Tales of a Uchiha escrita por Saberus


Capítulo 24
S01Ch24;




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/802805/chapter/24

Misa olhou para Rin subindo as escadas que levavam ao quarto na companhia da mãe, mas assim que o perdeu de vista sua atenção se voltou para o ruivo que havia acomodado as costas na parede. Ela sabia pouco sobre Akami Katsuryoku, mas não o suficiente para ter uma prolongada e interessante conversa com ele. E o ruivo pareceu sentir a mesma coisa já que não escondia seu desconforto. A Yamanaka estava quase olhando para a saída quando ouviu um assobio baixo e sua atenção se concentrou no ruivo, ou melhor, em seu braço direito que apontava para a cozinha.

— Vá se sentar. Rin vai me odiar se sua amiga não for bem recebida. — O ruivo comentou e levou a mão direita para seu queixo e o coçou. — E ainda tenho que agradecer por trazer meu filho. Então, vá se sentando. Daqui a pouco minha mulher nos acompanha. — 

"É falta de educação recusar" a loira pensou e um sorriso tomou seus lábios, mas pelo canto esquerdo enquanto balançava a cabeça concordando com o pedido. A Yamanaka andou pelo corredor e virou à esquerda e concentrou seus olhos por um momento na decoração do cômodo em que entrou, ou seja, a cozinha. 

A cozinha da família era visualmente bonita. Uma mesa de vidro ocupava o centro do cômodo com seis lugares e cadeiras de almofadas marrom claro. Além disso, um pouco distante da mesa de refeições, havia três poltronas da mesma cor que as almofadas e com uma mesinha no centro delas — provavelmente um lugar para conversarem e beberem — com o jornal daquele dia. Ali havia um armário com o que pareciam ser álbuns de fotografia e alguns itens decorativos. Além disso, havia um balcão que dividia a cozinha e lá estavam os eletrodomésticos e armários. Todo aquele ambiente causava uma sensação de tranquilidade e de familiaridade. 

— Chá ou café? — O ruivo perguntou com um olhar calmo para a mais jovem. Ele apontou para uma das três poltronas sugerindo silenciosamente que a menina deveria se sentar. 

— Chá. Não acho que vou gostar de beber café pouco antes de dormir. — Misa o respondeu e olhou para as poltronas e seguiu para a que ficava do lado esquerdo da mesinha de centro. — Desculpe se estou incomodando. —

— Não precisa se desculpar. E não está incomodando em nada. — O ruivo a respondeu e seguiu para trás do balcão e olhou para o único tipo de chá que tinham, mas não se importou e pôs a água para esquentar. — Você é como ele? Não vê interesse na vida ninja? —

Misa ficou em silêncio com aquela pergunta. Ela entendeu naquele instante o porquê de ter sido convidada para beber alguma coisa. Aquele homem queria conhecê-la melhor. Saber o que pensava, provavelmente. Ela abaixou a cabeça um pouco enquanto um sorriso maior tomava o canto esquerdo de seus lábios.

— Eu não me encontrei ainda, senhor. Já estive numa equipe por alguns meses, mas não tenho qualidades para o lado físico. Sou mais do tipo sensorial, entende? — Misa perguntou e levou a mão direita para o rosto e coçou com sutileza sua bochecha. — Meus pais me ensinaram sobre Genjutsu quando notaram que eu não possuía talento para Ninjutsu e físico para Taijutsu. —

— Porque deixou sua equipe? — O ruivo perguntou e apoiou os cotovelos no balcão, mas mantinha seus olhos na garota.

— Eu não deixei. O que aconteceu comigo, aconteceu com Rin. — Misa o respondeu, mas continuou assim que percebeu uma curiosidade vinda do ruivo. — Estávamos numa ponte velha lidando com alguns bandidos. Embaixo, um desfiladeiro. Usamos todos nossos equipamentos e habilidades contra aquelas pessoas, mas havia a diferença numérica. No fim, arrebentaram as cordas da ponte e meus amigos caíram. —

Akami ficou em silêncio, mas sua expressão era de conforto e leve admiração. Misa perdeu seus amigos numa missão e lidou com quaisquer problemas para responder aquele tipo de pergunta, não parecia sofrer. Era como se tivesse superado e escolhesse seguir em frente, mas de seu próprio jeito. Ele sabia que isso aconteceria com Rin, mas não quanto tempo levaria para que o mesmo entendesse isso. Ainda se lembrava da primeira vez que o reviu após aquela maldita missão, lembrava-se daquele olhar mortalmente abalado, como se uma parte dele fosse completamente destruída. Inspirou com profundidade antes de suspirar e se aproximar da mesinha com a jarra de água quente e um copo de barro e o envelope de chá pendurado no mesmo. Ele pôs tudo na mesinha e se sentou numa das poltronas disponíveis e continuou olhando para a loira que colocava a água no copo e depois bebia o conteúdo. 

