Tales of a Uchiha escrita por Saberus


Capítulo 40
S03Ch04;




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Misa segurava a bexiga com água com suas duas mãos. Ela já estava imóvel a alguns minutos, seu treinamento tinha começado a poucos minutos. A jovem Yamanaka mordia seus lábios, suas bochechas e orelhas se esquentavam quanto mais tempo passava por ali. 

— GAH! — Ela enfim gritou. E nada aconteceu com a bexiga que segurava, mas ainda não tinha enterrado por inteiro seu bom senso. — BAN! — Gritou novamente. Como antes, nada aconteceu e ela abaixou a cabeça e suspirou. — "Fazer Gah e depois Ban"? —

Ela sussurrou para ninguém em particular, mas levantou sua cabeça e olhou em volta agradecendo por nenhuma pessoa estar ali para assistir aquela exibição vergonhosa. Ela retornou sua atenção para a bexiga e repetiu aquela vergonhosa exibição, mas nada aconteceu. Ela se sentou no gramado, suspirando e olhando para a bexiga. "Será que ele acha que eu sou idiota? O quarto gritava Gah e Ban quanto estava desenvolvendo esse Jutsu?" pensou e olhou para o céu, um bico havia se recém formado em seus lábios.

— Yondaime idiota. — Ela sussurrou. Por mais que soubesse que o morto em questão não responderia ao seu xingamento, ela o ofendeu assim mesmo. E olhou para a bexiga. — GAH! BAN! —

Nada. Ela suspirou pela última vez e deixou que a bexiga rolasse de sua mão antes de se deitar no gramado. Ela olhava com desinteresse para o céu azul com poucas nuvens antes de levar as duas mãos para o cabelo e esfregar. Era nítido como havia se estressado com aquela informação. Voltou a se sentar e pegou a bexiga.

— GAH! — Gritou e mordeu os lábios quando nada aconteceu com a bexiga, abaixou a cabeça durante um suspiro e sussurrou. — Ban? —

Como antes, nada aconteceu. Ela apertou um pouco a bexiga com sua mão direita e levantou uma das sobrancelhas. " É verdade, tem água aqui dentro" pensou e devagar se levantou, mas não desviou sua atenção da simples, inútil, bexiga que ocupava a palma de sua mão direita. "A primeira etapa era rotação, né?" pensou e fechou seus olhos. Se lembrando da maldita demonstração de Konohamaru, de como a bexiga ficou pouco antes de estourar. Ela abriu seus olhos com lentidão e abaixou a cabeça, levando a mão livre para o cabelo e o coçando.

— "Gah e Ban", é? — Sussurrou, se arrependendo de ter feito aquela experiência algumas vezes.

Ela devagar se pôs de pé. E respirou com mais calma enquanto deixava seu braço direito à frente de seu corpo, com a palma levemente fechada e com a bexiga alí. Ela se concentrou um pouco na esfera, semicerrando suas sobrancelhas enquanto buscava essa mesma concentração, seus olhos azuis não escondiam a seriedade. E ela mordeu com sutileza os lábios, engoliu em seco no momento em que a esfera se moveu um pouco, mas não o suficiente. Ela abaixou sua cabeça, suspirando com alívio ao perceber o que deveria realmente fazer. "Mexer a água com meu Chakra. O movimento de rotação" pensou e um sorriso surgiu pelo canto de seus lábios. Ter ideia do que fazer, ou melhor, de como proceder já era bom, mas sabia que deveria fazer aquilo por si mesma.

— É assim que se sentiu, Rin? Esse sentimento que teve quando começou a aprender? Essa animação é normal? — A Yamanaka perguntou, levantou seu olhar e retornou a olhar o céu e ergueu sua mão direita enquanto segurava a bexiga. Ela sorriu um pouco mais quando a bexiga voltou a se mexer. — É ESSA SENSAÇÃO, RIN? —

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Rin estava a dez dias caminhando pelo deserto. Por mais que uma sensação tomasse conta de seu corpo de vez em quando, em momento algum olhou para trás. Seus olhos esverdeados concentravam-se apenas no caminho adiante. Ele até mesmo ignorava a sensação do deserto se mover de vez em quando, mas acreditava que era coisa de sua cabeça. 

