Tales of a Uchiha escrita por Saberus


Capítulo 33
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Rin estava deitado no sofá. Apesar de ser madrugada, não era capaz de dormir desde o momento em que todos foram para os quartos. Seus braços, como sempre, ficavam atrás de sua cabeça enquanto sua atenção era para o teto da casa. "Valorizar as pequenas coisas, né?" pensou e moveu seu braço direito e encostou a palma no peito e fechou seus olhos, concentrando-se o suficiente para que pudesse sentir o coração batendo. "Ele quis dizer para dar valor ao fato de ter sobrevivido? Ou dar valor a vida?" continuou pensando e suspirou antes de se sentar no sofá e cruzar os braços. Ele considerou aquilo como um enigma e gostaria de obter sua resposta, mas caso fizesse isso sabia que não teria algo muito agradável como resposta. Ele olhou para o lado esquerdo, desta forma pôde ver Sasuke Uchiha no corredor e o olhando com a mesma calma de sempre.

— Vamos. — Sasuke sussurrou. Ele retornou sua caminhada para se aproximar da porta que dava acesso ao lado de fora. — Suas coisas? —

— Prontas. — Rin respondeu. Ele deixou o sofá em que havia dormido nos últimos dias e foi para o lado esquerdo de um armário de livros e pegou sua mochila e a pôs nas costas. — Não vamos nos despedir? Agradecer pela hospitalidade? —

— Deixe um bilhete. — Sasuke o respondeu. O moreno levou sua mão para a maçaneta da porta e a abriu com o máximo de cuidado possível para não fazer barulho. — Vou esperar na saída. —

Rin abriu sua boca para contestar, mas o Uchiha foi mais rápido do que ele e saiu da casa, mas deixou a porta ainda aberta para ele. O rosado coçou seu cabelo sem ter ideia do que fazer naquele momento, mas aceitou a sugestão de deixar um bilhete. Foi fácil encontrar um pedaço de papel em branco ou uma caneta, mas o difícil foi pensar no que escrever. E ele não sabia se o Uchiha o esperaria por muito tempo. Ele mordiscou a caneta enquanto pensava no que gostaria de escrever e fechou seus olhos para se concentrar naquele curto objetivo. Um sorriso passou por seus lábios, então puxou a caneta de seus lábios e escreveu algo curto e útil.

"Obrigado. Se alguém precisar de um médico, mande uma mensagem para Konoha pedindo por mim. Ass: Katsuryoku Rin."

Enquanto olhava para o que tinha escrito, um sorriso grande tomou seus lábios, olhou em volta e deixou o papel num lugar que o escritor certamente encontraria, ou seja, a mesa em que o mesmo parava por alguns minutos para beber um pouco de café. Então, foi para a porta e olhou uma última vez para o interior da casa, seu sorriso se desfez e ele curvou seu corpo numa reverência por mais que não houvesse ninguém ali para vê-lo fazendo isso. Ele saiu da casa e fechou a porta assim que fez isso e levou as mãos aos bolsos da bermuda e olhou em volta. Não havia um único indício de que uma pessoa, qualquer pessoa, estaria acordada naquela hora. Ele imaginou que foi por essa razão que o Uchiha decidiu viajar de madrugada. "Não quer tumulto? Ou não gosta de despedidas?" pensou e voltou sua atenção para uma construção de dois andares e levou a mão direita para a bochecha. O hospital precisaria de uma reforma depois do confronto. "Eu não devia ter jogado ele para lá" pensou e retornou sua caminhada para a saída do vilarejo. Onde Sasuke já o aguardava com as costas apoiadas no tronco de uma árvore e o olhando, mas ele percebeu quando a cabeça do Uchiha se moveu e seus olhos pareciam atentos em outra coisa. Ele seguiu aquele olhar e ficou em silêncio vendo Chishiki do lado de fora da casa e de braços cruzados, mas dava para ver o pedaço de papel na mão direita dele. 

Rin tentou dizer alguma coisa, mas não sabia direito o que. Ele só suspirou e virou seu rosto e retornou sua caminhada silenciosa para o Uchiha, mas abaixou sua cabeça com leveza ao escutar a voz do escritor.

— Volte logo, idiota. — O escritor comentou. Ele optou por não gritar porque acabaria acordando as pessoas, mas sabia que sua voz de alguma forma tinha alcançado o rosado.