— Meu filho tem falado sobre você ultimamente. — Akami comentou e cruzou os braços e pôs a perna direita em cima da outra. Apesar do olhar sério, um sorriso indicava outra coisa. — Você não está apenas o ajudando em sua recuperação. Não é mesmo? —

Misa segurou o copo de barro com um pouco mais de força com aquela pergunta. Ela se lembrava de vê-lo abalado no hospital e de sentir a imensa tristeza do rosado. "Não estou fazendo isso só porque não fizeram comigo. Isso eu tenho certeza" ela pensou e se esforçou para esconder um sorriso, mas seus olhos brilhavam de um jeito único. Ela abriu sua boca para o responder, mas outra pessoa falou em seu lugar.

— Não deveria se intrometer no que não te interessa, querido. — Era Shiawase que inicialmente se encostava na entrada, mas ao sentir a atenção para si apenas caminhou e se sentou na cadeira disponível. Ela olhou para Misa e um sorriso malicioso tomou seus lábios. — Ele até me pediu para não fazer nada, mas conheço ele melhor do que ninguém. Ele reservará quaisquer sentimentos se você não tiver interesse. — 

— Como disse? — Akami perguntou e levantou um pouco as sobrancelhas. Era óbvio que não havia compreendido sua própria esposa.

— Ele guarda para si tudo o que está sentindo. Chegará um momento em que não vai aguentar. Estou certa, Shiawase-san? — Misa perguntou e abaixou o olhar o suficiente para ver o copo de barro e o líquido o preenchendo. — Está certo, Akami-san. Percebo como o coração dele está destruído, mas estou colando os cacos e restaurando do jeito que posso. Eu sei que ele tem muita coisa guardada, mas quero estar lá para quando ele liberar tudo de uma vez. Quero ser aquela pessoa que vai escutá-lo e dar o ombro para ele pelo tempo que precisar. —

— Isso chega a ser romântico. — Shiawase comentou. Ela podia não ser perceptiva, mas qualquer um era capaz de notar como a mais jovem falava com seriedade e confiança. — Que bom que não sou a única a perceber que ele está guardando mais coisas. —

— Porque ele não conta aos poucos? — Akami perguntou e seu olhar se tornou um pouco mais sério. Ele acreditava em sua esposa, mas havia um suave julgamento ali. 

— Ele tem que ter o seu momento. — Misa respondeu e tomou um gole do chá antes de voltar sua atenção para o ruivo que agora a olhava com dúvida. — Há cinco estágios para o luto. Ele pulou a primeira a foi direto para a quarta, ou seja, depressão, mas está num princípio. E está fundindo com a segunda que é a raiva. — Ela percebeu que os dois mais velhos ficaram em silêncio apenas a observando. — Que foi? Eu passei por isso. —

— Como superou? — Shiawase perguntou com uma nítida vontade de conhecimento.

— Viajei sozinha até sabe-se onde, mas fui muito longe. Deixei claro minhas ideias e tudo o que havia aprendido até aquele momento, liberei tudo o que estava sentindo ao vislumbrar paisagens magníficas. — Misa respondeu e fechou devagar seus olhos e se lembrou de uma daquelas paisagens e, por isso, um sorriso tomou seus lábios antes de abrir os olhos novamente. — Ele vai desaparecer em algum momento. E não dará um tempo, mas isso vai acontecer. E ele voltará como novo. —

— Ou seja, tempo e espaço. É isso que você acha que ele vai precisar. — Akami murmurou, mas dava para perceber um leve tom irônico. Tudo o que faltava era o ruivo completar com "mas que bobagem" ou algo do tipo. 

— Resumidamente? Sim. — Misa respondeu e não pareceu incomodada por aquele tom irônico que qualquer um perceberia. Não era sua obrigação convencer o ruivo de que aquilo seria útil para o rosado no andar superior. 

