Tales of a Uchiha escrita por Saberus


Capítulo 63
S04Ch04;




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/802805/chapter/63

Misa estava sozinha na casa dos sábios sapos. Fukasaku lhe deu algumas horas de descanso, por isso gostaria de aproveitar para fazer nada. Seu corpo estava no chão, completamente estirada e usando as mãos para apoiar sua cabeça. Incontáveis hematomas eram visíveis por seus braços, coxas, pernas, barriga e até mesmo no rosto, mas não dava a mínima. Um sorriso escapou de seus lábios e se espreguiçou antes de sentar-se e levar a mão direita para a barriga, então olhou em volta enquanto mordia com suavidade seus lábios.

— Shima-sama não deixou nenhum petisco? — Se perguntou. 

Se contassem para ela que em algum momento no futuro adaptaria-se a comida do Monte Myoboku, com certeza não acreditaria, mas aconteceu. Depois de uma semana, Misa não sentia mais nojo da comida preparada com tanto carinho por Shima. Claro, sentia os desejos ardentes por uma comida humana, mas acostumou-se com tudo que lhe era servido. Além disso, a alegria de Shima ao vê-la comer, apreciando verdadeiramente sua comida, aquecia o coração da jovem Yamanaka. Olhou em volta, lentamente procurando por qualquer coisa que servisse para encher um pouco seu estômago, mas não encontrando nada. Ela suspirou, levou a mão direita ao cabelo e o esfregou, enrolando algumas mechas no indicador, mas parando quando percebeu algo ligeiramente curioso. Era uma caixinha vermelha com detalhes pretos embaixo de algumas coisas. Ela prestou um pouco mais de atenção naquela caixinha, aproximando-se dela e tirando as coisas de cima, depois a abrindo e vendo que haviam três livros.

— Icha Icha Paradise, Icha Icha Violence… — Misa engoliu em seco. Ela nunca tinha ouvido falar daqueles livros, mas o nome do autor era ligeiramente familiar. Ela olhou para o último livro. — ...Icha Icha Tatics. —

— Oh? Então você gosta de livros, Misa-chan? — Foi Shima quem perguntou. Ela acabara de entrar em casa e olhava com alegria para a humana que segurava ainda os livros.

— Shima-sama… — Misa olhou para a anfíbia, mas retornou a atenção para o último exemplar e mordeu os lábios antes de prosseguir. — …eu não sei. Há pessoas que gostam de ler e colecionam bibliotecas, mas não tenho… essa grande paixão pela leitura. — A Yamanaka olhou para a contracapa do livro. — Jiraiya… porque vocês tem os livros desse escritor, Shima-sama? —

— Você não está reconhecendo o nome? — Shima perguntou, mas deu continuidade quando a garota acenou com a cabeça. — Jiraiya-chan era um invocador de sapos também. E um dos três Sannin Lendários da época anterior ao de Naruto-chan. Os dois tinham um relacionamento de mestre e aprendiz, mas de família também. — A anfíbia se aproximou de um pote fechado e o abriu, desta forma revelando algumas larvas vivas e levando algumas para a boca, má olhando para a garota logo em seguida. — Aceita algumas? —

"Ali que estavam? Que pena que não achei antes…" a Yamanaka pensou e engoliu em seco, mas aceitou a oferta. Levou sua mão direita para dentro do pote, desta forma pegando algumas larvas e levando-as para a boca e mastigando, mas retornando sua atenção para os três exemplares.

— Será que eu poderia… lê-los? — Misa perguntou, mas balançou sua cabeça de um lado a outro, retornou sua atenção para a anfíbia que prestava atenção nela. — Shima-sama, poderia me empresta-los? —

— Fique a vontade. — Shima declarou e fechou o pote de larvas.

Misa sorriu, sentindo-se agraciada pela generosidade da anfíbia. Até a agradeceria, mas olhou para a entrada quando notou um movimento. E lá estava novamente Fukasaku que olhou para as duas residentes, mas depois retornou sua atenção para a humana que terminava de engolir alguma coisa.

— Me acompanhe, Misa-chan. — Fukasaku comentou. A costumeira gentileza era mantida no tom de sua voz.

— Ah, mas é claro. — Misa comentou. Ela pôs os livros de volta na caixinha, se levantou e seguiu para a saída, mas antes olhou para a anfíbia roxa. — Obrigada, Shima-sama. —

— Não precisa agradecer, Misa-chan. — Shima comentou, acenando para a garota que deixava a casa junto.

