Missão Cupido escrita por annaoneannatwo, Kacchako Project


Capítulo 9
Nada de missões, só lazer




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Em relação a todas as pessoas que Katsuki sente uma profunda vontade de mandar à merda sem que tenham feito nada de particularmente irritante para ele, a Orelhuda nunca constou entre essas pessoas. No primeiro ano, ela era meio chata, ficava no pé dele por conta da banda que eles montaram pro Festival Cultural, mas nem era tanto assim e dava pra suportar. Quando ela começou a andar mais com o Pikachu e passou a ser presença mais constante nos círculos em que Katsuki relutantemente se encontrava, ele precisa admitir que ela era uma das menos piores. Não deixava os moleques crescerem pra cima dela com gracinha besta e ainda zoava com a cara do Pikachu, só era um porre quando ela se juntava com a Rosinha, aí as duas vinham com gracinha pra cima dele também. Mas de maneira geral, a Orelhuda é alguém que dá pra conversar sem o loiro querer mandar ir se foder, também porque ela é desaforada e responde à altura. Katsuki não gosta de ser contrariado, mas sabe-se lá o porquê, não acha tão merda assim quando é uma menina retrucando.

Então ok, ele não odeia a Orelhuda. Assim que ouviu o Pikachu explicar porque o tal encontro deu errado e descobriu que não foi nada de errado que o idiota fez, talvez ele tenha se irritado com a Orelhuda por um milésimo de segundo, que merda é essa de sair topando encontro se ela já não sabia que não ia dar em nada? Katsuki já tava pronto pra mandar um monte de mensagem xingando a garota por toda essa merda, —  e “toda essa merda” inclui principalmente ele ter que tomar o lado do Pikachu em alguma coisa — mas aí o moleque explicou que não era bem assim e que foi no meio do rolê que ele percebeu que não ia rolar nada porque sacou que essa não é a praia dela. É preciso admitir que ele subestimou a capacidade de percepção do paspalho do Kaminari, ter notado isso e ainda ter desconfiado que Katsuki e Uraraka tinham ouvido a confissão mostram que talvez ele não seja tão tonto assim.

E por não ser tão tonto assim, é foda que não tenha dado certo como ele queria. O Fita Crepe e o Kirishima passaram o resto do fim de semana fazendo o possível pra animar o bobão e… por não ter nada melhor pra fazer depois que saiu pra sua caminhada de fim de tarde, Katsuki não viu problema em cozinhar um jantar decente pros três idiotas, já que eles nunca comem nada que preste, ainda mais no domingo. 

No fim, o Pikachu parecia estar de boa, ou pelo menos não tão distante do idiota de riso fácil que costuma ser. Ele é burro, mas não é mentiroso, se disse que entende a Orelhuda e que tá tudo bem, não tem porque não acreditar. Também não tem porque ficar puto com a Orelhuda, ela é meio tonta também, mas não fez nada pra sacanear o Pikachu, a Uraraka e ele mesmo de propósito.

Mesmo sabendo disso, Katsuki ainda não entende porque fica tão incomodado quando se dá conta de que a Orelhuda é a primeira a acordar pro café da manhã e agora tá sentada na mesma mesa que ele, porém na ponta oposta, só que ela não fala nada, só tá ali. Tsk, qual é a dela?

Eles ficam comendo em completo silêncio por uma boa parte de tempo, até que Katsuki não aguenta mais e-

—  Algum problema, Bakugou? —  ela pergunta de repente.

— Quê?

— Tira uma foto que vai durar mais.

—  Perdeu o juízo, Orelhuda? Que merda você tá falando?

—  Se você quer… sei lá, me mandar à merda, vai em frente. —  ela suspira —  Mas eu também vou te mandar à merda por não ter me contado sobre ter ouvido a confissão.

—  Tsk, eu não ia falar se a cagada foi da Uraraka. Isso aí era problema dela.

—  E mesmo assim você topou ir no encontro. —  ela rebate —  Eu não espero que você fique do meu lado, o Kaminari é seu amigo, vocês homens normalmente se defendem e… eu sei que… não deveria ter topado o encontro quando eu… já tinha tantas dúvidas, mas… você é meu amigo também, Bakugou, se você tinha algo pra falar, era melhor ter falado.

