Ladrões e Piratas escrita por Sirena


Capítulo 10
Capítulo 10




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Jay acordou com dor no pescoço e o braço de Gil sobre sua cintura. Tinha certeza que não estava deitado em seu travesseiro macio. Fez careta e se obrigou a abrir os olhos.

— Bom dia.

— Mau dia. – Harry cumprimentou baixinho, num tom carinhoso.

Jay suspirou, percebendo que estava deitado sobre o peito dele. Isso explicava a dor no pescoço, pensou. Esfregou os olhos, tomando cuidado de não se mexer muito para não acabar acordando Gil. Assim como todos os filhos de vilões, crescidos numa ilha onde coisas terríveis poderiam acontecer a qualquer momento, Gil tinha sono leve.

A diferença entre Gil e Harry era que Gil se mexia muito quando dormia e Harry ficava tão parado que poderia se passar por morto. Jay deu um sorrisinho, contente com essa nova descoberta.

— Dormiu bem?

— Uhum. – Harry sorriu.

— Acordou cedo.

— Hábito. – murmurou. — Acordava cedo na Ilha pra pegar as coisas que vinham de Auradon pelas barcas dos duendes.

— Os piratas eram sempre os primeiros. Pegavam as melhores coisas. – Jay resmungou fazendo careta.

— Éramos o que estavam mais perto.

Jay esfregou os olhos novamente, os cabelos compridos bagunçados. Com cuidado, se afastou um pouco de Gil para poder dar um beijinho em Harry, ambos ignorando o bafo matinal.

— Ei... – Harry pareceu hesitar um instante, se afastando um pouco. — Pode falar com o Ben pra mim? Pedir pra ele colocar mais guardas no porto durante a noite...

— Por quê?

Harry manteve-se em silêncio.

Jay fez careta. — Suas irmãs estão saindo com os navios?

Silêncio.

— Ok, eu falo com ele.

— Sei que elas podem acabar se dando mal se forem vistas, mas vão se dar mais mal se a Úrsula der uma de louca e afundar as duas. – murmurou.

— Tem razão.

— Silêncio vocês dois. – Gil murmurou, a voz arrastada enquanto apertava mais o braço em volta de Jay, puxando-o para perto de novo. — Eu quero dormir.

Jay e Harry se entreolharam e compartilharam um sorriso.

Jay voltou a deitar a cabeça no travesseiro enquanto dava leves beliscões no braço de Gil, ao mesmo tempo em que Harry se curvava sobre o loiro, dando mordidinhas leves sobre seu ombro e sua bochecha.

— Parem com isso!

— Acorda!

— Vamos, amor, acorda!

— Não quero...

— Acorda, Gil, vai!

— Você já tá meio acordado mesmo!

Gil grunhiu irritado, empurrando os dois e se sentando na cama de Jay enquanto bocejava e se espreguiçava.

— Vocês dois são tão chatos...

Jay riu, voltando a deitar a cabeça no peito de Harry e puxando uma das mãos de Gil.

— Isso é legal. – Gil murmurou, tentando encontrar vontade para se levantar e entrelaçando os dedos com os de Jay. — Dormir com vocês dois é legal. Devíamos fazer mais isso.

— Algum dia.

— Quando esse aí tiver tempo. – Harry revirou os olhos se levantando.

— Por que você é tão mal comigo, Harry? – Jay bufou, olhando-o torto.

— Ora... – Harry deu um meio sorriso se curvando sobre o namorado, como se achasse graça da pergunta. — Porque eu sei que você gosta.

— Esse é um bom motivo. – Jay concordou passando os braços em volta dos ombros do pirata.

Harry já estava para beijá-lo quando notou algo.

— GIL, ACORDA! – gritou, tentando não rir em seguida do susto que ambos seus namorados levaram.

— Por que vocês não me deixam dormir? – o filho de Gaston choramingou, cobrindo os olhos.

— Você quer acordar o castelo todo, Harry? – Jay bufou, os ouvidos zumbindo.

Harry riu e piscou para os dois em seguida fez careta. — Ai, eu preciso tomar um banho. Onde fica o banheiro?

— Os piratas aprenderam a tomar banho e eu não tava sabendo?

— Muito engraçado. Não é como se desse pra tomar banho em alto-mar.

— Nascemos numa ilha com uma barreira mágica em volta. Se você ficou um dia em alto-mar foi muito, Harry. – revirou os olhos, tentando ajeitar os cabelos. — E mesmo assim, vocês, piratas, fediam que dava pra sentir o cheiro de longe.

— Também não era muito fácil encontrar água encanada na Ilha. – Gil comentou.

