Tales of a Uchiha escrita por Saberus


Capítulo 36
S02Ch12;




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Orochimaru entrou silenciosamente num dos seus laboratórios. Lá dentro, encontravam-se Rin concentrado na leitura de um livro e com uma expressão ligeiramente séria, mas dava para perceber como seus olhos esverdeados, além de moverem-se para lerem cada parágrafo das páginas, de uma forma inexplicável estavam distantes. Era como se o jovem de cabelos róseos estivesse longe, ou melhor, pensando muito longe enquanto adquire um pouco de conhecimento. O Sannin das Cobras se aproximou um pouco mais do garoto, mantendo seus olhos amarelados na mesa com cinco livros que foram concluídos pelo menino. "Em poucas horas já leu tudo? Você, sem dúvida, é interessante" o mesmo pensou.

— Rin-kun. — Orochimaru o chamou. E um sorriso, puxado pelo canto esquerdo de seus lábios, surgiu quando o menino olhou enfim na sua direção. — O que pretende com todo esse conhecimento? —

— Melhorar o mundo de alguma forma. — Rin respondeu. Ao perceber que o outro ainda parecia curioso, suspirou e fechou o livro que lia para dar continuidade em sua resposta. — Por exemplo, as células de Senju Hashirama, o primeiro Hokage. —

— O que tem essas células? Ou melhor, o primeiro Hokage? — Orochimaru perguntou. Com certeza achava aquele garoto mais interessante quanto mais tempo passava com ele.

— Hashirama foi conhecido como um deus para o mundo shinobi. Um alto poder regenerativo. — Rin iniciou sua resposta, levou a mão direita para coçar seus olhos antes de prestar novamente atenção em Orochimaru. — Todos esses livros… e podem ter mais… explicam sobre essas células. Podemos usá-las para a restauração de órgãos. Da mesma forma que foi feito com o braço do sétimo Hokage. — 

— Desista. — Orochimaru comentou, mas continuou quando percebeu a seriedade, ou melhor, confusão rondando os olhos esverdeados do garoto. — Implantar as células em recém nascidos é mínima, quem dirá num adulto. Há inúmeros efeitos colaterais como a loucura, o despertar do elemento madeira. —

— Eu sei. — Rin respondeu, levou a mão esquerda para um livro de capa amarela na mesa, então sorriu antes de continuar. — Suas pesquisas sobre elas me ajudaram a entender, mas não acho que existam coisas impossíveis de serem feitas pelo grande Orochimaru-sama, correto? — As sobrancelhas de Rin se cemicerram um pouco enquanto o sorriso comum se desenvolvia num puro de convencimento. — Você só tem que desligar certas funções das células antes de implantá-las. Não quer um estranho usando o elemento madeira? Simples, elimine essa peculiaridade das células. As chances de rejeição das células podem diminuir se um órgão for cultivado com elas? Como um coração, um fígado ou um pulmão? —

— Explique. — Orochimaru comentou. Realmente, aquele garoto era interessante. E considerava uma pena que o mesmo tivesse nascido na época errada. 

— Vamos supor. — Rin comentou, aproveitou para se levantar e pôs o indicador da mão esquerda onde ficava um de seus pulmões. — Meu pulmão está cheio de problemas. Então, descubro que estou com falência pulmonar, mas isso não seria problema se alguém pegasse um pedaço e o cultivasse com as células, né? Um novo pulmão, sem problemas, seria desenvolvido por causa dessa habilidade regenerativa. Seria uma combinação de minhas células com as de Hashirama e, por isso, não teríamos uma rejeição. —

— Isso é uma pesquisa que levaria anos. E o cultivo de um órgão ou o desligamento de algumas funções das células? Sem precedentes. — Orochimaru comentou. Então, cruzou seus braços e manteve sua atenção no garoto antes de dar um passo adiante. — Explique novamente como pretende melhorar o mundo. —

Rin ficou em silêncio. Ele formou aquele tipo de pensamento desde que iniciou sua viagem com Sasuke Uchiha. Ele mordeu com sutileza os lábios e fechou suas mãos em punhos algumas vezes.