Shiawase optava por ficar em silêncio, mas seu olhar era puramente gentil com a loira que sabia do que estava falando. "Uma boa garota. Ganhou alguns pontos comigo, Yamanaka Misa" a mais velha pensou enquanto a olhava terminar a bebida que preenchia o copo de barro. Ela sabia que a loira estava certa em tudo o que disse para seu marido, mas o silêncio devia ser sua melhor resposta. Que travassem uma briga argumentativa do que era melhor para Rin, mas ela estaria do lado de Misa. Ela moveu seu rosto para o lado direito o suficiente para que visse que seu marido a encarava com seriedade. Talvez seu duradouro silêncio o incomodasse um pouco. Um sorriso tomou seus lábios e ela abaixou a cabeça um pouco e moveu os lábios para dizer alguma coisa.

— MÃE, TÔ INDO VER O HOKAGE. — Era a voz de Rin. E por estar audível provavelmente a porta de seu quarto fora aberta.

Shiawase não esperava ver seu filho descendo as escadas como uma pessoa normal. E muito menos Akami. Os dois sabiam que ele usaria a janela para poupar o tempo. Ele devia ter pensado em alguma coisa e por isso optou se encontrar com Uzumaki Naruto. Quando ela olhou para a poltrona que Misa deveria estar, a loira já estava em pé e passou por ela apressadamente. A Yamanaka não escondia a preocupação por saber que Rin não estava bem fisicamente. Ele estava cansado, machucado, demais para fazer qualquer coisa. Ela subiu as escadas com uma velocidade sobrenatural e olhou para o corredor do segundo andar e aumentou a sua velocidade ao ver a única porta aberta. E avançou os metros restantes até chegar ao quarto de Rin e vê-lo terminando de saltar. Quando ela chegou à janela, ele já estava na rua. Ela ficou em silêncio por alguns segundos e movimentou o rosto o suficiente para que visse Shiawase de braços cruzados na porta do quarto.

— Você se acostuma com certos hábitos dele. — Shiawase murmurou. Apesar de tudo, a rosada parecia calma e seu olhar era suave e abaixou a cabeça assim que um sorriso tomou seus lábios. — Vai atrás dele, né? —

— Ele não está bem. — Misa respondeu e sequer percebeu que havia levado o punho direito para perto do peito enquanto olhava para a rosada. — Ele está muito cansado, Shiawase-san. —

— Anda logo. — Shiawase sussurrou e levantou sua cabeça e desfez o cruzamento de seus braços e usou o direito para apontar ao corredor. — Vá embora logo, menina. — Ela disse aquilo num óbvio tom de divertimento.

Assim que aquelas palavras foram ditas por Shiawase, Misa já passava ao seu lado com passos apressados e um olhar de preocupação. Ela só parou quando chegou frente a escada, mas essa interrupção foram por pouquíssimos segundos antes dela olhar os degraus e pular e, desta forma, evita-los de uma vez e caiu no primeiro andar com a palma direita estendida, o joelho direito encostando no piso enquanto o pé esquerdo somente tocava o piso, seu braço esquerdo estava para trás — um clássico pouso de super herói — e ela levantou a cabeça e mirou seus olhos na porta antes de disparar até a mesma e segurar sua maçaneta e sair da casa. Qualquer um de Konoha sabia o caminho para o escritório do Hokage. Assim que chegou na rua ela seguiu por um caminho selecionado e torcia para encontrar Rin e pedir que retornasse, mas isso não aconteceu. 

Correndo por mais alguns minutos ela já se encontrava de frente a imensa construção oval e avermelhada de três andares com o símbolo "Fogo" numa placa, com uma construção em cada lado de apenas dois andares. Ela ainda se lembrava de estar entre o povo durante a nomeação de Uzumaki Naruto como Hokage. Ela estava para acessar a construção quando ouviu algo se quebrando e levantou a cabeça e sua expressão mudou para surpresa ao ver o corpo de Rin caindo do terceiro andar e se dirigindo para o chão.

[ ۝ ]

— Posso ir? — Rin perguntava. Ele tinha esperança de conseguir informações que ajudassem eventualmente.

Sasuke observou o garoto. Podia não parecer, mas se lembrava do mesmo por mais que tivessem se encontrado pouquíssimas vezes. Ele fechou seus olhos por um momento e sua atenção se retornou para o Uzumaki que não escondia o interesse na conversa, mas depois se voltou para o mais jovem.

— Eu não sou babá. — Sasuke o respondeu de seu jeito único. Apesar disso, o tom de sua voz era calma, serena, mas com uma leve seriedade. 

