Misa estava sentada numa pedra no topo de uma grande estalagmite. Mantinha uma posição de concentração, Fukasaku encarava a garota e um breve sorriso tomou seus lábios. O anfíbio sentia o acúmulo de energia natural no corpo da Yamanaka. Demorou um pouco, mas a garota estava tendo sucesso no domínio da habilidade. "Nada mal. Ela está conseguindo sem a ajuda do óleo" o sábio dos sapos pensou. Misa continuava atraindo cada vez mais energia natural para dentro de seu corpo, mantendo-se completamente imóvel. Lentamente um sombreamento alaranjado surgiu ao redor de seus olhos. Quanto mais se concentravam, mais aquele sombreamento se destacava. "Ela entende sobre concentração. Bastou que soubesse ficar imóvel e atrair a energia natural" o sábio dos sapos pensou. Ele começou a sentir nostalgia, lembrando-se dos treinamentos com Jiraiya e Naruto. A garota enfim abriu seus olhos e adotou uma momentânea seriedade. A cor de seus olhos não era mais azul claro, mas de um amarelo um pouco mais forte que seu cabelo, suas pupilas estavam horizontais. Yamanaka Misa havia alcançado o Sennin Mode. 

— Como se sente, Misa-chan? — O sábio dos sapos perguntou. Ele não enxergava qualquer alteração fisiológica no corpo da garota. Realmente, ela havia dominado a habilidade. 

— Como me sinto? Mais conectada com a natureza. Essa é a melhor resposta que posso te oferecer, Fuka-sama. — Misa respondeu, abaixando a cabeça e olhando para as mãos e abrindo-as. — Este é o Sennin Mode… —

Por ter se movimentado, a pedra que estava sentada moveu-se para o lado, desta forma derrubando-a. Misa esquecerá completamente de que não devia se mexer. Ela olhou para cima na esperança de que o sábio a salvasse com a língua, mas ele não fez isso e parecia tranquilo demais com sua queda. Ela adotou mais seriedade, cravou seus dedos na estalagmite mais próxima dela, diminuindo um pouco a velocidade de sua queda, mas depois usou os pés para afastar-se daquela e seguir para a próxima, repetindo o processo por algumas vezes até chegar em segurança no terreno. Então, olhou para os dedos em busca de algum ferimento, mas nem isso tinha. Quando pensou em dizer alguma coisa, o sábio dos sapos pousou do seu lado.

— Agora que você está no Sennin Mode, cada uma de suas características foi melhorada, garota. — Fukasaku comentou. Ele parecia contente pela demonstração de pensamento rápido da garota. Quando isso aconteceu com Naruto, ele apenas caiu e nem pensou direito. O sábio deu continuidade depois de fechar os punhos. — Temos um último passo ainda. —

— Último passo? — Misa perguntou. Ela não escondia a dúvida no tom de sua voz, mas também a alegria num belo sorriso ou nos olhos amarelos. 

"Menos de dois meses. Esse foi o tempo necessário para aprender e dominar o Sennin Mode. Essa sensação de vitória é incrível" a Yamanaka pensou, mas manteve-se atenta no que o sábio poderia explicar. 

— É um estilo de luta usando o Chakra Senjutsu. Já está na hora de você aprender o "Kawazu Kumite", Misa-chan. — Fukasaku contou. Ele parecia bem animado quando contou sobre aquele estilo de luta. 

Misa percebeu que o sábio sapo estava animado. Por isso, acreditou que seria um estilo de luta muito interessante. Ela sentiu-se ansiosa por aquele último passo. Afinal, conhecia o estilo bruto de luta de Rin, sabia que ele agia melhor de suporte, por mais que um confronto direto soasse uma boa ideia para o rosado, mas ela… aprenderia um estilo de combate único, além de ter suas características melhoradas com o Sennin Mode, por isso acreditava que seria uma boa atacante. Enquanto Rin era o suporte, ela seria o lado mais físico. E isso era animador. 

Misa acabou se sentando no chão. Cada movimento de seu corpo sendo observado pelo sábio. A Yamanaka levantou a cabeça, desta forma olhando o céu e algumas nuvens, mas não tendo interesse nelas. A loira gentilmente abraçou suas pernas, pensando em como Doro e Rin estavam em Amegakure.

