Ladrões e Piratas escrita por Sirena


Capítulo 13
Capítulo 13




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A carruagem escolar parou em frente ao Castelo de Evie.

— Realmente acha que ele sabe? – Gil fez careta, abrindo a porta.

— Tem nem como não saber. – Harry revirou os olhos.

Os dois desceram de mãos dadas e foram direto para o ateliê da estilista que havia exigido a presença deles, pois tinha de tirar suas medidas para a Coroação de Mal.

O pequeno ateliê era coberto por desenhos de rascunhos e croquis de vestidos sobre as paredes de vidro. Araras cheias de roupas e praticamente montanhas de tecido enchiam o cômodo, tão colorido que os olhos de Gil brilharam, atraídos por todas as formas e texturas.

— Ah, vocês chegaram! – Evie sorriu, puxando-os para dentro.

— Você está muito linda, Evie. – Harry cumprimentou-a, piscando os olhos para a filha da Rainha Má que usava um belo vestido azul escuro, com mangas finas e que deixava suas costas nuas.

— Harry... – Gil cerrou os olhos, chamando a atenção do namorado.

— Eu tô mentindo?

Audrey entrou no cômodo, falando no celular, uma prancheta e uma caneta nas mãos.

— Sim... Não... Não, olha, eu disse que queria dálias negras para a decoração... Sim, eu sei que rosas vermelhas e frésias são símbolos de Auradon, mas vamos trocar as rosas pelas dálias... Porque são as favoritas da futura rainha! Olha, é melhor você fazer o que eu estou mandando. Garanto que não quer que eu apareça aí! – ela revirou os olhos e sentou-se sobre uma das mesas do ateliê desligando o aparelho. — E esses aí? Já acabou, Evie? Tem uma fila de clientes para você atender ainda hoje!

— Oi, Audrey. – Gil sorriu.

— Ah, oi, Gil. Oi, Harry! – ela sorriu. — Evie! É pra hoje!

— Harry, você primeiro. Vem. – Evie suspirou puxando o garoto para cima de uma pequena plataforma e pegando a fita métrica. — O que ainda falta, Audrey?

— Os convites já foram enviados. Mas, ainda temos que escolher as lembrancinhas, os bancos, os músicos, o salão da festa pós-coroação...

— A carruagem?

— Já escolhida. O vestido da Mal?

— Estou trabalhando nele, não demora a ficar pronto.

— Ótimo, porque você ainda tem que fazer os vestidos da Lonnie, Jane, Jordan, Allie, Freddie, CJ, Uma, o meu é claro, da Dizzy, da Celia... Além das roupas do Carlos, Jay, Harry, Gil, Doug, o terno do Ben, o Chad também fez uma encomenda, hã... Li'l Shang, o irmão da Lonnie, sabe? Ele também pediu um terno. Sem falar da Branca de Neve que também quer um vestido. Ah, e os outros piratas da Uma também, Jonas, Desiree... Os outros que eu não lembro o nome...

— Gil, pode vir! – Evie sorriu, empurrando Harry e anotando rapidamente as medidas dele num bloquinho.

— Também temos que confirmar a presença do Hades...

— Certo.

— Seguranças, limusines... Organizar os lugares. A Fada Madrinha vai precisar retirar a varinha mágica do museu...

— Evie, você precisa de ajuda? – Gil questionou, descendo da plataforma após Evie terminar de tirar suas medidas.

O telefone de Audrey tocou novamente e ela suspirou, atendendo e começando a discutir por causa da decoração.

— Ajuda? – a princesa de cabelos azuis arqueou as sobrancelhas, sem tirar os olhos do bloco de anotações.

— É. – deu de ombros. — Eu costumava fazer as roupas de todo mundo lá em casa. Minha mãe me ensinou quando eu era pequeno. Se você tiver precisando...

— Ah, você é um fofo. – ela sorriu, beliscando a bochecha dele. — Mas, não, não preciso. Eu dou meu jeito.

— Tem certeza?

— Evie! – Audrey desligou o telefone. — Minha mãe, Jasmine, Bela e Cinderela querem encomendar vestidos também. E a Lonnie, Jane, Jordan e Allie já chegaram, estão só esperando para entrar.

—... Ok, você tira as medidas da Allie e da Jane, eu cuido da Jordan e da Lonnie. Toma. – Evie se rendeu, jogando uma fita métrica para Gil. — Harry? Jay está lá no jardim, pode chamá-lo? Eu quero adiantar as roupas dos VK's e deixar a dos auradonianos para depois. E preciso tirar as medidas dele de novo porque aquele idiota sempre malha demais e acaba ficando com braço mais grosso.

— Tá. – revirou os olhos, tentando parecer irritado com o pedido.

Claro, estava irritado, mas não com isso. Mas, era mais fácil acreditarem que era com isso, era um bom disfarce, pensou.

Saiu do ateliê pela porta que levava ao jardim e coçou o rosto, mordendo os lábios, sem conseguir ver onde o namorado estava. Andou pelo jardim até o pátio, girando o gancho na mão e encontrou Jay regando os arbustos, fadinhas das flores voando em volta dele e rindo com suas vozes de sino.

