Scream escrita por Mayara Silva


Capítulo 12
C.I.A


Notas iniciais do capítulo

Penúltimo capítulo! Aaah sentirei sdds de postar mais sobre essa história TuT mas enfim, é isso, sem planos pra parte 2 uahsauhsa

Vai ter 2 finais pq sim ♡ Mas sim, um deles é cânon no universo da história, o outro eu fiz mais pra agradar uma galera que gosta de outras coisas. Os 2 vão ser postados ao mesmo tempo daqui a alguns dias u3u

Boa leitura ♡



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? - [Horário indefinido]

 

Era um dia calmo e ensolarado. Embora o sol estivesse a pino, iluminando tudo que seus raios pudessem alcançar, não havia nenhum mormaço ou calor excessivo, só uma doce e refrescante brisa de primavera. Flores e girassóis estavam espalhadas pelos belíssimos campos esverdeados, árvores centenárias dignas de livros de fantasias formavam uma proveitosa sombra e os pássaros tilintavam seu cantar.

No meio de toda essa beleza paradisíaca, Michael estendeu uma belíssima toalha de cores vermelha e azul, e repousou acompanhado de Sonho de Uma Noite de Verão, de William Shakespeare.

 

Folheou.

 

— "O olho do poeta, num delírio excelso, passa da terra ao céu, do céu à terra, e, como a fantasia, dá relevo a coisas até então desconhecidas. A pena do poeta lhes dá forma, e a essa coisa nenhuma, aérea e vácua, empresta nome e fixa lugar certo."

 

— Papai!

 

Ao abaixar o livro, viu, ao longe, seus três filhos, todos bem vestidos e felizes, correndo em sua direção. Usavam vestes de cores vibrantes, em contraste com o homem, que estava trajando branco. Michael se surpreendeu ao vê-los ali, logo sorriu e abriu os braços para recebê-los, mas não se aproximaram. Pararam do lado de fora do belo sombreado onde o pai repousava.

 

— Venham! Por que pararam?

 

— Por que você vai embora?

 

Indagou Prince. Michael arqueou a sobrancelha.

 

— Vou para onde? Estou aqui agora…

 

— Não tá não, você já tá vestido pra ir embora...

 

Ele os encarou, confuso, em seguida observou a si mesmo. Estava vestindo um belo e principesco traje branco. Era uma roupa composta por uma camisa social branca adornada de fios de ouro extrafinos e botões dourados, colete branco de veludo, um broche real de ouro maciço ataviando seu tórax, luvas claras encravadas de ouro branco e calças claras discretamente decoradas com bordados reais.

Lhe faltava algumas coisas. Ele não usava casaco e estava apenas de meias.

 

— Estou? Não estou nem de sapatos...

 

— Então por que já tá indo embora? Se não tá pronto, tem que ficar com a gente.

 

— Mas eu não quero ir embora! Quero ficar com vocês!

 

As crianças se entreolharam. Paris falou em seguida.

 

— É com isso que a gente conta, papai. A gente quer te ver de novo.

 

— Por favor, volta… tá...?

 

De repente, sua visão esbranquiçou. Tornou-se turva até, enfim, apagar-se.

 

x ---- x

 

Exterior da mansão privativa - 00:06 hrs

 

Michael lentamente abriu os olhos e não viu nada além de caos, fumaça e luzes brilhantes.

 

Era noite, a lua resplandecia toda a sua glória no céu. O véu negro de estrelas cobria todo o ambiente, mas haviam alguns, um, dois, diversos, mais do que se podia contar, vários pontos de luz que se moviam freneticamente em torno de Neverland. Michael custou a perceber do que se tratava, ainda estava atordoado e havia um inalador atrapalhando parcialmente sua visão.

Todavia, eram helicópteros. Pelo chão, muitos e muitos veículos tanto de cor escura quanto com as cores predominantes da polícia. Pessoas e mais pessoas estavam aglomeradas em Neverland, o portão havia sido arrombado. Homens de preto, agentes, oficiais, força operacional, esquadrão antibombas, peritos, mídia, imprensa, fã clube, curiosos, simplesmente o pesadelo de Michael parecia estar apenas começando.

