Tales of a Uchiha escrita por Saberus


Capítulo 28
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Chishiki sairá de seu quarto pela manhã do dia seguinte. Sua mão esquerda coçando o quadril e a direita usando para cobrir a boca durante um bocejo. E parou na entrada da sala de estar para assistir o jovem de cabelos róseos com seu ombro esquerdo na janela, a mão direita lhe cobrindo o rosto, mas assim mesmo era perceptível as lágrimas escorrendo por seu rosto e rangendo os dentes para não fazer barulho. O escritor ficou quieto, mas apelidou aquela cena como "O nível inferior da melancolia" na sua mente. Ele não sabia o porquê do garoto estar triste, mas não seria ele a se importar com assuntos que não eram seus, no entanto sentiu-se envergonhado por ficar ali assistindo. Era como quebrar a privacidade de uma pessoa.

— Bom dia. — Foram as únicas palavras do escritor que falsamente esfregou seus olhos para fingir inúmeras coisas. — O cara já acordou? —

Rin esfregou seus olhos com o antebraço direito no momento em que Chishiki apareceu. Depois levou as mãos para trás da cabeça enquanto olhava para o escritor andando pela sala e seguindo para a cozinha.

— Ainda não sei. Acordei há alguns minutos e vim para a janela para apreciar a vista, mas não tem nada a ser apreciado nesse lixo de casa. — Rin o respondeu se lembrando vagamente da troca de argumentos idiotas que o loiro fizera no dia anterior. — Tem alguma coisa para fazer no vilarejo? —

— Algumas coisas, mas nada que agrade alguém de fora. — Chishiki respondeu. Ele não estava à vontade para trocar xingamentos com alguém. Nem mesmo bebeu seu café para despertar. 

"Mas tem pessoas doentes" Rin pensou e conseguiu se lembrar do loiro ter dito aquilo no dia anterior. Uma das inúmeras coisas que foram ditas antes dele apagar e acordar no sofá. Melhor do que ninguém sabia qual era sua obrigação como um ninja médico. Era curar as pessoas de qualquer enfermidade que fosse. E achava que Sakura concordaria com ele caso estivesse por ali. A atenção do jovem de cabelos rosados mudou para a porta de entrada e saída da residência, ou melhor, para o Uchiha que apareceu com sua costumeira calma e não usando o manto que era comumente visto usando. Sasuke e Rin se encaram por alguns segundos antes do moreno desviar sua atenção para Chishiki.

— Onde foi, Sasuke-san? — Rin perguntou um pouco curioso com o aparecimento repentino do mais velho.

— Voltei ao riacho e procurei por alguma coisa que nos informasse quem é aquela pessoa. — O Uchiha respondeu. E não era preciso continuar com sua resposta já que viam que o mesmo estava de mão vazia, ou seja, não conseguiu nada. — Vá tomar um banho. Depois do café vou levá-lo para continuar seu treinamento. —

— Que treinamento? — Chishiki perguntou enquanto terminava de coar um café para aquelas pessoas. 

Sasuke estava para responder, mas Rin se adiantou ao se lembrar de uma resposta que recebeu por causa de algo que disse.

— Você parece burro demais para entender nosso treinamento. Por isso não faremos questão de explicar. — Rin o respondeu e um sorriso tomou seus lábios antes de retornar sua atenção ao Uchiha. — Pode ser depois do almoço ou um pouco mais tarde? Quero ir ao vilarejo para ver algumas coisas, Sasuke-san. —

"Algumas coisas que levam tanto tempo?" Sasuke pensou, mas ele entendeu o que o mais jovem queria. Em parte, Rin lembrava o suficiente de Sakura, mas óbvio que tinha suas características únicas. Ele só gostaria de saber no que o rosado havia de semelhança consigo, mas aquilo ficaria para outra hora. 