Para onde olhava… areia. Dunas de areia. Pedras grandes que forneciam um pouco de sombra e abrigo de noite. E mais areia. Um maldito mar de areia. O dia era quente e a noite fria. E ele agradecia todo o momento por Sasuke ter lhe entregado aquele manto que era responsável por cobrir seu rosto do fustigante sol acima de sua cabeça, e a água que Kofuku Ishi o entregou a sabe-se lá quantos dias era suficiente para matar sua sede. Estava calor em todos os lugares. 

"Eu odeio calor a partir de agora" ele pensou e levou sua mão direita para o rosto, secando boa parte do suor que escorria. Ele levou a mesma mão para dentro da mochila, caçando uma das garrafas de água que estariam guardadas no interior, mas ele não conseguiu sentir. E parou de andar nesse momento e abaixou sua cabeça enquanto se ajoelhava. E lentamente um suspiro escapou de sua boca e removeu o capuz que protegia seu rosto. E manteve seus olhos esverdeados no céu azul, sem indício de qualquer nuvem de chuva, e abaixou a cabeça o mais devagar possível enquanto um sorriso se formava em seus lábios. 

— Acabou minha água… eu tô fodido. — Sussurrou para ninguém em particular. Ele acreditava que não havia ninguém num raio de dezenas, centenas de quilômetros.

Ele voltou a se levantar. Levaria alguns dias até que morresse desidratado, mas tentaria evitar isso, imaginou que em algum momento encontraria um camelo ou, quem sabe, a própria Sunagakure. Sonhando um pouco mais, poderia beber a quantidade de água que quisesse até que sua bexiga explodisse. Sabendo que suas garrafas de água estavam vazias, ele adorou se imaginar bebendo água até morrer. O rosado suspirou, ajeitou novamente o capuz em seu rosto para se proteger do sol, e retornou com sua caminhada. Não se importava de olhar para trás para confirmar que suas pegadas eram apagadas pelo vento seco, quente do deserto.

Ele parou de andar novamente, mas por outro motivo. Além de dunas enormes que cobriam seu caminho, havia um dragão de água. Ele levantou as sobrancelhas por um instante, depois coçou seus olhos para confirmar que não era uma miragem, um Genjutsu, ou alguma coisa do tipo, mas quando fez isso o dragão aquático desapareceu. Como se realmente não estivesse por ali. 

— Ótimo, já estou enlouquecendo. — Rin sussurrou, levando sua mão direita para trás da cabeça e a coçando. 

Ele até riria da situação, mas foi lerdo demais. Nas duas conclusões. Tanto da miragem quanto de estar enlouquecendo. Quando pensou em dar um passo adiante, ouviu um grito alto e doloroso vindo das enormes dunas. Ele assumiu um olhar mais sério e apressou seus passos para correr. E aquela era uma tarefa bem difícil, já que não estava acostumado a correr na areia. "Merda de areia. Merda de sol quente. Merda de deserto" pensou, ofegante enquanto terminava de se aproximar das dunas e escalava com dificuldade, sentindo o calor da areia na ponta de seus dedos enquanto subia. "MERDA DE TUDO!" pensou, assumindo um nervosismo nada habitual, rangendo seus dentes enquanto escalava com dificuldade.

Quando chegou ao topo da duna e olhou para o campo desértico — literalmente — abriu sua boca e perdeu novamente a força dos joelhos. O que via do outro lado eram enormes escorpiões marrons. Maiores do que um cavalo… quem sabe, maiores que dois cavalos. Eram quatro escorpiões, todos cercando estrategicamente uma pessoa de joelhos e que aparentemente havia exaurido suas forças. Rin reparou que haviam cortes na roupa da estranha pessoa, por isso acreditou que, em algum momento, os ataques dos escorpiões foram certeiros. Seus olhos esverdeados se concentram também numa cabaça de barro, destampada e a poucos metros atrás da pessoa.