— E o Orochimaru é muito perigoso, Rin. — Sakura comentou e se aproximou do mais jovem e com cuidado levou as mãos para os ombros dele e um sorriso tomou seus lábios. — Pode ficar aqui e continuamos seu treinamento. —

— Eu posso lutar em qualquer lugar. — Rin respondeu e seu olhar se tornou um pouco mais sério e empurrou a kunoichi das lesmas para trás.

Ele estava certo. O treinamento da kunoichi das lesmas era puro combate físico. Isso daria para ser feito com qualquer um. O Ninjutsu Médico estava progredindo e poderia continuar assim que retornasse para a aldeia em sabe-se lá quantos dias. Rin podia ser preguiçoso, mas de seu próprio jeito mostrava seu esforço.

Quando ele concluiu seu comentário, ou melhor, quando terminou de empurrar Sakura para longe, o moreno a quem jogava aquela proposta o atacou. Sasuke mediu sua força enquanto girava seu corpo com o pé esquerdo como apoio e o direito usando para um chute tremendamente forte em Rin que sequer havia percebido o golpe por causa da velocidade do Uchiha. "Ele é rápido" Rin pensou e, por causa do impacto, foi arremessado para a janela de vidro do escritório. O vidro se estilhaçou no momento em que seu corpo o tocou e, desta forma, sua queda teve início enquanto olhava para a beirada e via o Uchiha o encarando e seus lábios se movendo.

— Não se ache especial só porque é treinado pela minha esposa. — Foram as palavras do Uchiha que não esperava que o jovem em queda livre entendesse, ou melhor, escutasse.

"Ele é muito rápido e forte" Rin pensou e moveu o rosto o suficiente para que visse o chão se aproximando, mas também que Misa estava na entrada e o olhando com surpresa. Ele voltou seu olhar para cima e viu que o Uchiha não estava mais ali e rangeu os dentes. "Eu vou com você, idiota. Tem pessoas que eu quero proteger" pensou enquanto seu olhar se tornava mais sério e depressa fez um selo e, desta forma, criou um Kage Bunshin que segurou seus braços e o girou e o jogou para cima. Alto e rápido. 

Rin sentia o cansaço. Havia se desgastado demais naquele dia. Seu corpo estava pedindo, ou melhor, implorando para que descansasse de uma vez. E gastar Chakra daquela forma era uma coisa completamente estúpida, mas ele queria dar uma lição no Uchiha por desconsiderar totalmente seu empenho físico — resistência e força. Os olhos de Rin voltam a mudar para o Sharingan, mas desta vez com dois círculos pretos em toda aquela vermelhidão.

No momento em que sua mão esquerda tocou a beirada da janela, girou seu corpo e adentrou ao escritório, mas ficou sentado na janela. Seus olhos se moveram para cada residente ali e ignorou a leve surpresa no olhar de Sasuke. "Está surpreso em me rever?" pensou e olhou para o Uzumaki atrás da mesa que havia olhado para trás só para vê-lo também. Sakura deu um passo adiante. Em sua direção. Mas ele voltou seu olhar para o Uchiha e o encarou com mais seriedade. 

— Ra… — Sasuke começou a sussurrar um nome que considerou a anos que não deveria mais usar. Ele até mesmo dava um passo adiante com seu braço direcionado ao mais jovem com a palma levemente fechada.

Então, Rin sentiu. A exaustão por usar tanto Chakra e o cansaço de seu corpo. Tudo de uma vez. Seus olhos retornam ao tom esverdeado e sua consciência se perde. Tudo o que pensou em dizer naquele momento se perdeu. Assim como equilíbrio que o mantinha na janela. E sua queda livre se reiniciou, mas desta vez Sasuke o salvou o colocando nos ombros e levando-o para o telhado mais próximo. Ele olhou para o escritório e sabia que passaria aquela noite obtendo respostas, mas antes teria de levar aquele garoto para algum lugar.

Rin abriu seus olhos, piscando algumas vezes, e se dando conta de que havia retornado para casa. Sentia-se uma vez mais revigorado. Ele olhou para o canto direito da cama e levantou as sobrancelhas ao ver que Misa estava ali, mas descansando com o rosto em cima dos braços. Sua atenção se desviou para a porta que era aberta lentamente e sua mãe entrava. Shiawase ficou em silêncio quando viu que seu filho estava desperto e abaixou a cabeça para suspirar.