— Lembre-se que dorme no meu sofá. — Chishiki comentou com um pouco de superioridade e malícia. Ele coçou o cabelo raso antes de continuar com seu comentário. — Meu banheiro está com problema. O banho será na fonte termal do vilarejo. —

"Fonte termal?" Rin pensou e se lembrou de alguma coisa semelhante em Konoha, mas que nunca usou. Ele olhou para Sasuke em busca do mínimo de informação possível, mas não conseguiu isso. "Vou descobrir por mim" pensou e suspirou antes de levar a mão direita ao cabelo e o coçar. Sua atenção retornou ao Uchiha.

— Pode ir. Não tem problema quando começamos seu treinamento. — O Uchiha comentou.

Rin pareceu satisfeito por conseguir meio dia livre para fazer o que queria pelo vilarejo. Ele estava para comentar alguma coisa, mas foi interrompido por um grito masculino no interior da casa. "Ele acordou" pensou e olhou para Chishiki que retirava de algum lugar uma faca e se armou com ela. O rosado seguiu para o corredor da casa com o Uchiha nas suas costas e o Manabi logo atrás também. Rin segurou a maçaneta da porta do quarto de onde veio o grito e a girou e entrou no cômodo e ficou quieto ao ver o desconhecido. Chishiki amarrou os pulsos do estranho de forma que não oferecia oportunidade de escapar por mais que torcesse o polegar — e aparentemente o estranho tentou aquilo de forma recente — e suas pernas também estavam amarradas nos calcanhares. "Ótimo, parece que ele foi sequestrado" Rin pensou e olhou para o loiro e suspirou antes de se aproximar da cama. Os pulsos e calcanhares do estranho estavam machucados como se ele tivesse esfregado e puxado inúmeras vezes, ou seja, não tinha acabado de acordar.

— Onde estou? — O estranho perguntou e olhou para cada um daqueles que entrou no quarto. — Quem são vocês? —

— Porque estamos fazendo isso? — Chishiki comentou de forma irônica como se soubesse exatamente qual seria a próxima pergunta. Por ser um escritor já estava acostumado com certos diálogos banais. 

— Cala a boca, idiota. — Rin murmurou e coçou seus olhos com a mão direita antes de se aproximar um pouco mais da cama e usar a mão esquerda para apontar para cada um dos presentes no quarto. — Uchiha Sasuke, Manabi Chishiki e Katsuryoku Rin. — Ele olhou para o dono da casa. — Qual o nome do vilarejo? —

— Yattsuhoshi. O fundador não tinha criatividade e viu oito estrelas cintilantes e aí nomeou o vilarejo. — Chishiki respondeu e coçou seu cabelo raso antes de suspirar. 

— Certo. — Rin comentou. Não se importou com toda aquela informação dada pelo rapaz. Ele olhou para o desconhecido na cama e sorriu de forma simpática. — Como se chama? E como foi parar no riacho? —

O desconhecido ficou olhando para cada uma daquelas pessoas. Aparentemente memorizando seus nomes e guardando seus rostos. Ele abriu sua boca para responder ao rosado, mas ficou quieto por alguns segundos.

— Nesuto Hachi. — Ele enfim o respondeu e levantou a cabeça o suficiente para olhar sua mão direita e depois para o rosado. — Não me lembro muito bem de como fui parar lá, mas lembro do seu rosto. Porque lembro do seu rosto? —

— Como não esqueceria? — Chishiki sussurrou. Ele ainda se lembrava de Rin sendo enforcado pelo rapaz e os segundos finais do rosado antes de ser salvo pelo Uchiha. 

— De onde veio? — Rin perguntou querendo mudar de assunto. Ele se controlou o suficiente para não levar sua mão direita ao pescoço. 

— Amegakure. — Hachi o respondeu.

"Deve ser um trauma específico que o fez esquecer de detalhes. Não deve demorar para que essas memórias retornem" o rosado pensou e olhou para a mão direita e não precisou se esforçar para um Chakra afiado surgir. Ele usou aquilo — Bisturi de Chakra — para cortar as cordas que prendiam o outro rapaz e depois levou as mãos para trás da cabeça e olhou para o Uchiha que continuava logo atrás dele.