— Uma pequena palavra ou uma mão estendida podem salvar alguém. Eu quero ser a pessoa que fará isso para quem precisa de salvamento, Orochimaru-sama. — Rin respondeu e sentiu as bochechas se esquentarem. Seu olhar subiu lentamente para os amarelos de Orochimaru que não escondia a surpresa por aquela resposta. — Pode rir se quiser. —

"São completamente opostos" o Sannin das Cobras pensou. Antes que tivesse a oportunidade de oferecer uma resposta ao garoto, a atenção de ambos se desvia para a entrada do cômodo. Lá estava Sasuke, olhando para eles com a mesma calma ou seriedade de sempre. O Uchiha novamente usava um manto para esconder qualquer possível arma. E seus olhos se concentraram em Rin, que estava próximo demais de Orochimaru.

— Estamos indo. — Sasuke comentou, seu olhar se desviando por um momento para o Sannin das Cobras e adquirindo mais seriedade. 

— Porque ele é tão sério com você, Orochimaru-sama? — Rin perguntou. Não se importou que a pergunta fosse alta e que o Uchiha o escutou. — Não podemos ficar mais um pouco? —

Orochimaru não respondeu. Ele esperaria que aquela conversa se encerrasse para que pudesse dar a resposta.

— Estamos há quatro dias aqui. — Sasuke o respondeu, suspirou em seguida e se virou para sair do cômodo e olhou o rosado. — Pegue suas coisas e vamos. —

— Quatro dias? — Rin pareceu surpreso. E não era para menos, já que havia se concentrado demais na leitura e no treinamento em gravidade trinta e cinco vezes aumentada. — É, acho que temos que ir. —

Sasuke se satisfez com a resposta. Então, saiu do cômodo que teria ido só para avisar sobre a eventual despedida daquele lugar. Rin olhou novamente para Orochimaru, o Sannin das Cobras não parecia importar-se com aquele curto diálogo entre os dois. Na realidade, o mesmo retornou seus olhos amarelados para o garoto.

— Numa época distante, já cobicei o corpo dele. — Orochimaru respondeu. E devagar desceu seus olhos pelo corpo do rosado e semicerrou seus olhos um pouco enquanto um sorriso malicioso tomava conta dos seus lábios. — Você é uma criatura interessante. —

Rin ficou em silêncio, mas não se intimidou. No período em que ele esteve ali, entendeu muito sobre Orochimaru, por isso não havia mais razão para ter medo do próprio. Ele aceitou aquelas palavras, aquele sorriso e até o olhar como um tipo de elogio. E acenou sua cabeça numa confirmação silenciosa para aquelas palavras do Sannin, mas virou seu corpo e ajeitou os livros um em cima do outro na mesa.

— Pense um pouco sobre o que eu disse, Orochimaru-sama. — Rin murmurou e moveu sua cabeça para trás. Seu olhar apesar de gentil, demonstrava um resquício suave de confiança ou seriedade. — As mudanças que acontecerão se isso realmente acontecer. Ajudará muitas pessoas. —

Ao fim desse comentário, Rin se afastou do Sannin. Passando ao lado dele e o olhando enquanto cruzava o caminho. Olhos esverdeados e amarelados se cruzam por breves segundos. De um lado havia a gentileza, bondade e seriedade, do outro o interesse e leve arrogância, mas aquela trocação de olhares não durou muito. Rin retornou sua atenção para frente, fingindo que nada daquilo aconteceu, mas um sorriso divertido escapou de seus lábios. E um sorriso largo, de convencimento, surgiu nos do Sannin das Cobras. "Ele nasceu na época errada mesmo" pensou e cruzou seus braços. Rin passou pela porta e levou as mãos para trás da cabeça, caminhando a partir daquele momento pelo corredor e assobiando enquanto olhava em volta. Ele não demorou para entender o mapa simples daquele lugar, por isso não se perdia mais quando tentava retornar para o quarto que foi preparado por eles.

Ele chegou no quarto em alguns minutos. Desde o primeiro dia que chegou, até o último dia, não se apegou pelos aposentos. O quarto era pouco iluminado, sequer decorado. Havia só as duas camas, entre elas um guarda-roupa. E mais nada. Sasuke estava na cama esquerda e olhou para a porta quando a mesma foi aberta, Rin só o cumprimentou com um aceno de sua mão direita antes de seguir para a cama da direita.