— Graças a deus. — A rosada sussurrou e um sorriso breve tomou conta de seus lábios antes de se aproximar um pouco da cama. 

— Quantos dias? — Rin perguntou. Ele se sentia revigorado demais. Por isso acreditava que teria apagado por vários dias.

— Treze horas. Sasuke-san o trouxe um pouco depois que saiu. — Shiawase o respondeu e olhou para Misa adormecida e passou a mão direita com suavidade pela bochecha dela. — Misa, acorde. Ele está bem. —

"Trouxe?" Rin pensou e levou sua mão direita para a cabeça e fechou os olhos enquanto se sentava na cama. A última coisa que conseguia lembrar era de ter usado um Kage Bunshin para que retornasse a beirada do prédio do Hokage e mais nada. Ele abriu seus olhos ao escutar murmúrios e os concentrou por um momento nos olhos azuis de Misa que o olhava com uma visível felicidade. Antes que pudesse lhe dizer alguma coisa, a Yamanaka o abraçou e encostou o rosto em seu ombro.

— Você estava caindo, mas voltou a subir. E depois caiu, mas o Sasuke-san te salvou. Não me assuste, Rin. — Misa pediu.

Rin ficou em silêncio sem saber como deveria responder a garota, mas seu olhar se desviou para a mãe que havia retornado para a porta.

— Sasuke-san foi embora depois que o trouxe, mas voltou um pouco antes de começar a preparar o café. Ele está no jardim querendo uma palavra com você. — Shiawase comentou e coçou os olhos por alguns segundos antes de prosseguir numa pergunta. — O que você fez? —

— Nada até onde posso me lembrar. — Rin respondeu e sua atenção voltou para a Yamanaka que continuava o abraço. — Misa-chan, me espere lá embaixo, ok? Eu só vou conversar com Sasuke-san e aí podemos tomar um café da manhã. —

Misa apesar de não dizer nada concordou com o que foi dito. Ela parou de abraçar o rosado e foi embora do quarto junto de Shiawase. Rin se deitou novamente na cama e ficou olhando para o teto do quarto por alguns segundos, ou minutos, antes de inspirar com profundidade e soltar o ar acumulado lentamente. Ele saiu da cama e olhou para suas roupas, mas não deu a mínima e saiu do quarto normalmente. Em pouquíssimos minutos já estava na porta da frente e a abriu e, desta forma, saiu de casa e olhou para o lado direito. Uchiha Sasuke estava ali bem encostado e olhando para ele, mas parecia estar mesmo o avaliando. Rin ficou em silêncio, mas lentamente seu olhar gentil foi substituído pela calma seriedade semelhante do Uchiha. Sasuke acabou movendo sua cabeça e olhando para outra direção.

— Você irá comigo. — Sasuke quem começou aquela conversa e sua atenção se voltou para o mais jovem. — Treinará combate físico comigo durante esse período. —

— O que fez você mudar de idéia? — Rin perguntou e seu olhar se tornou um pouco mais sério.

[ ۝ ]

O Uchiha acabara de receber toda a explicação. Tudo o que sua esposa descobrirá nos últimos tempos foi passado para ele durante aquela madrugada no escritório do Hokage. Sakura até mesmo contou sobre as inúmeras qualidades que Rakun, ou melhor, Rin possuía. 

— Então, ele não se lembra de que está ativando o Sharingan em específicos momentos de raiva. Quantas vezes até agora? — Sasuke perguntou.

— Conosco foram três, mas pode ter despertado na última missão dele. — Sakura o respondeu e cruzou os braços abaixo dos seios.

Sasuke se aproximou da porta de saída do escritório e encostou sua mão na maçaneta, mas sua atenção se retornou para a rosada que não parava de olhá-lo. Ele ainda estava sério, mas acreditava em tudo aquilo.

— Vou roubar seu aprendiz por um tempo. — Sasuke comentou, enfim. — Pode ser que alguma coisa aconteça nessa viagem e ele tenha consciência de seus feitos. —

— Quanto tempo ficarão ausentes? — Naruto perguntou.

— Isso não é da sua conta, idiota. — Sasuke comentou antes de sair.

