Tales of a Uchiha escrita por Saberus


Capítulo 211
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Poucas horas se passam desde a chegada ao palacete no País dos Vales, tendo já acontecido o pôr do sol e o aparecimento da lua minguante, assim como uma pequena queda na temperatura, mas nada prejudicial. O usuário de machados, que encontrava-se num quarto do terceiro andar daquela luxuosa construção, decidirá por manter-se na cama após um banho demorado de água quente, dessa maneira tendo uma toalha envolvendo sua cintura e deixando em exibição o abdômen de seis gominhos e contendo antigas cicatrizes, como por exemplo uma que cortava-o na clavícula esquerda e chegava até a cintura, ao lado direito, ou outra que tinha o particular formato de "x" bem perto de sua cintura, ou uma cicatriz de poucos centímetros em seu peito direito. Este encarava com desinteresse o teto do quarto, ao mesmo tempo que mantinha as mãos atrás da cabeça, porém acabou por fechar os olhos e suspirando no instante que batidas soaram em sua porta. 

Ele saiu de sua cama e removeu a toalha de sua cintura e jogou-a no chão, não dando a mínima pela falta de vestimenta, afinal sabiamente escolheu usar uma cueca boxer após aquele demorado banho. Ele aproximou-se da porta e levou a mão direita para a maçaneta, assim girando-a e abrindo um pouco a porta, dessa maneira reparando em Ryūsei do outro lado. 

A espadachim escolherá vestir-se com uma saia vermelha que chegava aos calcanhares e uma camiseta branca com mangas até seus pulsos, e poderia parecer à primeira vista que estava desarmada, mas era de se imaginar que haveria alguma coisa escondida embaixo do tecido avermelhado. Ela manteve os braços cruzados abaixo dos seios quando reparou na ausência de roupas do usuário de machados, assim levantando uma sobrancelha e parecendo um pouco emburrada.

— O que foi? — Musashi perguntou. E ele obviamente parecia um pouco curioso com aquele incomum comportamento.

— Eu imaginei que já estivesse pronto para esse jantar, Musashi. — Ryūsei disse com um óbvio desgosto, assim como uma certa repreensão no usuário de machados.

— Eu tô pronto. Só preciso colocar uma roupa, não dá para descer apenas de cueca boxer. — Musashi disse ao mesmo tempo que aproveitava para abrir mais a porta do cômodo.

— Então você não está pronto. — Ryūsei disse com um tom ligeiramente provocativo.

O usuário de machados revirou significativamente seus olhos, então tomou um pouco de distância, assim retornando para a cama e olhando para a roupa que escolherá vestir naquele dia; camisa social vermelha, calça preta que passava um pouco dos joelhos e sandálias com abertura para os dedos. Ele pôs as mãos na cintura e voltou a deitar-se e suspirou enquanto fechava seus olhos ao mesmo tempo que semicerrava as sobrancelhas, confiando um pouco na audição para que soubesse a distância da ruiva em seu quarto, porém voltou a abrir seus olhos com um movimento na cama, assim reparando que ela escolherá sentar-se ao lado direito do colchão e manter as mãos no colo, porém a atenção da mesma era em seu abdômen exposto e nas numerosas cicatrizes, assim não demorando para levar a mão direita para uma pequena em formato de "X" próxima da cintura dele. 

— Como você ganhou essa cicatriz? — Ryūsei perguntou e gentilmente passou a ponta dos dedos por aquela marca de batalha. 