— E vivíamos pescando.

— E trabalhávamos num restaurante de frutos do mar. – Harry concluiu. — Quero ver ficar cheiroso assim. O cheiro de peixe não saía da gente de jeito nenhum. Eu até estranhei quando vim pra cá e saiu.

— A magia da higiene. – Jay revirou os olhos. — Pode usar o banheiro daqui do quarto.

Harry e Gil se entreolharam um instante.

— Tem um banheiro aqui?

— Estamos namorando um príncipe há um mês e não sabíamos ou é normal quartos terem banheiro?

— O quarto da escola tem banheiro.

— Sim, mas era um palácio antes de ser convertido em escola, né? Não conta. – Harry observou.

— Gente, isso é um castelo! – Jay olhou para os dois com a testa franzida. — Vocês não acharam mesmo que a Evie ia querer dividir o banheiro dela com alguém, né?

— Bom, então eu estou indo tomar um banho muito chique no banheiro do quarto. – Harry decidiu. — Onde fica o banheiro do quarto?

Jay revirou os olhos apontando na direção da porta no canto oposto.

— Achei que era uma rota de fuga. – o pirata resmungou tirando a camisa e indo para lá.

Gil se ajeitou perto de Jay novamente, encostando-se no ombro dele.

— Você não vai dormir de novo, vai?

— Você deixa?

— Não.

— Ah... – fez bico. — Você vai falar com a Lonnie pra te cobrir nos programas de integração hoje?

— Amanhã eu falo.

— Jay... – Gil fez cara feia.

— Qual é? Eu não posso pedir de última hora. Peço pra ela me cobrir na próxima semana toda e fico com um bom descanso.

— Você e Harry deviam sair um pouco sozinhos de novo. Ia fazer bem para os dois.

— A gente já tá se entendendo, amor. – Jay revirou os olhos.

— Eu sei. Só... Pra ter certeza, sabe? Só pra ter certeza que estamos todos bem.

Jay sorriu dando um beijo na bochecha de Gil.

— Você é fofo.

— Eu sei. – fez careta novamente enquanto se levantava. — Vou pro banho. Você vem também? – arqueou a sobrancelha, já tirando a roupa.

Jay sorriu, lambendo os lábios e dando um meio sorriso enquanto concordava. Tomar banho com seus dois namorados parecia extremamente interessante, pensou, tirando o pijama que vestia.

— Se vocês dois querem entrar aqui... – Harry falou, mal podiam vê-lo através do vidro embaçado do box do banheiro. — É melhor escovarem os dentes, ou eu vou jogar shampoo anti-caspa no olho de vocês! Especialmente do Jay, que fica criticando os hábitos de higiene dos outros!

— Você não cansa de ser tão chato, Gancho?

***

Apesar de dentes escovados, a esperada pegação no banheiro não deu certo.

Entre beijos, mãos bobas e corpos quentes ansiosos por contato, Gil escorregou no chão e bateu a cabeça no vidro. O susto cortou totalmente o clima, especialmente porque ele apagou por cerca de um minuto, deixando os namorados em desespero momentâneo.

Mas, ele acordou bem. Só ficou com um galo na cabeça, bom... Faz parte.

Com o clima arruinado, decidiram descer para tomar café da manhã.

Jay colocou comida para Dude, que já estava acordado e faminto, e preparou o café da manhã para os namorados e para os amigos que, sabia, não tardariam a descer.

— Evie já deve estar acordada. – comentou enquanto Harry e Gil sentavam-se lado a lado. — Ela acorda mega cedo para se arrumar. Carlos deve acordar logo também.

— O que é isso? – Gil perguntou confuso, pegando a xícara sem alça em que Jay havia servido o café. Harry mexia no cabelo dele com o gancho, apoiando o rosto na mão.

— Se chama finjaan. – Jay pronunciou lentamente, como se estivesse se acostumando com a palavra ainda. — É uma xícara especifica para café árabe.

— Isso é café árabe? – Harry franziu a testa, provando. — É bom... Diferente, mas bom.

— Meu pai tá me ensinando a fazer. Diz que eu preciso "me conectar com nossa ascendência árabe" como se algum dia ele tivesse se importado com isso. – revirou os olhos. — Bacon?

— Aceito. – Harry sorriu estendendo o prato.

— E pra você, panquecas. – apontou para Gil enquanto falava. — Com geleia de frutas caseira.

— Parece bom.

— As coisas com seu pai estão legais? – Harry questionou curioso, dando mais um gole no café, ainda fazendo carinho nos cabelos de Gil.

