Kanako avaliou o garoto que foi capaz de imobilizar seu braço direito. O rosado estava machucado e ofegante, provavelmente não duraria muito tempo, ou seja, a partir daquele ponto era uma briga de resistência. Sem dúvida que ela ganharia naquele quesito. Rin deu um passo adiante, sentindo as pernas trêmulas pelo enorme cansaço que tomava seu corpo, depois outro passo, porém cambaleante. Depois de apanhar, pensar e atacar, seu corpo chegará à definitiva exaustão, porém sabia que não deveria parar. Ele fechou os olhos por um breve momento e pôde visualizar suas duas reservas de Chakra. Uma que era para aquele selo dito por Sakura e a outra pensada para lutas e realizações cirúrgicas, os dois lentamente recebiam a quantidade de Chakra para serem preenchidos. "Está longe ainda" pensou, abrindo novamente seus olhos esverdeados exaustos, percebendo também que não havia lhe sobrado muito da segunda reserva, provavelmente o Sharingan tenha sido o responsável por quase exauri-lo. Precisava acabar urgentemente com o confronto, mas possuía algumas dúvidas ainda. 

Kanako encurtou a distância e fechou sua mão esquerda em punho, depois levou o braço a frente do corpo com intenção de socar o rosado, porém o mesmo usou os antebraços para se defender do golpe, no processo rangendo os dentes e rosnando de dor, baixando sua cabeça o suficiente enquanto sentia ardência nos braços, entretanto tentou recuperar-se depressa, ou melhor, se aproveitar da curta distância e da atual desvantagem da especialista em Taijutsu. O rosado girou seu corpo em 360°, assim encurtando mais sua distância com a mulher já que a única coisa que o mantinha longe era o punho dela, então usou o cotovelo esquerdo para aceitá-la no abdômen, assim fazendo-a curvar-se um pouco por uma óbvia falta de ar passageira. "Como posso acabar depressa com isso?" pensou enquanto continuava atacando-a, aproveitando-se do cotovelo esquerdo para levantar seu braço com o punho fechado, desta forma dando um soco no queixo da mulher. Kanako até começou a cair, porém apoiou-se com a perna direita e o atacou com um chute usando a esquerda. 

Não havia como se proteger a tempo daquele golpe, por isso que ele foi atingido e jogado para alguns metros, mas cravou suas unhas no chão, assim impedindo que fosse mais longe do que deveria ir. Seus olhos se fixam por um momento nas suas unhas quebradas por causa daquele esforço, mas depois voltam para a mulher que ofegou. Rin sorriu um pouco pelo canto dos lábios. Havia diversão e provocação no sorriso que escondia a dor depois de um chute nas costelas. Ele se levantou e correu em direção a sua inimiga que não escondia o preparo ao tomar uma pose de combate dependendo apenas de um braço. Então, pulou e tentou um chute usando sua perna direita, porém o golpe foi bloqueado pelo braço esquerdo da mulher. Ele sorriu um pouco mais e tentou socá-la com o punho direito, porém ela moveu um pouco o braço, desta forma fazendo com que a palma segurasse seu punho. Ela sorriu com um breve desafio, porém aquilo se desfez no momento em que recebeu uma joelhada com a perna esquerda do rosado. Novamente, ela perdeu o equilíbrio e soltou o punho do garoto que girou seu corpo em 360° e a acertou com seu pé direito no canto esquerdo do rosto, assim jogando-a para o lado.

Rin ignorava a plateia comemorando. Gritavam por "Rosado!" ou outras características suas por não terem conhecimento de seu nome. Até mesmo as pessoas que participavam do evento assistiram ao confronto, nenhuma delas parecia ter vontade ou coragem de interrompê-los.

