Ladrões e Piratas escrita por Sirena


Capítulo 21
Capítulo 21




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/802806/chapter/21

Gil desistiu de cronometrar a batalha depois que avisou pela quinta vez que já havia acabado o tempo e Jay e Harry insistiram e continuar o duelo, o ignorando completamente.

Depois de trinta minutos de um duelo que aparentava que teria fim tão cedo, os movimentos começavam a ficarem lentos, os cabelos grudavam no rosto e os dois ofegavam, ainda tentando desarmar um ao outro, sem sucesso. Gil decidiu que já tinham ido longe demais.

Esperou uma abertura, sacando a espada.

Sua lâmina encontrou-se com as espadas dos dois quando se cruzaram e com a pressão certa entre elas, Gil fez com que ambas as armas voassem da mão dos dois.

— Já chega! – bufou, soltando sua própria espada. — Jay... Harry só estava preocupado que Jafar acabasse te fazendo mal, foi intrometido, mas foi por um bom motivo. E Harry... Peça desculpas por ser intrometido.

Jay bufou, cruzando os braços.

Harry cerrou os olhos.

Os dois se encararam, nenhum deles parecia à vontade em dar o primeiro passo.

— Agora, Harry! – Gil mandou, sem paciência.

— Tá, desculpa.

— Jay?

—... Eu entendo a preocupação, mas não precisa, Gancho. Eu sei lidar com meu pai.

— Ótimo, agora se beijem!

Harry deu risada e Jay revirou os olhos contendo um sorriso.

***

Gil sentiu alivio em andar pelas ruas e becos vendo Harry e Jay de mãos dadas. Entendia porque os dois se irritavam tão facilmente um com o outro. Muito tempo se vendo como inimigos por estarem em gangues rivais complicava as coisas mesmo sempre tendo amado um ao outro e por mais que eles estivessem bem agora, ainda era difícil as vezes.

Mas, na maior parte do tempo, acreditava que eles estavam bem. Preocupavam-se um com o outro, cuidavam um do outro, pareciam bem. Gostava de vê-los assim.

— Uma está mandando passarmos no navio. – comentou, olhando a mensagem no celular. — "É dia família, venham ficar com sua família de consideração. Vamos dar um passeio na Terra do Nunca."

— Parece uma boa ideia. – Jay sorriu. — Agora que a Úrsula tá fora de cena, vocês podem sair navegando por aí.

— Terra do Nunca? Sério? – Harry suspirou. — Não parece muito bom. Um bando de meninos perdidos para encher o saco, sem falar nas fadas... Criaturas irritantes.

— Fadas não são tão ruins. – Jay suspirou.

— Vai ser bom! – Gil sorriu. — Vamos nos divertir lá!

— Eu não acho... E Jay não poderia ir no Lost Revenge, a menos que o levássemos de refém. Uma não gosta de levar passageiros que não sejam piratas, você sabe.

— Vocês me fariam de refém?

— Te amarraríamos no mastro, sim. – Harry sorriu, mexendo com o gancho na jaqueta de Jay. — Seria divertido.

— Talvez algum dia. Fora do navio.

— Onde? – Gil pareceu confuso.

Jay e Harry ergueram as sobrancelhas em uníssono, olhando para ele.

— Ah... Parece legal. – Gil riu entendendo.

— Qualquer dia. – Jay piscou para ele antes de voltar ao foco. — Bom, já que eu não posso ir no navio, posso ao menos acompanhar vocês até as docas?

— Claro.

***

Jay voltou para a loja do pai após deixar os namorados no Lost Revenge.

Afinal, era Dia da Família.

— Boa tarde!

— Demorou. – Jafar observou, de trás do balcão.

Iago veio voando pousar no ombro de Jay e mordiscar sua orelha, mas não muito forte. Apenas como se fosse um tipo de cumprimento.

— Precisa de ajuda?

— Nah, o movimento hoje tá fraco. – Jafar deu de ombros, olhando com pesar para as prateleiras. Estavam cheias, mas lembrava de quando a loja ficou quase completamente vazia depois que Jay foi para Auradon. Sem o filho para encher as prateleiras roubando, digo, pegando mercadoria, quase foi à falência.

— Certo. A maioria deve tá festejando o Dia da Família no continente.

Jafar pareceu fazer menção a falar algo sobre, mas mudou de ideia e falou simplesmente:

— Seus namorados vieram aqui hoje.

— Fiquei sabendo.

— Devem mil roses pelos anéis.

Jay respirou fundo. — Mil por três anéis?

— Foram vinte e oito anéis.

— Ah. Suponho que seja um preço justo então. – concordou, fazendo careta e tentando fazer as contas. — Não... Não muito. Quanto foi cada um? Trinta e cinco? Você sabe que não pode mais ficar cobrando preços abusivos.

— Poderíamos andar por Auradon. – Jafar sugeriu fechando a caixa registradora. — Feche a loja.

— Vai sonhando. – Jay sorriu, trancando a porta da loja e começando a fechar os cadeados. — Sabe que Ben te colocou na lista de vilões proibidos por decreto de pisar em Auradon até... Bom, até segunda ordem.

— Tenho certeza que você conseguiria convencer seu amigo rei a...

— Talvez, mas eu não quero. – Jay sorriu, fechando o último dos vinte e quatro cadeados. Verdade fosse dita, ele pessoalmente havia pedido a Ben pra garantir que Jafar não pudesse deixar a Ilha ainda. Conhecia o pai bem o bastante para saber que Auradon ainda não era o lugar dele. — Vamos pro fundo?

— Por que você faz isso? – suspirou, dramaticamente. — Eu faço o juramento para não usar mais magia, aceito reabrir a loja aqui mesmo a maioria da clientela estar preferindo comprar em Auradon e você podendo me conseguir uma loja lá... Aceito fazer as coisas tudo do seu jeito... E você nem me deixa sair dessa Ilha?

Jay deu um meio sorriso.

— Claro. Sabe... Aqui você é inofensivo. Não tem nada demais num velho fazendo qualquer coisa para manter a loja aberta e ter condição de manter a vida. – deu de ombros. — Mas, indo pra Auradon eu sei que seria diferente. Você iria querer ir atrás de magia, poder, manipulação e o que é aceitável pra sobreviver na Ilha dos Perdidos, não seria aceitável em Auradon. Não vou deixar você trilhar seu caminho para outra prisão.

— Então vou apodrecer aqui?

Jay deu de ombros indo pra trás do balcão. — Apodrecer é exagero, não acha? Você fica até eu decidir que não corre o risco de ferrar com tudo. Quando isso acontecer, eu falo com o Ben. Até lá, comemoraremos o Dia da Família nos fundos da loja. Quer que eu faça café? Acho que já consigo fazer como me ensinou.

Jafar o olhou profundamente por um instante e assoviou baixo, chamando Iago de volta para seu ombro. Fez carinho no pássaro um momento antes de dar às costas para o filho, não sem antes falar:

— Você só me decepciona. – e foi para a sala dos fundos.

Jay respirou fundo se encostando contra o balcão, momentaneamente desestabilizado.

— Eu sei. – murmurou, mexendo nas luvas, os olhos baixos, a voz soando mais afetada do que desejava. — Eu sei.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Ladrões e Piratas" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.