— Você é grosseiro com os outros. Sabia disso, né? — Rin perguntou e se deitou na cama por mais que soubesse que não teria muito tempo para descansar. Ele fechou os olhos por um momento. — É irritante ter que lidar com grosseiros, Sasuke-san. —

"Irritante?" Sasuke pensou naquela palavra, então abaixou sua cabeça um pouco enquanto um sorriso qualquer surgia no canto de seus lábios. "A fruta não cai longe do pé" pensou outra vez e levou sua mão para a cintura enquanto subia seu olhar.

— Não deveria confiar em Orochimaru. — Sasuke comentou. Ele não se importava que a porta estivesse um pouco aberta e qualquer um poderia ouvi-los

— Obrigado pelo conselho, mas não estou confiando nele. Só estávamos partilhando um pouco de informação antes da sua chegada, Sasuke-san. — Rin comentou, abrindo seus olhos para encarar o teto do quarto e suspirou. — Vamos em quanto tempo? —

— Agora mesmo. — Sasuke o respondeu, mas deu continuidade quando o rosado se sentou na cama e o olhou. — Vou abrir um portal para nos levar o mais perto possível da aldeia. —

— Eu nem me despedi deles. Nem agradeci ainda por… — Rin parou de falar. Ele sabia que a resposta do Uchiha seria para ele escrever uma carta. Ele saiu da cama e seguiu na direção da porta. — Vou pegar um papel e uma caneta. —

— Rin. — Sasuke o chamou.

Quando Rin olhou para trás, ao lado do Uchiha um portal fora recém aberto. E o moreno desaparecerá completamente de onde deveria estar. Nesse momento, o rosado sentiu um frio percorrer seu corpo e olhou para o lado direito e sorriu ao usar suas mãos para bloquear um chute do Uchiha. Ele moveu seu rosto o suficiente para que seus olhos esverdeados encararem o ônix do Uchiha, que sorriu quando teve seu chute defendido.

— Aquilo não vai acontecer de novo, Sasuke-san. — Rin sussurrou. Lembrando ainda do chute que recebeu no escritório do Hokage a alguns dias. Seu olhar ficou um pouco mais sério enquanto suas mãos apertavam a perna do Uchiha.

— Me acerte um soco nos próximos dez segundos. E vou permitir que se despeça dessas pessoas. — Sasuke sussurrou também. Seu olho ônix se transformando no Mangekyou Sharingan. 

"Lutando a sério?" Rin pensou e encarou aquele olho vermelho intenso. Quando piscou não estava mais no quarto de hóspedes do esconderijo de Orochimaru, mas numa clareira e com árvores altas que criavam uma sombra ideal para aquele ambiente, no centro havia uma cerejeira com alguns cogumelos próximos da mesma. Rin ficou em silêncio, mas sentia que aquela imagem era um pouco familiar. O rosado ergueu sua cabeça, olhando para o céu além daquelas árvores, reparando em algumas nuvens que passavam com lentidão. 

— Já estive por aqui. — Ele sussurrou e fechou seus olhos, então sorriu ao sentir o suave calor daquele momento e uma brisa fresca tocando sutilmente seu rosto.

Quando os abriu novamente, não estava mais naquele lugar. Regressou para o quarto de hóspedes, mas no momento em que o Uchiha segurou a gola de sua camisa e o jogou para dentro do portal.

— Os dez segundos já passaram. E sua nota para lidar com Genjutsu é zero. — Sasuke comentou.

"Filho da puta" o rosado pensou e voltou a fechar seus olhos no momento em que o portal foi fechado assim que o Uchiha entrou. Segundos depois os abriu e o ambiente havia se modificado uma terceira vez e ele estava sentado no chão, o Uchiha do seu lado direito o olhando, mas desviando sua atenção para os grandes portões de entrada e saída de Konoha. Rin olhou para Sasuke com seriedade, aparentemente não gostou de ter sido enganado, mas desviou seus olhos para o caminho a frente e um sorriso lentamente se formou em seus lábios. "Konoha…" ele pensou, depressa os rostos de seus pais e de Miss Yamanaka vieram em sua mente e se levantou depressa.

— Vou ver meus pais. — Rin comentou, sentindo o coração galopar em seu peito e a animação sendo visível em seu olhar. E suas bochechas se esquentando um pouco. — E a Misa… —

— Deveríamos ir para o escritório do Naruto. — Sasuke comentou, mas tarde demais já que Rin disparou em sua frente. — Apressado. —

Rin nem fez vontade de ouvi-lo. Não, ele simplesmente disparou pelo caminho que restava, uma nuvem de poeira tomando forma logo atrás dele por causa do excesso de velocidade, mas ele ignorava aquilo. Seus olhos não eram capazes de esconder o ânimo ao pisar finalmente dentro de Konoha, parou e levantou os braços em sinal de comemoração. Ele cruzou quase oitocentos metros em dez segundos, mas nem tinha se cansado.