— Eu vou para o vilarejo. Volto mais tarde, Sasuke-san. — Rin comentou e coçou sua nuca antes de abrir a boca para bocejar e desviar sua atenção para Hachi. — Quer vir? Podemos nos conhecer um pouco durante uma boa conversa. —

"O que está pensando?" Chishiki pensou e suspirou antes de se virar com as mãos nos bolsos da calça moletom que vestia e seguiu para fora do quarto. Sasuke o acompanhou não antes depois de olhar uma última vez para Nesuto Hachi, mas só suspirou como o loiro e deixou o quarto.

— Certo. — Hachi comentou.

[ ۝ ]

Vinte minutos depois, Rin caminhava pelo vilarejo e ignorava a maioria dos olhares na sua direção. Ele parecia concentrado em alguma coisa e se esforçava para essa mesma coisa e isso era nítido pelo suor que escorria por seu rosto. Ele moveu o rosto o suficiente e olhou para Hachi que o acompanhava a três passos de distância.

— O que você é, Hachi-san? — O rosado perguntou e voltou a desviar sua atenção para o vilarejo. 

— Em qual sentido? — Hachi perguntou e olhou brevemente para seus pulsos machucados pela corda e depois retornou sua atenção ao rosado. 

— O que faz em Amegakure. E o que está fazendo tão longe? — O rosado perguntou e um sorriso gentil estampou seus lábios.

— Ah, isso. — Hachi murmurou e olhou para outro lado por alguns segundos e depois para o céu. — Sou um estudioso. Gosto de entender as coisas do nosso mundo. Na realidade, sou mais um historiador. —

Rin ficou em silêncio quando obteve sua resposta. Ele só parou de andar quando um homem de cabelo escuro e bagunçado como se não desse a mínima para deixá-lo ajeitado, usando vestes longas e pesadas, mas que aparentemente serviam para protegê-lo num combate, olhos esverdeados como os do próprio garoto que interceptou. O estranho levou as mãos para dentro da calça e puxou de dentro um maço de cigarro e um isqueiro. Ele acendeu um cigarro e o levou para sua boca. 

— Beleza, desconhecido um e dois. — Ele comentou e seus olhos se concentraram inicialmente em Rin que seguia na frente e acreditou que era o líder daquela dupla. — O que fazem no meu vilarejo? —

"Vilarejo dele?" Rin pensou com um suave levantar de suas sobrancelhas. O estranho à sua frente não parecia velho para liderar um vilarejo em crescimento, mas devia ser um membro importante. Ele só olhou para trás o suficiente quando ouviu o tilintar de algo vindo de Hachi e balançou sutilmente sua cabeça. "Ele pegou alguma coisa da casa? E será idiota o suficiente de usar?" pensou e voltou sua atenção ao homem a sua frente.

— Do início? — Rin perguntou para o desconhecido que acenou em confirmação e, por isso, o rosado deu início a sua resposta. — Estamos só conhecendo esse vilarejo, mas não temos más intenções. Na realidade sou um ninja médico e soube por Manabi Chishiki que vocês estão numa situação precária. Então, vim prestar meus serviços. — O rosado inclinou a cabeça para o lado esquerdo e sorriu da melhor maneira que pode. — E gratuitamente. Além disso, soube de uma maravilhosa fonte termal e gostaria de conhecê-la mais tarde, senhor. —

— De onde pertencem? — O homem perguntou e removeu o cigarro de sua boca para expelir a fumaça e depois o levou de volta à boca. — Quantos são? —

— Somos três, mas o outro está na casa de Chishiki. Ele… — Rin comentou e apontou para Hachi. — ...é de Amegakure, mas sou de Konoha assim como aquele que está com Chishiki. — Rin respondeu e curvou a parte superior de seu corpo o suficiente para se parecer com uma reverência. — Deixe-me cuidar dessas pessoas. —

— Os dois são médicos? — O homem perguntou.

— Não. — Hachi o respondeu, mas deu continuidade ao cruzar seus braços. — Tô só observando. —

O homem avaliou as duas pessoas à sua frente. E considerou que o rosado falava a verdade em querer ajudar gratuitamente as pessoas. Ele olhou para o outro que o acompanhava, mas não sentiu interesse pelo mesmo. Sua atenção se voltou ao rosado e ele suspirou.

