Tales of a Uchiha escrita por Saberus


Capítulo 27
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Rin estava longe o suficiente da pessoa que avançava contra ele. Por isso, tentou avaliar a situação, mas parecia um pouco difícil já que não sabia o que aconteceu antes dele chegar, nem mesmo conhecia as duas pessoas. 

Aquele que estava caído não parecia dormir, estava mais para inconsciente e sem machucados nas áreas visíveis de seu corpo magro e de estatura mediana. Seu cabelo era de um azul escuro. Usando um suéter marrom escuro, calça esverdeada e uma capa branca, além de uma clássica sandália aberta nos dedos e, por fim, o óculos. 

O segundo que disparava na direção de Rin também não possuía machucados visíveis pelo corpo. Era consideravelmente maior do que Rin — e não foi difícil do rosado perceber isso — e seu corpo era, sem dúvida, magro. Seu cabelo, além de loiro, era curto e penteado de uma forma bem desleixada. Seus olhos amarelos, ou melhor, dourados, eram protegidos por um óculos. Tudo o que usava naquele momento era uma camisa branca comum, uma jaqueta preta de gola alta, calça marrom e a óbvia sandália aberta nos dedos. 

O segundo seguia na direção de Rin com o punho esquerdo fechado pronto para soca-lo, mas seu olhar mostrava, ou melhor, contava uma coisa bem diferente. "Sasuke não deve ter me escutado a essa distância" pensou e mordeu seus lábios no momento em que soube o que deveria fazer. Ele desviou do soco, mas aproveitou para segurar o braço do estranho com sua mão direita e o jogou por cima de seu corpo e depois o atirou no chão, mas não parou com aquele movimento defensivo. Ele aproveitou que o estranho estava no chão — e debruçado — para pôr o joelho esquerdo nas suas costas. Tudo aquilo aconteceu em pouquíssimos segundos. Um sorriso se formou em seus lábios enquanto o rosto do estranho se moveu e, desta forma, se encararam por alguns instantes em silêncio.

— Você não é um ninja, né? — Rin perguntou e usou um pouco de força para apertar o braço do estranho com intenção de obter respostas. — Quem é você? —

— Ah, temos um capitão óbvio aqui. — O estranho comentou. Era nítida a ironia e um leve divertimento na voz. Como se gostasse de provocar os outros por pior que fosse sua situação. — Como chegou à conclusão de que não sou um ninja? Meu porte físico? Não ter usado nada além de meus punhos frágeis contra você? —

"Idiota. Ele é um idiota" Rin pensou e sentiu-se irritadiço, mas não o suficiente para aceitar as possíveis provocações do estranho que só virou a cabeça e deixou seu queixo apoiado na grama esverdeada.

— Sou um escritor e pesquisador. — O estranho enfim o respondeu e usou sua mão esquerda para apontar uma bolsa que não estava tão longe do corpo inconsciente. — Meus trabalhos estão ali se quiser verificar. — O estranho ficou em silêncio ao fim de sua resposta, mas não durou quando entendeu que a pergunta do rosado era mais ampla. — Manabi Chishiki. Ou "Shiki", se conhece meus trabalhos. —

— Nunca ouvi falar. — Rin o respondeu com franqueza. Na realidade, os únicos livros que ele costuma ler são de medicina em geral e outras coisas que Sakura passa para ele. Ele usou o braço disponível para apontar ao rapaz inconsciente. — E quem é ele? —

— Tudo bem. Você tem cara de ser burro demais para ler meus trabalhos. — Chishiki comentou e moveu o rosto um pouco, encostando a bochecha na grama, e desta forma olhando para quem o rosado se referia. — Ele? Não faço ideia. Cheguei aqui pouco antes de você. —

"Seria ruim se eu quebrasse o braço dele?" Rin pensou, se esforçando para não cair nas provocações de Chishiki, mas ele tinha certeza que não demoraria muito para que aquilo acontecesse. Ele suspirou e apertou um pouco mais forte o braço dele.

— Porque me atacou então? — Rin perguntou e moveu o rosto o suficiente para que visse o estranho inconsciente.

— Eu não ataquei. Eu tentei atacar, mas cá estamos. Só o considerei uma ameaça, mas me enganei. Vai saber quando alguém perigoso pode aparecer, né? — Chishiki o respondeu e usou o braço disponível para ajustar seu óculos. Ele moveu o rosto novamente e desta vez olhou para o rosado que o prendia no chão. — Vamos supor que você chegue a um riacho no meio de uma floresta e veja um corpo inconsciente. E outra pessoa aparece quando você se aproxima demais do corpo. O que você faria? —

— Eu tentaria me explicar. E não partir para a violência. — Rin o respondeu e diminuiu a força que usava no braço esquerdo do rapaz.