Rin caiu sentado no chão no momento em que Kanako também caiu, mas a única diferença era de que ela cairá deitada. Ele não demorou em levantar-se e passar o antebraço direito por seu rosto, assim limpando um pouco do suor que escorria. Seus olhos se fixam na mulher que reergueu-se e desenvolveu um pouco mais de sua expressão animadora. Rin ofegou e cuspiu para o lado direito, então avançou e levou sua perna direita para a lateral do corpo da mulher, mas ela foi capaz de evitá-lo com uma esquiva simples e então usou sua mão esquerda para socá-lo no abdômen. Rin novamente bloqueou o soco com os antebraços, rangendo os dentes como anteriormente, porém a mulher girou seu corpo novamente e o acertou com a perna direita no lado esquerdo do corpo, assim jogando-o para o lado. O rosado deslizou pelo chão algumas vezes, mas não deixaria que aquilo acabasse. Ele lutou contra cada dor que assolava seu corpo, contra o cansaço, para disparar de encontro a mulher que ainda tinha sua perna levantada. Suas mãos se apoiam na perna estendida dela, aproveitando-se para dar um mortal e parar nas costas de Kanako, então acertando-a pelas costas com ambos os pés, jogando-a para frente, porém ela não caiu como ele queria. Ela só pôs o pé direito à frente do corpo e girou em 180°, ficando de frente para o rosado que mal havia chego ao chão e aproximando-se dele, então acertando-o com um soco no rosto. Aquilo foi mais do que suficiente para jogar o garoto para trás.

Rin ficou deitado no chão. Seus olhos exaustos fixaram-se no céu nublado, finalmente ouvindo a plateia gritar por ele, comemorando, ou melhor, torcendo para ele. Kanako estava exausta daquela luta, porém continuaria. Ela ofegou, movendo a cabeça e depois o corpo para que enxergasse a grande torcida daquela solitária briga. Os olhos do garoto se fecham por um momento, abrindo-as depois de alguns longos segundos.

— Eu acho que desmaiei rapidamente… — O rosado sussurrou. Sua respiração ficava cada vez mais rápida. Apesar disso, havia um ânimo nas palavras que usou.

— Se serve de alguma coisa… — Kanako começou a falar. Ela não era capaz de esconder o cansaço. E mantinha o corpo quase agachado enquanto a palma esquerda segurava firme em seu joelho. — ...tô completamente esgotada, mas devemos continuar pelo show. —

— Caia de uma vez. E deixe vencermos essa bosta. — Rin comentou. Ele levantou seu braço direito com o punho fechado, mas voltou a baixá-lo. Quase não possuía mais força para continuar. — Posso desmaiar se marcar bobeira… —

— Não será tão fácil assim… — Kanako comentou.

Suor escorria do rosto dela. Era óbvio que ambos estavam em seus limites. Ou melhor, passaram dos limites. A mão direita do rosado se fechou na areia. E ele lentamente colocou-se de pé. Cada centímetro de seu corpo reclamava de dor, clamava por descanso. Ele correu na direção de sua adversária e pulou, abrindo sua mão direita e jogando a areia que havia acumulado a poucos instantes. Kanako cobriu seus olhos com a mão esquerda, nesse momento o rosado segurou a cabeça da mulher com as duas mãos e acertou-lhe uma joelhada, jogando-a para trás. A mulher caiu, porém usou a mão esquerda para segurar a cabeça do rosado e o apertar, mas ele não desistiria por mais que uma dor começasse por causa do aperto. Ele rangeu os dentes, fechou suas mãos em punhos e os direcionou ao rosto de Kanako, aproveitando-se da curta distância para desferir um soco atrás do outro. Seus socos de esquerda levavam o rosto dela para o lado direito, seus socos de direita levavam-na ao lado esquerdo, assim por diante. Ele parou de ranger os dentes e abriu um sorriso pelo canto esquerdo dos lábios, movendo sua mão direita para o ombro esquerdo da experiente lutadora, desta forma repetindo a mesma coisa que fez no ombro direito, ou seja, agindo nos tendões e incapacitando do ombro para baixo.

A mão esquerda escorreu de sua cabeça e parou no chão ao lado do corpo da musculosa guerreira. O rosado parou de acertá-la com seus socos e saiu de cima dela, afastando-se um pouco enquanto sentia as mãos arderem, porém aquilo era suportável a tudo que aconteceu. Ele ofegava cada vez mais exausto, cambaleava por mais que estivesse imóvel, por isso era de se imaginar que não duraria mais tanto tempo assim. O rosado estalou a língua no momento em que a lutadora colocou-se de pé ao jogar seu corpo para trás. Ela estava com os braços inutilizados, entretanto parecia confiar na força de suas pernas musculosas. "Ela só abriu um portão e tá dando esse trabalho. Imagino como seria lutar com Lee e Guy…" pensou. 

