Tales of a Uchiha escrita por Saberus


Capítulo 34
S02Ch10;




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"O que é isso?" pensou enquanto continuava olhando para a criança dentro do tanque. Ele manteve-se em silêncio, mas nem por um segundo desviou seu olhar. Ele pôde sentir que, por mais que os olhos daquela criança estivessem distantes, não havia um único sentimento naqueles belos olhos esverdeados. Era como se aquela coisa tivesse desistido da própria vida sem ao menos tentar experimentá-la. Um olhar pior do que aquele que demonstrou nos primeiros dias quando soube da morte de seus amigos. Ele cuidadosamente pôs sua mão direita no tanque, mas nada de grandioso aconteceu. 

— O que é isso? — Ele perguntou para ninguém em particular. Sua voz não era mais do que um sussurro. 

— Um experimento do Orochimaru-sama. — Uma voz masculina. E não estava longe do rosado. O tom demonstrava uma nítida despreocupação, mas ao mesmo tempo confiança. 

Rin ficou em silêncio. Isso porque sentiu um dedo encostado sutilmente atrás de sua cabeça. Ele tentou olhar pelo reflexo do tanque à sua frente, mas isso se tornou uma fracassada tentativa. "Quais minhas vantagens? Desvantagens? Consigo escapar e encontrar o Sasuke-san?" o rosado pensou e devagar fechou sua mão esquerda em punho e respirou devagar. "Minha vantagem é que estamos próximos. Duvido que consiga escapar de um soco. Minha desvantagem é que não conheço meu inimigo e suas habilidades. Posso morrer antes de tentar me virar" ele pensou e abriu seu punho esquerdo e abaixou sua cabeça, mas olhou devagar para trás.

— Eu não quero problemas. Acho que errei o banheiro, né? — Rin perguntou e um sorriso receoso passou por seus lábios. 

Rin olhou para a pessoa que estava atrás dele. Era homem, como se imaginava, de cabelo branco, mas provavelmente não era de idade avançada e de olhos púrpuros, usando uma camisa social de gola e com alguns botões abertos e uma calça preta e, por fim, sandálias. O estranho sorriu pelo canto dos lábios, desta forma seus dentes pontiagudos se tornaram visíveis. 

— Quer mesmo usar a desculpa de banheiro? — O estranho perguntou e levantou as sobrancelhas brancas. Ele não tinha desencostado o indicador da cabeça de Rin. — Não quer tentar de novo? —

— Eu estou com o Sasuke-san. — Rin comentou. Desta vez, a verdade já que a mentira não parecia adequada. Ele sentiu o suor escorrendo depressa por seu rosto e forçou ainda um sorriso amigável. — Ele está com Orochimaru. —

— Ah, você é o moleque do Sasuke. — O estranho comentou. Não se importou em como foram ditas aquelas palavras ou com qual sentido. Ele retirou o indicador da cabeça do rosado. — Sou Suigetsu. Orochimaru me pediu para buscá-lo. —

— Ele sabia que eu estava aqui? — Rin perguntou e levantou as sobrancelhas, ficando de frente para o rapaz e cruzando os braços. — Me buscar com vida, né? Porque tenho certeza que você queria me matar a menos de trinta segundos. —

— Muita criança invade aqui. — Suigetsu respondeu, agitando os ombros como se não se importasse realmente se tinha ou não ameaçado o rosado a alguns segundos. 

"E ele estava atrás de uma. E me encontrou" o rosado pensou e desfez o cruzamento de seus braços, levando as mãos para dentro dos bolsos da bermuda e retornando sua atenção para o tanque, ou melhor, para o que residia ali dentro.

— Você disse que era um experimento. Que tipo? — Rin perguntou. Ele estava mesmo interessado naquele assunto. E era sábio o suficiente de não mexer nos papéis ou computadores para obter essa informação. Não queria ser o culpado por alguma porcaria.

— Ele combinou dois DNA num único corpo. — Suigetsu respondeu. Ele não se importava em dar aquele tipo de informação. Ele levou sua mão direita para trás da cabeça e a esfregou antes de suspirar. 

Rin ficou em silêncio. Sua quietude durou alguns segundos, mas finalmente moveu a cabeça para que pudesse encarar o homem que o acompanhava.

