Tales of a Uchiha escrita por Saberus


Capítulo 60
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Uma semana passou desde que chegaram em Amegakure. Foi um pouco difícil, mas encontraram um lugar para a duradoura estadia. E o melhor? Quase de graça. Só tinham de fazer os serviços gerais no prédio velho, mas ao menos poderiam dormir em algum lugar que não cheirasse a certas secreções ou, na pior das hipóteses, com um corpo em decomposição sendo comido por ratos e outros tipos de insetos. Por isso que se sentiu aliviado quando encontraram aquele prédio de metal de cinco andares, mais aliviado ainda quando o dono inicialmente cobrou por metade do valor quando perguntou se eles estavam atrás de confusão, mas Rin prontamente negou, desta forma ganhando o belo desconto que, para sua felicidade, tornou-se gratuito quando se ofereceram para limpar alguns dos andares enquanto ficassem por ali. E novamente compartilhava a cama com Doro, mas nada mudou, além de já estar acostumado a dormir com ela encostada no seu ombro, por isso que não se incomodou. Mas… havia algo que atrapalhava um pouco o seu sono, ou de deixá-lo completamente relaxado.

— Eles estão lá? — Doro perguntou. Ela estava sentada na cama e abraçando suas pernas enquanto vestia uma camisola vermelha. 

A atenção da garota era para ele que estava escorado na única janela do quarto. Moveu seu braço direito, levando o indicador para as persianas da janela, levantando-as um pouco, desta forma olhando para o lado de fora. E semicerrou seus olhos, alterando um pouco sua expressão para um misto de seriedade e decepção, suspirando em seguida ao identificar duas figuras que tentavam de passar por mendigos, mas não conseguiam enganá-los. Na verdade, ninguém enganava ninguém. Sentiram que eram seguidos desde a primeira vez que deixaram o prédio para conhecerem a chuvosa aldeia, depois de confirmarem o acontecimento — andando sem rumo por Amegakure por três horas — repetiram o experimento com um dois Bunshin de Suiton com um Henge no Jutsu de Doro, desta forma um deles se pareceria com ele, mas os dois estranhos não seguiram as cópias. Ou seja, eram excelentes ninjas sensoriais capazes de identificar as cópias dos originais. Ele removeu o dedo da persiana, voltou seus olhos para a garota na cama, balançou sua cabeça e suspirou.

— Sim… — O rosado respondeu. Ele se aproximou da cama e jogou seu corpo nela, depois se deitou de barriga para cima e suspirou. — ...não fizemos nada estúpido, né? —

— Estúpido? Em que sentido, Rakun? — Doro perguntou e inclinou a cabeça para o lado direito, levando o indicador esquerdo para os lábios, mantendo uma expressão duvidosa.

— Como que vou saber? Em todos os sentidos? Aliás, tem mais de um sentido de estupidez? — Rin perguntou, mas levou a mão direita aos olhos, esfregando-os e suspirando. — Com esses caras nas costas quase nada dá para ser feito. —

Novamente, verdade. Quando um deles tentava conversar com alguém da rua, essa pessoa imediatamente olhava para algo, ou melhor, alguém que estava atrás deles, por isso a conversa era prontamente terminada. Dessa forma, nenhum deles conseguiu informações a respeito da aldeia da chuva. Até mesmo o dono do hotel fazia questão de não responder suas perguntas. E o pior é que Rin mantinha a carta de recomendação na sua mochila, desde o dia que chegaram que tentava encontrar o hospital, mas tudo o que acontecia servia como uma bola de neve de dificuldade.

— Você está bravo? Ou só está com saudade dela? — Doro perguntou e um sorriso levemente malicioso tomou seus lábios. 

Os olhos do rosado se moveram para a porta, mas depois se concentraram novamente na garota que havia lhe feito uma pergunta. Concordaram em não falar sobre ninguém de suas respectivas vidas enquanto estivessem por ali, desta forma nenhum tipo de problema seria levado para eles, por isso mesmo que o dono do hotel acreditava que os dois eram um casal, já que não viam problema em dividir a cama. Rin levantou sua cabeça, suspirando pesado, suas bochechas se esquentaram por um momento, por isso desviou sua atenção para a porta e saiu da cama.