Misa sorriu. Havia se apegado e muito com Shima, considerando-a como uma amiga próxima, enquanto Fukasaku era seu mestre. A Yamanaka caminhou ao lado do sábio sapo por alguns minutos, até chegarem onde as estátuas de sapo se concentravam em volta do óleo sagrado. Ela cruzou seus braços abaixo dos seios e olhou para Fukasaku que estendeu o braço direito e apontou para uma das estátuas.

— Hm? O que tem? — Misa perguntou e inclinou a cabeça para o lado direito, demonstrando uma claro dúvida.

— Levante a estátua. Tente em sua forma base e depois com um pouco de Senjutsu. — Fukasaku comentou. Ele já havia feito esse teste há algum tempo atrás. Justamente na época em que Naruto era treinado. 

— Ah, tudo bem… — Misa comentou. Ela levantou os braços, entrelaçando as mãos e curvando o corpo para trás, espreguiçando-se. — Vamos lá… —

"Nunca que vou conseguir na forma base. Sei o que está tentando fazer, Fuka-sama" a loira pensou. Ela se aproximou de uma estátua enquanto deixava suas mãos na cintura. Em primeiro, avaliou a estátua de sapo que um dia foi alguém que tentou aprender Senjutsu, mas que obviamente fracassou. Ela não sabia o quanto as estátuas pesavam, mas a Yamanaka acreditou que dariam um pouco de trabalho a serem erguidas por um rosado em particular. Ela suspirou, ajoelhando-se e agarrando qualquer lugar da estátua com as duas mãos, então tentou levantá-la, mas nada aconteceu. "Já era de se imaginar…" a Yamanaka pensou, depois olhou para Fukasaku que apenas observava a garota.

— Vou no Senjutsu agora… — Misa comentou.

Ela se aproximou da fonte de óleo sagrado. E molhou sua mão direita. Então, sentou-se de pernas cruzadas, cabeça levemente abaixada, olhos fechados e o punho direito encostado na palma esquerda. Ela se concentrou. E Fukasaku ficou em silêncio, observando-a. Misa atraía a energia natural para dentro de seu corpo. Lentamente, mas funcionando com perfeição. Algumas verrugas começaram a aparecer nas áreas visíveis de seu corpo, mas não havia problema algum naquilo. A Yamanaka abriu seus olhos, demonstrando uma ligeira seriedade. Suas pupilas estavam horizontais e havia um suave sombreamento laranja em volta dos olhos. "Muito bem, está tendo um ótimo progresso" o anfíbio pensou, sorrindo pelo canto dos lábios. Misa se levantou, andou até a estátua e novamente levou suas mãos para o mesmo lugar que havia tocado anteriormente. E tentou levantar pela segunda vez. Como antes aquilo continuava parecendo difícil, mas não impossível. Ela lentamente tirou a estátua do chão, rangendo seus dentes, esforçando-se. Enfim… ela levantou a estátua. E depois a levou para cima de sua cabeça com os braços trêmulos e a respiração ofegante, mas tinha feito o que lhe foi pedido. 

— Ponha devagar no chão. — Fukasaku comentou. Ele se lembrava de como Naruto havia se empolgado e jogado de qualquer jeito a estátua sagrada. 

— Si-Sim! — Misa comentou.

Ela obedeceu. Colocou a estátua com certo cuidado, mas não no mesmo lugar. Então, sentou-se no chão e passou o antebraço pelo rosto. Podia não estar cansada por causa do Senjutsu, mas havia manias que não se perdiam por causa do esforço. Ela olhou para Fukasaku que se aproximou com um sorriso bom e um olhar ligeiramente mais sério.

— Então? — Misa comentou e aproveitou para cruzar suas pernas. Seus olhos azuis brilhavam de empolgação e suas bochechas ruborizavam um pouco.