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Doro olhava para Tsuyu que recebia alguns cuidados de Tsuko. A ruiva em questão passava com cuidado algumas bandagens em volta da cabeça do líder, assim cobrindo seus olhos. A shinobi da areia sentia-se um pouco incomodada vendo-os agirem daquela forma com tranquilidade. Ela quem gostaria de ajudar o moreno daquela forma, mas imaginava que Tsuko fazia aquilo por estar a mais tempo com ele, ou seja, não teria a mínima chance de ajudá-lo considerando que chegou a tão pouco tempo. Doro também estava preocupada com um certo rosado que não via há quase um dia. A última vez que o viu, estava nos ombros da ruiva. Ela olhava para Tsuyu que colocava a perna direita em cima da esquerda, um pouco acima do joelho, pôs o cotovelo esquerdo no apoio do braço de seu trono e levou a mão fechada para a boca, desta forma a escondendo. 

— Você está quieta. E eu não posso ver o que está expressando. — Tsuyu comentou. Sua voz não escondia um tom gentil. Isso porque sabia que só os três estavam naquele espaço. — Como ela se parece, Tsuko? —

Doro ficou em silêncio enquanto suas bochechas se esquentavam. Tsuko moveu sua cabeça um pouco para que pudesse se concentrar um pouco na garota. Tsuyu optou pelo silêncio, por aguardar uma resposta de uma das pessoas que mais confiava na Mangetsu. "Ele está interessado em como estou me parecendo?" Doro pensou, movendo seus olhos púrpuros e os encontrando com os olhos avermelhados da mulher.

— Ela está fofa, Tsuyu. As bochechas dela estão bem coradas… o que me diz de tocá-las? — Tsuko perguntou. Sua voz carregando um leve divertimento, mas mantendo uma expressão felina. 

— Isso é verdade? — Tsuyu perguntou, mas deu continuidade quando não obteve uma resposta, assim acreditando que o comentário foi verdadeiro. — Doro. Poderia se aproximar um pouco? —

— Venha, Doro. Se ele tentar alguma coisa, juro que arranco suas mãos. — Tsuko comentou, mas deu continuidade na sua resposta para a pergunta primária do Hyuga. — Ela me parece um pouco preocupada, Tsuyu. —

— Você consegue ler as emoções das pessoas? Isso é alguma Kekkei Genkai do seu clã? — Doro perguntou e obedeceu ao moreno. 

Aproximando-se lentamente dele enquanto era vigiada por Tsuko, que manteve aquela expressão felina. Ela poderia ser a espada do líder da Mangetsu, mas também era sua amiga, por isso não enxergava problema em se divertir. 

— Não é uma Kekkei Genkai, mas tornou-se um hábito descrever como as pessoas estão… — Tsuko explicou, mas deu continuidade quando percebeu os olhos púrpuros e curiosos voltados para ela. — ...quando um Hyuga abusa demais do Byakugan, é necessário que haja um descanso. Por isso que seus olhos são vendados. Então, nesse período costumo servir como leitora de emoções… —

— Falando assim parece idiota, Tsuko. — O líder da Mangetsu murmurou. Ele levou a mão direita ao cabelo, coçando-o e depois suspirando. — Porque você está preocupada? —

Doro parou de caminhar. Ela ficou na frente do assento em que o moreno encontrava-se. A ruiva ao seu lado gentilmente pegou sua mão direita, movendo-a até que tocasse a bochecha esquerda da Shinobi da areia. Tsuyu ficou em silêncio quando sentiu o pouco calor adicional da bochecha, mas acabou rindo quando o calor cresceu. Doro estava envergonhada e nada faria com que aquele calor diminuísse. Ela fechou seus olhos por um momento, desta forma apreciando uma carícia que a mão dele fazia em sua bochecha.

— Está quente mesmo… — Tsuyu sussurrou, mas voltou a repetir a pergunta anterior. — Porque está preocupada? —

— Ou está preocupada ou com ciúmes. Eu acho que ela gostaria de ter feito isso em meu lugar, Tsuyu. — A ruiva comentou. Semicerrou seus olhos e alargou um sorriso provocativo quando percebeu os olhos púrpuros e abertos em sua direção.

— Não é isso… — Doro comentou. Seu olhar se tornando um pouco mais sério, mas retornando-o ao moreno. — ...estou preocupada com meu amigo. Não tenho a mínima ideia de para onde foi levado. Se está bem ou não. —

— Eu não o machucaria, Doro. Como foi dito… ele foi levado para o Coliseu… — Tsuyu comentou. Sua mão direita continuou a acariciar a bochecha da garota, mas se moveu um pouco e alcançou as mechas de cabelo dela. 