—  Olha só, quem você gosta ou deixa de gostar não é problema meu. Eu não vou te dizer o que você precisa fazer da sua vida. Se você tava com medo de ir no tal encontro porque achava que o Pikachu ia tentar te sacanear, eu só podia te garantir que não era nada disso porque conheço o idiota o bastante pra saber que ele não faria isso. Se o seu problema nunca foi com o Kaminari e só com você mesma, eu não poderia falar nada sem saber qual era o problema, e não tenho bola de cristal, porra, então como eu ia adivinhar? —  ele apoia as mãos na mesa —  Você pelo menos… sei lá, conversou com a Rabo de Cavalo?

—  Oh… bom… —  ela de repente perde toda a valentia que tava ostentando antes —  Ela tá lidando com uns problemas de família agora, não acho que seria de bom tom, mas eu… planejo contar, sim. Agora que eu sei o que sinto e porque tava tão nervosa em relação ao Kaminari antes, eu… sei o que tenho que fazer.

—  Menos mal. —  ele resmunga —  É o mínimo que você pode fazer em respeito a ele. E à Uraraka também. Ela fez cagada, mas queria muito que as coisas dessem certo pra você.

—  É, eu sei. Ela me disse… —  ela sorri —  Eu acordei mais cedo porque dormi meio mal com dor de cabeça, de tanto que a gente chorou juntas. —  e dá uma risada debochada.

—  Ela…? Tsk. Ela me falou que não ia chorar nem se fazer de coitada pra você pegar leve.

—  Não foi isso. Eu sei o quanto ela tava sentida, eu que comecei a chorar enquanto falava de todas as minhas inseguranças, porque… né? Eu tenho noção de que eu e a Yaomomo não… tipo, olha pra ela! E eu… nem tenho certeza se ela gosta de meninas também, e…

—  Tsk, já entendi, a Uraraka chorou de desgosto de ficar ouvindo toda essa groselha. 

—  Haha, pode-se dizer que sim, ela disse que… não entende porque eu me vejo desse jeito quando ela me acha super incrível, descolada, inteligente e bonita… —  ela cora —  Acabei chorando ainda mais nessa hora.

— Tsk, menina é tudo frouxa.

—  Ah, é mesmo? Porque se meter na história quando viu que a Uraraka tava pra chorar, ter certeza de que ela não ficaria triste pelo que aconteceu no metrô, ficar preocupado porque o encontro não deu certo… parece algo que uma menina “frouxa” faria, mas foi o que você fez, então sei lá, né? —  ela dá um sorriso debochado.

—  Você não tava com dor de cabeça, sua maldita? Então cala a boca. —  ele rebate, evitando o olhar dela.

— Ela foi só elogios pra você… —  ela continua —  “O Bakugou-kun não tem culpa de nada, ele só quis ajudar…”, “Ele é tão legal…”, “Ele tem aquele jeitão difícil, mas fez o possível pra que ninguém ficasse triste, nem mesmo eu…”, “Ele até me emprestou a jaqueta dele pra eu não me molhar, acredita?” — ela faz gestos e afina um pouco a voz pra soar mais como a Uraraka. Ridícula.

— Tsk, eu não tenho um “jeitão difícil”, é só não fazer besteira e ir na minha. —  ele murmura, conseguindo imaginar perfeitamente ela dizendo todas essas coisas.

— Fala isso pra ela, ué. É ela que você tem que convencer se quiser sair de  novo com ela. —  Katsuki a olha feio — A Mina bem que disse que não foi surpresa nenhuma você ter topado só porque era a Ocha…

—  Vai se foder.

— Desde quando, Bakugou-kun?

—  Desde quando o quê, porra?

— Desde quando você é a fim dela?

—  O QUÊ? Tá maluca? Eu não- De onde você tirou isso? Eu… Pau no seu cu!

—  Ela não é mais a fim do Midoriya não, eles saíram num encontro uma vez e não deu em nada.

—  Eles…? Tsk, eu sei que ela não é a fim dele.

— Ah, você sabe? —  ela ergue as sobrancelhas — Por quê? Você perguntou?

—  VAI À MERDA!

—  Ok, ok… vou parar… —  ela começa a rir de leve e ergue as mãos em redenção —  Mas olha, eu acho que te entendo… é difícil ver uma pessoa como ela… ou como a Yaomomo, e não sentir que não é pro nosso bico, né?

Katsuki a encara.

—  Não é-

—  Elas são gentis, bonitas, têm um sorriso que faz o olho doer, e a gente sente que ficar perto demais só vai atrapalhá-las. —  ela dá um sorriso sereno — Mas eu tô tentando ser mais confiante, acredito na conexão que eu tenho e sempre tive com a Yaomomo e sei que ela tem pelo menos um pouquinho de consideração por mim… pelo o que ouvi da Ochako, ela também tem consideração por você… não custa tentar. —  a Orelhuda dá de ombros —  Você tá melhor que eu, na verdade, até num encontro vocês já foram.