Ele também reparou na pessoa. Era uma mulher. Talvez tivessem a mesma idade, mas ele não tinha certeza por causa da diferença que estavam do outro. A estranha tinha cabelo bege descendo até seus cotovelos, sua pele exposta exibia os ferimentos daquele confronto, seus trajes revelavam o suficiente para dizer que estava acostumada com o ambiente, por isso Rin acreditou que a mesma pertencia a Sunagakure. Ele cruzou os braços, aguardando para ver o que aconteceria.

— Suiton: Suigadan. — A estranha comentou. 

"Sem uma fonte de água? E num calor desse? Eu duvido que você consiga" Rin pensou, mas mordeu sua língua ao ver o motivo pelo qual a jovem carregava aquela cabaça. Era porque ali continha a água pela qual precisava. Um jato de água deixou o objeto, se dirigindo para o escorpião mais perto da usuária de Suiton, mas se desfazendo a poucos centímetros de fazer o contato. Rin suspirou, devagar se levantou e removeu a mochila de suas costas antes de fechar sua mão direita em punho. "Ela chegou ao limite" pensou e avançou para o escorpião mais próximo e sorriu.

— SHANNARO, KUSO BAKA!!! — Gritou.

Desta forma, recebeu a atenção da garota que olhou na sua direção. Os olhos dela eram púrpuros, bonitos na realidade. E foram tomados pela surpresa quando um desconhecido surgiu de sabe-se lá onde, mas salvou sua vida. Rin acertou o primeiro escorpião com apenas um de seus socos, mas que foi o suficiente para acabar com o invertebrado. Rin continuou sorrindo antes de puxar seu punho do corpo esmagado, olhou para a garota que salvou e abriu seu punho.

— Se aguentar por alguns minutos… — Rin começou, fechando o punho e usando o polegar para apontar aos escorpiões restantes. — ...eu já cuido de você, mas antes tenho que me resolver com eles. —

A estranha ficou em silêncio. Ainda não tinha compreendido sua nova situação, mas só acenou sua cabeça numa confirmação para o pedido do rosado. Rin voltou sua atenção para os escorpiões, e rangeu os dentes e girou seu corpo para o lado esquerdo para evitar o ataque do ferrão do segundo escorpião. No momento em que desviou, aproveitou para segurar a cauda ferroada embaixo de seu braço esquerdo e girou seu corpo enquanto o segurava, depois o soltou e o viu ser jogado a uns bons metros. Quando o corpo enorme se colidiu com a areia fofa, uma nuvem de poeira se espalhou, mas tarde demais, já que Rin tinha avançado para o segundo golpe no momento em que o atirou. Outro soco bem executado foi o suficiente para acabar com o segundo escorpião, e ele passou o antebraço esquerdo pelo rosto suado antes de olhar para a garota que cambaleava por mais que já estivesse ajoelhada na areia. 

— Um minuto, garota! Eu só preciso de um minuto! — Rin gritou.

"Não quero gastar Chakra com um Kage Bunshin. Quero cumprir as regras que ela me passou…" Rin pensou, e olhou para o céu por um momento. Estava calor demais para gastar tanta energia daquela forma. Ele tinha comida de sobra, mas por quanto tempo? Onde ficava Sunagakure ou qualquer lugar que fornecesse comida e bebida? Ele abaixou seu olhar, rangendo seus dentes um pouco mais, e disparando no terceiro escorpião. Seus movimentos eram cuidadosamente observados pela garota que fazia de tudo para resistir — em vão — às toxinas que estavam em seu corpo. Sua visão já estava ficando embaçada, por isso sabia que não duraria muito sua consciência, mas assim mesmo tentava reunir forças por causa daquele grito do seu salvador. Ela levou a mão direita fechada em punho ao peito, levantou as sobrancelhas, enquanto o assistia se mover, desviar e atacar os inimigos que lutou tanto para enfrentar. 

— Ele está… sorrindo? — Ela perguntou para ninguém em específico. 

E estava certa. Rin acabava de finalizar o último escorpião e erguerá seu braço direito com a mão bem fechada em punho. Aquele era um claro sinal de vitória contra a natureza. Ela tentou dizer alguma coisa, mas não lhe restava mais forças. Por isso, desmaiou no momento em que o garoto começou a correr na sua direção.