— Parabéns, é um idiota. A pessoa acabou de fugir desesperada e se lembrará do seu rosto, em alguns dias algum boato irá se espalhar e avançando um pouco mais terá um cartaz de procurado com seu rosto e descrição. — Chishiki comentou e semicerrou seus olhos ao sentir seu braço esquerdo sendo apertado com o dobro de força anterior.

— Eu não sou um idiota, Kuso Baka. — Rin comentou se entregando a pequena raiva que sentia e desenvolvia por aquele homem. — Eu tentaria correr atrás da pessoa e continuar com a minha explicação. —

Um sorriso tomou os lábios de Chishiki, mas nem de longe podia ser descrito como um belo sorriso ou uma ótima expressão.

— A pessoa se desesperou. Parabéns, agora ela supõe que será a próxima. Boatos irão se espalhar tão depressa que você não terá um dia de descanso antes de qualquer um tentar pegar sua cabeça por alguma recompensa. — Chishiki comentou e mostrou sua língua para Rin antes de concluir seu comentário. — Idiota. —

Rin ficou quieto, mas deu para perceber como se alterou em ser chamado de idiota. Naquele momento, com certeza, criou um rancor por Manabi Chishiki. Ele podia ouvir uma voz em sua cabeça o aconselhando a socar aquele cara o máximo de vezes que conseguisse. Ele levantou a cabeça e olhou para o céu e fechou seus olhos por um momento e respirou mais devagar. Aquilo foi o suficiente para o deixar mais calmo e ignorar seu subconsciente. Ele abriu seus olhos e saiu de cima do loiro e se aproximou do estranho ainda inconsciente. O loiro se sentou e pôs os antebraços em seus joelhos enquanto olhava para o garoto se aproximar do estranho.

— Da onde veio, Chishiki? — Rin perguntou enquanto se ajoelhava ao lado direito do estranho inconsciente. — Ele me parece bem. — O rosado murmurou.

— De todos os lugares. Sou um escritor e pesquisador, já se esqueceu? — Chishiki o respondeu, mas uma parte dele sabia qual era o tipo de resposta que o rosado queria e, por isso, continuou. — Sou de Takigakure, mas não volto para lá a anos. —

— Você fez todo mundo te odiar. — Rin sussurrou e sentiu-se um pouco melhor por comentar aquilo. E agradeceu mentalmente pelo outro não tê-lo escutado. — Katsuryoku Rin. —

Chishiki estava para dizer alguma coisa, mas então aconteceu. O estranho abriu seus olhos e seu braço esquerdo se moveu tão rápido quanto o bote de uma cobra. A mão do mesmo se agarrou ao pescoço de Rin e o jogou no chão enquanto o estranho já se sentava no gramado e depois ficava em cima do garoto. E então levou a outra mão ao pescoço e o segurou com força, o apertando. Os olhos esverdeados do rosado se encontram com os acinzentados do estranho que mais parecia assustado. Rin sentia-se sem ar e imaginava que não demoraria muito para que o pior acontecesse, mas acreditava também que o estranho não sabia o que aconteceu e por isso o estava atacando. Ele não sabia como deveria proceder daquela situação. Ele levou sua mão direita ao rosto do estranho e tentou empurrá-lo sem o uso daquela força que aprendeu a usar. Não queria machucar o desconhecido assustado. Ele moveu seu rosto o mínimo e olhou para Chishiki que ficou sem reação. "Merda" Rin pensou e começou a sentir que perderia a consciência muito em breve. Ele usou sua mão esquerda para tatear o chão em busca de alguma coisa, mas não havia uma única pedra no momento em que mais precisava de uma. "Ah, foda-se" pensou e afastou sua mão direita do rosto do estranho e a fechou em punho. Seu olhar se tornou mais sério, se misturando perfeitamente com aquele medo evidente enquanto uma lágrima escorria pelo canto do olho esquerdo.

Ele direcionou seu punho ao rosto do estranho, mas alguém o atacou no seu lugar. E foi Sasuke Uchiha que apareceu correndo logo atrás de Chishiki e seguindo para o estranho em cima de Rin e só precisou de um chute para jogar o estranho o mais longe que conseguiu com aquele ataque surpresa. No momento em que foi liberto, Rin se virou e tossiu na grama enquanto sua mão direita tocava o pescoço, mas seu olhar subia um pouco e via onde o estranho foi parar. O mesmo só não avançou pela floresta depois daquele chute porque seu corpo se colidiu ao tronco de uma árvore. O olhar de Rin subiu o suficiente para enxergar o Uchiha ao seu lado e olhando fixamente para aquele que estava caído. Sasuke não escondia sua seriedade naquele momento e lentamente puxava a espada de seu manto e a lâmina era coberta por eletricidade. 