— Mamãe e papai… — Rin murmurou.

Ele correu um pouco mais, então pulou e alcançou o telhado de uma casa. E continuou correndo pelos metros restantes até pular para o próximo. E assim por diante, não passando de um vulto rosado visto por pouquíssimas pessoas.

Enquanto Rin fazia isso, Misa parava de andar no restaurante, segurando a bandeja com um sanduíche e um suco de laranja para a pessoa que tinha pedido, ela olhou em volta do restaurante, até mesmo para a porta de entrada e saída, mas não notou nada diferenciado. "Rin?" a garota pensou e engoliu em seco antes de retornar sua atenção para o freguês e depositar o pedido na mesa.

Levou alguns minutos, mas Rin chegou em frente a sua casa. Era incapaz de esconder sua alegria enquanto via seus pais na cozinha. Seu pai sentado numa das poltronas, como sempre lendo o seu jornal e bebendo um pouco de café e sua mãe terminando de lavar algumas louças. Ele se aproximou da janela e bateu com o indicador da mão esquerda algumas vezes, chamando a atenção de ambos que olharam naquela direção. Seu pai cuspiu imediatamente o café e sua mãe largou o prato que quebrou no chão, mas a alegria deles era nítida ao revê-lo. Rin novamente levantou os braços em comemoração, e seus pais copiaram aquele gesto. Ele se virou e seguiu para a porta, abrindo e passando para o interior da casa e seguindo para a cozinha. Ele imediatamente correu, pulando e abraçando seu pai que havia se levantado só para recebê-lo, mas com aquilo Akami foi parar no chão com Rin em cima dele. E Shiawase não escondeu a surpresa, mas não conteve a gargalhada.

— Eu tava morrendo de saudade! — Rin comentou e passou os braços em volta do pescoço de seu pai e começou a rir.

— Você voltou a quanto tempo? — Shiawase perguntou 

— Dois minutos. Chegamos agora no portão da aldeia. — Rin respondeu sua mãe e sentiu a mão direita de seu pai no rosto, o empurrando para longe.

— Sai de cima. — Akami pediu. 

— Você chegou a dois minutos? E cruzou a aldeia nesse período? — Shiawase perguntou, incapaz de esconder a surpresa. 

— Ah, sim. — Rin respondeu. Ele saiu de cima de seu pai e imediatamente abraçou sua mãe com todo carinho que podia. — Eu tava morrendo de saudade. —

Shiawase riu e levou sua mão direita para as costas de Rin, o acariciando por ali, e usou a esquerda para segurar atrás da cabeça dele. Ela também estava morrendo de saudade dele. E senti-lo tão perto assim era reconfortante, ter o cheiro dele tão perto era maravilhoso, mas ela desfez aquele abraço e o olhou com cuidado de cima a baixo.

— Precisamos conversar. — Shiawase sussurrou.

— Ah, de noite. Pode ser? Eu quero ir ver a Misa-chan. — Rin comentou e aproveitou o abraço desfeito para se afastar e seguir para o corredor.

— Rin, temos que conversar. — Shiawase insistiu.

— Shia-chan, mais tarde. Deixe que ele vá ver a amiga, namorada, interesse amoroso. — Akami falou e levou as mãos para a cintura ao ver que as palavras surtiram o efeito que esperava em Rin. — Sakura-sama virá mais tarde aqui. Então, não demore. E deixe suas coisas no quarto e não no corredor. —

— Valeu, pai. — Rin comentou e alargou um sorriso.

O rosado pegou a mochila do chão e subiu ao segundo andar tão depressa quanto cruzou a aldeia. Ele só jogou suas coisas na cama, abriu a janela e passou por ela e retornou a correr e saltar pelos telhados. "Ela deve estar saindo para o almoço" pensou e se apressou.

