Não os chamou.

Os agentes provavelmente iriam explorar aquele ambiente, o que não significava ser exatamente naquele momento. Os passos desapareceram gradativamente da mesma forma que começaram, e eles puderam perceber que Michael atendeu ao seu pedido.

— Eu fiz por vocês algo que não fizeram por mim. Se acham que eu mereço, então me façam um favor e vão embora.

Eles se entreolharam novamente. Michael não sabia se atenderiam ao pedido, mas era a única coisa que podia fazer, ele já não tinha mais forças para lutar.

Lentamente virou-se, deu às costas e se retirou.

— Albacoriano…

Ao aproximar-se da porta, Vênus o chamou. Michael lentamente virou o rosto em sua direção. Ele se surpreendeu ao ver o alienígena ajoelhar-se perante si. Mercúrio não entendeu absolutamente nada, mas imitou os passos do irmão logo em seguida.

— Nos perdoe.

Michael estava cansado, com dores e definitivamente não havia esquecido do perigo que eles trouxeram não só para si mesmo, mas para sua família. De qualquer maneira, ele jamais negaria um pedido de perdão sincero. Embora mantivesse o desejo de vê-los ir embora, acreditava que eles haviam aprendido alguma lição de certa forma.

— Eu não sei o que é “albacoriano”. O meu nome é Michael Jackson.

Disse. Seus olhos recaíram em Vênus dessa vez. Sentia estar olhando para um espelho macabro.

— Vênus, não é? Eu entendo sua luta... mas não é assim que vai conseguir combatê-la. Eu perdoo se forem embora, e… não machuquem mais as pessoas.

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Rodovia - 03:35 hrs

Neverland ainda estava uma bagunça, porém era questão de tempo até que os agentes percebessem que não havia mais nada a procurar por ali. Os irmãos tiveram uma pequena ajuda de Michael, o que foi necessário e suficiente para que eles se retirassem sem maiores problemas. A atuação dos poderes de Vênus nessa situação também foi muito importante.

Tudo estava escuro, não tinha energia em nenhum ponto de todo o Estado. Ainda não havia nenhum sinal dos belíssimos raios do sol à vista, apenas o véu de estrelas cobria todo o céu. Vênus e Mercúrio andavam um ao lado do outro por uma rodovia deserta. Eles não se falaram durante todo o trajeto, ainda estavam digerindo tudo o que havia acontecido.

Mercúrio encarou o seu irmão, que, por sua vez, apenas encarava a estrada, enquanto seus braços envolviam o próprio corpo, estava sentindo um pouco de frio.

— Er… então… o que foi aquilo?

— Hum?

Ele, enfim, a encarou.

— Não se faz de idiota. Por que você pediu perdão? Logo você, pra ele?

Vênus desviou o olhar, em silêncio. Ele suspirou em seguida.

— Ele é poliotiano.

A garota arqueou a sobrancelha.

— Mesmo? Era só uma brincadeira...

— Não, ele é poliotiano. Ele é resistente, muda de forma e o poder dele é fazer aquela coisa com o corpo.

Ele a encarou novamente.

— Eu já meti a gente em muita merda, eu não ia me perdoar se fizesse isso de novo.

Mercúrio manteve o olhar no seu, não conseguiu segurar um sorriso.

— Mesmo eu sendo o cérebro da família, você ainda insiste em cumprir seu papel de irmão mais velho.

— Dã! Claro, você é a minha família! Você é a única que restou na minha vida. Se eu não cuidar de você, quem vai cuidar… de mim...?

Ele murmurou a última parte bem baixinho, parecia ter ficado com vergonha do que acabara de dizer. Mercúrio soltou uma risada e socou o braço do irmão.

— Ai, palhaça!

— Sério, você tá precisando de uma namorada.

— Hunf, não preciso não…

Eles gargalharam.

— Vamos pra Anedonte? Lá deve ter umas anedontinas bem gatas.

— Hum… Tá, gostei da ideia.

Seguiram em direção à nave.