Kanako avançou. Ela cortou a distância que os separava e parecia pronta para acertá-lo usando a perna direita. A especialista em Taijutsu estenderá a perna para acertá-lo depois de quebrar a distância, entretanto o mesmo passou por cima dela usando a perna como um apoio para o pulo. E encostou sua mão direita nas costas da mulher que parou seu inútil ataque e pôs o pé de volta ao chão. O rosado aumentou sua voz para que alcançasse o responsável por aquele evento.

— SOU CAPAZ DE TORNÁ-LA PARAPLÉGICA COM UM DANO SEVERO NA COLUNA… — O rosado gritou. Ele não tinha certeza se poderia mesmo fazer aquilo, mas não estava curioso para saber. — ...EU VENCI. —

Um silêncio pendurou o evento por longos segundos. A plateia estava cada vez mais ansiosa por causa dos últimos acontecimentos. 

— Kanako Urai foi derrotada. — A voz de Tsuyu em cada uma das caixas de som espalhadas pela vasta construção.

A plateia urrou em comemoração. O rosado afastou-se alguns passos de Kanako. E estava para cair de forma humilhante no chão, contudo sentiu alguém lhe segurar. Era Ontake, que pôs sua mão esquerda na lateral do colega enquanto o braço direito do rosado descansava em seu ombro. Rin olhou para o vizinho de cela e um sorriso de alívio tomou seus lábios. 

— Não seria bom se o vissem caído. Mostre para eles que está bem. — Ontake sussurrou. 

Era verdade. Aquelas pessoas aguardavam por alguma coisa dele. O rosado não soube exatamente o que fazer de início, mas gastou as últimas gramas de força ao levantar seu braço esquerdo com o punho bem fechado e a cabeça levemente abaixada. Um sorriso mais suave se desenvolveu quando ouviu os gritos das pessoas extasiadas.

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Doro era uma daquelas pessoas em êxtase. Ela não se controlou com a vitória do amigo, por isso que passou os braços em volta do pescoço de Tsuyu, abraçando-o e gargalhando com a mão pura alegria. O líder da Mangetsu ficará levemente surpreso, porém passará suas mãos nas costas da shinobi da areia, assim firmando o abraço da garota. Ele podia não enxergar, mas não era surdo, por isso moveu sua cabeça numa direção específica quando ouviu um risinho malicioso.

— Quieta. — Tsuyu ordenou. Sua voz não escondia a seriedade. A aspereza cotidiana.

— Eu não disse nada… — Tsuko comentou. Ela não fazia questão de esconder o divertimento ou a própria malícia.

— O que? — Doro perguntou. Ela continuou abraçada com Tsuyu, porém moveu seu rosto para que olhasse a ruiva, depois olhou para Tsuyu. — Ah! —

"Mas pensou, idiota" o Hyuga pensou. Os braços de Doro saíram de seu pescoço e a garota afastou-se significativamente, porém o rubor era mantido em suas bochechas e orelhas. Tsuko percebeu aquela reação, por isso que gargalhou enquanto seu líder cruzava os braços.

— O que faremos agora? — Tsuko perguntou. Ela cruzou os braços e aproximou-se da beirada da janela, desta forma olhando para a arena e dando continuidade. — Quer continuar com o evento ou dar um descanso para os participantes? —

— O que? Como assim? — Doro perguntou. Ela não se aproximou da janela, mas de Tsuyu e pôs a mão direita em seu ombro. — Você dará um descanso para eles, certo? —

— Hm… — Tsuyu murmurou. Ele pôs a mão direita em seu queixo. Uma clássica pose contemplativa, pensando em como deveria proceder.