— Sasuke-san, calma. — Rin murmurou ao conseguir se acalmar o suficiente para pronunciar aquelas palavras. — Ele não sabia o que estava acontecendo quando me atacou. —

"Que entrada foda" Chishiki pensou um pouco afastado da dupla, mas assistindo aquilo como se fosse a coisa mais fantástica que veria em toda sua vida. Ele ajeitou seus óculos e quase pôde imaginar o rosado como um amansador de feras e o moreno como a fera em questão. Sasuke abaixou o olhar sério e encarou o rosado ao seu lado e suspirou ao mesmo tempo em que embainhou sua espada e depois retornou sua atenção à figura que chutou a pouco tempo e depois para aquele que assistia.

— Quem são? — Sasuke perguntou.

— Aquele é Manabi Chishiki, de Takigakure. O outro não sabemos. Shiki-san chegou aqui e ele já estava inconsciente. — Rin o respondeu e continuou sua mão direita no pescoço enquanto conseguia se levantar.

No momento em que ficou de pé, sentiu-se tonto e seu corpo começou a cair para o lado direito, mas o Uchiha ocupou aquele lado a tempo e permitiu que o rosado o utilizasse como apoio. Rin se segurou em Sasuke e um sorriso de agradecimento passou por seus lábios antes dele retornar sua atenção ao estranho.

— Tem um vilarejo a dois quilômetros daqui se quiserem descansar. — Chishiki comentou. Ele podia ser um monte de coisa, mas se preocupou em ver que o rosado não estava em suas melhores condições. 

— Descansar é bom. — Rin comentou e moveu a cabeça o suficiente para olhar para trás. Para o loiro que ofereceu aquela localização. — Como sabe? —

— Moro nas redondezas. — Chishiki respondeu e deu de ombros antes de se levantar e se aproximou da dupla, mas seguiu para uma direção onde seus materiais estavam numa mochila preta e a pôs nas costas. — São convidados em minha casa. — Ele olhou para o estranho imóvel e suspirou. — O que farão com ele? —

Sasuke ficou em silêncio. Ele sabia o que gostaria de fazer com aquela pessoa depois de quase fazer algo terrível contra seu filho. Rin, por outro lado, se afastou do Uchiha e caminhou na direção do estranho e se entregou ao cansaço ao ficar de joelhos ao seu lado. A primeira coisa que reparou é que o mesmo havia perdido a consciência durante o impacto contra a árvore. Ele encostou sua mão direita no ombro do estranho e se concentrou um pouco. 

— Seis costelas quebradas. — Ele sussurrou para ninguém em particular e então suspirou antes de levar a mão direita para o rosto e coçar seus olhos. 

— Como sabe disso? — Chishiki perguntou.

— Ninjutsu Médico. — Rin o respondeu e moveu sua cabeça o suficiente para que visse o Uchiha ainda o olhando. — Não podemos deixá-lo aqui, Sasuke-san. — Ele então voltou sua atenção para Chishiki e abriu a boca para dizer alguma coisa, mas o escritor foi mais rápido.

— Não. — Chishiki comentou e cruzou seus braços com uma expressão séria e convicto de sua opinião. — Tô de acordo com um cara que faz uma estrada maneira. — Ele olhou para o moreno quando comentou aquilo e depois olhou para Rin com um leve desgosto. — Você? Tudo bem, aceitável. Mas ele? — O loiro olhou para a figura inconsciente e balançou a cabeça. — Nem fodendo. —

"Não vou me irritar" Rin pensou. Ele já havia entendido como Chishiki funcionava e não cairia em suas provocações. O rosado estava para insistir que o desconhecido inconsciente fosse levado, mas Sasuke se adiantou e andou na sua direção enquanto uma energia roxa circundava seu corpo e um braço esquelético e grande se formou e segurou o homem que ele chutou a pouco tempo. Depois, olhou para Chishiki com uma calma mantida.

— Ele vai conosco. — Sasuke comentou. Sua voz era firme e parecia que nada o faria mudar de idéia. Ele fez com que aquela mão esquelética que prendia o estranho o levasse para perto do loiro.