— Era moleque, uns dez anos e houve uma empolgação no treinamento, lá no País do Ferro, e acabou que uma pessoa me machucou, mas não deixei barato. Foi nesse dia que ganhei o apelido de Cachorro Louco. — Musashi respondeu com divertimento, como se realmente gostasse de lembrar daquele perturbador acontecimento, então continuou. — Você tem uma cicatriz na barriga, não é verdade? De poucos centímetros, pude ver durante a minha queda. Quer me contar sobre ela? —

— Onze anos, com um pouco de treinamento comecei a supor que já estava pronta para enfrentar bandidos, mas me enganei. — Ryūsei disse ao mesmo tempo que levava a mão disponível para a barriga, assim acariciando e dando continuidade com um sorriso mínimo. — Se a lâmina me atingisse um pouco mais em baixo, pode-se dizer que minha família teria que contar com meu primo para dar seguimento às próximas gerações. — A espadachim moveu a mão que estava no usuário de machados, assim chegando noutra cicatriz, porém dessa vez sendo em diagonal e a maior de todas, então continuou. — Me conta sobre essa. —

— Do homem que me ensinou. Mifune é o general do País do Ferro, mas também um excelente professor e enxergou potencial em mim quando mais ninguém via. Ele me ensinou tudo que estava ao seu alcance, e ainda me deu essa cicatriz para que não o esquecesse. Eu que pedi por essa eterna lembrança, e ainda brinquei que cicatrizes nas costas são uma vergonha para os samurais. Essa foi a primeira vez que fiquei à beira da morte. — Musashi respondeu e usou a ponta dos dedos da mão esquerda para coçar a nuca, então continuou. — É essa a história da cicatriz, nada demais. —

Ryūsei ficou em silêncio, porém atenta nas cicatrizes que adornavam o corpo masculino, mas não tendo muito sucesso, por isso que guiou sua mão direita para a bochecha quente do usuário de machados, então acariciou com o polegar a marca que deixará no primeiro confronto, ou seja, uma eterna recordação de como tudo começou. O mesmo preferiu ficar em silêncio, e igualmente concentrado na espadachim que tinha seus olhos carmesins vidrados em seus olhos escuros.

— E eu pensando naquela ocasião que essa viria a se tornar a sua primeira cicatriz. — Ryūsei disse com um ligeiro ânimo e continuou acariciando o corte, ou melhor, a bochecha do usuário de machados.

— Sinto muito. Esse corpo já estava cheio de marcas antes de você chegar, mas confesso que essa é a minha favorita. — O usuário de machados disse com certo ânimo e levando sua mão direita para cima da mão da espadachim. 

A espadachim sorriu um pouco por saber que a marca deixada tinha o favoritismo do usuário de machados. Ela até pensou em formular um comentário, porém percebeu o olhar do usuário de machados, até mesmo um sutil movimento de sua cabeça, como se pedisse para que não disse mais nada, que provavelmente o assunto em questão já havia se encerrado no elevador. Por isso a mesma suspirou com certo desapontamento, e logo levou a mão disponível para a camisa social que ele viria a usar no jantar e jogou-a no abdômen dele, então cruzou os braços abaixo dos seios e apontou para um ponto qualquer e necessariamente longe da cama, algo que chamou a atenção de Musashi que naquele momento já escolhera sentar-se, e assim tentar entender a incomum racionalidade da ruiva. Ele olhou para o ponto indicado por ela, depois voltou a atenção para a espadachim.

— Vá se vestir, ou vou levá-lo assim mesmo para o jantar. — Ryūsei disse com certa provocação e sorriu pelo canto esquerdo dos lábios. 

O usuário de machados soltou um breve riso, mas fez questão de obedecer a espadachim, assim tornando a sair da cama com as roupas em mãos e manter-se relativamente longe da cama e não dando importância para a atenção que recebia em suas costas. Ele baixou um pouco a cabeça e soltou um riso baixo quando sentiu uma das mãos da espadachim numa certa área de suas costas, então moveu a cabeça para o lado direito e pode encará-la concentrada em algo que havia na parte de trás de seu corpo. Ele sabia bem que ela encarava uma enorme cicatriz num formato desfigurado, nada idêntico a qualquer lâmina. 

— O que foi isso? — Ryūsei perguntou. Ela gentilmente acariciava a cicatriz e tentava mesmo entendê-la.

