Missão Cupido escrita por annaoneannatwo, Kacchako Project


Capítulo 8
Avaliando (forçadamente) a missão




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—  Oi, e aí? —  Ochako mal dá tempo para o Bakugou sair pelo elevador, aproximando-se assim que vê a cabeleira loira dele despontando pelas portas.

—  Nada. —  ele responde, bufando um pouco —  O idiota não me falou nada que não tenha falado pra gente antes. E a Orelhuda? Conseguiu arrancar alguma coisa?

—  Bati na porta dela, mas ela não respondeu.

—  Já tava dormindo, então.

—  Ou vai ver ela queria me evitar.

Ochako leva o polegar entre os lábios, preocupada. Assim que o Kaminari sorriu e disse que não haveria uma próxima vez para ele sair em um encontro com a Kyouka, ela imediatamente se sentiu responsável pelo que quer que tenha dado errado, o que, por sinal, ela ainda não descobriu o que foi. Ochako e Bakugou se entreolharam brevemente e voltaram a focar no garoto elétrico, que seguiu olhando-os com um breve sorrisinho. O Bakugou exigiu uma explicação, mas o Kaminari se limitou a dizer que “não rolou”, ela tentou insistir, mas o garoto não parecia nem um pouco a fim de falar sobre isso. Considerando o quanto o garoto não costuma ser do tipo que esconde suas emoções, nem mesmo as mais chateadas e frustradas, muito pelo contrário, Ochako só pôde concluir que algo deu muito errado.

E, pela forma como ele pareceu muito mais desconfortável com a inquisição dela do que com a do Bakugou, a garota supôs que ele não queria falar na presença dela. Enervada, Ochako mal dormiu à noite, mesmo com o Bakugou garantindo que faria o Kaminari “desembuchar”, o fato de que a Kyouka não abriu a porta também lhe deixou tensa. A possibilidade do encontro ter dado errado tenha sido culpa dela insistentemente cutucando sua mente.

Ochako estava acordada quando o Bakugou mandou mensagem um pouco antes das 6 da manhã, até ele pareceu surpreso com a rapidez com que ela respondeu, mas ela nem respondeu, apenas perguntou se ele tinha novidades. O Bakugou não adiantou nada por mensagem, apenas disse pra eles se encontrarem na cozinha antes de seus colegas que permaneceram na U.A. no fim de semana acordassem para o café da manhã, isso só a deixou mais ansiosa, e Ochako desceu assim que ele confirmou que já estava descendo também.

—  Tsk, deixa de paranoia, Cara de Lua! Por que raios ela ia te evitar?

—  Não sei, por que vai ver ela descobriu que a gente ouviu tudo? Que eu não tive coragem de contar a verdade? Que você- —  ela se contém porque sabe que ele vai dizer mais uma vez que isso não é inteiramente responsabilidade dela, que foi escolha dele e tudo o mais que ele fez questão de frisar no metrô quando eles estavam voltando —  Ela já tava tão insegura, pode estar achando que foi tudo uma grande armação pra… humilhá-la.

—  Hum. Não faria o menor sentido, mas… se ela é bitolada daquele jeito, pode ter pensado nisso aí mesmo. —  ele concorda.

—  O Kaminari-kun não disse nada mesmo?

—  Só que a Orelhuda é “difícil de acompanhar” e que se for pra ficar pensando muito, ele prefere não fazer o esforço. O que faz sentido, já que ele é burro.

—  Não, mas eu entendo isso… também acho estranho esse negócio de se esforçar demais pra agradar alguém, acho que… precisa ser o mais natural possível… —  ela analisa —  E eu achei que tava sendo natural pra eles, você não achou?

—  Pra mim os dois tavam na mesma idiotice de sempre, o Pikachu soltando umas cantadas ruins e a Orelhuda dando patada, mas sem mandar o bobão à merda de vez. É sempre assim. Se deu alguma coisa errado, foi quando a gente se separou deles.

—  Será que a gente deveria ter ficado por perto? A gente só… largou eles e foi… fazer o que deu na telha. —  ela admite, agora se sentindo culpada por ter se divertido tanto com o Bakugou enquanto eles brincavam de pega pega em cima dos patins. 