Misa suspirou. Fazia quase duas semanas que não via Rin. E odiava aquilo. Assim que deixou o restaurante para seu horário de almoço, levantou os braços com as mãos fechadas em punho e curvou seu corpo para trás, aliviando a preguiça que sentia a pouco tempo. Então, algo estranho aconteceu com ela. Sentiu uma mão agarrar suas costas e outra atrás de seus joelhos. Quando percebeu, estava no ar e terminando de saltar entre o telhado de uma casa para outro, depois olhou para cima e ficou em silêncio por um segundo, quem sabe dois, ao rever aquele rosto que não via a tempo.

— Rin! — Misa comentou surpresa e passou seus braços pelo pescoço do rosado, o abraçando e encostando seu rosto no peito dele. — O que está fazendo? Onde está me levando? Quando você voltou? —

— Aqui ainda não é o lugar para nossa conversa, Misa-chan. — Rin sussurrou com tranquilidade, com toda gentileza do mundo e olhando para a loira antes de sorrir. — Vou levar a gente para conversar no lugar ideal. —

Misa ficou quieta. Ela tinha tantas perguntas para fazer, mas entendia que ele queria um lugar privado para aquilo. Ela só fechou seus olhos e aproveitou a sensação de estar perto dele novamente, mas não se controlou antes de sussurrar.

— Rin… — Ela o chamou. E não se importou se os olhos dele estavam atentos nela ou no caminho. Só continuou sussurrando. — ...estava frio quando você não estava por aqui, mas agora está quente. —

Ela não esperava por uma resposta, mas sentiu as bochechas se esquentarem. Ela abriu seus olhos e os subiu, enxergando Rin que a olhava com ternura e um brilho sutil passando por seus olhos esverdeados. Aparentemente, ele concordava com aquela sensação de frieza. 

Rin levou Misa para a cabeça de pedra de Naruto Uzumaki. Lá teriam a privacidade que gostariam e a vista ideal de toda Konoha. O rosado pôs a loira no chão com cuidado.

— Sua primeira pergunta. — Rin sussurrou. Ele sabia que não havia motivo para falar alto considerando que sua distância de Misa era de um palmo. — Tô roubando você de todos os olhares. —

— E a terceira? — Misa perguntou e levantou as sobrancelhas enquanto levava sua mão direita para a do rosado. 

O que mais queria naquele momento era segurar a mão dele. E ele entendeu já que aceitou aquilo. E seus dedos se entrelaçaram enquanto se olhavam.

— Três minutos. Voltei a três minutos. — Rin respondeu, mas acrescentou. — Estava morrendo de saudade, Misa-chan. —

"Ele voltou. Ele realmente voltou" a Yamanaka pensou e continuou olhando para o rosado, avaliando o olhar mais suave e leve dele. Não havia aquele peso antes da viagem dele. 

— Sabe o que é engraçado? — Rin perguntou.

— O que? — Miss perguntou.

— Eu esqueci tudo o que tinha pensado em dizer para você. — Rin sussurrou e inspirou com profundidade, desviando sua atenção para a paisagem que era Konoha. — Eu só quero passar um tempo com você. Podemos? —

Misa sabia que tinha de voltar ao serviço, mas fazia um tempo que não se encontrava com Rin. Ela podia compensar com algumas horas a mais de serviço. Só balançou sua cabeça, confirmando aquele pedido. Rin não escondeu a satisfação, ou melhor, não era capaz de esconder. Ele foi o primeiro a se sentar, Misa se sentou à sua frente, mas o usou como apoio ao encostar suas costas no peito dele. Rin gentilmente passou seus braços pela garota, a abraçando. 

Os dois continuaram daquela forma por um tempo. Olhando para o tempo passando, o sol se movendo, a tarde avançando até um belo pôr do sol.

— Eu menti. — Rin sussurrou.

— No que? — Misa perguntou.

— Que eu tinha esquecido. — Rin respondeu e engoliu em seco enquanto continuava olhando para Konoha, mas sentindo quando as mãos de Misa se entrelaçam às suas. — Eu só tava esperando essa paisagem. Sabe, quero ter chances de sucesso. —

— Para o que? — Misa perguntou. Sentindo o coração disparar com aquela pergunta e o comentário anterior dele.

— Para dizer que eu te amo. — Rin respondeu e sentiu um peso, o último peso, deixando seus ombros. — Que você é uma garota especial. Especial demais para que eu deixe outro garoto pôr as mãos em você, Misa-chan. —

— Rin… — Misa começou, mas foi interrompida.