— Por favor… meu amigo está cansado demais para continuar. — Doro comentou. Ela apertou um pouco sua mão no ombro dele, mas não ao ponto de machucar. — Dê um descanso para eles. Se vão enfrentar seu pessoal, precisarão de um merecido descanso. —

— O que você quer fazer, Tsuyu? — Tsuko perguntou. Ela cruzou os braços abaixo dos seios, semicerrou seus olhos enquanto sua atenção era mantida no líder. — Eu aposto que esse pessoal que tá torcendo pelo garoto lá de baixo não gostaria de vê-lo morto depois desse espetáculo. —

— Tsuyu… — Doro murmurou. Ela engoliu em seco enquanto começava a temer pelo pior. Não gostaria de imaginar Rin tendo de enfrentar outra pessoa sendo que mal se aguentava em pé. — ...por favor. —

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As comemorações continuaram. E o rosado aproveitou que sua cabeça estava levemente abaixada para descansar, ou melhor, render-se ao desmaio. Seu corpo precisava demais daquilo. Quem sabe, ele agradecesse Ontake por continuar segurando-o. A consciência retornou pouco a pouco quando um som em particular soou por toda a arena. Era como se pedissem o silêncio para que pudessem dizer alguma coisa. 

— De novo, olá… — Era a voz áspera bem conhecida de Tsuyu, porém carregando um pouco de gentileza dessa vez. O mesmo continuou depois de alguns segundos. — ...avaliamos um pouco da situação de nossos participantes. E acreditamos que enfrentar os quatro Shutsuen-sha num único dia seria pedir demais para vocês, por isso daremos a oportunidade de descansarem. Faremos uma pausa até amanhã. Aos participantes gostaríamos de avisar que haverá Hyorogans em suas celas. Ao público gostaríamos de convidá-los a assistirem amanhã e nos próximos dias o evento. Porque amanhã… quem será a estrela principal será… — Uma pausa dramática.

Rin abriu um pouco mais seus olhos. Podia estar exausto demais, porém gostaria de conhecer a pessoa que iriam enfrentar no dia seguinte. Do mesmo lugar que Kanako Urai saiu, agora foi a vez de um rapaz de expressão descontente, levemente emburrado. O mesmo possuía olhos esverdeados, cabelo escuro e comprido, com um par de óculos no pescoço. O mesmo provavelmente não era maior do que o rosado. E nem tão musculoso quanto ele ou a adversária anterior. Seu corpo era magro e cheio de cicatrizes, ou seja, costumava agir fisicamente também. Ele usava uma calça marrom com botas escuras que iam até os joelhos, uma camisa sem mangas preta com bordas douradas. Havia bandagens enroladas de seus cotovelos até os pulsos. Nas mãos o mesmo empunhava dois machados. Todos os participantes deram alguns, ou melhor, muitos passos para trás quando perceberam que pessoas iriam enfrentar no dia seguinte.

Aquele era Musashi, o especialista em Kenjutsu. Nascido no país do ferro, ou seja, treinado por muito tempo como um samurai, não como um ninja.

Ele parou de andar depois de algum tempo. E abaixou o braço esquerdo, porém deixou o direito apontado para onde estava o rosado que mantinha-se de pé graças à ajuda de outra pessoa.

— Eu vou te matar amanhã. — Musashi declarou. Seu olhar levemente sério e divertido. Aquela era uma promessa feita pelo adversário. O mesmo possuía o sotaque característico de seu país. 

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— ...ele? Hm… será interessante. — Tsuyu murmurou depois de ouvir o nome de quem que comandaria o evento no dia seguinte.

— Você não sabia quem que ia? — Doro perguntou. Ela havia se aproximado da janela e observava no momento toda a cena… até mesmo a declaração de Musashi. 

— Não. Deixo para que eles escolham quem vai primeiro. Sabe, gosto de me surpreender. — Tsuyu brincou. Além disso, sua voz carregava um pouco de curiosidade. — Queria saber a maneira que decidem quem participará… —

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Minutos atrás. Três mãos direitas foram postas à frente. Uma delas estava fechada em punho, outras duas estavam bem abertas. O clássico "pedra, papel e tesoura". O perdedor obviamente acabou sendo Musashi que cruzou os braços, visivelmente descontente naquele momento.

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As palavras de Tsuyu foram verdadeiras. Quando os participantes retornaram para suas celas, havia Hyorogans para eles. Várias delas para que pudessem saboreá-las e receber o vigor e o Chakra perdido. Rin comeu as suas e de outro participante que pareceu sem apetite. Então, o rosado deitou-se em sua cela e adormeceu pesado, mas lembrando-se daquela estranha promessa do rapaz de matá-lo no dia seguinte. Contudo, o peso em seu corpo — de todos os sentidos possíveis — fez com que esquecesse daquela promessa, pensando unicamente num merecido descanso.