— Vou atrás do hospital. Duvido que esses caras sejam capazes de me acompanhar numa corrida. — Rin comentou, aproveitou para se espreguiçar antes de dar continuidade. — Volto em algumas horas se tiver sucesso. —

E era verdade. Rin sentia-se incrivelmente leve por conta do treinamento com Sasuke. E não havia mostrado completamente os ganhos adquiridos na gravidade trinta e cinco vezes aumentada daquela outra dimensão. Então, duvidava que aqueles seguidores fossem capazes de acompanhá-lo, se decidisse brincar um pouco com eles. Claro, mostrou um pouco daquele treinamento com Prague, mas não explorou suas novas habilidades. Um leve e malicioso sorriso tomou seus lábios enquanto vestia-se com a capa impermeável, se aproximou da porta e olhou para Doro que abraçava gentilmente suas pernas, suspirando por alguma coisa.

— Aconteceu alguma coisa? Aquele velho fez alguma coisa? — Rin perguntou. Ele engoliu em seco ao imaginar coisas terríveis pelo descontentamento da companheira.

— Ah, não. Não aconteceu nada, Rakun. Só estou cansada dessa perseguição sem sentido. Poderíamos estar aproveitando, mas pouco saímos daqui. E quando saímos… essas pessoas nos seguem como se fossem mariposas… e nós a lâmpada. — Doro respondeu e um sorriso entristecido tomou conta de seus lábios. 

"Agora que percebi, ela não tem sorrido muito desde que chegamos. Eu devia ter notado antes…" o rosado pensou, mordendo seus lábios com um pouco de força, suspirando por um momento e coçando o cabelo com sua mão direita e encostando a cabeça na porta. Cada movimento era observado pela garota, que inclinou a cabeça para o lado pela segunda vez.

— Quando isso acabar… — Rin começou a falar. Ele tinha certeza que em algum momento aquela perseguição sem sentido acabaria. — ...vou levá-la para um passeio. Assim, poderá me dar algumas dicas do que as mulheres gostam num encontro, entendeu? —

— Eu sou um… — Doro não encontrou a palavra certa, mas levou a mão direita para frente dos lábios, abafando o primeiro risinho em dias, deixando sua expressão levemente mais fofa do que antes. — ...experimento? — 

— E eu sou um idiota que deixou a namorada duas vezes para passear pelo mundo. Por isso que somos uma boa equipe. — Rin comentou. Suas bochechas levemente se aqueceram ao lembrar-se do rosto de sua namorada. Então, levou a mão direita para a maçaneta da porta, abrindo-a e olhando para a garota na cama. — Volto em algumas horas. —

— Não quer levar a… — Doro começou a falar, mas o rosado já tinha saído do quarto. Ela olhou para a mochila de viagem dele. — ...carta de recomendação. —

Rin sorriu pelo canto dos lábios enquanto descia as escadas daquele prédio. Estava mais do que na hora de brincar com aqueles seguidores. Ele só não fizera aquilo antes por estar sempre na companhia de Doro, ou seja, não gostaria de deixá-la sozinha num lugar desconhecido. Seus olhos esverdeados se concentram num senhor de meia idade no momento em que chegou ao andar de recepção. Por ser alguém com grande experiência de Amegakure ele sabia para quem olhar e por quanto tempo ou quando falar e o que deveria escutar. O bom homem estava sentado numa cadeira velha, mas boa para sua lombar, enquanto escrevia numa revista de palavras cruzadas, no entanto desviou seus olhos azuis acinzentados para o garoto que o olhava silenciosamente, depois retornou sua atenção para a revista.

— Vai arrumar problema? — O senhor perguntou. Sua voz era calma e arrastada.

— Geralmente é o problema que me encontra… — Rin sussurrou o mais baixo possível. E estava certo quando comentou aquilo para ninguém em particular. O que mais queria a grande parte do tempo era dormir num bom lugar alto. Ele balançou sua cabeça, desta maneira negando a pergunta do homem. — Não. Vou sair para procurar um lugar, mas volto em algumas horas. —

— Que lugar? Trará problemas? — O senhor perguntou e retornou sua atenção para a revista. Então escreveu "Taijutsu" onde a pergunta era "Além de Ninjutsu e Genjutsu, qual o outro estilo mais conhecido?". 