E com isso, a cretina se levanta e se retira.

Tsk, filha da puta! Era pra ele estar puto da vida com ela, mas do jeito que essa conversa terminou, Katsuki só fica pensando em como a Uraraka fez questão de livrá-lo da bronca, de como ela o elogiou, de como o agradeceu por tudo, de quanto o sorriso dela realmente faz a vista doer se ele ficar olhando muito, de como dá curiosidade imaginar como se desenrolaria um encontro em que os dois não tivessem que se preocupar com dois paspalhos e pudessem só… sair.

Se acabou dando tão certo no primeiro, um segundo dificilmente daria errado.

***

 

Ochako dá tchauzinho quando vê a Kyouka passar acompanhada da Momo nos refeitório na hora do almoço. Para seu alívio, a garota de cabelos roxos sorri e acena de volta. Elas passaram um bom tempo conversando ontem, Ochako explicou tudo e ouviu tudo que a Kyouka tinha pra falar, a amiga lhe perdoou e entendeu que foi um acidente, fruto de um momento desastrado, e não aparentava estar sentindo nenhum tipo de ressentimento. Mesmo assim, ela ainda estava preocupada se algo teria mudado entre elas e a Kyouka não iria mais querer se portar como amiga dela, mas… ao que tudo indica, foi um temor desnecessário, está tudo bem entre elas duas.

— Então, Uraraka-san, como foi no sábado? —  o Deku pergunta quando eles  se juntam ao Iida e à Tsu na mesa do refeitório.

—  É mesmo! Vocês acompanharam o Kaminari-kun e a Jirou-san a um encontro! — o Iida se lembra —  Espero que tenham se divertido dentro dos limites da moderação.

—  Oh… hã… bom, eu… acho que o Kaminari-kun e a Kyouka-chan não vão sair de novo… — é o que ela se limita a dizer, sabendo que talvez não seja uma boa ideia sair dando grandes detalhes do que rolou, o Kaminari parece bem, mas ter todo mundo sabendo exatamente o que aconteceu deve deixá-lo magoado.

—  Oh… que pena. — por sorte, ela está falando com o Deku, e ele não irá tentar se estender no assunto.

—  É, pois é… acho que algumas pessoas funcionam melhor como amigas.

—  Uhum, às vezes é mais que o suficiente. —  ele concorda, e mesmo que talvez nem perceba, o Deku poderia estar facilmente descrevendo sua própria amizade com Ochako.

—  Sem dúvida. —  ela sorri.

— Achei que eles tinham grande chance de dar certo, ribbit. Bom, mas eu também pensava a mesma coisa da Mina-chan com o Kirishima-chan. — a Tsu analisa —  Que bom que eles estão aparentemente voltando a ser amigos. — ela olha rapidamente para a mesa ao lado, na qual o grupinho do Kirishima costuma se reunir para comer. Pela primeira vez em algumas semanas, é possível ver a Mina ali com eles.

—  Ou talvez mais que isso… — Ochako reflete, pensando que com aqueles dois talvez não seja o mesmo caso, mesmo que não estejam exatamente em bons termos, o jeito que o Kirishima olha pra Mina é bem… intenso.

—  E você e o Bakugou? —  uma voz mais grossa de repente se enuncia, e Ochako quase dá um pulinho quando o Todoroki se senta ao lado dela e a encara como se estivesse tentando olhar para a parede através da cabeça dela.

— Eu… e o Bakugou-kun?

—  Vocês iam junto, não? Para protegê-los.

—  Hahaha… nós não íamos proteger ninguém, não era… enfim. —  ela fica sem graça ao se dar conta de que se a missão fosse mesmo “protegê-los”, então Ochako e Bakugou falharam miseravelmente.

— Enfim?

— Você está bastante investido nesta história, Todoroki-kun. —  o Iida observa.

— Só achei curioso que esse encontro tenha acontecido. —  ele dá de ombros — Não que eu já não imaginasse, mas não sei… é estranho quando meus palpites se concretizam, não tô acostumado e estar certo com essas coisas.

—  Que… que coisas, Todoroki-kun? —  Ochako pergunta.

— No amigo secreto do ano passado, o Bakugou saiu com você. —  ele muda de assunto de repente.

— Hã… pois é.

