Ladrões e Piratas escrita por Sirena


Capítulo 12
Capítulo 12




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/802806/chapter/12

— Bom... – Ben franziu os lábios, olhando a pequena pérola. — Incêndios pelo reino inteiro por isso?

— Ah, fazer o que? – Mal franziu a testa pegando a pérola. — Claro, alguns vilões preferem cetros com olhos de dragão ou cetros de cobras de ouro com olhos de rubis...

— Vilões de classe. – Jay afirmou.

— Mas, outros... Colocam o poder em umas coisas tão...

— Simples? – Evie tentou.

— Bestas? – sugeriu Carlos.

— Ordinárias. – Audrey fez careta pegando a pérola da mão de Mal e olhando-a com atenção. — Se não fosse mágica nem valeria muito. Talvez uns poucos centavos.

— Acho que isso não importa. – Jay suspirou, tirando a pérola da mão de Audrey e guardando-a numa bolsinha de veludo turquesa com cordões dourados. — Temos que encontrar um lugar seguro para ela, pra ninguém encontrar. Ah, Evie, tem isso também! Harry disse que era uma parte do Espelho da sua mãe.  - disse, entregando o caco para a amiga.

— Eita!

— Ah... Acho que vou ter que entregar para o museu. - murmurou Evie, mirando seu reflexo, não parecendo muito animada. — Uma pena que seja um caco só. Seria legal se pudéssemos remontar o Espelho completo.

— É um pedaço maior. - Audrey observou. — Será que é o bastante para função de áudio?

— Isso importa? - Ben arqueou a sobrancelha.

Evie pareceu considerar que importava sim. — Espelho, espelho que nunca erra, quem é a pessoa mais fantástica dessa Terra? - ela sorriu e piscou os olhos. — Ah, para! Mas, é eu sei que sou eu.

Carlos  revirou os olhos cobrindo a boca para conter uma risada.

— Mas, é, sem função de áudio. -  Evie deu de ombros, colocando o pedaço de espelho sobre o colo.

— Certo, voltando... Ainda temos que achar uma solução para minha mãe. – Mal suspirou.

— Sobre isso... - Audrey ajeitou a saia do vestido, com camadas de chiffon rosa vibrante e azul turquesa. — Eu acho que tive uma ideia.

— Eu tô aceitando qualquer coisa no momento. – Mal declarou, jogando-se em sua poltrona roxa na sala intima de reuniões.

— E se adiantássemos a coroação da Mal?

— Como é que é?

Audrey umedeceu os lábios e segurou-se na jaqueta de couro metálica que usava, turquesa e dourada. Jay estava percebendo que ela estava começando a deixar o rosa de lado... Sem mencionar que aquele azul com certeza não era o tom típico das princesas. Na verdade, tinha certeza de já ter visto aquela jaqueta sendo usada por outra garota...

Olhou para Evie, porque tinha certeza que ela estava suspeitando do mesmo que ele. Evie sorriu delicadamente, notando o olhar e deu de ombros. "Qualquer dia, ela vai aparecer com o chapéu pirata da Uma" falou sem voz, apenas mexendo os lábios.

Jay riu baixo concordando com a cabeça e voltou-se para a explicação da nova princesa má.

— A Malévola faz isso, certo? Ela encontra suas fraquezas e fica cutucando, como um dedo na ferida. Mas, e se... Cutucássemos uma fraqueza dela e tentássemos usar isso para derrotá-la?

— Daria certo... Exceto que minha mãe não tem fraquezas. – Mal bufou, revirando os olhos e enrolando o dedo numa mecha roxa de cabelo. — Quer dizer, seu pai pode ter conseguido derrotar ela com uma espada da justiça, mas sabemos que não foi uma luta muito justa já que as fadas tavam lá, né? E um dragão não cai no mesmo truque duas vezes.

— Ah, sua mãe tem sim uma fraqueza. – Audrey sorriu. — E é por isso, que vamos dar uma festa.