Rin não tinha palavras, mas um gesto. Ele levantou seu braço direito com a mão fechada em punho, exceto pelo polegar numa confirmação óbvia de que retornaria. Rin manteve o braço erguido por mais segundos do que gostaria, mas finalmente o abaixou quando olhou para trás e viu que o escritor retornava para dentro da casa. E depois olhou para o Uchiha que desencostou do tronco assim que o rosado se aproximou e deu início a sua caminhada. Rin apressou os passos o suficiente para que ficasse ao lado dele e ergueu a cabeça para que pudesse enxergá-lo melhor. A diferença de altura era óbvia. Enquanto Sasuke tinha seus um metro e oitenta e dois centímetros, Rin chegava a apenas um metro e sessenta e cinco centímetros. Sasuke abaixou a cabeça e a moveu, desta forma seus olhos se cruzam com os de Rin que o encarava sem interrupção.

— Algum problema? — O Uchiha perguntou com um tom ríspido. Não precisava ser um gênio para saber que sua mão segurava a bainha da espada e estava pronto para desembainha-la. 

— Só estava lembrando, Sasuke-san. — Rin comentou e continuou assim que andou na frente do Uchiha, mas de costas para o caminho que fariam nas próximas horas. — Aquele jutsu que usou no riacho. E que nos levou até o vilarejo. Ele é muito incrível, sabe? Pode me ensinar algum dia desses? —

"Jutsu?" o Uchiha pensou, então se lembrou do que o garoto falava. Era do Susano'o que o rosado se referia. E o mesmo queria aprender tal técnica. Seus olhos se fecharam um pouco, mantendo uma expressão comumente séria.

— Não dá. — Sasuke contou. Ele sabia que era uma mentira, mas o rosado não sabia de sua verdadeira origem. Ele ativou seu Sharingan e o evoluiu para o Mangekyou Sharingan. — Aquilo é uma das habilidades que se desenvolve a partir do despertar desses olhos. Um caminho cheio de ódio e dor para o seu desenvolvimento. De muita escuridão e sofrimento. —

— Ah. — Rin comentou e manteve seus olhos esverdeados concentrados naquele olho vermelho com preto do Uchiha que também o olhava. — Como desenvolveu o seu? —

— A história é um pouco longa. — Sasuke comentou e seu Mangekyou Sharingan foi desativado. 

— Ah, tudo bem. — Rin comentou e aproveitou para andar ao lado do Uchiha e alargar um sorriso gentil e divertido. — Pode me contar enquanto caminhamos para o Orochimaru, Sasuke-san. Temos bastante tempo, né? —

— Antes, me prometa que terá cuidado quando estivermos com aquela pessoa. — Sasuke comentou. Para mostrar que falava sério quanto aquele pedido, seu olhar não escondia a seriedade costumeira. 

— Sasuke-san, eu não sou idiota. — Rin murmurou e levantou os braços para se espreguiçar. Seu olhar demonstrava uma confiança exasperada. — Eu não tenho a mínima chance contra um dos três Sannin Lendários. E minhas chances só piora se for contra os três da última guerra. Então, pode ficar relaxado que eu tomarei cuidado. —

— Você diz que não tem chance com tanta confiança. Nem parece meu… — Sasuke se aquietou. Ele quase pronunciou algo que sabia que não devia. E pelo olhar de Rin, aquela curiosidade felina, soube que deveria concluir para que não fosse atormentado o restante da viagem. — …aprendiz. Nem parece meu aprendiz, Rin. —

— Não posso fazer nada se não está me ensinando nada útil. — Rin murmurou e fechou os olhos enquanto caminhava ao lado do Uchiha. — Ou um Jutsu super incrível. —

— Você é aprendiz de minha esposa. Se quiser ser igual a ela, ou melhor, não deve gastar seu Chakra. — Sasuke comentou. Ele se lembrava da primeira vez em que viu o selo na testa de Sakura. A força descomunal que a acompanha até os dias atuais. — Com quais elementos tem mais afinidade? —

— Não ia me contar sua história, Sasuke-san? Estamos desviando um pouco do assunto. — Rin murmurou, mas assim mesmo respondeu a aquela pergunta do moreno. — Katon e Raiton, mas meu conhecimento de técnicas é bem limitado. —

— Quantos sabe? — Sasuke perguntou. Havia um leve interesse em conhecer um pouco mais o garoto que o acompanhava.