— O hospital. — Rin respondeu, coçou seu cabelo pela segunda vez e suspirou de forma preguiçosa. — Sabe onde fica? —

— Não. — O senhor respondeu depressa. Ele nem mesmo voltou seu olhar para o rosado, mas subiu os olhos azuis acinzentados para o teto. — Algum problema com sua namorada? Ou com o bebê? —

Lá estava outro detalhe. Os dois contaram para aquele pobre homem que eram um casal de fugitivos. Escolheram amar-se em vez de suas respectivas famílias que possuíam uma antiga rixa num país distante, mencionando que teriam optado por se matarem com uma dosagem alta de veneno no lugar de se separarem, mas que mudaram de ideia quando uma gravidez foi descoberta. Rin odiava mentir para as pessoas, mas ele não sabia o que os habitantes de Amegakure eram capazes de fazer, por isso preferiram ir pelo caminho mais lógico, ou seja, uma mentira. Claro, aquela mentira facilitou em terem uma acomodação naquele prédio.

— O que? Não, sem chance. Eu só preciso de uma injeção no lugar certo para acompanhar o ritmo dela. — Rin contou e sentiu um suor escorrendo por seu rosto. Era mentira atrás de mentira. Ele cruzou os braços antes de continuar. — Se eu não tivesse acordado um pouco mais cedo, teria perdido um monte de… ah, desculpa. Estou divagando, né? —

— Está mesmo… — O senhor comentou. Sua voz sairá um pouco mais amena e até mesmo um risinho escapou daqueles lábios rachados e enrugados. — ...minha mulher era assim também em sua primeira gravidez. Dizem que são os hormônios ou coisas desse tipo. —

— Então, o hospital? Eu preciso mesmo de uma injeção ou quem sabe de um bom remedinho azul… — Rin comentou. 

"Ótimo, agora estou falando que não dou conta do serviço… e tenho apenas dezessete anos. Que pessoa de dezessete não daria conta?" o rosado pensou. Seus olhos esverdeados não escondiam sua calma, assim como seus lábios não esconderam sua gentileza. O homem o olhou por mais algum tempo, desta forma levando a mão direita ao pouco cabelo que ainda tinha na cabeça, coçando-o e suspirando.

— Ah, certo… — O velho homem comentou e fechou a revista de palavras cruzadas, mas a deixou no colo e depois levou a mão direita ao queixo, esfregando-o enquanto pensava um pouco. — ...quinze quadras ao sul daqui. Haverá uma construção das cores branca e vermelha… procure por uma porta vermelha, vai achar seu médico lá. —

"Quinze quadras. Sul. Construção em branco e vermelho. Essas são as melhores informações que consegui em dias" pensou, um sorriso mais gentil ainda surgiu nos lábios do garoto. Sua atenção desviou para a entrada e seguiu naquela direção, levando as mãos aos bolsos e parando na saída do prédio, então olhando para o clima chuvoso, novamente suspirou um pouco arrependido por terem ido ao país da chuva. "Eu aposto que não é assim no país dos demônios. Eles só tem que proteger uma sacerdotisa" pensou e desviou sua atenção para o velho recepcionista, mas o ancião tinha regressado ao seu entretenimento. Rin agitou seus ombros e saiu do prédio, mantendo sua cabeça baixa, mas assobiando um ritmo aleatório, no entanto bem tranquilo. No momento em que começou a tomar distância do prédio, sentiu-se seguido e moveu a cabeça de forma sutil para o lado direito, enxergando uma figura bem coberta seguindo-o enquanto o outro ficava para trás. "Esperando que ela saia, idiota?" o rosado pensou e retornou sua atenção ao caminho adiante. Seu objetivo eram as quinze quadras ao leste do prédio. 

Ele parou de andar e moveu seu braço direito, desta forma o estendendo para cima com o punho fechado, exceto pelo dedo médio exposto, e olhou para trás com um sorriso malicioso, provocativo, para a pessoa que o seguia. O rosado voltou seu olhar ao caminho adiante, então disparou na direção que deveria seguir. Enquanto corria olhava para trás de vez em quando, desse jeito vendo que a pessoa o seguia ainda. 

Ainda, mas o rosado estava apenas facilitando para o desconhecido. Então, pulou para a parede de um prédio à esquerda, depois para um vizinho à direita, assim subindo pouco a pouco num dos prédios, mas quando alcançou o telhado e olhou em volta… apressou seus passos até a beirada e pulou ao telhado vizinho. Repetindo isso enquanto olhava para trás quando ficava no ar por alguns segundos. A pessoa ainda o seguia, mas parecia se esforçar para acompanhá-lo. "Se ele for mesmo um ninja sensorial, não teria as qualidades físicas para acompanhar alguém treinado. Devíamos ter feito isso desde o começo" o rosado pensou, então voltou sua atenção ao caminho ainda.