— Parece que você aprendeu a como se controlar usando o óleo… — Fukasaku começou a dizer. Então, aumentou seu sorriso ao ver que Misa balançava a cabeça. E deu continuidade. — ...está na hora de fazermos isso sem ele. —

— Isso! — Misa comentou, erguendo os braços e depois jogando o corpo para trás, desta forma se deitando. — Não deve mais ser tão difícil. —

[ ۝ ]

Minutos depois. A Yamanaka encontrava-se em cima de uma das estátuas. Sua cabeça levemente abaixada como antes, suas pernas cruzadas e o punho direito encostado na palma esquerda. Ela se concentrava, reunindo aquela energia para dentro de seu corpo. Então… sentiu quando Fukasaku lhe acertou um golpe nas costas, desta forma ela perdeu a concentração. Ela tentou levar as mãos para o lugar marcado em vermelho para massagear, mas não conseguia. Mirou seus olhos azuis no sapo, buscando por uma explicação.

— Concentre-se mais. — Ele alertou, mas deu continuidade depois de cruzar seus braços. — O seu corpo continua se movendo. A chave é não se mover. —

— Eu estava enganada… é bem mais difícil sem o óleo. — Misa murmurou e usou a mão direita para secar algumas lágrimas que escorriam dos olhos. Aquele foi um golpe surpresa. 

— É lógico que seria mais difícil. Conseguir fazer com o óleo não quer dizer que tudo seria mais fácil. — Fukasaku comentou, mas deu continuidade quando percebeu o silêncio da garota. — Você não pode se mover um milímetro sequer. — O sapo sorriu um pouco depois daquela declaração, dando ainda continuidade. — Você é boa em concentração. Como uma ninja sensorial, sua concentração é boa, mas tem que ser ainda melhor. —

— Desculpe… — Misa murmurou, lentamente passando os braços em volta das pernas, desta forma as abraçando. 

— Não me peça desculpas… — Fukasaku comentou. Então, saltou da estátua e parou no chão, depois olhou para a Yamanaka no alto da estátua e deu continuidade. — ...venha comigo. Vamos para o lugar certo. —

— Hm? Tá… — Misa murmurou.

[ ۝ ]

— Como se conheceram? — Doro perguntou. 

— Hm? — Tsuko perguntou. Estranhando um pouco a pergunta feita pela Shinobi de Sunagakure.

Tsuko havia guiado Doro para fora daquele salão em que a garota acordou, levando-a por alguns corredores e escadas, passando por pessoas que curvavam suas cabeças quando cruzavam com seu caminho. Tsuko estava habituada com aquilo, mas Doro sentia-se constrangida. Ela tentava obter respostas, mas tudo o que ganhava era um movimento dos ombros da ruiva como se fizesse "não sei" ou "não me importo" ou alguma coisa do tipo. Agora, Doro estava num quarto a dois andares abaixo da sala em que despertou. 

O quarto era relativamente simples, mas transmitia uma sensação aconchegante. Lá havia uma cama de casal com um bom colchão, com dois travesseiros e algumas cobertas, um armário para as roupas que eventualmente a garota compraria e teria de guardar em algum lugar, e um banheiro privativo. Aquilo era uma suíte. E também se tinha uma janela para apreciar a chuvosa aldeia, mas não se abria a mesma… provavelmente era reforçada contra invasões.

No momento, Doro estava sentada na cama e olhando para Tsuko que ainda parecia não ter entendido aquela pergunta.

— Quem eu conheci? — Tsuko perguntou.

— Tsuyu-sama. Como vocês se conheceram? Ele é o pai desse bebê? — Doro perguntou. Seus olhos púrpuros se movendo para a barriga da ruiva, mas depois retornam para os olhos da garota. — Você também estava mentindo? —

— Não. Eu não conto mentiras. Eu… — Tsuko se aproximou de Doro e levou suas mãos para as bochechas da garota, depois para trás da cabeça dela e moveu para que a garota encostasse a cabeça em sua barriga. — ...eu odeio mentiras, mas dessa vez passará. —

— Desculpe… — Doro sussurrou aquelas gentis palavras. Ela sentia um leve conforto por ter seu rosto escorado na barriga da ruiva, mas enfim a levantou para que tentasse enxergar Tsuko, no entanto era um objetivo difícil, já que os seios cobriram o rosto dela. — ...você não respondeu a minha pergunta. —

Tsuko riu.

— Ele não é o pai. — Tsuko contou, mas deu continuidade ao se sentar ao lado da garota que continuou a olhando. — O pai dessa criança foi morto alguns dias antes que eu soubesse dessa gravidez. Formávamos uma excelente e poderosa dupla, mas como humanos… cansamos depressa. E o inimigo… Taiyo… se aproveitou disso. —

Tsuko percebeu a dúvida ainda nos olhos de Doro. Era óbvio que a garota gostaria de saber mais daquilo, mas também não insistiria caso a ruiva sentisse que não estava pronta ainda para contar. 