— Uma festa? – Mal cerrou os olhos como se começasse a entender para onde a mente de Audrey estava indo.

— O que seria mais humilhante... - Audrey começou, dramaticamente, andando pela sala com elegância e gesticulando. — Do que não ser convidada para a coroação da sua própria filha? Ah, ela vai queimar por dentro e com certeza vai querer entrar de penetra. E aí... Nós a pegamos.

— Pode dar certo. – Evie concordou, se levantando. — Mas, ela teria que acreditar que estamos mesmo fazendo uma coroação. Temos que organizar o evento, fazer o vestido...

— Escolher as flores, fazer os convites... – Audrey continuou.

— Organizar a lista de convidados...

— E claro que o Hades tem que ir! Assim ela vai se irritar mais ainda!

— Com certeza!

— Ei, vocês duas! – Mal chamou. — Eu não tenho certeza se é um bom plano. Além de não ter como ter certeza se minha mãe vai cair, vamos estar colocando o reino inteiro em perigo se ela aparecer...

— E é por isso que o Hades e a Fada Madrinha vão estar lá! – Audrey rolou os olhos. — Eles a pegam no instante que ela aparecer. Ela não vai ter tempo nem de dizer "bu".

— Minha mãe não fala "bu". – Mal revirou os olhos novamente, cruzando os braços. — Ela fala "que celebração impressionante, altezas. Realeza, nobreza, cortesãos e... Ah, até a ralé!"

— Você fala igualzinho a ela. – Carlos suspirou, disfarçando um tremor.

Mal apenas deu de ombros.

— Eu acho que o plano da Audrey pode dar certo, mas... Mesmo se der, ainda temos que prender a Úrsula e acho que ninguém tem um plano pra isso. – Carlos suspirou.

Jay franziu os lábios. — Bom... Na próxima semana vai ter a corrida de barcos dos Gancho. Talvez... É uma ideia arriscada, tá?

— Tá. – Mal concordou curiosa.

Jay umedeceu os lábios, tentando organizar suas ideias. Claro que também estudou Planos Malignos em Dragon Hall, mas, por motivos óbvios sua aula favorita era Enriquecimento: uma matéria inteira dedicada a ensinar a roubar, furtar, arrombar cadeados e invadir casas.

Mesmo assim... Era filho de um feiticeiro manipulador. Jafar podia não ter a mesma lábia da Úrsula, mas conseguiria facilmente levar Ben na conversa e fazê-lo entregar todo o dinheiro, a coroa e o reino. Jay cresceu vendo o pai manipular quem entrava na loja para que gastassem muito comprando menos. Cresceu ouvindo as histórias do pai sobre quando era o Grão-Vizir de Agrabah, controlando o Sultão com o Cetro da Cobra de Ouro. Tinha alguma ideia, mesmo que pequena, de como levar os outros a fazerem exatamente o que ele queria.

Era filho de um vilão afinal, não é?

Era tudo uma questão de fazê-los pensar que estão ganhando exatamente o que querem, pensou.

— Sabemos que piratas são muito ligados as bruxas do mar, certo? E os Gancho servem a Úrsula então.... E se o prêmio da corrida de barcos fosse... Tipo, assim... A pérola de Anfitrite?

Olhares incrédulos sobre ele indicavam que era realmente uma ideia maluca, arriscada e que nunca nenhum príncipe ou princesa cogitaria. Mas, de novo, não era um príncipe, então continuou a explicar seu plano.

— E se por acaso, garantíssemos que um dos Gancho vencesse... Úrsula iria querer que esse vencedor a entregasse a pérola. Poderíamos segui-lo até o ponto de encontro e pegá-la numa emboscada.

Seus amigos estavam boquiabertos.

— Eu gostei da ideia. – Audrey deu de ombros. — É arriscada, mas... Trazer quatro filhos de vilões pra cá também era e ninguém reclamou.

