 

Silêncio.

 

Um passo. Dois passos.

Silêncio.

Três. Quatro.

Mais silêncio.

 

Michael estava completamente confinado com o seu filho Blanket no colo. Havia apenas uma fresta por onde a luz da lua, que vinha da janela do corredor, adentrava e iluminava um pouco os seus rostos. O garoto estava com medo, mas estava alerta, o que o deixou quietinho, em choque. Michael o abraçava forte a fim de lhe transmitir conforto.

Eles precisavam ficar quietos ou morreriam, não havia saída naquele lugar.

 

— Papai...?

 

Uma voz familiar soou pelos corredores. Os dois arregalaram os olhos, era a Paris, era a doce voz da sua única menina, Michael reconheceria de longe.

 

— Papai… C-cadê você? E-eu tô com medo…

 

— É a maninha...

 

Murmurou Blanket, porém o cantor levou a mão à sua boca a fim de calá-lo. Ele não tirou os olhos da fresta, onde podia ver um pouco do que parecia ser a Paris, mas algo em seu coração dizia que aquela menina estava mentindo.

 

— Papai...?

 

— Mmmhm…

 

Murmurou o garoto, mas se calou quando reparou em como o seu pai estava concentrado e completamente congelado. Mais dois passos da garota e Michael teve a visão perfeita de seu rosto. Era a Paris, parecia ela, era tão perfeita, contudo o seu coração de pai e mãe sangrava ao insistir na possibilidade de ser uma impostora. Ele podia estar errado e sua filha podia estar chamando perigo para si própria, porém o cantor resolveu ouvir os seus sentidos.

 

— Pai…

 

A menina lentamente se aproximou da fresta, embora inconscientemente. Ela não havia visto a dupla.

 

— Vai embora, vai embora…

 

Sussurrava o homem. Quando Paris se aproximou, ele teve certeza absoluta.

Havia um corte profundo em seu pescoço.

 

— Você é tão esperto…

 

Um arpão perfurou a madeira fraca do piso falso. Michael agarrou o seu filho para o canto do pequeno alçapão e aquele objeto acabou passando direto, perfurando o chão. Vênus, que havia copiado a aparência, voz e movimentos da menina, ralou o arpão na madeira por toda sua extensão, em seguida deu uma olhada rápida na fresta que havia aberto, mas não conseguiu ver as suas vítimas.

 

Para o alívio deles, o impostor desistiu, se levantou e se retirou.

 

Aquela situação fez o cantor refletir. Para copiar tão perfeitamente, aquele impostor precisava ter analisado minuciosamente os trejeitos de sua filha, mais ou menos o que havia feito consigo na escadaria instantes antes de toda a perseguição se iniciar. Seu coração apertou ao imaginar a possibilidade de sua princesa ter dado de cara com aquele monstro, porém tentou não colocar ideias precipitadas em sua mente.

Naquele instante, Michael também percebeu que precisaria se preocupar com outra coisa para além de tirá-los dali. Ele precisava se certificar de que não haveria um impostor entre eles.

 

x ---- x

 

Hall de entrada - 18:59 hrs

 

— Pra onde a gente vai?

 

— Começar do zero. Nada melhor do que começar do zero pra ter certeza de que já passamos por todos os lugares, não é?

 

Respondeu Michael, apertando a mão de seu filho com carinho. Eles estavam prestes a descer as escadas e adentrar ao hall, onde tudo havia começado, quando deram de cara com Mercúrio, que estava indo em direção oposta.

Todos ali congelaram.

 

Mercúrio arregalou os olhos, os encarou com medo. Michael estava esperando que ela se transformasse em qualquer coisa para atacá-los, mas a demora em tomar uma decisão o fez perceber que ela não parecia ter nada em especial.

Suas dúvidas se concretizaram quando a impostora correu pelas escadas. Michael deixou Blanket no início da escadaria e escorregou pelo corrimão, o que o fez chegar até Mercúrio mais rápido.

O homem a empurrou para a parede mais próxima. Ela tentou se desvencilhar de seus braços, com alguns socos dispersos.

 

— Me largaaa!! Vênus!! Ah, droga, me larga!!

 

Michael tinha bons reflexos e, apenas com seu braço bom, desviava os golpes dela para outras direções, defendendo-se. Ele puxou um de seus braços e rapidamente conduziu até as suas costas, em seguida a pressionou na parede, mantendo-a de costas para ele.

 

— Tá me machucando, tá me machucando! Eu tô ligada que é feio bater em mulher no teu planeta, visse?!

 

Michael suspirou e afrouxou o “laço” que havia dado nela, mas ainda manteve-se alerta, Mercúrio era mais forte do que parecia e ele sabia disso.

 

— Cadê meus filhos? Onde eles estão? É só isso que eu quero saber…

 

— Eu não sei, eu não sei!

 

Está mentindo…

 

Ele a pressionou um pouco mais na parede e cantarolou. Sua voz parecia mais doce e suave à medida que sua paciência se esgotava. Por algum motivo, aquilo fez a garota sentir um frio na espinha.

 

— Olha… eu não sei, tá? Eu tava justamente procurando eles! E-eu… A ideia era que eu tomasse conta das crianças e o meu irmão ficasse com você, é tudo o que eu sei, agora me deixa em paz!

 

Ele suspirou. Com aquela mulher fazendo barulho desnecessário e falando coisas que não ajudavam em nada, ele não estava indo para lugar algum. Agarrou-a pelos pulsos e a arrastou consigo.

 

— Ei! Tá me levando pra onde?!