— Não sabia que tinha fada aqui. – comentou.

As seis fadinhas se assustaram ao vê-lo. Uma desmaiou sobre o ombro de Jay enquanto as outras escondiam-se atrás do garoto.

— Ei, relaxem. – ele riu, olhando sobre o ombro para elas. — Não é o Capitão Gancho. É só o filho dele... Não, ele não odeia fadas.

As pequenas fadas pareceram hesitar antes de saírem de trás de Jay e voltarem a cuidar das flores.

— Evie contrata elas para que as plantas floresçam e dêem frutos o ano inteiro. – Jay explicou, colocando o regador no chão e indo para perto do namorado, puxando suas mãos (bem, a mão e o gancho). — Senti saudade!

Harry fez careta, puxando as mãos.

— Por que meu pai parecia todo perturbado falando que o rei de Auradon pediu que um dos prêmios da corrida fosse uma pérola especial? – questionou, cerrando os olhos. — Achei que iam colocar aquilo no museu.

— Ah... Isso. – fez careta.

De repente, se sentiu burro por ter pensado que realmente conseguiria esconder isso de Harry. Vilões e sua tendência a pecar nos detalhes.

— Minhas irmãs vão participar da corrida. – cruzou os braços. — Quem teve essa ideia? A Mal? É a cara dela fazer os outros de isca.

Jay cerrou os lábios, sem graça.

— Você? – Harry franziu a testa, surpreso.

—... Eu não podia contar. Você entende, né?

Harry respirou fundo, girando o gancho na mão.

Jay lembrou-se de boatos que costumavam correr na Ilha dos Perdidos sobre o Capitão Gancho. Sobre como você podia saber se ele estava bravo apenas de olhar para seus olhos, pois o azul se tingia de vermelho quando o velho do mar se enfurecia. Engoliu em seco, notando as bordas das íris de Harry assumirem um tom rubro.

O gancho gelado encostou no seu pescoço.

— Se alguma coisa acontecer com a CJ ou com a Harriet...

— Harry, relaxa. Nada vai acontecer com elas, ok? – Jay garantiu, levantando as mãos devagar. As fadas pararam o trabalho e uma saiu voando assustada para pedir ajuda.

— Se acontecer...

— Não vai. Vai ter seguranças na corrida, uma guarda especial vai seguir o vencedor às escondidas... Seja lá quem vencer, vai ficar em segurança, ok? Garanto isso.

Pareceu demorar uma eternidade até Harry abaixar o gancho, dando-se por rendido. Ele riu de lado, ajeitando a jaqueta preta que usava sobre a camisa rasgada, os olhos perdidos, mas o vermelho sumindo de suas íris.

Jay respirou fundo, as mãos tremendo. Ajeitou as luvas sem dedos, tentando se acalmar. Entendia a preocupação e irritação de Harry, então resolveu não julgar a atitude do namorado de colocar o gancho em seu pescoço.

Crianças da Ilha costumavam ser protetoras de mais, normal, normal...

— É engraçado, né? Como mesmo estando do mesmo lado ainda sempre acabamos de lados opostos. – Harry comentou, com certa ironia ácida.

Jay considerou isso um sinal verde para se aproximar e o abraçou.

— Eu nunca sugeriria isso se tivesse alguma chance de você ou o Gil ou as suas irmãs se machucarem, ok?

—... Ok. – suspirou, se dando permissão para confiar no namorado e acreditar no que ele dizia.

A fadinha voltou puxando Carlos, mas o garoto apenas deu de ombros, vendo apenas Harry e Jay abraçados, sem entender o porquê da preocupação da fada.

— E não estamos de lados opostos. Só... Tomamos umas decisões idiotas de vez em quando tentando proteger um ao outro, mas estamos do mesmo lado, ok? Quão antes a Úrsula for presa, antes os piratas podem voltar a navegar e eu sei que você, Gil e Uma estão ansiosos por isso.

— Sim, sim, estamos. – Harry concordou, encostando o queixo no ombro de Jay.

— Então... – sorriu de lado, se afastando do namorado e voltando a segurar suas mãos. — Elas vão ficar bem, Harry. E vocês também, palavra de honra.

— E ladrões têm honra? – Harry riu, arqueando a sobrancelha.

Jay se sentiu aliviado com o tom dele, nada irritado ou desconfiado, relaxado, quase brincalhão.

— Não. – admitiu. — Mas, namorados tem. E atletas. E Conselheiros Reais. Minha palavra vale por três palavras de honra.

Harry cerrou os olhos um instante antes de rir. — Isso não faz sentido, mas vou fingir que acredito e que concordo.


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Notas finais do capítulo

*Em Uma's Wicked Book (Livro de Maldades da Uma, em tradução livre), o Gil conta que aprendeu a costurar com a mãe, fazia as próprias roupas e como os irmãos não sabiam costurar, fazia as dos dois também. Eu gosto muito de imaginar que ele e a Evie se dariam super bem nesse ponto ♥

Espero que tenham gostado do capítulo, não esqueçam de comentar o que acharam. No próximo temos a corrida de barcos dos Gancho!



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