[ ۝ ]

Misa estava a dez dias tentando ainda a primeira etapa, mas era sempre sem sucesso. Ela não havia desistido naquele dia. Só ocuparia sua cabeça com outra coisa que não fosse estourar uma bexiga com água, por isso acabou indo ao cinema para assistir um filme. Era sobre ninjas que iam parar no país dos demônios, mas no processo uma forma de vida espacial aparecia e tentava criar uma nova espécie. Essa nova espécie saía do peito da pessoa. Sem dúvida, um filme interessante para assistir com duas pessoas. Assim, quando tomasse um susto poderia correr aos braços da outra pessoa. Ela suspirou, pensando na pessoa que gostaria de abraçar, mas retornou sua atenção para o filme. Em sua mão direita ainda encontrava-se a bexiga com água. Não era porque estava num momento de descontração que não poderia levá-la consigo, né?

— ...isso me parece familiar. — Misa sussurrou enquanto assistia a cena que a vida espacial saia do peito de um dos ninjas. Ela levou sua mão direita para o queixo e continuou assistindo.

A ideia causava uma certa familiaridade. Ela semicerrou seus olhos enquanto continuava vendo o filme, mas se concentrando mais nas cenas em que os alienígenas saiam dos corpos. E sentia um arrepio passando por seu corpo quando essas cenas aconteciam, mas não deixou de sorrir quando a bexiga em sua mão começou a se mover. O que Misa estava visualizando, ou melhor, imaginando? A mesma coisa que assistia. Ela pensava naquela água como um alienígena parasitário que tentava escapar do corpo hospedeiro, ou seja, a bexiga. E dava para ver que aquilo estava fluindo mais do que gritar "Gah e Ban" como uma idiota. Seu rosto começou a suar, sua concentração ficava cada vez mais forte e ela prendeu sua respiração.

— AH! — Ela gritou.

Estava tão concentrada que uma das cenas a assustou. E não parecia assim tão assustadora para as outras pessoas, mas ela tomou um susto. E a bexiga em sua mão estourou, desta forma jogando água para todos os os lados, mas principalmente na cadeira frente a sua. Ela ficou em silêncio, olhando para sua mão molhada, mas mordendo os lábios ao perceber que tinha gritado "Ah" antes da bexiga explodir. Quase um Gah. E a bexiga fez um Boom ao explodir. "Não é Gah e Ban, é Ah e Boom" pensou e fechou devagar sua mão vazia enquanto um sorriso tomava seus lábios. Um sorriso por ter conseguido passar na primeira etapa.

[ ۝ ]

A estranha abria seus olhos. E olhou para Rin do seu lado direito e com as palmas das mãos encostadas num de seus ferimentos. O rapaz parecia bem concentrado. Tanto que sequer reparou que ela havia despertado. Os olhos esverdeados de Rin estavam fixos na energia verde clara que emanava de suas mãos, e depois para o líquido preto que deixava o corpo da garota. Aquele era todo o veneno que os escorpiões injetaram na garota durante o confronto nada justo. "Até que ela resistiu" ele pensou e suspirou, então jogou o líquido escuro na areia e deixou que o solo absorvesse. Seus olhos esverdeados se voltaram para a garota que havia acordado e o olhava. Um rubor ocupava as bochechas da estranha e se desenvolvia para suas orelhas. Ela nem mesmo havia se dado conta de que sua cabeça descansava no colo do rosado, que o dia fora substituído pela noite e que eram aquecidos por uma fogueira que também servia para manter qualquer animal longe.

— Você acabou de sobreviver a uma boa dosagem de veneno. Não recomendo que faça força, ahn… — Rin então se deu conta de um detalhe. Ele não sabia o nome da garota que acabava de salvar a vida. 

— Kawaita Doro. — A jovem respondeu. Seus olhos púrpuros cintilando com suavidade, sua atenção era contínua para o salvador.

— Doro? — Rin repetiu o nome. Ele fechou os olhos e moveu seus lábios, sussurrando novamente em silêncio, mas abriu os olhos e encarou a garota. — É um belo nome. —

Naquele momento, Doro sentiu o coração disparar quando seu nome foi elogiado. Ninguém em Sunagakure costumava elogiar seu nome, mas um estranho fez isso nos primeiros segundos depois de conhecê-la. 

 


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