P.O.V Da Jade

Após pagar a conta do motel, fui pra casa com uma baita ressaca. Flashes da noite passada pipocavam em minha mente. Uma noite muito louca de bebedeira que acabou em... Como eu pude ir para a cama com um cliente? Ainda mais num motelzinho de quinta? Duas embalagens de preservativos jogadas no chão do quarto confirmavam o que realmente fizemos... Nunca na minha vida aconteceu algo do tipo. Cliente é cliente e eu sempre fui 100% profissional com todos. Que porcaria de vacilo. E agora o que devo fazer?

O que ele deve estar pensando de mim?

Aliás, o Oliver foi um completo idiota saindo correndo daquele jeito como se tivesse cometido um crime. Custava ele ficar para conversarmos como dois adultos?

Teríamos resolvido essa merda numa boa, certo?

Apesar de não lembrar muito bem dos nossos momentos ali no motel, lembro de certas coisas... Do seu corpo em cima do meu e de nossos gemidos soando pelo quarto.

É basicamente tudo que lembro.

Por quê? Por quê fui transar com o Oliver? Ao menos posso colocar a culpa no Bourbon?

Chegando em casa, tomei banho de novo usando meus próprios produtos higiênicos. Não deu nem para roubar sabonetinhos do motel, acontece que nem ao menos tinha... Motelzinho mixuruca.

— Vem cá, bebê da mamãe? - Chamei Charlie.

Charlie é o apelido da minha gata Persa. Era a princesinha de quatro patas mais linda do mundo.

Além de Charlie, eu tinha a Madame Darcy e a Caffeine.

Sim, eu coloquei o nome Cafeína na minha terceira filha de quatro patas.

Seus pêlos macios são escuros como grãos de café.

Meu amor por gatos surgiu por causa do meu ex, ele era loucamente apaixonado por bichanos e me deu a Charlotte de presente ainda filhote.

Alimentei as gatas e troquei a água delas.

Eu não deveria ter preferência, mas Charlie era o meu xodó.

[...]

Não sabia se deveria ou não ligar para o Oliver.

Mas falar o quê?

Fiquei olhando para o seu contato salvo no meu celular.

Ligo ou não ligo?

Arrastei o dedo pela tela.

Vou ligar.

E por fim liguei, chamou, chamou e chamou:

— Alô? - Atendeu com a voz muito rouca.

— Precisamos conversar, Oliver. - Falei usando meu tom mais sério.

Ouvi ele soltar um bocejo.

— Mas agora? - Sua voz saiu arrastada.

— Não por ligação, devemos nos encontrar e...

— Hoje não, estou acabado. Com uma puta ressaca... Acho que vou até ficar doente... - Forçou uma tussida.

Revirei os olhos. Como poderia ser tão fingido?

— Que se dane! - Desliguei na cara dele com raiva.

Pelo visto as coisas não seriam tão fáceis.

— Os homens são tão idiotas. - Falei para Charlie que pulou no meu colo.

Eu estava sentada no sofá, liguei a TV.

— Por isso você não namora. E nem as suas irmãs. - Acariciei seus pêlos e ela ronronou.

As outras duas se juntaram à nós, era bom passar a tarde com as minhas meninas.

Oliver estava mais arrependido que eu? Será que o sexo foi tão ruim para ele?

E por quê diabos estou me preocupando com isso?

Uma hora ou outra teremos que conversar sobre o que aconteceu.