Até mesmo a conversa meio esquisita na lanchonete e a caótica volta para a U.A. passaram longe de ser consideradas desagradáveis. Ochako pode ter sentido um certo desconforto vindo do Bakugou, mas é impossível dizer que não apreciou a preocupação dele no metrô e a forma como ele lhe emprestou a jaqueta para ela se proteger da chuva. 

Se tivesse sido um encontro de verdade, ela talvez teria se sentido um tanto… encantada.

Hã? Não, calma, a prioridade agora é outra. Não que um possível encantamento pelo Bakugou vá virar prioridade depois, mas… enfim…

—  Não tinha nada a ver a gente ficar colado neles, o encontro era deles, porra.

—  Sim… —  ela concorda, ainda meio tensa —  Eu vou tentar conversar com ela de novo.

—  E se ela tiver mesmo te evitando?

—  Então eu vou explicar tudo. É o que eu deveria ter feito desde o começo. O problema não é a Kyouka-chan de jeito nenhum! Eu… espero que ela entenda isso. Vou fazer o possível pra que ela entenda. — ela decide de maneira séria.

—  Vai lá, então. —  ele responde um milésimo de segundo mais devagar, olhando-a atentamente —  Fazer cara de coitada não vai te livrar dessa.

—  Eu não quero me livrar, eu quero fazer o que é certo. E eu… —  ela suaviza sua expressão —  Agradeço muito por tudo o que você fez, de verdade.

—  Tsk, de novo isso?

—  Não, é sério! Você pode até fingir que não, mas eu sei o quanto você se importa com tudo, com todos. Até comigo. Obrigada por ter me dado cobertura e por ter me acompanhado no encontro, Bakugou-kun. —  ela sorri suavemente.

—  Eu fiz o que tinha que fazer —  ele demora pra responder de novo, e Ochako não vai provocá-lo nem pressioná-lo, mas consegue ver que ele está encabulado.

E é meio encantador.

Ai não, não isso de novo. 

Há algo mais importante pra resolver agora.

 

—-

Por achar que seria rude bater na porta antes das 9, Ochako esperou o café da manhã passar para bater à porta da Kyouka de novo. Às 9:01, ela se planta na porta da amiga e bate mais uma vez. Nada.

Ela espera um pouquinho e bate de novo. Nada.

—  Kyouka-chan? Sou eu, a Ochako. —  ela informa, percebendo que se a amiga não quer mesmo recebê-la, falar quem é reduz ainda mais suas chances de ser atendida —  Eu… eu queria conversar sobre ontem, eu… queria me desculpar, na verdade. O Kaminari-kun contou pra mim e pro Bakugou que o encontro não deu certo e eu… não consigo deixar de me sentir responsável. Eu… tem uma coisa que eu quero te contar, e talvez você já até saiba, mas eu… eu e o Bakugou-kun ouvimos a confissão do Kaminari-kun aquela noite na cozinha. Eu vi quando vocês chegaram e assim que percebi o que era, tentei me esconder, o Bakugou-kun apareceu depois, então eu puxei ele pra se esconder comigo no teto, e a gente ouviu tudo. M-mas… o Bakugou-kun não tem culpa de nada, eu espero que você entenda isso. Eu não tinha intenção de bisbilhotar, mas não importa, foi errado e eu sinto muito mesmo, Kyouka-chan. —  Ochako se ajoelha diante da porta em seu pedido de desculpas mais solene.

—  Sente o quê? —  ela dá um gritinho de susto quando a voz da Kyouka surge do corredor, do lado de fora do quarto dela.

A garota de cabelos roxos está aqui, mas não está sozinha.

—  Uraraka-san, por que está de joelhos diante da porta? Você se feriu? —  a Yaomomo pergunta, inclinando a cabeça e observando-a atentamente.

—  Oh, eu… não, eu… —  ela limpa a garganta e se levanta, seus olhos correndo da Kyouka para a Yaomomo —  Eu… hã… eu bati na sua porta, eu bati ontem também, mas você não abriu.

—  Ah, sim. É que eu fui pro quarto da Momo ontem. A gente tava tomando café e eu só vim agora. —  ela explica —  Pronto, te expliquei porque não tava aqui, agora você me explica porque tava de joelhos na minha porta. —  e sorri da maneira que faz quando está brincando. Oh, ela não… ela não tá brava ou magoada?