— ...o torneio mortal da sua gangue, mas vocês não me disseram mais nada. Nem mesmo sei onde acontece para que eu possa vê-lo. — Doro comentou. Ela fechou suas mãos trêmulas em punhos, mordendo em seguida os lábios. — O que é esse torneio mortal? Qual sua função? —

— Amanhã terá suas respostas. É para lá que estaremos indo… — Tsuko comentou no lugar de seu líder quando o viu abrir a boca. Ela deu continuidade, mas dessa vez sua resposta foi voltada para o moreno ao seu lado. — ...os duzentos participantes estão prontos. Está tudo pronto para começar. —

Doro ficou em silêncio. Naquele momento, achava melhor manter-se quieta e escutar, quem sabe descobriria alguma coisa.

— Vamos mudar uma coisa… — Tsuyu comentou. Ele afastou sua mão do cabelo da shinobi da areia e a descansou no apoio do trono. — ...chame-os, Tsuko. Será bem divertido essa edição. Além disso… poderia me dar um pouco de chá? —

— Agora? Não dá pra mim. Vou ter de encontrá-los e pedir que compareçam amanhã. Você bem que poderia ter me avisado um pouco mais cedo, né? — Tsuko comentou. Ela levou sua mão direita ao cabelo de seu líder e o puxou um pouco, mas voltou a atenção para Doro. — Sirva um chá para ele. Eu tenho que correr. E não o deixa sozinho, Doro. —

— O que? Porque? — Doro perguntou. 

— Se ele ficar sozinho e decidir andar por aí, será ruim para todo mundo. Você não quer um cego sozinho. Quer? — Tsuko perguntou. Ela se afastou da dupla e seguiu para a porta de saída do cômodo, suspirando antes de olhar para a shinobi da areia. — Segure no braço dele se decidirem caminhar. Tsuyu, vá para a cama às seis para que descanse e melhore. Entendeu? —

— Nem parece que eu sou o líder… — Tsuyu sussurrou. Ele ouviu o risinho de Doro, por isso sorriu.

— Eu não entendi, idiota. O que você disse? — Tsuko perguntou. Seu tom era provocativo, desafiante. Como se quisesse que o moreno repetisse o que falou.

— Ele disse que estará na cama às seis, Tsuko. Vou dar um pouco de chá para ele e depois vou levá-lo para o quarto. — Doro comentou.

— Hm, muito bem. — Tsuko comentou. E enfim abriu a porta do cômodo e saiu e depois a fechou.

Doro ficou em silêncio, afastando-se um pouco de Tsuyu que manteve a mesma posição. O silêncio entre eles durou alguns segundos.

— Você ainda tá aqui? — Tsuyu perguntou.

— Tô… — Doro respondeu. Ela deu continuidade depois de segurar a mão do Hyuga para que a mesma pergunta não se repetisse muitas vezes. — ...só tava pensando um pouco. —

— Se quiser, posso ajudá-la. Em que mais está pensando? — Tsuyu comentou, mas continuou depois de levantar a cabeça por mais que não enxergasse. — Mas vou querer mesmo meu chá. —

— Em Caça Ratos. Ele está sozinho no meu quarto… — Doro respondeu, mas apertou a mão do moreno quando o ouviu rir. — ...não ria, entendeu? — Ela continuou depois de parar de apertar a mão dele. — Se você usar um Raiton: Kage Bunshin no Jutsu… ele estará com a visão comprometida também? —

— Desculpe, mas é divertido pensar que você está preocupada com um gato. Ele ficará bem, Doro. Se preocupe comigo um pouco, tá? — Tsuyu pediu. Ele sentia um pequeno desconforto, mas claramente não era pela forma que estava sentado. Ele deu continuidade. — Sim. —

— Eu deveria me preocupar com você? — Doro perguntou. Havia um leve divertimento na sua pergunta. Óbvio que iria se preocupar com o moreno. Ela usou a mão disponível para fazer um selo. — Suiton: Kage Bunshin no Jutsu. —

Não era tão difícil. Aquele Ninjutsu era fácil de ser usado num lugar úmido como Amegakure. No país do vento era complicado fazê-lo por causa da baixa umidade. Ela facilmente criou uma segunda versão dela que a encarou, mas nenhuma palavra foi necessária para saber de sua obrigação. O que a recém aparecida Doro deveria fazer era sair dali e preparar o chá, então retornar para o cômodo. E o Suiton: Kage Bunshin no Jutsu logo saiu do cômodo. Doro olhou para Tsuyu.

— Seu chá virá em alguns minutos. — Doro comentou e aproveitou para cruzar os braços. 

— Que pena… eu queria dar uma escapada por aí só para irritar a Tsuko mais tarde. — Tsuyu murmurou, mas deu continuidade depois de estender seu braço direito. — Me deixe sentir suas bochechas de novo, Doro? —

— Porque? — Doro perguntou.