— Enquanto eu estiver pagando quatro mil roses para ele todo mês, claro. – Jay revirou os olhos outra vez, mantendo a atenção em colocar panquecas para Gil.

— Ele tinha um painel enorme com fotos suas na loja, a gente viu. – comentou abrindo e fechando as portas dos armários a procura de geleia.

— É, e um monte de troféus para exibir também.

— Depois de dezessete anos sem se importar nem se eu chegava em casa, isso não é grande coisa. – Jay respondeu acidamente, revirando os olhos pela terceira vez.

— Ei! – Harry acenou com o gancho. — A gente sabe que pais vilões são uma merda. Relaxa. Eu sei que entre mim, CJ e Harriet, meu pai colocaria eu e a CJ para andar na prancha sem pensar duas vezes. E que entre a Harriet e um navio novo, ele escolheria um navio novo.

— E eu nem lembro a última vez que vi meu pai acordado. – Gil deu de ombros. — Só isso de panqueca?

— Gil, tem onze aí.

— É pouco.

— Depois eu te faço mais.

— Tá bom.

— Ovos e torradas também, Harry?

— Ah, claro. Não sabia que você era dono do lar...

— Carlos, Evie e eu revezamos. – deu de ombros. — Enfim... Eu só estou me mantendo perto do meu pai agora porque é muito mais fácil mantê-lo fora de problema assim, mas ele nunca escondeu que amava muito mais o dinheiro e o poder do que a mim, então... Grande coisa. E eu só quero mantê-lo fora de problemas porque três vilões mega poderosos a solta é coisa demais para Auradon lidar.

— Faz sentido.

Jay suspirou, prendendo o cabelo num coque e se sentando no colo de Gil para aproveitar seu próprio prato de panquecas com geleia de morango, acompanhadas de uma xícara de um delicioso café árabe. Teve a impressão de ter exagerado na quantidade de açafrão na bebida, mas tudo bem, não havia ficado ruim.

— O quem tem pra fazer hoje? – Harry perguntou, num tom desinteressado de quem só queria ter algum assunto para se entreter mesmo que minimamente.

— Eu posso acompanhar vocês até o colégio, fico para o programa de esgrima e depois tenho uma reunião com o Conselho de Segurança. Ah, e eu tenho que passar no reformatório, ver se Uma e Audrey tão dando conta.

— Vai dar uma espiada nos meus irmãos também? – Gil perguntou.

— Posso fazer isso. Te conto se eles estiverem mais toleráveis.

— Tá legal.

— E vocês dois tem planos?

— Ah, você sabe... – Harry deu de ombros. — Aulas chatas, programa de esgrima que vamos aproveitar pra secar o instrutor que por acaso é nosso namorado, salvar Auradon e transar loucamente depois do jantar. O básico.

— Os dois últimos itens parecem interessantes. – Jay comentou tentando não rir.

— Vão ser bastante. Especialmente o último. – Harry riu, usando o gancho para puxar o queixo de Jay e inclinando-se para compartilhar um beijo com gosto de café, bacon e geléia.

— O almoço fica antes de secar o instrutor ou depois? – Gil perguntou, franzindo a testa.

— Depois.

— Tá bom. – assentiu seriamente.

— Olha só... – Gancho abaixou o tom de voz enquanto falava. — Se você for ter tempo, depois do programa de esgrima, vamos para a biblioteca. Ninguém vai procurar a gente lá. Vamos dar uma olhada nas coisas que roubamos da loja do seu pai, ver se tem algo lá. É bom você ver antes da reunião de segurança, mas caso não tenha tempo, mandamos uma mensagem com o que acharmos.

— Okay. – Jay concordou sorrindo.

— Vocês não cansam de planejar meu dia? – Gil suspirou.

— Você tinha outros planos, amor?

— CJ e Harriet estão organizando uma corrida de barcos! Eu queria ir!

Os olhos de Harry se iluminaram com aquele brilho ensandecido, arregalados. — Bom... Acho que Auradon pode esperar.

***

Infelizmente, Jay não concordava que Auradon poderia esperar o fim da corrida de barcos anual dos Gancho, então, os três acabaram na biblioteca após o fim do programa de esgrima.

— Então, o que vocês pegaram lá?

— Nada demais. – Harry deu de ombros. — Um pedaço de vidro e um livro mofado.

— Um pedaço do Espelho Mágico da Rainha Má e um livro de objetos mágicos do oceano. – Gil corrigiu.

— Tudo depende de como você encara a situação. – deu de ombros tirando o pedaço de espelho de dentro do casaco e o livro azul da mochila.

