Laços de Esperança escrita por Olívia Ryvers


Capítulo 13
Capítulo 13


Notas iniciais do capítulo

Um feliz natal a tod@s



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—Responda!_ordenou John diante do silêncio sufocado de Marguerite que tentava proteger muito mais que a sua nudez enrolando-se nos lençóis de linho provavelmente com mais de mil fios. _Quem é você?!_esbravejou por fim temendo a verdade.

—John… eu sinto muito.._sussurrou fracamente com olhar suplicante marejado de lágrimas.

—Não pode ser apenas coincidência._passou as mãosvárias vezes pelo cabelo enquanto caminhava de um lado ao outro no quarto._Quero a verdade Marguerite!_seus olhos encontraram os dela.

—Eu sou a doadora do óvulo implantando no útero de Danielle, biologicamente sou a mãe de Abgail._disse sem rodeios, não suportava mais a mentira, precisava ser honesta com o homem por quem estava apaixonada.

Lorde Roxton a olhava perplexo. Desejava desesperadamente estar tendo um de seus pesadelos e que quando acordasse a mulher que havia reacendido a chama da vida em seu coração não fosse uma inescrupulosa traidora.

—Quando? Quando soube disso?_agarrou-se a um fio de esperança, talvez essa fosse uma coincidência. Talvez ela não  tivesse deliberadamente mentido para ele e talvez o sentimento que haviam compartilhado fosse real.

Marguerite não reprimiu as lágrimas que agora corriam livremente por sua face pálida. Ergueu-se da cama envolta em um lençol e se aproximou do homem.

—Desde que nos conhecemos no círculo das fadas._confessou._eu vim a Avebury para encontrá-la.

John afastou-se como se ela fosse portadora de uma doença contagiosa.

—Eu queria contar desde o início, mas, tive medo… e depois_ela baixou o olhar envergonhada_depois a companhia de vocês foi tão maravilhosa que achei que podia disfruta-la por algum tempo antes que…

—antes que descobríssemos a traidora que era._ele a interrompeu._como pode ser tão cínica?

As palavras cortavam o peito de Marguerite como se fossem adagas, e no fundo ela sabia que merecia tal desprezo.

—John… você precisa me escutar!_implorou ela_precisa entender meus motivos…

—seus motivos?_ seu olhar tinha amargura e certa repulsa_Eu conheço seus motivos!_gritou_ você é uma mulher solitária que diante da impossibilidade de ser mãe arrependeu-se da decisão tomada quando jovem e saiu em busca do seu material genético na expectativa de que isso aliviasse sua vida vazia. De brinde viu a possibilidade seduzir um herdeiro enlutado._nem ele mesmo acreditava nesta teoria, mas a frustração e a raiva que sentia precisava ser expelida de alguma forma. Não se lembrava de outra oportunidade em que esteve tão decepcionado.

—Não!_ gritou entre lágrimas._isso não é verdade! Precisa me ouvir!

—Esqueça! Não quero ouvir nem mais uma palavra sua. Não pense que pode me convencer com lágrimas… você não tem direto algum sobre Abigail! Deve saber disso por isso não recorreu à justiça e preferiu se esgueirar por nossa confiança.

—Nunca pensei em tirá-la de vocês! Não era a minha intenção…

—Não me importa quais eram as suas intenções porque não faz mais parte da nossa vida, cheguei a imaginar que poderia fazer… ontem a noite, quando a abri meu coração para você estava disposto a torná-la minha mulher, mas, hoje vejo o quanto me enganei a seu respeito._rosnou entre os dentes com desdém_ quero que saia da nossa vida, não pretendo vê-la nunca mais. Você não é nem nunca será a mãe de Abigail.

Era verdade, Marguerite se deu conta disto da pior maneira possível. Nem em seus piores temores imaginou que a revelação de sua identidade lhe causaria tanta dor. De todas as tragédias que lhe presentearam a vida, arriscava-se a dizer que este era o tombo mais doloroso que tivera. Estava ali, nua, humilhada, mais solitária do que nunca é perdidamente apaixonada por um homem que a desprezava e que jamais seria dela novamente. Apesar de machucada, não podia condenar a atitude de John, ele também estava sofrendo. Antes que Roxton saísse do quarto ainda de costas pra ela deflagrou a humilhação final.

—Vista-se e saia daqui sem que minha filha a veja. O motorista a levará pra o hotel.

Reunindo as migalhas de dignidade que lhe sobraram, ela secou as lágrimas com o dorso da mão livre enquanto a outra ainda segurava o bolo de lençol que a cobria.

—Não preciso de nada seu, nem da sua cortesia. Não esqueça de verificar se não levei nada da sua casa depois que eu sair. Adeus, John.

Ele devia estar satisfeito com a resignação dela, devia estar feliz por Marguerite não fazer um escândalo constrangedor ou tentar de algum modo confrontar Abigail com alguma informação que confundiria a filha. Entretanto, o que sentia estava longe de ser tranquilidade ou satisfação. Em seu íntimo John esperava que a escritora o impedisse de sair do quarto, que louca em desespero implorasse por seu perdão e confessasse que não era mentira a noite de amor que passaram juntos, que seu sentimentos eram verdadeiros e que estava tão apaixonada quanto ele.