— Meu primeiro e único confronto com a antiga especialista em Taijutsu, Kanako Urai. Essa cicatriz, apesar de estar nas minhas costas, não é uma vergonha, mas um símbolo de minha sobrevivência e respeito por aquela pessoa. Nesse dia, seis costelas foram fraturadas, meus braços quebrados e alguns órgãos ficaram em mau funcionamento. Essa foi a segunda vez que cheguei à beira da morte. — Musashi respondeu e levou a mão direita para a barriga e fechou por um momento seus olhos, então deu continuidade com um sorriso um pouco maior no canto esquerdo dos lábios. — Ela me derrotou em cinco segundos, num único movimento. —

O usuário de machados voltou a ficar em silêncio, por isso aproveitou para vestir a camisa social vermelha e fez o mesmo com a calça preta, então virou-se e ficou de frente para a espadachim que encarou-o cautelosamente. Ryūsei tornou a cruzar os braços abaixo dos seios, suspirou e tomou um pouco de distância, assim causando um breve contentamento em Musashi que levantou os braços e inclinou o corpo para trás, assim se espreguiçando e seguindo para a cama na intenção de sentar-se para equipar-se com as sandálias.

— O que dará de presente para eles? — Ryūsei perguntou ao mesmo tempo que aproximava-se da porta e mantinha as costas escoradas na parede à esquerda.

— Já estou dando tantos presentes para eles de maneira indireta, não é suficiente? Foi minha a ideia dessa momentânea dissolução para irem atrás de presentes para o casamento, então considero que estou dando montes de presentes. — O usuário de machados respondeu e sorriu pelo canto dos lábios, então olhou para a espadachim e deu continuidade. — E quanto a você? —

— Eu acho que não funciona assim. — Ryūsei sussurrou com certo divertimento, mas não demorou para dar continuidade quando pareceu mais orgulhosa. — Darei um Kanzashi para cada um deles, ambos contendo o símbolo de Amegakure, e serão itens que completam um ao outro. —

— Agora estou interessado nisso. — Musashi disse e levantou uma das sobrancelhas, mas não demorou para continuar quando se aproximou da porta e olhou para a espadachim. — Vamos? —

Ryūsei optou por seu silêncio, porém não demorou para agir e levar seu braço direito para o esquerdo do usuário de machados, assim entrelaçando-os e aproveitando para ficar mais próxima dele e encarou-o momentaneamente. Musashi parecia sério com aquela decisão, mas não reprovava aquela ação, não enquanto fossem apenas eles no caminho para o salão de jantar. Ele casualmente acompanhou a espadachim para fora do quarto enquanto deixava a mão direita no bolso da calça. 

[ ۝ ]

Por volta de quarenta minutos depois, eis que o usuário de machados encontrava-se sentado num elegante assento e com uma lindíssima mesa de jantar à disposição para ele e mais quatro pessoas, a maioria já estava se alimentando e encontrando meios para colocarem as notícias em dia. Ele certamente nunca imaginou que acabaria jantando na mesma mesa que um Daimyo e sua família, mas não se sentia tão deslocado, afinal Ryūsei, que escolheu um assento ao lado do seu, ajudava-o com talheres de tempos em tempos. Musashi, que segurava um garfo com um pedaço generoso de carne, direcionou sua atenção para Kinzoku no momento que este chamou por seu nome.

— Estou curioso quanto a um assunto, Musashi. Minha filha contou a respeito de sua Talassofobia, mas o País do Ferro tem sua localização no mar, assim como o País da Água e mais alguns outros países, então conte-me. Como saiu de lá? — Kinzoku perguntou e sorriu pelo canto direito dos lábios enquanto concentrava seus olhos sérios e calmos no usuário de machados.

— Me deram alguns remédios bem fortes, então me jogaram num quarto e apaguei durante toda a viagem. — Musashi respondeu com um ligeiro divertimento, afinal aquilo era tudo que se lembrava da sua viagem de barco.

— E o que fez? Onde o barco atracou e o que fez em seguida? — O Daimyo perguntou dessa vez, este parecendo bem interessado naquela incomum história.