Já estava mais do que na hora de parar com a brincadeira. Ele deixou o telhado que havia alcançado, retornando ao chão e surpreendendo um pedestre, mas neste momento voltou a disparar. Sua velocidade era bem superior à pequena corrida de minutos atrás. Antes sua figura era nítida para qualquer um, mas agora… desfocada. Sua imagem era desfocada, não passava de um borrão das cores de suas roupas, passando tão rápido pelas pessoas que as mesmas consideraram que fosse um vento. Claro, era difícil correr na chuva e fazer curvas, mas não impossível. Conseguiu facilmente deixar o perseguidor para trás. Ele parou de correr, deslizando pelo chão molhado por alguns instantes e quase caindo, mas conseguiu se manter firme. Ele levou o antebraço direito para o rosto levemente suado, ofegante enquanto olhava para os lados. "Toma essa, idiota" pensou e um sorriso convencido tomou seus lábios, e não se demorou para continuar sua viagem usando as informações obtidas pelo senhor, mas agora andando com mais tranquilidade.

[ ۝ ]

Ele não demorou para chegar ao hospital, também não demorou para se decepcionar. Aquilo não era um hospital como estava habituado, não havia andares para incontáveis médicos e salas e quartos. Dava-se para considerar que era uma clínica, ou nem isso pelo tamanho medíocre, mas o rosado chutou que teria no máximo uns 120 m². Ele suspirou, cruzando os braços e engolindo em seco. "O conhecido dela tá por aqui? Nessa espelunca…" pensou, se lembrando da cirurgiã chefe que conheceu no país do vento. Ele passou das portas duplas de vidro e olhou para a recepção e tentou falar com uma pessoa que estava lá, mas a mesma fugiu quando ele tentou se aproximar, passando por outras portas duplas que levariam a um corredor. Ele entrou nesse corredor e começou a respirar pela boca. O cheiro de ferro era muito forte, enjoativo. "Isso com certeza não se parece com uma clínica…" pensou e olhou para dentro da primeira sala que passava, enxergando dois médicos que conversavam sobre alguma coisa, mas que se calaram quando ele deu as caras.

— Ahn… oi? — Rin comentou.

Ele não obteve nenhuma resposta, mas pode enxergar dúvida e medo nos olhos das duas pessoas. "Eu sou um estranho… é normal terem medo" pensou, afastando-se daquela sala e continuou sua busca por uma porta vermelha. E não foi difícil já que a mesma estava no final daquele corredor. 

Não demorou tanto para que se aproximasse da porta, levasse a mão direita para a maçaneta e abrisse a mesma. Ele empurrou a porta, ignorando aquele rangido e entrou no que parecia uma sala. Não havia nada de interessante naquele cômodo pequeno. Só uma mesa de madeira com um carpete gasto pelo tempo, uma estante com poucos livros e uma cadeira de costas para ele, mas tinha alguém sentado ali.

— Com licença? — Rin comentou novamente. 

— A resposta é não. — A voz era masculina. Usava um tom calmo e lento para que o invasor de sua sala o entendesse, mas dava para sentir uma rouquidão. 

"Ele já sabia que eu viria? Tava me esperando? Quando que Saryu-san enviou uma carta?" pensou, dando alguns passos para dentro da sala, se aproximando da mesa aos poucos.

— Porque não? — Rin perguntou e aproveitou para cruzar seus braços, mantendo seus olhos azuis na mesa e engolindo em seco. — Quero um motivo para me rejeitar. —

— Os motivos são os mesmos de sempre. Agora saia da minha sala. E avise para quem for o seu chefe que a resposta continua sendo não. — A voz masculina mostrava uma decisão firme. Como se nada fosse mudá-lo.

— Chefe? Motivos de sempre? Do que o senhor tá falando? — Rin perguntou. 

Silêncio. Então a cadeira se moveu, rangendo no processo. E revelou um homem na casa dos trinta anos, de cabelo escuro e longo e penteado para trás com algum gel, olhos azuis acinzentados e a característica mais destacante: uma queimadura que teria destruído um rosto considerado bonito em outra época, a queimadura ia de uma ponta a outra em seu rosto. Por causa dela, o mesmo não tinha sobrancelhas. Os olhos azuis acinzentados se concentram no garoto à sua frente. Analisando-o cuidadosamente de cima a baixo não uma, mas duas vezes. Os cotovelos do estranho se apoiam na mesa e o mesmo entrelaça os dedos de suas mãos.