—  É que eu… eu queria falar com você sobre ontem. Sobre o encontro, hã… o Kaminari-kun contou pra mim e pro Bakugou-kun que… que não deu certo.

—  Ah, ele… ele disse? —  o rosto dela se contorce em incômodo e tristeza —  O que mais ele disse?

—  Oh, só isso mesmo, ele não quis falar muito no assunto… ele… —  Ochako vai disparar a falar, mas então olha para a Yaomomo parada olhando-os com uma expressão completamente neutra —  Hã…tudo bem se a gente… conversar um pouquinho? Tem algo que eu preciso te falar.

—  Eu posso ir, se você preferir. —  a Yaomomo olha para a Kyouka —  Tenho a impressão de que a Uraraka-san quer falar a sós com você. —  Ochako sorri, agradecendo a garota de cabelos negros com o olhar. Nada contra a presença dela ali, mas esse ainda é um assunto a se tratar somente entre os envolvidos.

—  Bom, tudo bem. —  a Kyouka assente —  Depois a gente se fala, então.

—  Claro. —  a Yaomomo sorri —  Nos vemos depois. Até mais, Uraraka-san.

—  Até mais! —  Ochako acena, e as duas observam a Yaomomo se afastar até que some de vista ao se virar para ir até o elevador.

As duas entram no quarto colorido em tons de roxo e preto e decorado por diversos instrumentos musicais. Ochako costuma vir até aqui com certa frequência, normalmente com a Tooru para que a Kyouka lhes ensine a tocar alguns deles e ler partituras. Como nem Ochako nem a amiga invisível mostram lá grande aptidão musical, elas acabam por só ouvirem a Kyouka cantar e tocar, é sempre maravilhoso, e as duas se comportam como tietes em um show de rock, o que deixa a garota de cabelos roxos desconcertada. Mas é provável que ela curta, já que nunca as enxotou de seu quarto.

—  Então… você veio saber qual foi o estrago, imagino. —  a Kyouka diz, apoiando-se em sua escrivaninha e cruzando os braços.

—  Eu vim me desculpar, na verdade.

—  Hã? Pelo quê?

—  Porque eu não consigo deixar de me sentir culpada por tudo. —  Ochako admite, de cabeça baixa por um segundo, mas então a encara —  Porque eu sou culpada.

—  Pelo meu encontro com o Kaminari ter dado errado? —  ela franze o cenho e sorri —  Olha, tenho certeza que não, hein?

—  Mas é culpa minha você ter decidido que queria ir no encontro se fosse em dupla, porque você me viu com o Bakugou-kun naquela noite e achou que a gente tava junto e poderia a aliviar qualquer estranhamento entre você e o Kaminari-kun, mas… a gente não tava junto, Kyouka-chan. Quer dizer, a gente tava, mas não assim, a gente só tava na sala na hora que você voltou porque… a gente tava lá desde o começo. —  ela admite, sentindo-se mais leve e mais pesada ao mesmo tempo. E então, Ochako arregala os olhos quando vê a Kyouka sorrindo levemente.

—  Então o Kaminari tava certo… é mais uma coisa pra eu pedir desculpa pra ele. —  ela suspira.

—  O… o quê? Então ele… ele sabia?

—  Ele disse que imaginava, mas não tinha certeza. Eu não acreditei porque não achei que você e o Bakugou não diriam a verdade pra mim, não combina com vocês.

—  Me desculpa, Kyouka-chan! A culpa é toda minha! Eu que bisbilhotei a conversa sem querer, o Bakugou-kun só apareceu lá e eu não deixei ele falar nada. Sinto muito mesmo se eu acabei te induzindo a algo que você não queria fazer de verdade e…  —   ela se dá conta de mais algo —  Nossa, também é minha culpa que você duvidou do Kaminari-kun, por isso não deu certo!

—  Oh, hã… não foi bem por isso, não… —  ela diz, meio constrangida.

—  Não… não foi?