Ao ver toda aquela algazarra, ele se assustou. Levantou-se rapidamente, mas cedeu ao sentir uma dor aguda no abdômen. Janet, que estava o ajudando com o nebulizador, surpreendeu-se ao vê-lo acordado tão depressa.

 

— Michael!

 

Ela o abraçou com força. O cantor soltou um gemido de dor.

 

— C-calma, calma, calma aí, dunk...!

 

— Pelo visto, você já tá bem, né?!

 

Ela exclamou, mas extremamente feliz por vê-lo reagir tão bem.

 

— Você perdeu tanto sangue que eu pensei que… eu pensei…

 

Sua voz embargou, e só naquele momento Michael percebeu como o caso tinha sido sério. Ele lentamente retribuiu o abraço da mulher, afagando os cabelos dela como pôde, ainda não conseguia se movimentar muito bem.

 

— Eu tô bem, eu tô bem… Vai ficar tudo bem, okay? Só… me diz o que tá acontecendo… Eu não lembro de absolutamente nada…

 

— Meu ouvido ainda tá zumbindo. Você disse o quê?

 

— Eu perguntei o que tá acontecendo!

 

— Ah! Michael, tudo explodiu! Eu ouvi um grito, fiquei surda na hora! Depois, só vi um monte de fumaça. Eu também tô toda fodida, fizeram um curativo improvisado na minha perna.

 

— Ah, não… V-você tá bem?

 

— O quê?!

 

— Você tá bem??!

 

— QUÊ??

 

— VOCÊ TÁ… Ai, esquece…

 

Michael levou a mão ao seu ferimento, ainda doía bastante, mas milagrosamente ele estava lúcido e reagindo bem, como se fosse um corte superficial.

 

— Droga, dunk, encosta o ouvido em mim, eu preciso falar contigo!

 

Janet ouviu essa e prontamente se aproximou de seu irmão. Ele suspirou para tomar fôlego e voltou a falar.

 

— A mídia tá por aqui?

 

— Hurum, mas só do outro lado da linha. Os policiais tão fazendo a escolta.

 

— E… quem é esse pessoal de preto?

 

— C.I.A. A explosão deixou o Estado todo sem luz, Mike. Eles vieram pra cá num instante.

 

— Droga… Eu tô encrencado?

 

— Hum… não. Pelo que eu entendi, esses caras já tavam de olho nos cosplays do inferno.

 

— E-eles sabem da existência deles?

 

— Olha, eles não falaram isso abertamente, mas, quando eu contei meu depoimento, eles nem questionaram a maluquice.

 

Michael suspirou.

 

— Eu preciso voltar…

 

O cantor tentou se levantar, sem sucesso. Soltou um gemido de dor e voltou para a mesma posição.

 

— Teimoso, bem feito. Descansa aí que a ambulância já tá chegando. A falta de energia prejudicou um monte de serviços.

 

— Okay… Eu posso tomar um copo d’água?

 

— Não! Me disseram que, se eu te der água, você morre de vez. Não pode dar água pra quem perdeu muito sangue.

 

Michael fez uma cara emburrada e virou o rosto na direção contrária à sua irmã, em seguida cruzou os braços.

 

— O pessoal sabe disso? Tito, Marlon, Jermaine… Eles já saíram da cidade ou ainda estão por aqui?

 

— Eu não sei, Mike… Na verdade, eu acho que todo mundo já sabe à essa altura.

 

Ele aquiesceu. Após, virou o rosto para o céu e descansou a cabeça no colo de sua irmã.

 

— Eu queria vê-los. Eu… eu tenho medo de apagar e…

 

— Não fala isso, por favor…

 

— Eu não acho que vou morrer, tá bom? Não é isso, não se preocupe, é só... eu tenho medo…

 

Janet suspirou.

 

— Okay, okay… O que você quer que eu faça?

 

Michael ficou em silêncio. Parecia que reprovava o próprio pedido, mas sentia que precisava fazê-lo.