— Ele tava insuportável quando combinamos de ir comprar os presentes juntos. Nada era bom o suficiente para o amigo secreto dele, achei que ele tinha saído com o All Might, mas então vi quando ele comprou os ingredientes para fazer mochi, aí entendi tudo.

Ah, o amigo secreto do ano passado… é verdade, o Bakugou saiu com ela e lhe deu uma requintada caixinha de mochis dos mais variados sabores e preparos, Ochako sente até hoje que nem soube agradecer direito, de tanto que sua boca salivou ao abrir o pacote e se deparar com o que parecia um tesouro. O Bakugou nem disse nada, só entregou o presente e passou a mão no topo da cabeça dela, bagunçando seus cabelos. Ela queria ter tido um pouco de dó e ter comido aos poucos para valorizar o presente, mas acabou com os mochis em menos de uma semana, mas a caixa ainda está guardada, ela usa para guardar alguns papéis da escola porque achou fofinha a estampa com esquilinhos cor de rosa.

O que isso tem a ver com o assunto de antes? Ela não tem ideia. Mas pro Todoroki, parece fazer algum sentido.

— Tudo o quê?

—  Aí, Meio a Meio! Fecha essa matraca! —  o Bakugou surge de repente, praticamente voando para parar bem em frente ao Todoroki, inclinando-se para olhá-lo nos olhos —  Que caralhos você tá falando aí, seu merda?

—  Nada, eu ia falar pra ela que não posso falar enquanto não souber como foi o encontro de vocês no sábado, por isso perguntei antes.

—  Oh, não foi um encon- — ela se apressa em corrigi-lo antes que o Bakugou fique ainda mais irritado.

— Tsk, e você quer saber disso pra quê? —  pra surpresa dela, o Bakugou não se incomoda em explicar que não foi um encontro.

— Eu só gosto de ter razão. —  ele responde calmamente —  Se você tivesse razão sobre alguma coisa algum dia, saberia como é bom.

—  T-Todoroki-kun! — o Deku se levanta para tentar se colocar entre os dois garotos, provavelmente sentindo a tempestade se aproximando.

—  Vai se foder, seu merda! Deixa que eu cuido do meu!

—  Do seu o quê? —  o Todoroki pergunta calmamente.

— Só cala a boca. —  ele diz entredentes e se afasta, lançando um breve olhar na direção dela antes de dar as costas.

Não chega a ser nenhuma surpresa quando seu celular vibra no bolso do blazer e ela se depara com uma mensagem justamente dele.

 

Bakugou-kun: preciso falar com você

 

—: pode falar

 

Bakugou-kun: não por mensagem, me encontra no gym ganma depois do treino da tarde

 

Bakugou-kun: tá na previsão que vai chover, então vê se leva um guarda-chuva, não vou ficar te emprestando roupa minha, sua folgada

 

—: eu nem pedi pra você me emprestar sua jaqueta, tá doido??

 

Bakugou-kun: você parou

 

—: parei com o quê?

 

Bakugou-kun: de escrever como um soldado

 

Bakugou-kun: menos mal

 

Ela não sabe o que responder, então só manda um emoji envergonhado, mas dá uma risadinha enquanto relê a conversa. Ochako não sabe em qual momento trocar mensagens tão diretas com o Bakugou se tornou algo que não gera estranhamento, mas não é como se ela achasse ruim. É divertido poder conversar com ele assim, mesmo que eles nem o fizessem com frequência antes.

O Bakugou é divertido. Ela conclui.

E apesar de tudo, sair com ele foi divertido.

Então o que quer que ele queira falar mais tarde, não deve ser nada para se preocupar ou se assustar.

E sendo ele tão atento a seus amigos —  embora teime em agir como se não fosse — ela tem a sensação de que tem a ver com o princípio de reconciliação entre a Mina e o Kirishima.

Mais uma missão?

 

***

 

Assim como ele disse, tá chovendo no fim de tarde, o pôr-do-sol nem pode ser visto com o céu completamente coberto em nuvens cor de chumbo. Pelo menos não é uma chuva muito forte, o capuz de sua jaqueta é o suficiente para protegê-la, mas em todo caso, ela está com o guarda-chuva que trouxe na mochila quando estava vindo treinar.

Ochako percebe que ele está se aproximando quando ouve uma voz gritar “Falou, Bakubro!”, parece ser o Kaminari. Um momento depois, o garoto explosivo está ali parado de frente pra ela, os cabelos um pouco úmidos com gotículas de chuva, que ele rapidamente afasta correndo os dedos pelas madeixas espetadas.