— Bom… — Rin levou sua mão direita ao queixo enquanto tentava se lembrar dos Jutsus que usava com maior frequência. — ...Kage Bunshin, Katon: Haisekishou, Katon: Goukakyuu, Linha Relâmpago, Raiton: Hageshi Senkō. —

— Esses são todos que você conhece? — Sasuke perguntou. Ele ainda não tinha ouvido falar do último, mas assim mesmo eram pouquíssimos Jutsus que o mesmo conhecia. 

— Sem contar com os de Ninjutsu Médico? São. — Rin o respondeu, mas o mesmo não pareceu incomodado por aquele número tão inferior. 

— Para o que serve o Raiton: Hageshi Senkō? — Sasuke perguntou. Ele queria sanar sua dúvida.

— Um aumento temporário de velocidade. — Rin o respondeu e fechou seus olhos para tentar lembrar de toda informação que seu pai lhe passou quando ensinou. — Meu pai pegou inspiração num Jutsu do Raikage anterior. Então, desenvolveu esse Jutsu. Mas tem limitações, sabe? É complicado demais para fazer curvas e a duração é mínima se não tiver treinamento. —

— Duração? — Sasuke perguntou e levantou as sobrancelhas. Estava cada vez mais interessado naquele assunto.

— Aham, oito segundos sem treinamento. Meu pai depois de anos chegou aos dois minutos e pouco. — Rin sorriu, se sentindo superior e levando as mãos para a cintura e levantando o queixo como se fosse um esnobe. — Eu devo ficar super rápido se usar esse Jutsu. — Ele então olhou para o Uchiha e usou a mão direita para apontar ao mesmo. — Agora chega de falar sobre mim, Sasuke-san. Sua história. —

Sasuke ficou em silêncio, mas não durou muito tempo. Se era sua história que o garoto queria, era sua história que teria. De qualquer forma, Rin estava certo quanto a terem bastante tempo. Durante as horas que foram se passando, transformando a madrugada numa manhã e depois numa tarde e mais depois num final de tarde, ele contou como desenvolveu o seu Sharingan, Mangekyou Sharingan. 

Já era fim da tarde, mas a dupla chegará ao destino. Não era exatamente um deserto por ainda ter vegetação, mas estava próximo de se tornar. Numa grande rocha eram visíveis portas de aço. Quando se aproximaram da rocha, foram cordialmente interrompidos por um ninja com a bandana de Konoha. 

— O que fazem por aqui? — O ninja perguntou. Ele achava que tinha alguma autoridade por ali e, por isso, encheu seu peito e sua voz se tornou grossa. Até ele perceber que o moreno ao lado do rosado nada mais era do que Sasuke Uchiha.

— Orochimaru. Tem algo que quero perguntar para ele. — Sasuke o respondeu com frieza. 

— E o que seria? — O ninja perguntou e olhou para o garoto ao lado do Uchiha. Ele moveu seu queixo na direção de Rin antes de continuar. — O que um Gennin veio fazer aqui? —

— Isso não é da sua conta. — Os dois responderam em uníssono.

Sasuke moveu sua cabeça, desta forma olhou para Rin e um sorriso se transformou com sutileza nos seus lábios. Rin, por outro lado, não prestou atenção naquilo. Ele queria se fazer de durão o suficiente para impressionar seu mestre. Nem que isso irritasse o ninja que não conhecia. O Uchiha retornou sua atenção ao ninja que rosnou, com óbvio desgosto pela resposta, e cruzou os braços antes de se afastar da dupla. Os dois continuaram caminhando mais um pouco, mas foi Sasuke quem tocou na porta e sem dificuldade a empurrou e acessou o esconderijo de Orochimaru.

À primeira vista, era um corredor como qualquer outro com boa iluminação, mas que fazia uma curva estreita para baixo. E depois mais um corredor que fazia outra curva para mais abaixo. Sasuke podia não olhar para Rin, mas estava pronto para protegê-lo com a espada escondida no manto. O rosado, por outro lado, parecia curioso demais com aquele lugar.