— Eu tenho certeza que você reclamou muito. – Ben observou, cerrando os olhos.

— Detalhes. – Audrey acenou a mão com desdém.

— O que impede o vencedor de só jogar a pérola no mar e deixar pra Úrsula achar? – Evie arqueou as sobrancelhas, apoiando o rosto na mão com delicadeza.

— E se a corrida fosse guardada por guardas reais tanto de Auradon quanto de Atlântida? – Carlos sugeriu. — Podemos dizer que como os mares não estão seguros com a presença da Úrsula, achamos melhor garantir que todos os participantes fiquem seguros. Assim, quem vencer vai realmente ter que encontrar a Úrsula, já que ela não vai poder se esconder no fundo do mar.

— Tem certeza dessa ideia, Jay? – Evie questionou, a voz preocupada. — Harry e Gil não vão participar da corrida? Sem falar da Uma... – ela olhou para Audrey ao adicionar a ultima parte.

— Uma sabe se cuidar. – Audrey revirou os olhos, embora por um instante tenha parecido preocupada. — Jay? Pra isso dar certo, nada pode sair dessa sala. Não podemos falar pra ninguém que a coroação vai ser falsa e nem o real motivo de colocarmos guardas na corrida. Nem para o Harry e nem para o Gil.

— E nem a Uma. – Mal lembrou.

Audrey bufou e cruzou os braços antes de concordar com a cabeça, uma expressão de cansaço passando momentaneamente por seu rosto.

— É um bom plano. – Jay afirmou. — Vale a tentativa.

***

Eram 20h32 quando Gil decidiu abrir a porta do quarto.

— Posso entrar? – Harry questionou, erguendo as sobrancelhas fazendo bico, os olhos brilhando daquela forma provocante, sentado com as costas encostadas contra a parede.

— Pode.

Harry riu se levantando e rapidamente jogando os braços em volta de Gil, o beijando enquanto entrava no quarto, fechando a porta atrás de si.

— A partir de agora... – falou, prensando Gil contra a porta, os lábios mal se afastando dos dele. — Eu vou sempre, sempre ficar do seu lado e concordar com tudo que você disser, mesmo se for estupidamente idiota.

— Não era bem isso que eu queria...

— Mas é o que você tem. – Harry riu se afastando e tirando a jaqueta de couro.

— Harry! Eu só quero que você me escute um pouco e não zombe tanto de mim... Eu sei que eu sou lerdo e nem sempre consigo me expressar e explicar direito... Mas, isso não é legal. Na Ilha você não ficava zombando, só ficava me encarando até perceber. Aqui que você começou com isso.

Harry fez careta. — Ok, agora vem cá. – sorriu, puxando o namorado pelas mãos. — Você foi incrível hoje. Tô orgulhoso. Desculpa não ter dado ouvidos antes, não vai acontecer de novo.

— Bom mesmo. – Gil cerrou os olhos fazendo bico antes de rir de lado. — Obrigado.

— Tô sempre do seu lado em tudo agora, ok? – sorriu, passando o gancho pelos cabelos loiros. — Te amo.

Gil arqueou a sobrancelha, observando as faces de Harry corarem, os olhos brilhando sinceros.

— Também te amo.

— Agora, vem. Eu vou ficar do seu lado até quando cê tiver errado, mas vamos diminuir um pouco as chances de você tá errado, ok? – sorriu, jogando um livro de história geral para Gil.

— Eu não leio bem.

— Relaxa. – pegou seu próprio livro de história e sentou-se na beira da cama. — Vamos fazer assim, eu vou lendo em voz alta e você acompanha.

— Mas, e se eu não conseguir acompanhar? Ou precisar voltar num parágrafo?

— Eu leio de novo quantas vezes você precisar e no ritmo que você conseguir acompanhar. Agora, vem.

Gil sorriu, se sentando ao lado de Harry e encostando a cabeça no ombro dele enquanto abria o livro.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Ladrões e Piratas" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.