— Me chamem de Taikutsu Nintai. — O homem se apresentou e estendeu seu braço direito para o rosado. — Será um prazer recebê-lo em meu vilarejo. E em nossa fonte termal, garoto. —

Rin ajeitou sua postura e seus olhos esverdeados se concentraram na palma da mão do homem. E depois no próprio homem que parecia um pouco aliviado. Um sorriso breve tomou conta dos lábios do rosado antes dele levar sua mão esquerda para a mão do mais velho e a apertar. Os dois se encaram antes do mais velho desviar sua atenção para uma construção grande de dois andares.

— Lá estão as pessoas que você quer cuidar, garoto. — Nintai comentou e soltou a mão de Rin e a levou para o bolso de sua calça antes de prosseguir. — Só lhe digo que estamos nas últimas com medicações. Então, tome cuidado com o que vai usar. —

"Medicações? Eles não têm ninjas médicos?" Rin pensou e só balançou sua cabeça em confirmação com o comentário do mais velho.

— Depois levo você para nossa fonte termal. Me avise se conseguir alguma coisa. — Nintai comentou e aproveitou para se afastar.

Rin ficou em silêncio. Ele só olhou para Hachi e levantou os braços com intenção de se espreguiçar e livrar-se de qualquer resquício de preguiça. Aquele dia seria interessante, era nisso em que acreditava. E depois retornou sua atenção para a construção de dois andares feita de tronco de árvores e pintada de vermelho com uma cruz no topo. "Aqui devia ser o hospital" ele pensou e enfim entrou enquanto era seguido por Hachi. E ambos ficam em silêncio ao verem o primeiro andar.

O lugar era de fato espaçoso e com muitas janelas para ter ar fresco. As camas eram improvisadas, mas confortáveis por possuírem palha embaixo dos cobertores de pele. E eram separadas por quase dois metros e meio da próxima. Os enfermos daquele primeiro andar eram em grande maioria jovens. E o único cuidado que recebiam eram toalhas úmidas nas testas e o máximo de água possível. "Eles não sabem mais o que fazer?" Rin pensou e andou para a cama mais próxima e ficou em silêncio por um momento ao ver a criança de doze anos que respirava com dificuldade, seu rosto avermelhado indica um estágio febril, e tinha um pano úmido na testa.

— Porque está ajudando essas pessoas? — Hachi perguntou e encostou suas costas na parede logo atrás dele enquanto olhava para Rin. 

Rin ficou em silêncio e gentilmente colocou as mãos em cima do corpo da criança e o Chakra fluiu das palmas. "Febre amarela" pensou e suspirou antes de começar o auxílio. Ele olhou para Hachi e um sorriso tomou seus lábios.

— Um ninja médico não pode desistir de dar tratamento para seus companheiros. E nesse momento essas pessoas são minhas companheiras. — Rin o respondeu enfim e retornou sua atenção para a criança que recebia os seus cuidados. — Faça-me um favor. Dê uma olhada por aí e me diga quem está em pior situação. As doenças que estão em crescimento nos últimos dias são Febre Amarela e Encefalite. — Rin parou para organizar suas ideias e continuou a falar depois de formar um sorriso quando reparou que a criança parecia um pouco melhor do que antes. — Febre Amarela os sintomas são febre, dor de cabeça, dor no corpo...ahn...e olhe bem para a pele das pessoas para ver se não estão amareladas já que pode ser icterícia...e problema nos fígados. — Ele se esforçava para lembrar das inúmeras coisas que aprendeu nos livros que Sakura o entregou durante seu aprendizado. — Já os de encefalite são mais chatos dependendo do caso, Hachi-san. Mas se for viral pode ser febre, mal estar, dor de cabeça intensa, convulsões, dificuldade para falar… paralisia, desmaios… perda de memória. Pode ser um monte de coisa. Por isso, me ajude, ok? Só quero saber quem está na pior. —

"Não recebem o tratamento adequado. Muito tempo de viagem para uma aldeia com ninjas médicos e usam qualquer remédio" Rin pensou e não olhou para trás já que sentia Hachi o olhando. Provavelmente, o avaliando. E tentando entender ainda a convicção, o motivo, que levava Rin a querer cuidar daquelas pessoas. O rapaz só emitiu um "tsc" e com as mãos nos bolsos seguiu a ordem do rosado e foi verificar os enfermos. 