— O barco atracou no porto de Kumogakure, e o que fiz em seguida foi beijar o chão não me incomodando com quem, ou o que, havia acontecido naquele piso antes de tê-lo beijado. — Musashi respondeu e soltou um riso baixo e de curta duração, mas não demorou em continuar. — Não fiz nada demais em Kumogakure, apenas procurei por adversários fortes e enfrentei cada um deles, vencendo-os. E depois me tornei um andarilho… caminhei de Kumogakure até Takigakure, de Takigakure até Iwagakure, de Iwagakure até Kusagakure, sempre enfrentando pessoas fortes, sempre conhecendo a história da região até certo ponto, ou aprendendo alguma técnica, então cheguei em Amegakure e soube a respeito do Coliseu, então me alistei e sai vitorioso, assim pude conhecer Tsuyu e seu ideal para Amegakure, que naquela época sofria com os terrores de um certo inimigo, e novamente aceitei uma proposta que me tornaria o líder de um esquadrão que seria focado em Kenjutsu. E conforme o tempo passava pude ir conhecendo mais pessoas, me sentindo cada vez mais em casa quanto mais se uniam a aquele propósito. E então, Rin, ou Rakun, não importa como o chamo, apareceu como participante do Coliseu e soube que alguma coisa mudaria quando o vi derrotando uma pessoa que até aquele momento pensei que era invencível, e coisas realmente aconteceram. — Musashi disse enquanto mantinha sua expressão bem suave, mas então olhou em volta e soltou um riso baixo e pouco duradouro antes de acrescentar. — Desculpem, acabei me prolongando. —

— Não tem problema. — O Daimyo disse e parecia satisfeito em conhecer de forma resumida a história do usuário de machados.

— Como é sua rotina, Musashi? — Kinzoku perguntou enquanto cortava com casualidade um pedaço de bife, porém mantendo a atenção no usuário de machados.

— Minha rotina? Todos os dias são uma surpresa, mas em geral… — Musashi semicerrou um pouco as sobrancelhas e aproveitou para pôr o garfo no prato antes de dar continuidade. — …acordo às quatro e meia da manhã e faço alguns exercícios e, com alguns Kage Bunshin, umas simulações de combate até às sete da manhã, então aguardo até o despertar do líder da Mangetsu e nesse meio tempo Ryū-... sua filha me acompanha e conversamos sobre uma diversidade de assuntos, depois é o café da manhã e mais alguns exercícios, então o almoço e aí passo o dia inteiro treinando meu esquadrão de Kenjutsu, indo até às dezoito horas. — O usuário de machados respondeu e aproveitou para cruzar os braços, então deu continuidade. — Às vezes, quando nada acontece, acabo servindo de babá. —

Ryūsei levou a mão direita para frente da boca, assim gargalhando com a última parte daquela resposta e usando o cotovelo para golpear Musashi, assim fazendo com que este a encarasse com certo contentamento. 

— Não estou mentindo. Você também está se tornando uma babá, por acaso se esqueceu que Doro te entrega Arashi como uma punição?. — Musashi disse e acabou aumentando um significativo sorriso. 

— Eu não disse que estava mentindo. Só achei engraçado você mencionar sua segunda função. — Ryūsei disse com mais ânimo e não demorou para dar continuidade. — Eu ainda me lembro das caretas que você fez para Fukai não chorar naquele dia. —

— Fukai? Arashi? — O Daimyo perguntou. Ele obviamente parecia curioso com aquele assunto, assim como contente pelo contentamento de sua neta. Ele não demorou para continuar. — Quem são esses dois? —

— Fukai é filho do Rin, nasceu há pouco tempo, no dia quatro de Julho se me lembro bem. E Arashi é filha de Tsuyu, nasceu no dia primeiro de Abril, é um bebê com um comportamento bem difícil. — Ryūsei respondeu com um certo ânimo e direcionou sua atenção para o usuário de machados, então continuou com um sorriso malicioso e provocativo. — É o tio malvado. —

— Eu não imaginaria que aquele garoto teria um filho. Mande minhas congratulações para ele, e também para esse sujeito chamado Tsuyu. — O Daimyo disse com um certo ânimo, mas não demorou a prestar atenção no usuário de machados e deu continuidade. — E você… é Musashi do que? Qual o nome de seu clã no País do Ferro? —

— Meu clã? Eu não tenho um clã, e se tenho nunca foram atrás de mim. Os samurais foram igualmente atingidos na última guerra, por isso não tenho como saber quem foi a minha família, nem mesmo lembro seus rostos. Mas eu não dou a mínima para esse detalhe, pois recebi a criação de Mifune. — Musashi respondeu e levou as mãos para trás da cabeça, assim entrelaçando-as e suspirando com um pouco de desinteresse.