Harry mudou de lugar, percebendo que sentado onde estava não conseguiria mexer no cabelo de nenhum dos namorados com seu gancho, preferiu então sentar-se ao lado de Jay.

— Esse é o colar da Úrsula. - Gil apontou para um desenho em uma das páginas.

— Da Uma. – Harry corrigiu.

— Era da Úrsula antes de ser da Uma.

— Não importa. Era de Poseidon antes de ser da Úrsula, nem por isso chamam de "colar de Poseidon." O colar é da Uma.

— O colar era de Poseidon? – Jay questionou curioso.

Harry e Gil reviraram os olhos e Gil apontou para a parte da página que dizia isso antes de começar a explicar:

— Úrsula e Tritão eram irmãos, filhos de Poseidon e Anfitrite. Poseidon deu o tridente mágico para Tritão e o colar de concha para Úrsula.

— Os itens ampliavam e se conectavam com poderes deles. – Harry continuou. — Mas, Tritão e Úrsula tiveram alguma briga séria e Úrsula tentou roubar o tridente para matar o irmão e ficar com o trono. Ela não conseguiu e foi exilada para os mares sombrios.

— Aí rolou tudo aquilo que você já sabe. Tritão teve sete filhas, uma queria ser humana, Úrsula se aproveitou disso para enganá-la e tentar roubar a alma dela. O plano era trocar a alma da Ariel pela do Tritão e virar rainha dos mares, seria realmente uma vingança brilhante! Ele cairia pela própria falta de jeito em lidar com adolescentes e teria o amor pela filha usado contra ele. Um plano delicado...

— Só que ela falhou. Como... Bom, todo mundo da Ilha. – Harry concluiu. — De qualquer jeito, não acho que é o colar que a Úrsula quer. Malévola não atacaria a loja do seu pai se fosse isso. Atacaria a Uma. – estremeceu com a última sentença, não gostando nem mesmo de imaginar sua capitã sendo atacada por um dragão gigante.

Muito embora tivesse certeza de que Uma seria capaz de se defender sozinha... Não gostava nada da ideia.

— Tá. – Jay concordou, virando as páginas. — Então, tecnicamente falando, a Uma e a Mal são parentes? Já que a Mal é filha de Hades e a Uma neta de Poseidon e os dois são deuses irmãos...

— Tecnicamente.

— Se você for olhar muito, todo mundo vira parente. – Harry deu de ombros. — A Ilha dos Perdidos era pequena. A CJ é filha de uma das tias do Gil. Minha mãe era uma sereia que era madrinha da Uma. Todo mundo é parente.

— Tia Claudette sente falta da CJ. – Gil comentou. — Diz que ela não vai visitar faz tempo.

— Vou avisar ela pra passar no bar.

— Como assim sua mãe era uma sereia? – Jay olhou assustado.

— Não lembra dela? Marina Del Rey. Ela morreu na Ilha quando eu tinha uns dois anos. Todo mundo diz que ela era insuportável. – Harry deu de ombros.

— Ela era uma vilã esquisita. – Gil fez careta. — Cuidava das filhas de Tritão, tipo uma governanta, mas queria o cargo do Sebastião, aí armou contra ele.

— E ela tentou matar a Ariel. – Harry completou. — Eu acho que o plano era subir de cargo até conseguir casar com o Tritão, mas sei lá. Como vilã, ela nunca foi grande coisa. Como mãe também não. Harriet diz que Marina me deixaria chorar a noite toda. Ela e o papai que cuidavam mais de mim.

— Entendi.

— Você não sabe quem é sua mãe? – Gil franziu a testa observando a expressão de Jay. Não seria surpresa, pensou, muitos filhos de vilões não sabiam quem era um de seus pais.

— Eu... Não tenho.

— Não conheceu ela?

— Não. Eu só não tenho. – deu de ombros virando a página. — Enfim, esse aqui, então?

— Não. – Harry fez careta olhando os itens listados.

— Esses também não. – Gil decidiu vendo os seguintes.

— Não.

— De jeito nenhum.

— Isso não serve pra nada.

— Esse só é útil para príncipes e princesas bonzinhos que gostam de dançar com flores na cabeça. Não que isso pareça ruim.

Depois de virar ao menos cinquenta páginas e ouvir tantas variações de não, Jay estava começando a cansar da voz dos namorados. E o humor dos dois não estava muito diferente.

— Não acredito que tô perdendo uma corrida de barcos para isso. – Harry resmungou.

— A corrida é só na semana que vem. Hoje é só organização. Limpeza dos barcos e tal.

— Espera, o que? Você queria ir para Ilha para limpar os conveses?

— É. – Gil deu de ombros. — Eu gosto de limpar as coisas.