— Ele criou uma vida? — Rin perguntou, nem mesmo foi capaz de esconder a surpresa ou a raiva ou até mesmo a curiosidade. Ele voltou seus olhos para o tanque. — Isso é possível? Ele está brincando de Deus? —

Foi Suigetsu desta vez quem optou pelo silêncio. Ele não tinha uma resposta adequada para o garoto, por isso só agitou seus ombros sem pretensão alguma. E moveu seu rosto, olhando para a saída do cômodo e seguindo para lá, mas parando no meio do caminho e olhando para trás e agitou a cabeça numa sugestão silenciosa de que fosse seguido. "Ele não vai me responder? Tudo bem, pergunto para o Orochimaru" o rosado pensou e bocejou. Sua expressão tornou-se mais calma, ou melhor, preguiçosa. Então, se afastou do tanque e caminhou para perto de Suigetsu e passou por ele, desta forma saindo do cômodo e olhando pelo corredor extenso, buscando a direção certa. O rapaz de cabelo branco e olhos púrpuros passou do seu lado e seguiu pelo lado esquerdo. 

— Me siga. E tente não entrar nos outros lugares. — Suigetsu comentou. Ele mantinha a despreocupação em sua voz, mas ao mesmo tempo a seriedade. Sabia que teriam perdido algum tempo com aquela conversa. 

— O que você planejava fazer com aquele dedo, Suigetsu-san? — Rin perguntou enquanto seguia o mais velho. A distância de um para outro eram de três passos.

— Te matar. Acho que era óbvio, né? — Suigetsu comentou, mas deu continuidade ao ver a dúvida nos olhos do garoto. — Com Ninjutsu. —

— Posso ver? — Rin perguntou. Ele não conhecia Jutsus tão interessantes, por essa razão acreditava que aprender novos seriam úteis futuramente.

Suigetsu levantou uma das sobrancelhas, mas não rejeitou a pergunta do rosado. Ele parou de andar e o garoto o copiou. Então, o Hozuki moveu seu braço esquerdo com o punho fechado, exceto pelo indicador que apontava para alguma coisa. Ele apontava para o chão e um sorriso crescia depressa em seus lábios.

— Suiton: Mizudeppo no Jutsu. — Foram suas únicas palavras. Então, da ponta de seu dedo um disparo de água foi feito. Um projétil saiu e acertou o canto para onde teria apontado, depois olhou o garoto. — Gostou? —

"Um Jutsu de Suiton de alcance variável? Isso é muito interessante" o garoto pensou, semicerrando as sobrancelhas um pouco ao imaginar algo semelhante, mas com a especialidade de Raiton e do Ninjutsu Médico. "Um Ninjutsu de alcance variável que afeta o sistema nervoso por inteiro. Além de causar um dano considerável, deve ajudar num confronto duradouro" continuou pensando e sequer percebendo que sua mão direita sairá do bolso e estava em seu queixo, pensando e refletindo sobre inúmeras possibilidades da criação de uma técnica. No entanto, parou de pensar naquilo quando Suigetsu retornou a caminhar e ele o seguiu. 

A caminhada levou alguns minutos, mas finalmente o Hozuki parou frente a uma porta e a abriu para que o garoto entrasse. Suigetsu tinha mais o que fazer do que ficar naquela reunião. Rin olhou para a porta aberta e depois para o homem que recuava.

— Obrigado. — Foi tudo o que o rosado conseguiu pensar em dizer para Suigetsu. Ele disse aquela única palavra com sinceridade e gentileza. 

Suigetsu nem mesmo o respondeu. Rin suspirou e enfim entrou no cômodo de porta já aberta. E era bem diferente que o laboratório que entrou. Ali parecia um lugar para socialização, não para experimentos. Um belo sofá de seis lugares encostava-se na parede, à sua frente uma mesa de centro relativamente grande, para iluminação do ambiente era a mesma decoração dos corredores e do laboratório que entrou anteriormente. Sasuke estava sentado num canto do sofá, não usava sua capa e sua espada estava longe dele, mas qualquer um poderia imaginar, supor, que não teria dificuldade num confronto com Orochimaru, que estava do outro lado do sofá e levando uma xícara de chá para sua boca, e olhando para o rosado quando o mesmo decidirá acompanhá-los no cômodo.

— Gostou do que viu? — Orochimaru quem fez o primeiro movimento naquela conversa. Ele parecia interessado no mais jovem do cômodo. 

— Não estou aqui para discutir isso, Orochimaru-sama. — Rin comentou e olhou para os lugares à disposição para sentar. Ele andou até Sasuke e se sentou ao lado dele. 

— Então, esqueça o que viu. É cedo demais para que aquele trabalho seja divulgado. — Orochimaru comentou novamente, mas pelo tipo de olhar transmitido ao garoto...aquilo parecia uma ameaça. 