— Eu te amo, Misa-chan. Você é a luz que eu preciso quando estou no escuro. Você é o calor que eu necessito quando estou com frio. Você é meu tudo, Misa-chan. — Rin continuou. Não se importava que a garota tivesse o chamado.

— Rin… — Miss novamente tentou falar. Ela não escondia as lágrimas escorrendo de seus olhos azulados.. 

— Eu tenho inveja dos meus pais. Eles se dão bem demais. Eu queria ter esse tipo de relação com uma pessoa. Ser amigo de alguém, companheiro, mas também algo mais, que nos torna únicos. — Rin comentou e sentiu os olhos se encherem de lágrimas. — Eu te amo. Se permitir, vou dizer isso para você sempre. —

— Rin! — Misa o chamou alto dessa vez. Se virou e usou suas mãos para segurar as bochechas dele. — Cale a boca. —

Rin realmente se calou. E imaginou que agora fosse a vez de Misa falar, mas a Yamanaka só aproximou mais seu rosto ao dele. E ele entendeu o que aconteceria naquele instante. Por isso que fechou seus olhos, como ela, e aproveitou a sensação de seus lábios se tocarem num beijo sutil, as mãos dele se movendo para as costas da garota e a aproximando mais de seu corpo, a abraçando com carinho enquanto aquele beijo sutil, o primeiro beijo deles, é encerrado e os dois se olham em silêncio e com uma fina saliva conectando seus lábios.

— Vai calar minha boca assim sempre? — Rin perguntou. 

— Se quiser. — Misa sussurrou.

— Eu quero. — Rin comentou. Ele não se importava qual sentido aquela frase levou. Ele falava para todos os sentidos. 

Misa sorriu, e novamente aproximou seus lábios aos dele. Outro beijo foi iniciado por ela, mas não durou como o rosado gostaria.

— Eu também te amo. — Ela sussurrou.

— E eu achando que seria o único a falar isso hoje, Misa-chan. — Rin sussurrou e levantou seu olhar para observar o céu alaranjado escuro.

— Devemos ir. — Misa perguntou.

— É… vai ter alguma coisa lá em casa. Meus pais até convidaram a Sakura-sama para dar um alô. — Rin murmurou e parou de abraçar Misa para jogar seu corpo para trás, se deitando na rocha.

— Você não devia estar lá? — Misa perguntou.

— Devia, mas sua companhia é muito melhor. — Rin respondeu e fechou seus olhos para apreciar um vento fresco.

E os abriu novamente, mas ficou em silêncio quando viu Misa em cima dele, o olhando com aqueles olhos azuis que ele adorava. A garota levou as mãos novamente para as bochechas e abriu a boca enquanto aproximava seus lábios novamente. "Posso me acostumar rápido com isso" pensou e fechou devagar seus olhos, mas então sentiu dor. Dor porque suas bochechas foram puxadas sutilmente pela garota.

— Darling, vamos! — Misa comentou. Era nítida a vergonha por ter chamado Rin de "Darling".

— Ah, certo! As bochechas não, Misa-chan. — Rin comentou.

Misa saiu de cima de Rin que se levantou em seguida. "Ela tem um lado malvado, quem diria" ele pensou enquanto esfregava sua bochecha e olhava para a garota que estava pronta para retornar aos braços dele. Rin suspirou e a pegou do mesmo jeito que a pegou para levar até lá e deixaram a cabeça de rocha.

Ele deixou Misa em frente a casa dela. E depois seguiu para sua casa. E acenou quando chegou na cozinha e olhou para seus pais e Sakura conversando e olhando para ele.

— Querem saber o que aconteceu? — Rin perguntou para ninguém em particular.

— Rin, depois. Agora temos que conversar. — Akami disse de maneira séria.

— O que houve? — Rin perguntou.

— Sente. — Shiawase pediu.

— O que houve? — Rin insistiu. Seu olhar ficando mais sério e ele fechou suas mãos em punhos. — Falamos assim com pacientes quando a notícia é uma merda. Então, o que aconteceu? —

— Rin… — Sakura comentou com calma. Ela imaginou que a teimosia era dela ou de Sasuke. Ela pegou uma cópia dos documentos que havia mostrado para Akami há alguns dias. — ...você é Rakun. O primeiro filho que tive com Sasuke-kun. —

— Rakun? — Rin perguntou. E se lembrou de Sakura o chamando daquele nome a algum tempo atrás. Ele engoliu em seco e riu. — Eu acho que está se enganando, Sakura-sama. —

— Leia os documentos, Rin. — Shiawase pediu novamente.