— Ele não usa a montanha, né? Vamos para baixo. — Rin perguntou e mordeu os lábios para esconder um pouco de sua animação. — Quantos esconderijos mais ele têm, Sasuke-san? —

— Vários. Espalhados pelo mundo. — Sasuke respondeu aquela primeira e única pergunta momentânea enquanto andava a frente de Rin. Enfim, o moreno suspirou e olhou com seriedade para frente. — Saia, sua cobra. —

"Com quem ele tá falando?" Rin pensou, mas sua pergunta mental foi solucionada em segundos. Ele recuou um pouco ao escutar passos ritmados. E seus olhos se concentram a alguns metros a frente em que a luz enfraqueceu um pouco. Lá, chegando para recebê-los, estava a temida figura do Shinobi das Cobras, um dos Sannins Lendários originais, mas com uma aparência diferente das que o rosado costumava ver em cartões, mas ainda era uma presença intimidadora, dominante. Não mais que o Uchiha que ficava à frente do garoto de cabelos rosados. Orochimaru sorriu, mas era diferente de qualquer sorriso que Rin já tinha visto ou usado. Não era um sorriso para mostrar bondade e gentileza ou para recebê-los. Orochimaru desceu seus olhos amarelos, intensos, do Uchiha que o acompanhou por alguns anos, para o garoto retraído. E depois olhou para o Uchiha que semicerrou seus olhos. Até parecia um jogo silencioso entre os dois, e Rin não conhecia aquele jogo ou quais as regras.

— Sasuke-kun. — Foi a primeira palavra de Orochimaru dirigida ao Uchiha, mas depois ele olhou novamente para Rin. Ele seria só mais um rolo se não percebesse como o Uchiha protegia aquele garoto, como havia ficado na sua frente de propósito. — E quem seria você? —

— Katsuryoku Rin, meu aprendiz. — Sasuke respondeu no lugar do garoto.

— Claro que é. — Orochimaru comentou. Não se importou que seu comentário fosse alto ou carregado de malícia. — O que fazem aqui? —

— Queremos saber uma coisa. — Rin comentou e ignorou o olhar de aviso de Sasuke. Ele levou as mãos para dentro dos bolsos de sua bermuda enquanto olhava a figura ameaçadora.

— Que coisa? — Orochimaru perguntou.

— Gluttony, Prague. — Rin comentou aqueles dois nomes e um sorriso discreto tomou seus lábios ao ver a suave surpresa tomando a expressão de Orochimaru. — Conhece? — Perguntou com malícia.

— Nada escapa desses olhos? — Orochimaru perguntou e manteve sua atenção por um momento nos olhos esverdeados de Rin. Talvez, esperasse por aquela mudança de cor, mas não aconteceu.

— Responda a pergunta. — Sasuke ordenou.

— Gluttony, Prague, Death e War. — Orochimaru entregou aqueles nomes que não pensou que iria pronunciar por algum tempo. Ele manteve ainda a atenção no rosado. — Venham comigo. Vamos conversar um pouco. —

"O jogo da virada vai começar" Rin pensou e seguiu uma caminhada silenciosa pelos corredores extensos e cheios de portas. Orochimaru era quem comandava e Sasuke ficava entre eles. E ninguém disse uma única palavra enquanto andavam. Em certo momento, Rin parou de andar e olhou para uma sala com a porta aberta. Era um laboratório grande e ele não resistiu em acessá-lo enquanto os dois mais velhos seguiram em frente sem perceberem sua ausência.

Além das mesas com papéis e cadernos e outras coisas, havia um tanque chamativo no meio do cômodo. Ligado a inúmeros computadores que informam a situação atual do que acontecia ali dentro do tanque. Rin se aproximou de um dos computadores, mas não foi capaz de entender o que estava escrito. Só entendeu que o que estava acontecendo ali era uma experiência. Seus olhos esverdeados se voltam para o tanque e devagar se aproxima do mesmo e forçou um pouco a vista até ver o que tinha ali dentro. Era uma criança, talvez com menos de um ano, de pouco cabelo, mas dava para identificar fios ruivos por mais que a coloração do tanque dificultasse aquilo. E os olhos entreabertos da criança eram esverdeados. Semelhantes ao seu. Só que estavam distantes, sem emoção alguma. Rin continuou olhando para "aquilo" com total concentração enquanto uma lágrima escorria de seu olho esquerdo.


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