— Eu nunca vi um samurai usando machados como arma principal. — Kinzoku disse. Ele sentia a necessidade de mudar um pouco daquele assunto que criou uma péssima atmosfera no ambiente. Ele não demorou em continuar. — Porque machados? —

— O arremesso é melhor. Eu poderia usar algumas kama, mas as lâminas não conseguiram me agradar. Além disso, as pessoas nunca esperam que um machado seja arremessado. — Musashi respondeu e removeu as mãos de trás da cabeça, assim colocando-as na mesa e deixando o assento, então continuando. — Não estou com muita fome, então obrigado pela refeição. —

Ryūsei olhou para o prato de Musashi. A carne, mesmo cortada, não foi aproveitada, além de haver muito do principal em exibição e intocável por aquele garfo. Ela direcionou sua atenção para o usuário de machados, assim vendo-o sorrindo, mas de um jeito um pouco forçado, e suas bochechas e orelhas levemente ruborizadas. Ela voltou a olhar para o pai quando este se pronunciou.

— Aguarde você amanhã às seis e meia. Não vá me decepcionar, garoto. — Kinzoku disse com um certo ânimo, então não demorou para acrescentar. — E tenha um bom descanso. —

— Obrigado, aos senhores também. — Musashi disse e baixou a cabeça para uma reverência, então olhou para a ruiva ao seu lado e deu continuidade. — Tenha uma boa noite, Ryūsei. Qualquer coisa, grita. —

A espadachim baixou a cabeça, assim soltando um riso demorado e baixo com o pedido do usuário de machados que aceitara aquele gesto como uma resposta positiva, por isso que este tomou a distância daquela mesa e, levando as mãos para os bolsos, deixou o salão de jantar para que voltasse ao seu quarto. A espadachim voltou sua atenção aos pais no momento que o usuário de machados deixou o ambiente, assim levantando uma das sobrancelhas quando sentiu a atenção do pai e do avô.

— O que foi? — Ryūsei perguntou. Ela parecia bem curiosa quanto a aquela nova situação.

— Vocês se dão bem, e parecem íntimos. — Kinzoku disse com um certo divertimento, até mesmo com malícia nas entrelinhas, seu olhar parecendo bem gentil para a filha, então continuou. — Se ele magoá-la, pode ter certeza que um exército bem armado o perseguirá até os confins do mundo. —

Ryūsei ficou num momento de silêncio, mas não se conteve, por isso começou a gargalhar como se achasse realmente graça na ameaça de seu pai. Por causa da conversa recente, está sabia que o usuário de machados não possuía qualquer intenção de magoá-la, ou de ter uma relação mais íntima do que já tinham, por isso tal coisa como engraçado.

[ ۝ ]

E assim a noite passou, sendo substituída por uma agradável manhã conforme as horas avançavam. Kinzoku, junto de Ryūsei e tantos outros soldados, já tinha tudo pronto para o exercício inicial que envolvia seis voltas no palacete para que houvesse uma preparação simultânea, e apenas aguardavam pela chegada de um certo usuário de machados. Ryūsei, que naquele momento deixava seu cabelo solto e vestia-se com uma camisa regata branca e uma legging preta, levantava os braços com as mãos entrelaçadas para esticar-se o suficiente e aliviar um pouco da preguiça, depois alguns agachamento com as pernas esticadas para que não houvesse problema durante aquele primeiro exercício matinal.