— Poucas pessoas ficam envergonhadas na minha presença. Há sempre alegria e admiração, medo e ódio envolvendo as emoções. Por favor. — Tsuyu pediu.

"Medo e ódio? Tem como com ele?" Doro pensou, mas lembrou-se do pequeno questionário de quando estava ali pela primeira vez. Então, sim. Tinha como ficar com medo dele, mas não por muito tempo. A Shinobi da areia aproximou-se dele, mas não foi como antes. Ficou literalmente de frente para ele, então curvou a parte superior de seu corpo, levando sua cabeça para perto da dele, quase encostando suas festas e igualando as respirações, então pegou a mão direita dele e gentilmente levou para sua bochecha esquerda. E fechou os olhos no momento em que ele pôs a mão ali, acariciando com o polegar, mas movendo sua mão bem, bem devagar.

— Está quente ainda… — Tsuyu comentou. Um sorriso crescia em seus lábios. Ele deu continuidade depois de alguns segundos. — ...está ficando mais quente. —

— Você ainda não respondeu a minha pergunta… — Doro comentou, mas deu continuidade quando sentiu que o outro estava com um pouco de dúvida ainda. — ...eu deveria me preocupar com você? —

— Hm. Essa pergunta. Ah, eu gostaria que se preocupasse comigo. Tem a Tsuko que se preocupa comigo, mas ela é minha espada. — Tsuyu comentou.

Doro ficou em silêncio, mas começou a entender o que ele buscava. Era uma amizade que Tsuyu estava atrás, ou seja, um amigo que iria se preocupar, mas ele não conseguia isso por ser justamente quem é, por esconder sua personalidade gentil numa máscara amarga e séria. 

— O que ganha ao vencer o Coliseu? — Doro perguntou. Ainda não havia se esquecido do rosado levado para aquele lugar. Sozinhos ao menos teria sua resposta.

— O direito de ser meu braço esquerdo. A última pessoa que o venceu foi Tsuko… a mais ou menos seis meses… e ela se tornou meu braço direito. — Tsuyu respondeu. Ele sabia a razão daquela pergunta. Era porque Doro estava preocupada com o garoto que o atacou. — Esse tipo de amizade que estou falando. —

— Tsuko venceu? — Doro perguntou, mas deu continuidade quando lembrou-se de algo curioso que a ruiva contou. — Você não a conheceu quando ela estava na pior? "Vivendo bêbada em bares e vomitando ou dormindo em becos"... —

— Sim, a conheci. — Tsuyu respondeu, mas continuou depois que percebeu um silêncio da garota. Quase como se ela pedisse para ele continuar. — Eu a trouxe para cá. E ela seria como qualquer outra pessoa daqui… se não acabasse se fascinando pelo Coliseu e decidisse participar. Ela se apaixonou pelo último vencedor que tornou-se meu braço esquerdo… o resto é história, Doro. —

— Ela venceu. E tornou-se seu braço direito… a sua espada. — Doro comentou. Sentindo-se um pouco animada por pensar em Rin vencendo aquele Coliseu e tornando-se o braço esquerdo de Tsuyu. — Porque seis meses? —

— É uma batalha mortal, sem regras. A última pessoa de pé terá de enfrentar a pessoa de minha confiança. Ninguém ganhou desde que ela assumiu a posição. — Tsuyu respondeu.

A porta do cômodo se abriu. E o Suiton: Kage Bunshin no Jutsu da garota se revelou com uma bandeja. Carregando apenas uma xícara larga com um chá esverdeado. A original afastou-se de Tsuyu, pegou a xícara da bandeja e retornou para perto do líder da Mangetsu, sentando-se no apoio de braço esquerdo de seu trono e segurando uma das mãos dele.

— Cuidado que está quente… — Doro comentou depois de olhar para o pouco vapor que saia do líquido esverdeado.

— Obrigado pelo aviso… — Tsuyu sussurrou. Ele segurou a xícara com cuidado e assoprou, mas obviamente no lugar errado. E isso rendeu um riso da acompanhante. — Porque está rindo? —

— Deixa que assopro para você… — Doro comentou. Ela curvou a parte superior do corpo um pouco, levou uma mecha do cabelo para trás da orelha, e fez um bico com os lábios, soltando um pouco de ar no líquido. — ...quem você pediu para que a Tsuko chamasse? —

— Hm... — Tsuyu começou. Ele levou a xícara para perto dos lábios e tomou um gole do chá. Ele deu continuidade depois de afastar a xícara. — ...a Shutsuen-sha.