 

Foram até o armário de limpeza mais próximo. Michael a colocou lá, catou um atiçador de lareira que estava próximo de outras tralhas e trancou a porta com a chave que repousava sobre a fechadura. Ele guardou o pertence em seu bolso e, com o atiçador, criou três furos na porta para que a mulher respirasse com mais liberdade. Ele não era um agressor, não queria matar nenhum dos seus malfeitores, apenas desejava sair dali com suas crianças.

 

— Seu maluco!!

 

— Eu não quero machucar você, irmã do mal, mas é uma a menos no meu caminho.

 

— Me solta!!

 

Michael segurou a mão de seu filho e voltou a descer as escadas, era questão de tempo até Vênus reaparecer, era com ele quem deviam se preocupar.

 

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Sala do pânico - 19:24 hrs

 

A mansão era extensa demais para se procurar em todos os seus aposentos. Tempo era essencial e era tudo o que aquela família não tinha. Por esse motivo, Michael selecionou os lugares que julgava os mais prováveis para onde os seus filhos possam ter ido se abrigar, e um deles era a tão comentada sala do pânico ou o quarto secreto.

Era uma sala de proteção reforçada para onde o cantor ia se abrigar com suas crianças quando algum problema grave ocorria. Seria o primeiro lugar que ele iria em uma situação como aquelas, mas a forma repentina como tomaram posse da casa o impediu de seguir esse protocolo.

Destravou a porta e se trancou com o Blanket. Torcia para seus outros dois filhos estarem lá, mas, se não estivessem, seria um bom lugar para deixar o seu caçula enquanto os buscava. Felizmente, ao virar-se, deparou-se com o casal de irmãos escondidos no cantinho da sala. Estavam com medo de que aquele homem não fosse o pai deles, mas a reação do cantor ao encontrá-los acabou por convencê-los, pois viram as lágrimas descerem pelo seu rosto.

 

Michael se conhecia o suficiente para saber que era alta a possibilidade de chorar que nem um garotinho ao ver os seus filhos bem, mas não estava esperando que isso fosse acontecer tão rápido e repentinamente. Ele tinha tanto medo de perdê-los, as lesões em seu próprio corpo o lembrava o tempo todo que podiam ser suas crianças em seu lugar, aquilo o amedrontava muito.

Blanket, por estar mais perto do pai, foi o primeiro a abraçá-lo quando o viu levar as mãos ao rosto para desabar. Michael se ajoelhou, abatido, e o casal de irmãos se aproximou às pressas, o apertando com força em um caloroso abraço. Os três desfrutaram daquele momento por um tempo, ele precisava convencer sua consciência de que estavam todos bem, ele precisava restaurar suas forças.

 

Após aquele momento, Michael lentamente desfez o abraço, mas não deixou de ficar perto de suas crianças.

 

— Vocês estão bem? Estão feridos?

 

— Não, pai, tá tudo bem…

 

Respondeu o mais velho. O homem suspirou de alívio e assentiu, em seguida se levantou com um pouco de dificuldade (ainda sentia dores terríveis pelo corpo) e começou a caminhar pela sala. Naquele quarto havia de tudo que fosse essencial para manter uma pessoa distraída e livre de estresse durante a situação de pânico. Michael ficou observando os objetos que haviam ali, tentando formular algum plano de fuga, até que se lembrou de uma questão importante. Ele se aproximou de alguns artigos de escritório, como lápis, borracha e etc, recolheu as canetinhas coloridas e se aproximou de seus filhos.

 

— Blanket, vem cá… Me mostra o cotovelo.

 

Os meninos se entreolharam, mas confiaram cegamente em seu pai. O moreno se aproximou e cedeu o braço ao homem, que pegou uma canetinha vermelha e desenhou uma carinha feliz.

 

— Escutem… O monstro que está lá fora pode se transformar na gente, não pode? Mas ele só pode se transformar no que vê e conhece. Se nós nos separarmos, lembrem-se de que o clone não terá essa marca, porque ela está escondida sob a manga da blusa de vocês e ele não poderá copiar.

 

— Ah, já entendi o plano…

 

Comentou Prince. Michael sorriu.

 

— Isso. Não mostrem a marca de imediato, fujam se tiverem dúvidas e perguntem se for possível e necessário. Entenderam?

 

Todos ali assentiram. Paris logo correu até o pai.

 

— Eu quero uma flor!

 

Ele riu discretamente e puxou o braço da filha para desenhar um girassol. Prince foi o último, pediu a peça rei do jogo de xadrez. Por fim, Michael deixou suas crianças desenharem em seu braço, cada uma fez uma arte especial.

 

— E agora, papai? Como a gente vai fugir?

 

Indagou Paris. Essa era a segunda questão importante.

 

— Estamos perto do closet. Fiquem aqui, eu vou buscar umas roupas discretas para todos nós. Vamos sair.

 

— Er… sem carro? Sem motorista, sem dinheiro, sem moto, nadinha?

 

Indagou Prince.

 

— É muito arriscado ir atrás de um carro agora, mocinho. Vamos focar em atravessar o parque e depois pensamos no transporte.

 

O garoto assentiu. O cantor parou para pensar mais um pouco e se certificar de que era esse o plano que seguiriam. Uma vez certo de que o faria, começou a se preparar para concretizá-lo.

 


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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo:

O plano, agora, estava um pouco bagunçado na mente do adulto, pois ele não estava planejando ter que tomar um transporte público e tomar o caminho da sorte. Conhecia a cidade, mas não conhecia as rotas que aquele veículo faria, agora era torcer para passar onde ele precisava estar.

— Pra onde a gente vai, pai?

Indagou Prince.

— Vamos visitar a titia de vocês.



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