—  Não. Olha só, Ocha, eu sei que talvez eu deveria ficar brava com você por não ter me dito nada, mas… —  ela suspira —  A quem eu quero enganar? Esse encontro não ia dar certo de jeito nenhum, não tem nada a ver com você, com o Bakugou, nem mesmo com o Kaminari… no fim, é só o que eu sinto.

—  Por que você não gosta dele?

—  Sim. —  ela confirma —  Também porque eu gosto da Momo.

***

Quando é que Katsuki vai ter um minuto de paz nessa caralha?

Ele fez o que tinha que fazer, foi na porra do encontro como a Orelhuda pediu, teve a certeza de que a Uraraka esqueceu um pouco da merda que rolou no trem e voltou pra casa sem grandes preocupações. Era pra essa palhaçada toda ter acabado no momento em que ele pôs o pé na U.A., então por que caralhos Katsuki ainda tá tendo que lidar com os resultados do tal encontro? E o pior, justamente na parte que não diz respeito a ele, e sim ao cabeçudo do Pikachu? Inferno.

Esse merdinha tá merecendo uma bicuda no nariz, que raios foi aquela resposta vaga ontem? “Não rolou” é o caralho! Não rolou o quê? Por quê? Alguma besteira ele deve ter feito pra deixar a Orelhuda puta, é a cara dele! Algum comentário idiota que poderia facilmente vir da boca do Cabeça de Uva, com quem ele costumava andar no passado, pode ter sido sobre a própria Orelhuda, mas pode também ter sido sobre a Uraraka ou outra menina, puta merda, se foi por isso… O Pikachu é imbecil, mas não pode ser tanto! Ou pode?

Não, pode sim! Isso se ele não fez cagada pior! Katsuki garantiu pra Cara de Lua que se o idiota tentasse fazer alguma gracinha, a Orelhuda metia um daqueles plugues no nariz dele e o colocava no eixo rapidinho, porra… e se foi isso mesmo?

Não… isso aí não. O Pikachu pode ser sem noção, mas não desse jeito. E Katsuki tem a impressão de que se fosse isso mesmo, o bobão não estaria com aquela cara de tacho, ele estaria desesperado e nervoso tentando convencer todo mundo de que jamais faria algo do tipo. E não deve ter feito mesmo, ele tava constrangido quando a Uraraka perguntou, mas parecia também meio… chateado. Porra, então o que diabos aconteceu?

E por que diabos ele ainda se importa? A Uraraka ficou de checar com a Orelhuda, ela garantiu que, se esse rolê deu merda por causa dela, iria se responsabilizar, —  que é o que ela deveria ter feito desde o começo —  Katsuki não tem mais nada com isso, é problema só dos dois otários e da Cara de Lua atrapalhada, a missão dele já tá cumprida.

E mesmo assim, quando o Kirishima bate na porta dele e pergunta se ele tá a fim de ir no quarto do Fita Crepe pra “bater papo e ficar de bobeira”, Katsuki aceita, mesmo odiando a ideia de bater papo e ficar de bobeira. Ele sabe que o Pikachu vai também, então tá na hora de botar esse otário contra a parede e saber exatamente o que aconteceu no intervalo entre ele brincando de pega pega com a Uraraka, comendo hambúrguer na lanchonete e voltando pra U.A. num trem lotado debaixo de uma puta chuva.

—  Opa, mas que honra! O grande Dynamight no meu humilde quartinho? Se eu soubesse que você vinha, tinha até providenciado um tapete vermelho pra majestade! —  o Fita Crepe provoca, e o impulso do loiro é dar as costas e ir embora, parece ser isso que o babaca tá esperando também. 

—  Pois é.  —  Katsuki resmunga, adentrando o quarto sem pestanejar. Ao virar rapidamente, ele nota o Fita Crepe fazendo uma cara de estranhamento para o Kirishima, que apenas dá de ombros.

—  Opa… e aí, Bakugou? —  o Pikachu, que já chegou e tá sentado no chão, perto da cama, dá um joinha pra ele.

—  Já faz um tempo que a gente não se reúne assim todo mundo, hein? —  o Kirishima pergunta, e quase dá pra ouvir o que os outros dois tão pensando: “Quase todo mundo.” Falta a Rosinha, mas nenhum deles vai falar isso em voz alta. Não pro Kirishima.