— Quem é você? — O estranho perguntou e semicerrou os olhos por um instante. Apesar do tom de curiosidade, havia uma ordem de esclarecimento.

— Um conhecido de Saryu, de Sunagakure. Sou aprendiz dela e vim para cá aprender… — Rin continuaria explicando e levou a mão direita ao bolso, mas não encontrou a carta de recomendação. — ...minha carta de recomendação está no meu apartamento, mas sou um ninja médico qualificado para qualquer serviço. —

— Quer um conselho de alguém com mais experiência? — O estranho perguntou. Seus olhos e voz exibiam serenidade, mas ao mesmo tempo superioridade ao garoto invasor que optou pelo silêncio, ou seja, um sinal para ele continuar. — Você será um "ninja médico qualificado para qualquer serviço" morto se continuar em Amegakure, por isso vá para casa. Esse é meu conselho. —

— Isso é uma ameaça? — O rosado perguntou. E semicerrou seus olhos, mantendo-os concentrados nos azuis acinzentados do outro homem.

— Você me escutou por acaso? Eu disse que ofereceria um conselho a você. Não uma ameaça. — O estranho comentou, mas manteve-se em silêncio por alguns segundos antes que desse continuidade. — Não sabe o que vem acontecendo? —

— O que vem acontecendo? — Rin perguntou novamente. Seus olhos se mantiveram mais calmos. Ele olhou para a cadeira vazia à frente da mesa. — Posso me sentar? —

— Não. — O estranho respondeu, mas deu continuidade para a primeira pergunta do pequeno invasor de sua sala. — Uma disputa entre gangues está acontecendo em Amegakure. —

— Disputa de gangues? Porque o líder da aldeia não termina com isso? — Rin perguntou. Ele não gostaria de passar alguns minutos em pé, por isso aproveitou para se sentar na cadeira mesmo com a resposta negativa.

— Ele foi assassinado. — O estranho respondeu aquela pergunta. Nem mesmo se importou pelo garoto ter se sentado na cadeira. Ele deu continuidade a sua explicação. — Agora essas duas gangues estão disputando pelo poder de Amegakure. Com isso… a relação do povo está completamente dividida… sem saber qual o lado mais forte nessa história. De um lado temos a Shi no Hana e do outro a Mangetsu. —

"Flor da morte e lua cheia? Que nomes mais estúpidos" o rosado pensou. Ele sabia que aquele não era o momento de falar, mas de escutar.

— A Shi no Hana comercializa com tráfico humano e drogas para outros países. O estúpido líder não gosta que seja respondido a altura… — O estranho levou a mão direita para a grande queimadura que ocupava seu rosto, mas deu continuidade na sua explicação. — ...ele gosta de estragar fisicamente e mentalmente as pessoas. Sabe a história de que Amegakure tem muitos especialistas em Genjutsu? —

— Sim… — Rin respondeu.

— Ele faz parte dessa maioria de especialistas. Bem que essa praga de Chinoike poderia ter sido realmente extinta… — Ele sussurrou aquela última parte, mas por causa da sala seu sussurro se tornou audível, entretanto não deu a mínima. — E temos a gangue Mangetsu. A forma de lucrar deles é num maldito torneio de luta mortal. As pessoas apostam nas vidas de outras pessoas. Ela surgiu há menos de dois anos, mas já ganhou poder comparável ao de sua inimiga. — 

— Porque vocês não fazem alguma coisa? Porque as pessoas não lutam contra? — Rin perguntou, mas então sua atenção se desviou para a porta quando a mesma deslizou.

— Por essa razão… — O estranho sussurrou sua resposta.

A nova visitante usava as roupas de uma enfermeira. Seus olhos escuros se concentram primeiro no garoto, depois no alto cargo da clínica, depois no chão antes de dar alguns passos adiante. A mulher possuía um belo cabelo negro que descia um pouco além da cintura. Pareceria como qualquer outra pessoa, e não fosse pela ausência dos braços… a partir dos ombros não se tinha quaisquer indícios deles. Rin desviou sua atenção no momento em que percebeu aquilo, dessa forma olhando para o homem com quem conversava a alguns minutos.