Harry estava com a testa franzida e os lábios cerrados, o gancho arranhando a mesa. — Se não namorássemos, eu te estriparia com esse gancho agora.

— Você consegue achar usos mais úteis pra ele, tenho certeza. – Gil comentou, piscando para ele.

— Okay, okay. – Jay deu risada, achando graça de como os dois fluíam de ameaças de morte para insinuações sexuais tão rapidamente. — Acalmem-se, isso é um ambiente escolar.

Ah, o amor dos vilões.

— Esse! – Gil apontou.

— A pérola de Anfitrite? – Harry uniu as sobrancelhas. — Nunca ouvi falar. O que diz aí sobre?

— Uma pérola que ficava dentro do colar de concha da antiga rainha, foi herança de Anfitrite para Athena, esposa de Tritão. A pérola encantada foi perdida na morte da rainha Athena, num ataque de piratas. Não se sabe ao certo o que fazia. – Jay leu. — Não sei se é isso.

— É uma das joias mágicas de família, igual o colar da Uma e o tridente do Tritão. Tem que ser. – Gil bufou.

— Gil, não tem nem razão para isso estar na loja do Jafar. – Harry argumentou. — Foi perdido há décadas. Deve estar em algum canto obscuro do fundo do mar e lá a Malévola não pode impedir a Úrsula de achar.

— É isso!

— Vamos ver os outros itens antes, só pra ter certeza, ok? – Jay tentou.

— Não! É esse, eu sei!

— Gil...

— Olha, eu sei que eu sou burro, mas dessa vez eu tô certo! – sua voz transpirava uma certeza impressionante. Ele não sabia bem o porquê de tanta certeza, mas na sua mente fazia sentido. Chamem do que quiserem, sorte, intuição, talvez algum instinto de caçador que tenha herdado do pai e que só tenha decidido se manifestar agora...

De qualquer forma, Gil se considerava bom com enigmas e quebra-cabeças. Quando estavam procurando os cacos do colar da Uma, ele resolveu a pista que nem Harry e nem Uma conseguiram (okay que só estava escrito de trás para frente, mas, mesmo assim!). E ele que juntou todos os pedaços e remontou o colar mágico, caco por caco, com uma lupa, uma pinça, um pouco de musgo e muita sorte. Era bom em juntar peças. Por menores que fossem.

Fossem peças de um colar ou peças de um mistério a ser descoberto. Então, tinha certeza.

Mas, Jay e Harry se entreolharam, incertos.

Gil pareceu murchar em seu lugar, fazendo bico, a voz tomando um tom de confusão e incerteza. — Não tô?

— Gil, a gente não tem como saber com certeza...

— Mas provavelmente tá. – Harry deu de ombros e Jay o beliscou. — O que? Você pensou a mesma coisa!

Gil suspirou, se recostando contra a cadeira e cruzando os braços, a cabeça baixa. — Vamos continuar olhando.

Talvez não fosse tão bom assim com enigmas e quebra-cabeças, pensou, sem dar mais atenção aos outros objetos encantados que eram citados no livro, deixando que Harry decidisse se poderiam ser eles ou não que Úrsula buscava.


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Notas finais do capítulo

*Originalmente, a animação da Pequena Sereia revelaria que Úrsula e Tritão eram irmãos. Em outras mídias da Disney referentes a princesa, essa ainda é uma informação canonica. No livro da Serena Valentino sobre a vilã, Tritão a abandonou numa vila humana quando era criança. No musical da Broadway, na versão que estreou em 2008, eles eram irmãos e receberam uma porção igual do poder do pai Poseidon quando ele morreu, além de dois itens mágicos (o tridente e a concha mágica), embora os dois devessem governar juntos, Úrsula usou magia para usurpar Tritão e acabou sendo banida. Já na versão reformulada para turnê nacional, Úrsula era caçula de sete irmãs e a única a nascer como cecelia (tentáculos de polvo invés de cauda) e por isso enojava Poseidon, por ciúme ela mata suas seis irmãs mais velha e se torna rainha, quando Tritão que nessa versão é seu irmão mais novo, atinge a maioridade, a destitui e exila. Eu escolhi usar a versão de 2008, sem as outras irmãs e tal porque acho que combina mais com que é apresentado nos livros de Descendentes.

*Sobre o Jay não ter mãe... Essa é uma afirmação que ele faz no livro da Ilha dos Perdidos e embora tenham várias teorias sobre a mãe dele ter morrido, desaparecido, ou ser uma concubina de Jafar, mas eu escolhi seguir uma linha diferente sobre isso, que logo vai ficar mais clara.



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