—  É, pois é. Esse povo arranja namorada e não quer mais saber de mim. —  o Fita Crepe suspira dramaticamente.

— Ué, eu não tenho namorada não. —  o Kirishima responde.

—  Nem eu. —  o Pikachu ecoa. É, isso aí tá bem óbvio. Katsuki o encara em busca de algum sinal que entregue o que deu errado. 

—  Ué… Bakugou ficou quietinho… você arranjou namorada mesmo? —  o Fita Crepe ergue uma sobrancelha —  O encontro com a Uraraka deu assim tão certo?

Como raios ele sabe…? Ah, esquece! Esse povo futriqueiro sempre sabe de tudo que rola, lógico que o Cabelo de Ouriço ou o Pikachu contaram pra ele que Katsuki ia no tal encontro com a Uraraka.

—  Eles chegaram juntinhos e molhadinhos de chuva. —  o loiro elétrico diz em tom insinuante. Filho da puta!

—  Vai à merda, Pikachu! Se quer tanto assim falar sobre o que rolou ontem, então por que não conta que caralhos aconteceu com você e com a Orelhuda? —  ele dispara, irritado.

—  Hã, Bakugou… —  o Kirishima diz em seu tom de quando quer que ele se contenha, mas Katsuki não tá nem aí.

—  Não, eu quero saber qual foi a cagada que você fez, porra! Você viu a cara da Uraraka? Ela acha que não deu certo por culpa dela, mas eu sei que foi alguma besteira que você fez!

—  Bakugou, calma lá… —  o Fita Crepe também tenta intervir.

—  É, pois é… —  o Pikachu dá de ombros —  Acho que tem algo de errado comigo mesmo, puta cagada minha não ter nascido como uma menina alta de cabelo preto e peitão, rica e inteligentona.

—  Como é que é? —  Katsuki franze o cenho.

—  Assim que vocês se separaram da gente, a Jirou recebeu uma mensagem da Yaomomo, aí depois ligou pra ela. Parece que rolou alguma coisa na família da Yaomomo, a Jirou queria ir encontrá-la, mas a Yaomomo falou pra ela não se incomodar e tal. Quando eu percebi, ela não tava dando a mínima pros patins ou pro encontro, só queria saber da Yaomomo.

—  Bom, a Mina comentou comigo uma vez que achava mesmo que elas tinham um… sei lá… —  o Kirishima diz, meio sem graça —  Pô, que vacilo, cara! Por que ela topou sair com você se já tava a fim de outra pessoa?

—  Acho que ela nem tinha se dado conta ainda. Eu que percebi e perguntei pra ela. —  o Pikachu responde —  Foi mal não ter te contado antes, Bakubro, eu fiquei sem graça de falar sobre isso na frente da Uraraka, ela tava me olhando de um jeito que… sei lá.

—  Ela tava preocupada. Ela… —  será que ele devia contar? Uraraka disse que ia assumir a bronca caso o motivo pro encontro ter dado ruim fosse ela, mas… o motivo não foi esse. 

—  Ela ouviu minha confissão pra Jirou, não foi?

Katsuki o encara com olhos arregalados. Como ele…? A Uraraka já contou pra ele? Não, ela ia contar pra Orelhuda primeiro. Então…? 

Não querendo transparecer toda sua surpresa, Katsuki apenas acena com a cabeça.

—  Bom, então não foi culpa de ninguém. —  o Fite Crepe conclui, cruzando os braços.

—  Não foi, tá vendo? Então não tem porque brigar. —  o Kirishima concorda, puxando Katsuki pelo ombro para que ele saia da posição ameaçadora que estava fazendo —  E pô, Kami, sinto muito que não tenha dado certo, mano. Sei o quanto você gosta dela.

—  É, pois é. Mas sei lá, eu acho que tô meio… aliviado também, sabe? Sempre tive muito medo de me confessar pra Jirou porque ela é toda fodona e descolada, achei que uma mina assim ia acabar encontrando um cara descolado e fodão que nem ela, sei lá, tipo o Shinsou, sabe? Mas se o negócio dela é outra mina, então… não tem nada que eu poderia fazer pra ser alguém à altura dela, só se eu, como eu falei, nascesse de novo.