— Você falou tanto pra eu trazer um guarda-chuva e se molhou, olha só. —  ela diz zombeteiramente, mexendo na mochila para pegar um lenço pra ele.

— Sai comigo de novo.

Ochako para de procurar, não tendo certeza se ouviu direito. Ela espera mais um pouco para ver se ele diz mais alguma coisa, mas tudo que se ouve é o ronco baixo de um trovão ao longe.

Mas então ela se lembra do que viu no refeitório mais cedo e se acalma.

— Isso é por causa da Mina-chan e do Kirishima-kun?

— Hã?

— Eles tavam conversando mais cedo hoje.

— É. —  ele coça a cabeça e olha pro lado — Pelo menos pararam de draminha.

— Hum… —  ela reflete.

— E então?

—  Então o quê?

— Você não me ouviu, porra? Sai comigo de novo.

— Oh… oh! Hã… claro! —  ela concorda.

— Sério? —  ele parece um pouco surpreso.

— Claro! Espero que dessa vez a gente possa ajudar um pouco mais.

— Pera, o quê?

—  O quê?

— Ajudar no quê?

— Oh, o Kirishima-kun e a Mina-chan, você… você quer que eu ajude como a gente fe… como a gente tentou com o Kaminari-kun e a Kyouka-chan, não é isso?

—  Não, porra! De onde você tirou isso?

— E-eu… você acabou de dizer que os dois “pararam de draminha”, é porque eles querem reatar, não é?

— Eles só sentaram juntos na mesa, Cara de Lua, ninguém tá falando nada em reatar, para de viajar!
— Ué, mas então por que você tá me chamando pra sair de novo?

Ele não responde, só comprime os lábios, e Ochako franze o cenho como se estivesse diante de um texto escrito em uma língua estrangeira.

— Por qual motivo eu ia te chamar pra sair de novo se não fosse porque eu quero sair de novo com você?

—  S-sim, mas… mas… isso não… tem a ver com…

— Tem a ver só comigo. —  ele para e pensa um pouco — E com você, né.

Ainda meio confusa, Ochako o observa melhor, apesar de estar em princípio de perder a paciência, ela percebe que ele está firme, decidido. Bakugou normalmente ostenta certa seriedade, mas é quase sempre uma tentativa de parecer intimidador, dessa vez ele só tá… calmo, esperando ela se decidir.

Se quer ou não sair com ele de novo. Num encontro, não numa missão para tentar ajudar seus amigos. Porque é isso que aconteceu no sábado, um encontro. Eles se divertiram, entenderam-se um pouco mais, comeram juntos e ele até emprestou sua jaqueta pra ela não se molhar na chuva. Se Ochako fosse descrever isso pra alguém que não conhece nem a ela nem ao Bakugou, a pessoa não hesitaria em dizer que isso soa como um encontro divertido.

E foi exatamente o que foi.

O Bakugou é gentil, mais atencioso do que gostaria de admitir, é teimoso e perde a paciência fácil, mas não deixa de ser alguém com quem ela tem uma grande vontade em fazer uma conversa se sustentar e, por incrível que pareça, ela consegue. E sim, sair com ele foi legal.

Ela não tem dúvida que sair de novo também seria, ainda mais agora sem a preocupação com outro casal. Só eles dois podendo se divertir por aí, sem culpa ou compromisso, só… sendo eles mesmos perto um do outro de maneira natural.

Uma pessoa de fora diria que Ochako está interessada no Bakugou. E se ela contasse pra essa pessoa o que o Todoroki lhe contou, a conclusão seria de que há um interesse mútuo.

Essa pessoa provavelmente não estaria errada.

— Quer aprender a patinar no gelo dessa vez? —  ela por fim pergunta, deleitando-se quando ele balança a cabeça e dá uma risada, como quem pensa “você não tem jeito mesmo, Cara de Lua”.

—  Nah, vou pensar onde a gente vai. —  ele responde — Mas você não vai reclamar, não posso decepcionar a especialista em encontros.

— Você nunca decepciona. —  ela rebate, ganhando uma expressão encabulada absolutamente adorável.

É, isso tem tudo pra dar muito certo.


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Notas finais do capítulo

E é isso! Hjuahushus

Lembrando que essa é uma short fic em parceria com o Kacchako Project, que está com inscrições abertas para beta, capista, escritor e helper. Caso tenha interesse em se juntar a nós, só me chamar PV que eu explico direitinho como faz pra participar.

E com isso, finalizo mais uma fic gdskjhdh, espero que tenha curtido bastante!



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