Scream escrita por Mayara Silva


Capítulo 4
Pique-esconde - Parte I


Notas iniciais do capítulo

Gente, do nada eu recebi uns comentários ontem uahsaushausha ( em outra plataforma :'D ) Obrigada, fico feliz que estejam gostando ♡ Espero que gostem desse tbm ♡

A melhor parte ainda tá por vir ;D



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Salão de lazer, Neverland - 16:28 hrs

 

Mercúrio passou a explorar os cômodos a fim de conhecer o perímetro e entender os segredos por trás do sumiço daquelas crianças. Vênus já tinha a certeza daqueles esconderijos, havia visto com os próprios olhos, porém ela só podia supor, ou, pelo menos, era a desculpa que dava para fuçar o lugar. Adentrou em um salão de lazer com alguns fliperamas, mesa de sinuca, piano, e um segundo andar com outras surpresas a se descobrir. Alguns andares não haviam sido afetados pela queda de energia provocada pelo seu irmão.

Os olhos dela brilharam.

 

— Quem diria que as tralhas dos terráqueos seriam mais chamativas que as nossas…

 

Comentou consigo. Mercúrio logo correu para o piano e se acomodou. Tocou umas notas dispersas, ela sequer sabia como aquilo funcionava, mas havia adorado o som que fazia.

 

— O mano iria adorar isso! O que é que tem mais?

 

A mulher correu para explorar o local. Foi a um dos fliperamas e começou a jogar Moonwalker, um game de plataforma onde ela controlava aquele quem queriam matar. Ela não o reconheceu, apenas procurou se divertir. Haviam jogos parecidos com aqueles em seu planeta, mas os controles eram anos-luz mais modernos.

 

Através das paredes, o som da máquina barulhenta de jogos do cantor chegava aos ouvidos de seus filhos, que estavam transitando entre um esconderijo e outro.

 

— Tem alguém na sala de lazer do papai…

 

Sussurrou Paris. Prince começou a planejar algo.

 

— Se for aquela mulher, vai ser mais fácil pra a gente se virar, ela não tem poderes…

 

— … ou não mostrou eles ainda.

 

— É...

 

Eles chegaram no esconderijo seguinte, que dava em um dos corredores. Assim que saíram, Prince começou a puxar um dos armarinhos. Paris e Blanket não entenderam a intenção dele.

 

— Me ajudem aqui!

 

Sussurrou.

 

Enquanto isso, Mercúrio já estava se sentindo em casa. Ela foi até um frigobar, ainda naquela sala, pegou umas bebidas e se serviu, em seguida foi até a estante de filmes e começou a fuçar. Encontrou algumas relíquias, filmes de época,  desenhos animados e até mesmo alguns musicais. Haviam discos do cantor entre eles e estes foram os que realmente chamaram a sua atenção. "Conheça seu inimigo", pensou consigo.

Puxou alguns para conferir. Seus estudos sobre a Terra lhe proporcionaram uma maior facilidade para se desenrolar com alguns objetos terrestres, então ela ligou um aparelho DVD sem muita dificuldade e começou a assistir vídeos aleatórios. Isso beneficiou as crianças, que começaram a fazer pequenos barulhos no corredor, passando despercebidos por Mercúrio, que estava entretida demais para ver do que se tratava.

 

Entre cliques e mais cliques, ela finalmente havia entendido por que motivo aquelas meninas do mercado os abordaram, por que aquele público se aglomerou, por que o homem da mercearia os olhou com espanto, por que os seguranças de Neverland foram tão solidários com sua entrada no recinto e, principalmente, por que aquele cantor os encarou com tanto medo.

 

"Stop pressurin' me, just stop pressurin' me"

"Stop pressurin' me, make me wanna scream"

 

— Mas… é a gente…

 

Ela sussurrou. As roupas, o jeito de se portar, até mesmo toda a extensão da nave, tudo ali parecia uma cópia perfeita de suas vidas. Aquele videoclipe a deixou estarrecida por alguns instantes, diante da tela, até ouvir um vaso de flores quebrar no corredor. Seu rosto se virou em um segundo.

 

— Aaah, Blanket!

 

Exclamou Paris. O som da TV cessou, Prince percebeu que era hora de correr. Ele agarrou o irmão e fez um sinal para que a menina também o acompanhasse. Se retiraram em silêncio, apenas ouvindo os passos apressados daquela alienígena.

Já Mercúrio apenas acompanhou a respiração acelerada das crianças, silenciosamente. Seus olhos estavam focados no alvo, ela estava inteiramente entregue à concentração de caça e espírito assassino. Cerrou os punhos e, com a cabeça levemente baixa e o olhar fixo, começou a caminhar.

As crianças estavam em uma distância razoável, pareciam um pouco lerdas para se defender. Parecia o triunfo da mulher, mas essa era a ideia que Prince queria passar.