— Posso esquecer se me der as respostas que estou atrás. — Rin comentou, semicerrando seus olhos e cruzando uma perna em cima da outra. Ele sorriu de forma maliciosa. Sabia onde estava se metendo, mas queria ver até onde poderia cutucar a cobra.

— Ele é definitivamente seu… — Orochimaru comentou, mas se interrompeu por um segundo ao ver o olhar de aviso do Uchiha. — ...aprendiz. —

— O que sabe, Orochimaru? — Sasuke quem perguntou desta vez. Queria ir direto ao assunto para que deixassem de uma vez aquele lugar. 

— Não tive a oportunidade de ver seus rostos e por isso não posso ser de grande ajuda, mas sei algumas coisas. — Orochimaru deu início a sua explicação. Ele olhou para o copo de chá e depois para os dois que aguardavam por sua continuidade. — Gluttony era habilidoso com Taijutsu e Kugutsu e invocava lobos. Prague era habilidoso com Doton...e suponho que pertencesse ao clã Aburame. Estou certo até esse ponto? —

— Sim. — Rin respondeu. Até ali eram informações que já sabia, mas era surpresa que o outro soubesse a qual clã o segundo membro pertencia. — Como soube que Prague era do clã Aburame? —

— Por mim. — Uma voz feminina que acabara de entrar no cômodo. 

Rin ficou em silêncio quando olhou para a mulher que entrava com uma bandeja e alguns pratos em cima. O cabelo da desconhecida era ruivo e longo, seus olhos eram vermelhos. Se ele ficasse ao lado dela com certeza veria que são da mesma altura, quem sabe com apenas um centímetro de diferença. A mulher usava um par de óculos e usava a mão disponível para ajeita-lo. E sorriu quando seus olhos se encontraram com os esverdeados do garoto.

— Karin é uma ninja sensorial. Ela me informou depois que Prague era um membro do clã Aburame. — Orochimaru respondeu a pergunta ainda no ar do garoto de cabelos róseos. 

— Seu cabelo é bonito. — Rin comentou. Ele não estava mentindo quando disse aquilo com naturalidade. Um sorriso gentil tornou-se evidente.

"Que Chakra mais quente e gentil o dele" Karin pensou enquanto concentrava sua atenção naquele garoto que elogiou sem motivo algum seu cabelo, mas assim mesmo gostou de escutar aquilo. 

— Obrigada. — Karin o respondeu.

A ruiva pôs a bandeja na única mesa e revelou que os pratos ali continham bolinhos de arroz. Sasuke foi o primeiro a pegar e deu uma mordida e tentou esconder sua surpresa ao sentir o gosto do tomate e do atum seco. Rin, ao sentir o cheiro, se adiantou também e pegou um e mordiscou, mas não foi capaz de fingir que adorou.

— Eu adoro isso. — Rin comentou para ninguém em particular.

Orochimaru olhou para Sasuke, mas resolveu não dizer nada sobre aquilo. Ele só continuou com sua explicação.

— Nós testamos as habilidades dos quatro ninjas que vieram para me recrutar. Imaginei que, em algum momento, alguém viria atrás de informação. — Orochimaru acrescentou e pegou sua xícara de chá, tomou um gole e deu continuidade. — Além disso, Prague era muito perspicaz. — O Shinobi das Cobras olhou para o moreno que comia o segundo bolinho. — Quem foi o responsável por derrotar esses dois? —

— Eu. — Rin o respondeu, segurando dois bolinhos em cada mão por mais que tivesse um na sua boca. — Minha equipe morreu tentando parar Gluttony, mas eu consegui acabar com ele. E recentemente acabei com Prague no vilarejo Yattsuhoshi. —

— Os dois eram os mais fracos do grupo, mas assim mesmo possuíam suas características únicas que os tornavam especiais. — Orochimaru comentou e manteve seus olhos amarelos concentrados no garoto. — Death é o problema em questão. Seu objetivo no grupo é matar qualquer um, mas não tenho como informá-lo quais suas habilidades. —

— Porque? — Rin perguntou.

— Ele desistiu das exibições assim que começaram. — Orochimaru o respondeu, mas depois olhou para onde Karin ainda estava. — Ela me informou que o Chakra dele era cruel, escuro. —

— Isso é possível? Dar uma definição ao Chakra? — Rin perguntou e olhou para a ruiva que sorriu com aquela pergunta. Ele não havia entendido o porquê do sorriso. — O que? —

— Sim, é possível. Por exemplo, o seu é quente e gentil. — Karin o respondeu e ajeitou os óculos quando soube que seu comentário surtiu efeito no garoto.