Marguerite não o fez, aceitou o desprezo como castigo e assim que o nobre saiu do quarto desabou no chão lamentando sua própria desgraça. Depois de algum tempo deu-se conta que chorar não mudaria nada, estava em um lugar aonde não era bem vinda e precisava sair dali o quanto antes. Roxton, magoado ou não, havia sido cruel e era incapaz de ouvir qualquer justificativa sua, deste modo, faria o que ele lhe pediu, sumiria de sua vida para sempre. Uma nova onda de tristeza a atingiu ao lembrar de Abigail e da relação que haviam estabelecido, mas,  em pouco tempo a menina e o pai esqueceriam o inconveniente que foi a passagem dela em suas vidas, enquanto que para Marguerite está seria sempre lembrada como a melhor semana que já viverá.

As roupas esparramadas pelo chão eram a lembrança da noite de amor e de entrega que passaram juntos, Marguerite esforçou-se para não lembrar das sensações que sentiu a medida que cada peça que a vestia era atirada para longe e das mãos de John embebidas de  paixão escrutinando cada centímetro de seu corpo. Não havia motivos para se torturar ainda mais, se pretendia sobreviver a tudo aquilo era necessário esquecer que um dia Lorde Roxton possuiu seu corpo e sua alma de uma maneira que nenhum outro homem jamais o fez. Duvidava que seria capaz de esquecer, mas, prometeu-se que tentaria. Por fim, embora vasculhasse em toda parte não conseguia encontrar o sutiã de renda negra, não importava, iria embora sem ele. Acabou de fechar o vestido e olhou por uma ultima vez a cama desfeita. O sonho tinha acabado.

John, depois de verificar que a filha havia passado a noite tranquila se encarcerou no escritório, era um lugar seguro para aprisionar seu péssimo humor e sua frustração. Como pode ter sido tão tolo para cair na rede de artimanhas daquela mulher? Se sentia um perfeito estúpido principalmente porque não conseguia afastar do coração nem dos pensamentos os olhos cativantes de Marguerite e o desejo de tomá-la nos braços mesmo sabendo que ela não era quem julgava ser. Observou pela brecha da cortina quando o táxi estacionou na entrada principal da mansão e ela embarcou. Teve que controlar seu impulso de gritar e impedi-la de ir quando a viu se virar e olhar para a mansão com os olhos cheios de tristeza. Não! Não cairia em seu jogo novamente, era melhor assim. Sabia que no momento que o carro cruzasse os portões da propriedade cairia em um calabouço ainda mais escuro do que o que havia estado cinco anos antes, mas John precisava da sinceridade,  não confiaria nunca mais em Marguerite e não podia viver uma relação sem confiança. O carro deu partida levando a culpada por sua felicidade nos últimos dias, admitir que o que viveu tinha sido uma farsa o atormentava, tomado pela fúria arremessou um vaso contra a parede estilhaçando em milhões de pedaços tal como estava seu coração.

Já era noite quando batidas na porta interromperam sua tentativa de concentração no trabalho.

—Avisei que não queria ser incomodado._respondeu secamente.

A pessoa que o importunava não levou em consideração a ameaça e então a porta se abriu num rangido.

—Mary me avisou que não está em seu melhor humor, mas preciso conversar com você. É importante.

—Hoje não, Verônica._sequer ergueu os olhos da pilha de papéis. Não estava disposto a ouvir a irmã se vangloriar de que estava certa em relação a Marguerite.

—É sobre Marguerite…_insistiu ela.

—Não se dê ao trabalho, já sei tudo sobre ela, e você tinha razão. Ela não era que eu pensei que era, mas, já coloquei um fim a tudo. Marguerite não nos importunará._suspirou sem ânimo_ satisfeita?

—Eu estava errada. _admitiu aproximando-se da mesa.

Lorde Roxton finalmente a observou. Arqueou a sobrancelha quando notou que a irmã não estava sozinha.  Um homem loiro de olhos claros vinha logo atrás dela.

—Esse é Edward Malone, advogado e amigo de Marguerite. Eu a investiguei e cheguei ao senhor Malone, você precisa escutar o que ele tem a dizer.

—Não me interessa nada no tocante a Srta. Krux, de modo que foi uma grande perda de tempo tê-lo trazido aqui.

—Deixe de ser infantil, John. Sou eu quem estou lhe pedindo para que o ouça._Verônica arrancou a caneta da mão do irmão, obrigando-o a olhá-la.

—Tudo bem_bufou resignado_ você tem dez minutos._dirigiu-se ao advogado.

—Obrigado, Lorde Roxton. _ Malone se aproximou da mesa_ Marguerite Krux é biologicamente a mãe de sua filha.

John revirou os olhos com irritação.

—Disso já sei, e sei também que ela não tem direito algum sobre minha filha. Você como advogado também sabe disso. Marguerite vendeu seus óvulos, isso está dentro da legalidade na Inglaterra. Ao assinar os termos e receber o dinheiro estava abrindo mão da possibilidade de reconhecer qualquer um de seus óvulos. Eu poderia inclusive processá-la pelo que fez ao…

—Ela nunca assinou nada._interrompeu Malone

Roxton calou-se instantaneamente. Agora o advogado tinha toda a sua atenção.


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