Mercúrio correu, porém acabou tropeçando em um fio de nylon no meio do caminho, que levou consigo um dos armários de quinquilharias. Era um armário alto e pesado, porém não muito largo, o que facilitou para as crianças o movimentarem. Prince não esperava que isso a derrotasse, mas que a fizesse saber com quem estava lidando.

 

— Yes! Vamos sair daqui!

 

Comentou o garoto, porém Mercúrio obviamente não havia desistido por causa daquele pequeno incidente. Ela não tinha poderes, mas, naquele planeta, sua resistência era quase tão fantástica quanto qualquer magia mirabolante.

Empurrou o armário com força, o forçando para seu lado esquerdo até fazer uma marca na parede, em seguida se levantou. Estalou o pescoço para esquerda, para direita, e encarou os meninos com um olhar frio.

 

— C-corre…

 

Murmurou Paris. Eles se retiraram dali rapidamente, e, enquanto Mercúrio avançava, mais e mais objetos caíam sobre ela. Se os fios não estavam presos a alguns centímetros do chão, estavam na altura de sua cabeça. Ela não sabia onde o próximo fio estaria, se fosse concentrar nesse detalhe, poderia perdê-los de vista. Prince e Paris correram até o último quarto do corredor, que não levava para nenhuma saída. Mercúrio sabia que podia ser uma armadilha, mas precisava arriscar, ela não aceitava perder para três pestinhas de jeito nenhum.

 

— Acabou??!

 

Indagou, furiosa. Prince e Paris estavam congelados, em frente à porta do último quarto, sem muitas opções.

 

— Acho... q-que sim…  mas… falta uma coisa.

 

Comentou o garoto. Mercúrio não queria ficar para ouvir, então deu um passo para frente a fim de agir logo, quando sentiu uma rajada potente de eletricidade invadir todo o seu corpo. A mulher deixou um grito curto escapar e se contorceu, em seguida caiu no chão, imóvel. Atrás dela, Blanket munido de um taser discreto.

 

— YES! Agora me dá logo isso, senão o papai vai brigar!

 

Exclamou Prince, indo até o irmão mais novo e tirando o taser de suas mãos. Paris arqueou a sobrancelha, precisava perguntar.

 

— Onde você conseguiu isso aí?

 

— Com o Bill… mas… sem ele saber.

 

— Você pegou o taser do Bill? Papai odeia quando a gente mexe nas coisas dos seguranças…

 

— Vida ou morte, né? Era ela ou a gente. Agora, vamos embora, antes que ela sare do choque.

 

— Seus… filhos da mãe… Eu vou…

 

— Vamos!

 

Paris prontamente concordou e puxou os seus irmãos pelo braço. Toda aquela barulheira acabou chamando a atenção dos demais presentes na casa: Michael e Vênus. A questão era qual dos dois chegaria primeiro às crianças.

 

x ---- x

 

Quarto principal - 17:13 hrs

 

Transitando entre esconderijos, Michael acabou chegando ao seu quarto. Ele suspirou intensamente, um misto de alívio e pânico, estava preocupado com os filhos e não parava de pensar neles, mas sabia que precisava se concentrar na situação e pensar em alguma alternativa que salvasse suas vidas.

Michael não era muito fã de espelhos, porém se aproximou de um para dar uma olhada no estrago da pequena briga que havia tido com o assassino. Para um homem na casa dos 40 anos de idade, ele tinha aguentado bem, contudo já estava cansado e com dores no corpo. Havia levado um belo soco no rosto, o canto esquerdo do seu lábio estava cortado, ele podia sentir o gosto forte de metal na boca. Era a pior coisa que carregava consigo até o momento, o segundo ferimento era um corte irrisório no antebraço direito, quase tão inofensivo quanto arranhão de gato. Ele passou as mãos no rosto, a aflição aos poucos passou a corroê-lo.

 

— Calma… Calma, Michael…

 

Sussurrou para si. Sabia que não podia ficar naquela sala por muito tempo, então passou a vasculhar as gavetas em busca de algo que pudesse ajudar, como um telefone celular, chaves do carro ou qualquer outra coisa. Nunca precisou se preocupar com essas coisas, seus funcionários eram responsáveis até mesmo pela sua coleção de automóveis, que ele raramente pilotava, buscar qualquer coisa útil acabou se tornando uma tarefa difícil naquelas circunstâncias. Achou apenas uma nota de 10 dólares, que tratou de colocar em um dos bolsos dianteiros da calça. Sabe-se lá para quê serviria.

 

Um barulho suspeito o fez virar o rosto em um instante. Veio do andar de cima. Poderiam ser aqueles dois impostores, poderiam ser as crianças… Sentia que precisava arriscar.

E ele ia arriscar.

 

Rapidamente se retirou.

 


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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo:

Ele travou ao ver o seu pai. Era ele ali, estava vivo, estava bem. Prince sorriu e, aliviado, correu até o homem, mas parou na mesma hora quando o viu abraçar seu irmão. [...]

— Paris, não!

[...] Ela parou, virou-se para entender por que seu irmão havia chamado sua atenção, quando as desconfianças do garoto se confirmaram.



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