Rin olhou para sua mãe. O ambiente estava sério demais para aquilo ser uma brincadeira elaborada. Ele olhou para seu pai que desviou o rosto imediatamente. 

— Porque essa seriedade toda? — Rin perguntou. Ele sentiu as lágrimas escorrendo por seus olhos e fungou. — Isso é uma brincadeira da Sakura-sama, né? —

— Leia. — Akami pediu.

Rin olhou para os documentos. E abriu o primeiro e leu cada informação com o máximo de atenção. E haviam cópias para mostrar que não era mentira. Ele ficou em silêncio por um segundo antes de coçar seus olhos que mudaram de repente do esverdeado para o Sharingan completo. E levou seu punho direito para a parede ao lado, a destroçando sem nenhuma dificuldade.

— Eu sou Rin! Rin! Katsuryoku Rin. Não sou Uchiha e isso é um engano. Você está mentindo para os meus pais, Sakura-sama. — Rin comentou um pouco alterado.

Shiawase e Akami recuaram alguns passos. Até antes daquele momento estavam ainda com uma dúvida final, mas com o Sharingan era outra história. Rin notou o recuo de seus pais e aproveitou aquela oportunidade para correr de volta ao corredor, mas subir as escadas que o levaram ao seu quarto e ele fechou a porta com força. E recuou alguns passos quando viu no espelho o Sharingan ativado. Os adultos do andar inferior ouviram o grito doloroso dele.

— Alguém tem que ir lá. — Sakura comentou.

— Não adianta. Ele vai pular a janela e vai escapar como sempre faz. Ele vai voltar em algumas horas de cabeça fresca. Aí podemos conversar com ele. — Akami comentou e levou sua mão direita para o cabelo e o coçou. — Você logo entende ele, Sakura. —

Shiawase balançou a cabeça, concordando silenciosamente com o comentário de seu marido. E sorrindo enquanto ouvia a janela do quarto de Rin ser aberta.

— É um hábito? — Sakura perguntou.

— Sim. — Shiawase respondeu e olhou para a parede que foi destruída por um único soco de Rin e suspirou. — O primeiro excesso de fúria dele. —

— Me mande a conta do concerto. — Sakura comentou.

Enquanto havia aquela conversa, Rin disparava pela aldeia. Ele não tinha ideia de para onde deveria seguir. Já nem mesmo sabia quem era depois daqueles últimos minutos. Ele rangeu seus dentes e aumentou mais sua velocidade. "Não sou Rin? Quem diabos sou? Rakun? Não… eu não sei quem devo me tornar. E nem o que fazer. O que eu faço?" pensou e olhou para trás um pouco. Para a mochila que voltou a carregar em suas costas com algumas roupas, mas desviou sua atenção para frente no momento em que passou novamente pelos portões da aldeia. E estava para continuar fugindo.

— Onde pretende ir? — Uma voz atrás dele.

Rin olhou para trás. Era Sasuke Uchiha o olhando com seriedade, mas também curiosidade. O rosado desativou o Sharingan e perdeu a força dos joelhos antes de cair no chão e chorar novamente.

— Eu não sei, Sasuke-san. Eu não sei quem devo ser, Sasuke-san. Eu não sei para onde quero ir… — Rin sussurrou aquela resposta e levou as mãos para sua cabeça.

Rin sabia com quem estava falando. Era Sasuke Uchiha, pai de Rakun, ou seja, dele. Ele encostou a cabeça no chão e continuou chorando enquanto o outro Uchiha se aproximava mais dele.

— Rin. — Sasuke o chamou pelo nome que o garoto estava habituado. E jogou sua capa para ele antes de sorrir. — Vá com cuidado. —

Rin ficou em silêncio enquanto olhava para o Uchiha. Entendendo aquilo como uma permissão para sua ida para sabe-se lá onde. Ele pegou a capa e a vestiu e só acenou em agradecimento antes de voltar a correr sem um rumo certo. Sendo observado por Sasuke até mesmo depois dele desaparecer.

Horas depois, Shiawase entrou no quarto de Rin ao não ouvi-lo e imaginou que ele tenha chegado silenciosamente. E gritou ao ler uma carta na cama.

"Eu preciso de um tempo para saber quem sou. Não me procurem, eu volto."


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