— ...sofremos uma emboscada. Dois contra duzentos, com Taiyo liderando-os. Ele me atirou na água para que eu escapasse, por isso não sei muito bem o que aconteceu, mas no dia seguinte… — Tsuko levou a mão direita para a boca, tampando-a enquanto seus olhos marejaram. — ...no dia seguinte… ele foi usado como um troféu para a Shi no Hana, e um aviso para todos os membros da Mangetsu… —

— Que aviso? — Doro perguntou. Sussurrou aquelas palavras enquanto suas mãos tremiam.

— "Vocês são os próximos". — Tsuko repetiu aquelas palavras. Lembrando-se de lê-las no peito desnudo de seu parceiro, de vê-lo preso com arames em volta dos pulsos e tornozelos e pescoço, com o braço direito apontando para onde ficava a base da Mangetsu, com o indicador apontando para eles. — "Vocês são os próximos"... — Ela repetiu aquelas palavras, rangendo os dentes em seguida.

— Sinto muito… — Doro sussurrou. Ela olhou para as mãos trêmulas e as fechou em punhos, mas depois retornou sua atenção para a ruiva. — Qual é a história dele? —

— Dele? De Tsuyu-sama? — Tsuko perguntou, mas deu continuidade quando percebeu o aceno de confirmação da garota. — Desculpe, mas eu não conto a história dos outros. Caso esteja interessada… pergunte para ele, mas não prometo que ele responderá. —

— Eu entendo… — Doro murmurou e sentiu as bochechas se aquecerem levemente. Ela voltou a perguntar. — Como o conheceu? —

— Ele me encontrou. Eu já possuía uma grande habilidade com a espada, mas vivia bêbada em bares e vomitando ou dormindo em becos. — Tsuko comentou. Ela odiava se lembrar daquela época acinzentada de sua história, mas gostaria de responder às perguntas da garota. — Ele me deu uma coisa… —

— O que? — Doro perguntou.

Tsuko estava para responder, mas a atenção das duas se voltou para a entrada do quarto. Lá estava Tsuyu, encarando inicialmente a Shinobi de Sunagakure por alguns segundos, mantendo seus olhos amarelos nos púrpuros dela, mas retornando-os para os de sua espada. Sua expressão era séria, mas sua voz não era capaz de encobrir a calma ou gentileza.

— ...motivação. Ofereci um motivo para que ela superasse o que havia acontecido. Todos na Mangetsu possuem essa "chama de motivação" ardendo continuamente no peito. — Tsuyu contou. Ele cruzou os braços e se recostou na porta antes de prosseguir. — A motivação de uma Amegakure melhor. De um futuro próspero para todos nós. Sem viver à mercê do medo… de termos  alguém que gostamos e admiramos ser explodido a nossa frente… de perdermos pessoas para esse maldito tráfico… de sermos uma aldeia conhecida por suas drogas. Não, isso não é o que queremos. O que queremos é a liberdade. Em todos os sentidos possíveis da palavra. Temos de nos livrar dessa maldita doença que está destruindo nossa preciosa aldeia. —

Doro ficou em silêncio. Quem acabou com o silêncio do cômodo foi Tsuko que apontou para o líder com o indicador da mão esquerda.

— É muito feio escutar a conversa alheia, Tsuyu-sama. E mais feio ainda invadir o quarto de uma dama sem permissão… — Tsuko comentou. Um sorriso de divertimento escapou de seus lábios. Ela queria amenizar o clima.

Tsuyu ficou em silêncio, mas suas bochechas se esquentaram um pouco. Ele só desviou seu rosto, na realidade o escondendo da vista das duas garotas.

— ...peço desculpas por ter invadido suas privacidades. — Ele sussurrou.

Então, saiu do cômodo. Doro olhou para Tsuko que também a olhava. As duas ficaram em silêncio por alguns segundos antes de começarem a rir por causa da reação do moreno. E Tsuyu mantinha-se do lado de fora do cômodo realmente, mas encostado na parede e com a cabeça levemente abaixada com um sorriso pelo canto direito de seus lábios. Ele adorava ouvir risos.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Tales of a Uchiha" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.