 

— Queria que eles tivessem aqui. Queria saber dos meus filhos. Eu… eu só queria ver pessoas que eu conheço. Você acha que pode conseguir isso pra mim? Eu não sei como está o seu estado…

 

Ela revirou os olhos.

 

— Posso, seu bobo. Vai por mim, comparado a você, o meu caso é arranhão de gato.

 

Michael sorriu. Janet se aproximou e beijou o topo de sua cabeça, em seguida lentamente se afastou de seu irmão, o deixando descansar no gramado podado de Neverland.

 

— Eu volto logo. Não sai daí, sério mesmo! Eu vou ver se consigo ligar pra o pessoal.

 

— Acho que eu não vou conseguir, nem se eu quisesse.

 

Brincou o homem, rindo discretamente em seguida. Janet retribuiu.

 

— Você é teimoso, aposto que ia dar um jeito.

 

Disse, sorrindo, em seguida se afastou. Quando a mulher se misturou entre a multidão de oficiais diferentes, Michael voltou a admirar o céu, parecia estar buscando forças em suas crenças. Suspirou e tentou se levantar novamente, sem sucesso. Ele não entendia como estava lúcido naquela situação, com quase o movimento da cintura para baixo paralisado. Não gostava muito de refletir sobre seu estado, pois, se o fizesse, teria ideias macabras sobre se aquela paralisia era temporária ou permanente, se era psicológica ou real. Ele tinha medo, mas detestava ter que expeli-lo para aqueles que amava, Janet não merecia isso, pensava.

 

Desistiu. Fechou os olhos e tentou pensar nos filhos, em sua mãe, nas poucas vezes que brincava com os irmãos em sua dura infância. Tentou pensar em coisas boas, isso acalmava o turbilhão que havia em sua mente.

 

Até que…

 

… pensou em Vênus e suas palavras. Pensou em qual canto de sua casa poderiam estar. Michael não conseguia evitar, mas fazia parte de sua alma importar-se com os outros à sua volta. Vênus era um perigo, contudo ainda era um ser pensante, um ser com todos os sentimentos que um humano possui. Ele sabia que um agente da C.I.A não poderia enxergar aquilo, que um policial civil ou federal não poderia enxergar aquilo.

 

As coisas poderiam dar muito errado se batessem de frente.

 

Lentamente abriu os olhos e viu uma fumaça tênue cobrir o céu. Um tiro foi disparado aos ares. Os policiais estavam tentando manter um grupo de fãs atrás da linha amarela, mas, àquela altura, todos estavam preocupados com o estado de seu ídolo. Alguns ultrapassaram e foram duramente penalizados. Michael não podia ficar observando aquilo sem fazer nada, ou dava àqueles agentes o que queriam, para que fossem imediatamente embora, ou aguardava aquela brincadeira de pique-esconde com os alienígenas acabar e continuava a assistir aquelas cenas de horror.

 

Em movimentos sutis, tentou mover as pernas. A dor ainda era insuportável, mas o pouco repouso que teve permitiu que as sentisse. Os tiros pareciam mais e mais distantes de sua pessoa, até que se tornaram abafados e, após, inaudíveis. Os gritos, agora, eram apenas um amontoado de palavras sem nexo, os rostos das pessoas já não possuíam forma. Ele não sabia se estava apagando, mas temia os sintomas de mais um desmaio, não queria fechar os olhos de jeito nenhum, tinha medo de não os abrir mais.

 

Apertou a grama entre os dedos, cravou as unhas na terra. Em seguida, levantou-se.

 

Quando o fez, de uma só vez, tudo à sua volta já não parecia importante. Não reconhecia mais as pessoas, sequer entendia o que elas estavam falando. Sentia-se só. Agora, seu único desejo era entrar na casa e pôr um fim a esse impasse.

 

x ---- x

 

Interior da mansão privativa - 00:29 hrs

 

Era impossível que Michael passasse por aquela quantidade absurda de guardas ao redor de sua casa, mas a confusão com os fãs do lado de fora, de certa forma, havia contribuído para essa realização. De qualquer maneira, no interior, os agentes da C.I.A não pareciam se importar com a preservação do lugar, com o trabalho dos peritos, se haviam mortos, quem entrava ou saía, tudo o que eles queriam eram simplesmente os alienígenas, ou seus corpos se fosse o caso. Tudo o que queriam era a causa do caos.