[ ۝ ]

Rin conseguiu cuidar de nove pessoas com febre amarela ou encefalite, e de mais três que passaram ali por causa de enjôo ou desmaios, mas todas eram mulheres e receberam a notícia de que esperavam por um filho. O rosado saiu daquela grande construção desacompanhado já que Hachi disse que queria fazer outra coisa. Rin passou a mão direita por sua testa e limpou o suor que escorria por ela e ficou em silêncio ao se deparar com Nintai o aguardando do lado de fora.

— Então? — O moreno perguntou e não alterou seu olhar de curiosidade e precaução para com o rosado cansado. 

— Doze pessoas cuidadas hoje. Amanhã é um novo dia, Nintai-san. — Rin o respondeu e levantou os braços para se espreguiçar e olhou em volta. — Onde é a fonte termal que você me disse? —

Nintai ficou em silêncio por um momento, mas um sorriso singelo tomou seus lábios antes de rir muito baixo. Ele só se virou de costas para o rosado e começou a caminhar.

— Me acompanhe. — Nintai ordenou.

E Rin o obedeceu. Ele sabia que precisava de um banho quente para aliviar aquele cansaço e tirar o fedor e de preparar para o treinamento do Uchiha. "Como será uma fonte termal? Será que é emocionante?" o rosado pensou e sentiu-se um pouco animado por imaginar usando uma.

[ ۝ ]

"Só tem velho aqui" Rin pensou meia hora depois de chegar ao destino, ou melhor, já estar dentro da água quente agradável e relaxante. Havia um aroma incomum que ajudava naquele relaxamento, mas o ruim era o fato de não estar sozinho. Não era um lugar privativo que só uma pessoa poderia usar. Não, Rin estava na companhia de velhos — acima dos sessenta anos — que comentavam sobre a vida para o novato. E o rosado estava envergonhado por ter de ficar pelado com tanta gente desconhecida ao redor.

— Então você é aquele que estão chamando por aí de "garoto abençoado"? — Uma voz fora da água quente.

Rin havia encostado os braços na beirada da fonte termal e moveu o rosto para o lado esquerdo. E sentiu as bochechas ferverem ao ver um sujeito mais velho que ele da mesma forma que veio ao mundo, ou seja, pelado. O novo estranho possuía cabelo escuro e penteado para trás e uma barba curta e seus olhos eram esverdeados como os seus e de Nintai, porém mais escuros como musgo. O estranho colocava as mãos na cintura enquanto se aproximava mais do rosado que desviava imediatamente sua visão.

— Acho que sim. — Rin comentou e percebeu que as pessoas mais velhas começaram a se dispersar, ou seja, se afastaram para mais longe.

"Eu não quero ser conhecido por um título" o rosado pensou e fechou seus olhos enquanto o estranho aproveitava para se unir ao seu lado. Literalmente do seu lado direito. E pôr o braço direito em seu ombro como se fossem chegados de longa data.

— Sou Taikutsu Shojiki. — O rapaz se apresentou e um sorriso de puro divertimento tomou seus lábios. — Obrigado por ter cuidado do povo. Mais um dia ou dois e perderíamos muitas pessoas. —

— Taikutsu? — Rin perguntou e levantou as sobrancelhas. Era o mesmo sobrenome que Nintai. E aqueles olhos esverdeados lembravam um pouco ao rapaz. Rin sentia-se ainda mais envergonhado por toda aquela proximidade.