— Alguns guardas disseram tê-lo visto treinando até às três da manhã, então é possível que esteja cansado demais para comparecer. É uma pena, mas vamos ter de começar sem ele. — Kinzoku disse ao mesmo tempo que levava as mãos para a cintura e direcionava sua atenção para a filha.

Ryūsei estava para dizer alguma coisa, mas olhou para cima, assim como tantas outras pessoas, quando escutou-se um assobio, dessa maneira reparando no usuário de machados que estava na varanda do quarto e encarando-os com um sorriso cheio de convencimento, até mesmo superioridade, ao mesmo tempo que segurava uma tantō na mão direita e de maneira inconsequente lançava a arma cuja lâmina vermelha escura tinha dezesseis centímetros. A lâmina cortou com eficiência o ar e cravou-se no gramado, muito próximo de Kinzoku que olhou espantado para aquela arma e depois voltou a atenção para a varanda, mas o usuário de machados não encontrava-se mais naquele lugar. Ryūsei era a única que olhava para o gramado e sorriu quando Musashi veio a aparecer no mesmo lugar que a lâmina se encontrava. 

Ele estava ajoelhado e com os braços em cima dos joelhos, além de sua cabeça abaixada, e vestia-se com uma bermuda preta de listras verticais brancas e mais nada, levando alguns segundos para se levantar e dando um passo para trás antes de semicerrar por um momento as sobrancelhas. Seu rosto estava um pouco mais corado que o habitual. E ele não demorou para seguir andando e passar pela espadachim, assim ficando próximo de Kinzoku que encarou-o com um ligeiro ânimo.

— Desculpe o atraso. — Musashi disse e sorriu pelo canto esquerdo dos lábios, então levou as mãos para a cintura e deu continuidade. — Meu corpo queria descansar mais um pouco, mas isso não vai acontecer. —

— É assim que se fala. Sem qualquer tipo de moleza, garoto. — Kinzoku disse com certa animação e depois voltando sua atenção para os soldados, então continuou quando levantou o braço direito com o punho fechado. — Vamos, soldados! Vocês já deviam estar concluindo a primeira volta! —

Os soldados riram, mas não demoraram para iniciarem a corrida, estes seguindo obviamente na frente enquanto Kinzoku, Ryūsei e Musashi iam atrás no mesmo ritmo. A espadachim olhava em alguns momentos para o usuário de machados e via-o ofegante e mantendo as sobrancelhas semicerradas, assim como um pouco de suor escorrendo por seu rosto, mas a mesma achava estranho que aquilo acontecesse logo na primeira volta, ainda mais com alguém habituado a treinamentos matutinos.

— Musashi… — Ryūsei chamou pelo usuário de machados, assim não demorando em continuar quando recebeu um simples olhar dele. — …você está bem? Não acha melhor voltar ao quarto e desca-... — Ela não concluiu seu comentário.

O antigo habitante do País do Ferro apenas sorriu e lentamente ergueu sua cabeça, em seguida este abriu a boca um pouco mais e veio a cair no chão, assim chamando a atenção de alguns soldados na retaguarda, mas também as atenções de Kinzoku e Ryūsei que apressadamente se ajoelham para ver se o usuário de machados havia se machucado. A espadachim colocou a mão direita no ombro esquerdo dele e quase imediatamente recuou com sua mão e olhou para o pai que havia se ajoelhado ao lado da filha.

— Ele está abdurdamente quente. — Ryūsei disse com uma óbvia preocupação.

— Certo… — Kinzoku disse e aproveitou para se levantar, então olhou para os soldados que haviam parado a corrida e apontou para três indivíduos. — …levem-no ao quarto, e depois chamem por um médico. —

Os soldados obedeceram, assim dois seguraram o usuário de machados por seus braços e pernas e levaram-no para longe, de volta ao quarto enquanto com Ryūsei em seus encalços, que em momento algum escondia a preocupação que sentia pelo usuário de machados inconsciente, ao mesmo tempo o terceiro soldado seguia a segunda ordem, ou seja, ir atrás de um médico. 


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