— ...quando se vai contra esse tipo de gente muita coisa acontece, garoto. Alguns perdem as pessoas que amam, outros perdem o direito ao corpo, mas há aqueles que se tornam inválidos. — O homem comentou, então apontou para a queimadura de seu rosto antes que continuasse com sua resposta. — Isso não é nada demais se fizéssemos uma comparação, mas isso… — Ele apontou para a mulher. — ...primeiro lhe cortaram a língua para que sua voz não fosse mais ouvida, depois os braços para que não pudesse nem segurar uma placa que fosse contra as duas gangues, por fim sua audição para que ideias não fossem plantadas em sua mente. —

— Ela nos entende? — Rin perguntou e engoliu em seco.

E teve uma confirmação. A mulher balançou sua cabeça num aceno casual. "Leitura labial funciona…" pensou e retornou sua atenção para o homem que mantinha a expressão séria. Ao que parecia a chegada dela já era esperada, então alguma coisa aconteceria por ali, mas ele não ficaria para saber como os dois iriam conversar..

— Vou aconselhá-lo novamente, mas só porque me parece um rapaz certo… — O homem comentou, mas deu continuidade depois de ajustar as mangas de seu jaleco. — ...vá embora de Amegakure. Em algum momento essas gangues se enfrentarão, com sorte seus líderes se matarão, então você poderá voltar. E vou recebê-lo de bom grado na minha clínica, mas enquanto isso… suma de Amegakure o quanto antes. —

[ ۝ ]

Rin seguiria aquele conselho. Era por isso que saiu depressa da clínica, se aventurando novamente pelos telhados para que pudesse retornar ao apartamento. Ele não era louco de ficar num lugar que cheirava a problema. Quinze minutos depois aterrissou no chão, frente ao prédio que dormirá a alguns dias, ele passou o antebraço por seu rosto suado e molhado de chuva, então entrou e olhou para o senhor que catava alguns papéis do chão.

— Valeu. — Rin comentou apressado. Ele se aproximou da escada, mas parou e olhou para o senhor de idade que também o olhava por mais que estivesse de joelhos no chão. — Minha namorada e eu estamos partindo. Esqueci de avisá-lo mais cedo, mas temos alguns amigos no país dos demônios, por isso que estaremos indo para lá. Só vamos arrumar nossas coisas, então nossa saída é para daqui uns quarenta minutos. —

Rin voltou seu olhar para a escada, mas não deixou de estranhar quando o idoso sussurrou um "me desculpe". Ele agitou seus ombros, sem entender pelo que se desculpava, mas subiu as escadas. Ele sentia-se preocupado, não era para menos já que escolheu o pior lugar para ficar. Ele não se demorou na subida. E parou na frente do quarto quando viu a porta um pouco aberta. E olhou para os lados com as sobrancelhas um pouco levantadas, mas suspirou e empurrou a porta.

— Você deixou a porta aberta, Doro. Mais cuidado da próxima… — Ele então olhou em volta do quarto. Se calando quase que completamente.

Uma cena de luta. Era o que o quarto virou. Estava uma bagunça com algumas coisas espalhadas e outras jogadas, mas principalmente um corpo estirado no chão. Um corpo com algumas Senbon no braço direito, ou seja, Doro o enfrentou. Ele fechou suas mãos em punhos com força, seus olhos esverdeados ainda analisando o pouco que poderia enxergar, sua respiração ficando cada vez mais acelerada. Ele levou a mão direita ao peito, sentindo os joelhos cederem. Ele não sabia onde sua companheira estava, não tinha noção se estaria com vida quando a encontrasse, ou melhor, se a encontrasse. Ele levantou sua cabeça e olhou para fora do quarto. Aquele não era o momento de ter um ataque de pânico. Tinha uma pessoa que poderia respondê-lo. Então, saiu imediatamente do quarto, correu pelo corredor, desceu as escadas, correu pelo corredor do outro andar, repetindo isso até chegar ao andar da recepção. E lá estava aquele senhor o aguardando atrás do balcão. Os olhos de Rin estavam sérios e preocupados, por essa razão que o Sharingan estava perfeitamente ativado, ele rangeu seus dentes, encurtando a distância com o idoso e levando o punho direito para trás dele, acertando a parede de ferro que se rachou. E a rachadura subiu, se espalhou por aquele andar, quem sabe pelo andar acima, então se quebrou. Os olhos odiosos de Rin se concentraram no idoso perplexo.

— Onde ela está? — Rin perguntou


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