[ ۝ ]

— Nada demais. — Sasuke respondeu Rin depois de alguns segundos. — Vamos ao fim do dia. Se prepare. —

— Ah, tudo bem. — Rin comentou e não escondeu a felicidade que até mesmo aparecia como um brilho em seus olhos esverdeados. — Quer entrar e beber um café? Se bem que você seria outro alvo das perguntas dos meus pais. Eu tenho pena da Misa-chan. —

Rin nem mesmo obteve sua resposta. Ele foi deixado conversando sozinho já que o Uchiha ignorava qualquer coisa e partirá. O rosado inflou as bochechas com um desgosto por ter sido ignorado, mas acabou suspirando e voltando para dentro de sua casa. Então, seguiu para a cozinha e olhou para os três à mesa e aproveitou para se juntar a eles. 

— O que Sasuke-san queria? — Akami perguntou enquanto lia o jornal do dia que estava na mesa e terminava de beber um pouco de café e segurava um garfo com ovos.

A atenção de Shiawase e Misa se concentrou no garoto que suspirou e se serviu de uma xícara de café assim como seu pai.

— Eu vou com ele para um lugar por alguns dias. E vai aproveitar para me treinar. — Rin respondeu ao seu pai e tomou um gole de café e fez uma careta. — Eca, tá muito doce. —

— Como é? — Akami perguntou e levantou as sobrancelhas durante a pergunta.

— O café tá muito doce. — Rin repetiu o que havia dito anteriormente e olhou depois para Misa que o olhava também. — Você dormiu bem? — 

— Ah, sim. Mas acho que o que seu pai quer saber não é sobre o café, Rin. — Misa murmurou e não escondeu o ânimo pelo rosado ter se preocupado com ela. — Quanto tempo ficará longe? —

— Eu não sei, mas estarei de volta antes que comecem a sentir minha falta. — Rin comentou e pegou um pão e o preencheu de ovo e o mordeu. — Eu vou dormir mais um pouco. Vamos no fim do dia. —

— Para onde vão? — Shiawase perguntou.

— Um cara chamado Orochimaru. Ele pode saber alguma coisa sobre o grupo que pertencia o Gluttony. — Rin respondeu sua mãe e aproveitou para levantar os braços e se espreguiçar. — Quero saber sobre eles antes que as porcarias aconteçam. —

Qualquer um sabia da fama de Orochimaru, mas Shiawase e Akami também conheciam as habilidades de Sasuke Uchiha e imaginaram que o mesmo cuidaria do garoto. Além disso, Rin provavelmente não aceitaria um "não" deles e escaparia pela janela do quarto. O rosado terminava de comer e saia da mesa e depois da cozinha e retornou para o seu quarto onde preparou as coisas para a viagem e aproveitou para cochilar. 

[ ۝ ]

Horas depois. Já era o pôr do sol e o Uchiha encontrava-se aguardando nos portões da aldeia. Suas costas bem apoiadas e sua cabeça levemente abaixada e pensando em inúmeras coisas, mas ele a levantou quando escutou alguns passos e seu olho ônix se concentrou em Rin. O mais jovem usava uma jaqueta vinho com capuz, uma camisa preta de gola alta como usava em sua infância, aquecedores de pulso pretos visíveis, calça preta e, por fim, sandálias. Além de uma mochila nas suas costas. O mais jovem estava com as mãos nos bolsos da calça e o olhava com tranquilidade. E estava desacompanhado. 

— Cadê sua bandana? — Sasuke perguntou.

Rin soube que aquele era o momento de dar o troco. Ele passou pelo Uchiha em total silêncio, mas moveu o capuz de sua jaqueta de modo que o metal com o símbolo da aldeia fosse percebido pelo homem atrás dele. Um sorriso tomou os lábios do inexpressivo Uchiha por entender que aquilo era por não tê-lo respondido mais cedo. Sasuke, por fim, caminhou e não demorou para que ficasse lado a lado com o garoto. Enquanto os dois andavam, Misa terminava de correr até os portões e encostou numa das pilastras e tomou um fôlego que achava ser necessário. Seus olhos azuis estavam concentrados na dupla que cada vez mais se distanciava da aldeia, mas que com certeza a ouviriam se ela gritasse. Ela mordeu os lábios por um momento enquanto pensava no que devia dizer. Ela se desencostou da pilastra e inspirou o máximo que pôde e levou as palmas abertas para cada lado de sua boca e gritou com tudo o que podia.

— VOLTE LOGO, RIN. — Ela gritou com toda força de vontade.

Sua única resposta — e mais do que suficiente — foi o braço direito de Rin se levantando com o punho fechado, mas o polegar a mostra numa clara confirmação de que o mesmo retornaria. E o quanto antes. Era nisso que ela mais queria acreditar.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Tales of a Uchiha" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.