"Que Jutsu é esse?" Rin pensou um pouco surpreso. Ele sentiu o olhar do Uchiha e soube que já era hora de se levantar e foi isso que acabou fazendo. E se aproximou de Chishiki que aceitou quieto. Aquela energia roxa que circulava o corpo do Uchiha se intensificou e tomou a gigantesca forma de algo humanóide com asas e armadura. O quarteto encontrava-se dentro daquela coisa, mais precisamente numa espécie de cristal que ficava na cabeça. Era tão grande quanto as árvores daquela floresta. E ele voou com uma extrema facilidade. Rin ficou em silêncio e olhou para o Uchiha que parecia calmo com tudo aquilo. O rosado depois olhou para Chishiki que estava ajoelhado e com as mãos em sua barriga e não parecia bem. E não estava mesmo. O escritor passava por um intenso enjôo durante aquela curta viagem e só não despejou o conteúdo de seu estômago por pura força de vontade, mas Rin foi zoando o mesmo o caminho inteiro.

Em poucos minutos o quarteto já estava na casa de Manabi Chishiki. Era uma casa de madeira, mas ao mesmo tempo grande o suficiente para visitas. Rin sentia-se exausto por tudo o que aconteceu naquele dia e deixava isso em evidência por mal conseguir manter seus olhos abertos. A criatura humanóide se desfez, mas todos estavam em segurança no gramado. 

— Ele pode até entrar, mas deixem-no amarrado no quarto. — Chishiki murmurou e levou sua mão esquerda para o cabelo e o coçou ao se lembrar de uma coisa. — Ah, cuidado também. Se forem passear pelo vilarejo tomem cuidado por onde andam. Tem gente demais ficando doente e o líder não sabe mais o que fazer. —

Sasuke não ofereceu uma resposta. Nem mesmo Rin já que a única coisa que o mesmo queria era se deitar — nem mesmo se importaria se fosse no chão — e suspirou enquanto entrava na casa e voltou a sentir o cansaço o dominar, mas dessa vez era bem diferente. O cansaço de um treinamento que não havia se acostumado, somado a um enforcamento, foi o suficiente para deixá-lo esgotado. Ele apagou de uma única vez e só não parou no chão porque Sasuke interveio ficando a sua frente e deixando que o mais jovem caísse nas suas costas. Chishiki cruzou os braços e se sentiu um pouco intimidado quando o Uchiha olhou para si com uma seriedade que não era comum. O braço esquelético ainda se fazia presente surgindo de uma energia roxa e ainda segurava o estranho.

— Você disse que as pessoas estão ficando doentes. A quanto tempo isso começou? — O Uchiha perguntou enquanto entrava na casa com o rosado nas suas costas.

— Acho que um mês. Venho pesquisando as fontes de água da região, mas não acredito que seja isso. — Chishiki o respondeu e fechou a porta de sua casa assim que entrou. — Deixe o moleque no sofá. Não tenho quartos o suficiente para todo mundo. —

Sasuke não respondeu, mas obedeceu e levou o rosado para o único sofá de uma sala de estar bem comum.

Poderia-se dizer que a sala de estar era o maior cômodo da casa, mas ao mesmo tempo o mais confortável. Havia uma lareira para manter o morador aquecido nas noites frias, três estantes recheadas de livros de diferentes grossuras, janelas para mantê-lo resfriado nos períodos mais quentes, um tapete de pele de algum animal no centro da sala, um sofá de quatro lugares e, por fim, um de apenas um lugar do lado esquerdo deste mesmo sofá. Era um bom cômodo e o piso era de um material que o Uchiha não fizera questão de saber qual é. Ele só pôs o rosado no sofá e depois retornou sua atenção ao dono da casa.

— E o cara estranho no quarto de hóspedes, mas esse pode deixar que eu levo. — Chishiki comentou e olhou com desinteresse para o rosado apagado em seu sofá e depois para o moreno no meio de sua sala. — Seremos os únicos por algumas horas. Bebe alguma coisa? —

Sasuke ficou em silêncio. "Ótimo, alguém pouco comunicativo" Chishiki pensou e suspirou enquanto pegava o corpo inconsciente. Sasuke removeu sua capa já que não a considerava necessária e se aproximou de uma das janelas e olhou para fora por um momento, mas a vista era simplesmente da floresta. Ele só retornou sua atenção para dentro da casa quando Chishiki reapareceu.

— Então, vocês são o que? — O escritor perguntou com um pouco de interesse.

Sasuke sabia o que os dois eram, mas não gostaria de falar aquilo com um desconhecido. Se nem mesmo falou isso ao rosado no sofá, quem dirá para um rapaz que conheceu faz pouquíssimo tempo.

— Ele é meu aprendiz temporário. — O Uchiha o respondeu.


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