—  E mesmo se ela gostasse de homem, não tem porque ficar se esforçando pra ser alguém diferente do que você é, tem que ser natural, gostar de quem gosta de você como você é. —  Katsuki reflete, agora entendendo exatamente o que a Uraraka quis dizer mais cedo.

—  Oh… você acha isso mesmo? Valeu… valeu, cara. —  o Pikachu abre um sorriso gigante na cara de bocó dele.

—  Tsk, é. M-mesmo você… mesmo você sendo um panaca, tem que encontrar alguém que vai gostar disso, não adianta se fingir de espertão já que você não é. —  Katsuki entra na defensiva e vocifera, olhando feio pros três otários que começam a rir da cara dele.

—  É um conselho amoroso do Kacchan, amigo. Acho melhor você ouvir porque ele claramente entende muito do assunto. —  o Fita Crepe balança as sobrancelhas.

—  Pois é, cara, você nem respondeu se tá mesmo saindo com a Uraraka. —  o Kirishima comenta —  Deu tão certo assim?

—  Tsk, a gente só foi nessa merda pra ajudar esses dois aí. No fim nem fez diferença nenhuma.

— Mas vocês chegaram bem depois de nós dois, onde é que vocês foram?

—  Lugar nenhum. A gente só ficou lá. —  ele murmura —  Depois a gente comeu e veio pra cá, só isso.

—  E vocês ficaram lá fazendo o quê?

—  O que as pessoas fazem numa pista de patinação, seu imbecil? A gente ficou lá patinando.

—  Então… pera, pera. Você e a Uraraka ficaram no rolê e nem viram eles indo embora, pararam pra comer e depois vieram? —  o Fita Crepe pergunta.

—  É, caralho.

—  Então… ô Bakugou, você… —  ele olha pro Kirishima.

—  Eu o quê, inferno?

—  Parece que você e a Uraraka tiveram um encontro, bro. —  o ruivo comenta.

—  Eu não acabei de explicar que- —  Katsuki se lembra do combo que comprou pra eles na lanchonete e em como aquele lugar tava cheio de gente andando em parzinho, parecendo… casais.

—  Foi divertido? 

—  Vai ter repeteco? Olha que no segundo encontro já pode avançar o sinal, hein? —  o Fita Crepe balança as sobrancelhas de novo —  Ou você já avançou no primeiro? 

—  Nah, ele me deu bronca pra eu ir com calma com a Jirou, certeza que nem segurou na mão dela. —  o Pikachu aponta.

—  Cala a boca! Você não tava triste um segundo atrás?

—  Zuar com a sua cara sempre me deixa melhor.

—  AH É, VAI SE CATAR, SEU-

Ele segue gritando e recebendo risadas como resposta dos imbecis. Mas por dentro, Katsuki ainda tá remoendo o fato de que, tecnicamente, ele teve um encontro com a Uraraka.

E mesmo ela sendo doida, deixando-o confuso pra um caralho e irritando-o com aquela risadinha, aqueles grandes olhos brilhantes e bochechas de esquilo, se ele tivesse que responder à pergunta do Kirishima: sim, foi divertido sair com ela.

E sim, ele sairia com ela de novo. Porque não houve esforço nenhum da parte dele em garantir que fosse minimamente legal pra ela também, e Katsuki tem certeza que ela também estava à vontade com ele. Natural, como ela acredita que deve ser, como ele tá descobrindo que prefere.

Ugh, que porra.


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Notas finais do capítulo

E voltei com o penúltimo capítulo dessa fic! Huahusdhudh aposto que ninguém tava esperando esse Momojirou, né? É, pois é. Lamento quem tava torcendo pela Jirou com o Kaminari, mas bom... essa fic é sabidamente kacchako, eu nunca disse que era kamijirou também hdjjhdjff

Lembrando que essa é uma short fic em parceria com o Kacchako Project, que está com inscrições abertas para beta, capista, escritor e helper. Caso tenha interesse em se juntar a nós, só me chamar PV que eu explico direitinho como faz pra participar.

Espero que esteja curtindo! Obrigada por ler! Próximo (e último) capítulo sai em duas semanas! Considerem um presentinho de Natal hudhduhd (ou não, né?)
Até mais!



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