— Aham. Sou pai do Nintai e líder desse vilarejo. Apesar daquele idiota achar que manda em alguma coisa, mas não manda em nada. — Shojiki o respondeu e levou sua mão para o cabelo de Rin e o bagunçou um pouco enquanto ria de forma estridente. — Você tem um bom coração, moleque. —

"Esse é o tipo de comentário que eu não espero receber numa fonte termal e pelado" o rosado pensou enquanto seu cabelo era bagunçado. Apesar de tudo, sentia-se feliz em poder ajudar aquelas pessoas. Ele levantou um pouco a cabeça para que pudesse enxergar melhor o homem ao seu lado. Shojiki parecia o tipo de pessoa que exalava confiança e um bom humor, mas um provável perigo se fosse incomodado da maneira errada.

— Porque aquelas pessoas não procuraram ajuda antes, Shojiki-san? — Rin perguntou e usou sua mão para educadamente afastar aquela que estava em seu couro cabeludo.

— Esse é um mal da humanidade, garoto abençoado. As pessoas não buscam ajuda quando alguns sintomas aparecerem e se tratam com quaisquer remédios pensando que vão melhorar, mas não vão. E quando percebem, é tarde demais. — Shojiki o respondeu com seriedade e desviando seu olhar para a água quente e ficou em silêncio enquanto via seu reflexo. — E fracas não podem andar por muito tempo. Uma viagem demoraria mais do que o normal. Por isso escolhem ficar onde se sentem mais seguras. —

Rin ficou em silêncio, mas guardando para si aquela informação. O que aquele homem lhe disse foram as palavras mais sábias, inteligentes, que escutou naquele dia.

[ ۝ ]

Ele retornou para a casa de Chishiki após as três da tarde. Ainda tinha seu compromisso com o Uchiha e não gostaria de deixá-lo esperando. Assim que chegou na casa ele percebeu Hachi ocupando uma das quatro almofadas do sofá e com sua atenção num dos livros que muito provavelmente foi retirado dos armários. Ele estava para dizer alguma coisa ao mesmo, mas sua atenção se desviou para o Uchiha que saia do corredor e o olhou por alguns segundos.

— Soube como aproveitou o seu dia. — Sasuke comentou e levou sua mão para a cintura e a repousou ali e depois olhou para Hachi no sofá. — Ele contou assim que chegou. Sakura ficará contente em saber disso. —

Rin ficou em silêncio com aquele comentário, mas sentiu quando suas bochechas se esquentaram e um sorriso tomou seus lábios. Ainda não era o melhor de seus sorrisos. Aquele gesto foi observado pelo Uchiha e por Chishiki que passou pela dupla bebendo de uma garrafa de água. E pelo tempo o segundo em questão avaliou Rin o suficiente antes de desviar sua atenção para Hachi no seu sofá. 

— Então, vamos contar para a Sakura-sama quando chegarmos, Sasuke-san. — Rin comentou e desfez aquele sorriso antes de levantar os braços e inclinar seu corpo para trás se espreguiçando.

— Está pronto para treinar? Não está cansado? — Sasuke perguntou e desceu seu olhar cuidadosamente pelo rosado, mas não enxergava qualquer indício de exaustão.

— Tô de boa. Qualquer cansaço foi perdido na fonte termal do vilarejo. Pode abrir o portal, Sasuke-san. — Rin comentou.

— Treinamento? Portal? Poderiam me explicar? — Chishiki perguntou e encostou suas costas numa das paredes e cruzou os braços enquanto olhava a dupla.

Sasuke ficou em silêncio e olhou para Manabi Chishiki e depois para Nesuto Hachi. Ele não confiava o suficiente neles para prover certos tipos de informações. Não gostaria de explicar o tipo de treinamento que Rin praticava e o motivo para aquilo. Ele percebeu que Hachi olhava para eles com o mesmo interesse que Chishiki. O Uchiha suspirou e desviou sua atenção ao garoto e simplesmente usou a habilidade de seu olho esquerdo para que um portal fosse aberto.

— Seis horas. Exercícios para se acostumar ainda mais. E corra desta vez. — Sasuke comentou enfim para o garoto de cabelos róseos.

"Nove e meia saio de lá" o garoto pensou e balançou sua cabeça em confirmação com as ordens do Uchiha. Ele só deu um passo adiante do portal e desapareceu quando entrou no mesmo. E a anormalidade veio a desaparecer também.


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