— Ah, obrigado. Eu acho. — Rin comentou e abaixou um pouco sua cabeça para esconder o suave rubor que ocupou suas bochechas.

— ...e temos o líder. War, ou Yuki Kori como se apresentou para mim. — Orochimaru comentou e pôs a xícara de chá na mesa e cruzou os braços. — Taijutsu moderado, mas ainda é um excelente desafio, usuário de Hyouton. Sua arma principal é um bastão em que concentra o Chakra para modelar o que precisa para atacar. —

— Porque ele se apresentou? Porque os outros não fizeram isso? — Rin perguntou, levando o bolinho de sua mão esquerda para a boca depois de ter engolido um enquanto o Shinobi das cobras explicava. 

— Porque ele sabia que os estava testando. Ele esperava que as informações fossem divulgadas a quem viesse buscá-las. — Orochimaru comentou e um sorriso grande tomou seus lábios, mostrando suas presas.

Então, Rin sentiu. Aquela sensação ameaçadora, ou melhor, mortal. Um arrepio intenso e gélido envolvendo cada centímetro de seu corpo. Isso tudo porque Orochimaru liberou um pouco de sua vontade assassina por contato visual e nada mais. Seus olhos amarelos, como o ouro e o sol, se intensificaram. Suor frio escorreu pelo rosto do garoto e ele engoliu o pedaço do bolinho, mas para sua sorte aquela sensação desapareceu.

— O objetivo? — Rin conseguiu perguntar. Ele não queria olhar para as mãos porque sabia que as mesmas tremiam.

— Caos. Desordem entre as aldeias por falta de alimento e doenças e dos países. Eles acreditam que a atual geração está enfraquecida por causa do período de paz. Por isso, querem se aproveitar. — Orochimaru o respondeu e olhou novamente para a xícara de chá e a pegou, mas só olhou para o reflexo.

— Onde são encontrados? — Rin perguntou novamente. Ele queria a oportunidade de atacá-los antes que os mesmos atacassem.

— Não tenho essa informação. — Orochimaru respondeu e levou a xícara de chá para sua boca e bebericou um pouco do conteúdo. — Tenho informações bem limitadas. —

— Não deram um meio de comunicação? — Rin perguntou e descruzou as pernas. Ele já tinha terminado de comer os bolinhos que segurava nas mãos, por isso levou a mão direita para o prato e pegou o último. — Uma localização mútua? —

— Cada um por si. — Orochimaru comentou e sorriu pelo canto dos lábios outra vez antes de dar continuidade. — Se eles não quiserem ser encontrados, não há nada no mundo que mudará isso. No tempo certo, garoto. —

Rin ficou em silêncio. Aquele era um excelente conselho. Ele só levou sua mão direita para o cabelo e o coçou antes de suspirar e se levantar do sofá. Cada movimento seu era observado pelas três pessoas do cômodo.

— Ah… — Rin comentou enquanto se aproximava da porta, olhando para Orochimaru e sorriu com discrição ao mesmo. — ...não lembro mais o que vi. —

— Ótimo. Que permaneça assim. — Orochimaru comentou e foi o segundo a se levantar e manteve contato visual com o garoto de cabelos róseos. — Escolham um quarto para passar a noite. —

Rin ficou em silêncio, mas depois olhou para Sasuke que estava de pé e andando para perto dele. O Uchiha mantinha um olhar calmo, mas ao mesmo tempo sério. Não parecia que a opção — sim ou não — era dele, mas do garoto. Rin sorriu e voltou seu olhar para Orochimaru.

— Obrigado, Orochimaru-sama. Ficaremos felizes com isso. — Rin comentou e olhou para a porta, mas depois olhou para o Shinobi das cobras e sorriu um pouco mais. — Já que vamos passar a noite por aqui… poderia me mostrar seus laboratórios? Estou no caminho para ser um Ninja Médico… e o que vi em cinco minutos nunca tinha visto antes. —

Orochimaru ficou em silêncio desta vez. Refletindo sobre as inúmeras possibilidades. As possíveis respostas que daria ao garoto. Certamente enxergava um pouco de Sasuke e Sakura naquele garoto, mas o mesmo ainda tinha seu toque de originalidade. Algo que precisava, ou estava sendo esculpido pelo próprio tempo, por suas experiências pessoais. 

— De outros laboratórios. Não quero que interfira naquele que viu agora a pouco. — Orochimaru propôs e olhou para Sasuke e semicerrou seus olhos de forma sutil. — Sasuke-kun, o que acha de uma conversa particular? —

— Certo. — Uma resposta em uníssono.


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