 

Michael desligou-se daqueles detalhes. Andou e andou por todos os lugares onde havia enfrentado aqueles monstrinhos. Devido à explosão, a sala principal quase não existia mais. Ainda sobraram alguns vasos quebrados, ranhuras, uma explosão de sangue na escadaria. O cheiro forte de ferro era inconfundível e sufocante. Depois, caminhou até a sala de jantar, até o salão de jogos, até os quartos. Passou por todos os lugares onde havia sangue, e nenhum sinal deles. Passou a procurar em lugares aparentemente não revirados, lugares onde obviamente ninguém havia explorado. O quarto do pânico, os banheiros, a enorme cozinha. Desceu e subiu as escadas, em passos lentos e tranquilos devido à sua dor, até se deparar com uma maçaneta suja de sangue em um local aparentemente limpo.

 

Era sua sala de quinquilharias. Lá, onde ele guardava literalmente de tudo: brinquedos, livros, decorações, lembranças de férias, maquiagem, fotos aleatórias. Não era uma sala muito espaçosa e nem muito iluminada, o lugar perfeito para quem quer se esconder.

 

Adentrou.

 

Michael sabia bem onde guardava suas coisas, então tratou de procurar uma lanterna no meio daquela bagunça. Ao conseguir, pôde, enfim, fechar a porta e dar vez à escuridão total. Ligou a lanterna e a primeira coisa que esta iluminou foram os rostos parcialmente assustados, parcialmente furiosos de seus algozes. Vênus estava no canto da sala, abraçado à sua irmã, que também parecia buscar conforto nele. Não queriam ser capturados de jeito nenhum, temiam as lendas por trás do relacionamento estadunidense com alienígenas.

Quando reconheceu o cantor, Vênus o encarou com espanto.

 

— Você… está vivo…

 

Michael os encarou de volta, porém sua expressão era bem mais neutra, serena e pacífica.

 

— O que vocês querem para desistir de tudo isso?

 

Indagou. Os irmãos se entreolharam, pareciam estar pensando a mesma coisa.

De repente, passos puderam ser ouvidos do corredor. Aos poucos pareciam mais altos, mais firmes, mais próximos. Vênus encarou a porta, seu olhar era de mais puro medo, Michael sabia porque fazia exatamente a mesma expressão quando estava assustado. Logo em seguida observou o cantor, olho no olho.

 

— Não entregue a gente…

 

— … p-por favor…

 

Suplicaram. Michael os encarou em silêncio, os agentes estavam tão próximos que era possível ouvir diálogos entre si. Bastava que ele os chamasse com um grito, e os irmãos estranhos iriam ser levados para a Área 51 ou qualquer outro lugar que já não fazia importância para o homem.

 

Essa dúvida estava o corroendo. Ele não queria mais arriscar sua família e sabia que aqueles agentes lá fora poderiam contê-los, mas, ao mesmo tempo, seu coração não permitia ser indiferente com alguém que passou por tribulações tão parecidas com as suas.

 

Michael precisava escolher.

 


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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo:

"Não os chamou.

Os agentes provavelmente iriam explorar aquele ambiente, o que não significava ser exatamente naquele momento. Os passos desapareceram gradativamente da mesma forma que começaram, e eles puderam perceber que Michael atendeu ao seu pedido."

—-- x --- x ---

"— Vocês quase assassinaram minha família… Vocês tiveram essa compaixão por mim?

Vênus o encarou, assustado. Ele havia feito sua escolha."

—-- x --- x ---

Vénus e Mercúrio sairiam pacificamente do planeta? É mais prudente entregá-los a quem melhor saberá o que fazer com eles? Uma escolha importante, dois finais diferentes. Agora, cabe a Michael Jackson pôr um fim àquele inferno, seja protegendo sua família ou crendo na palavra daqueles alienígenas.



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