Tales of a Uchiha escrita por Saberus


Capítulo 210
S09Ch08;




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/802805/chapter/210

Era o dia seguinte, porém nem tão cedo assim, sendo por volta de nove horas. A chama, que queimou gravetos e folhas por toda aquela noite, cessará a poucas horas. O usuário de machados, com os braços cruzados desde que pegara no sono, ganhou aos poucos consciência e vagaroso abriu seus olhos, assim concentrando-os preguiçosamente no que restava da fogueira, então fechou-os novamente e passou a língua em seus lábios secos antes de abrir a boca para um duradouro bocejo enquanto uma lágrima solitária escorreu de seu olho esquerdo, então levantou os braços com a única intenção de espreguiçar-se e aliviar a tensão muscular pela maneira incorreta que dormiu. Musashi apenas interrompeu com suas ações quando deu-se conta de um detalhe curioso que o despertou mais rápido. Esse detalhe era a ausência de Ryūsei que deveria estar dormindo em seu ombro, assim como aconteceu na noite passada, porém a ruiva não se encontrava em repouso. Ele se levantou, logo ergueu os braços ao mesmo tempo que entrelaçou suas mãos e curvou-se para frente e depois para trás, assim conseguindo aliviar mais um pouco da tensão remanescente. 

O usuário de machados, olhando em volta na esperança de achar alguns rastros de luta ou coisa do gênero, não demorou para notar algumas pegadas, mas para o seu agrado eram pequenas e do mesmo calçado que a espadachim usava na noite anterior, assim supondo que não aconteceu nada de tão relevante, mas levou sua mão direita até a mais próxima e semicerrou um pouco as sobrancelhas. "Está fresca ainda. Não tem muito tempo que saiu…" pensou e afastou a mão da pegada e levou-a para trás da cabeça, assim coçando-a por breves segundos e olhando para o rastro deixado pela espadachim, idealizando naquele instante que o melhor a se fazer era esperar por seu retorno, porém abandonou tal pensamento quando um barulho chamou sua atenção e parecia originar-se da onde as pegadas levavam, por isso que semicerrou mais suas sobrancelhas, assim assumindo sua típica expressão séria e puxando do interior do manto sua tantō de lâmina de dezesseis centímetros e vermelha escura contendo um kanji na mesma, então levou o cabo da espada curta para os lábios e manteve-a entre os dentes ao mesmo tempo que ocupava as mãos com seus machados, assim imaginando que acabaria com qualquer ameaça.

O usuário de machados não demorou para disparar, assim seguindo de encontro ao local que originou-se o barulho que chamou sua atenção. Em dado momento, este acabou saltando em para o galho de uma árvore e aproveitando da atual velocidade para saltar novamente, assim impulsionando-se para frente e indo consideravelmente mais alto e alcançando o próximo galho e saltando novamente e segurando os machados com mais força ainda. As árvores acabaram durante aquele último salto, assim chegando no riacho que frequentou no dia anterior para a pesca de alguns peixes e depressa levantou as sobrancelhas e suas bochechas se esquentando quando teve compreensão do cenário; Ryūsei, molhada e com o belíssimo cabelo escorrendo por seu corpo igualmente belo e nu, com mechas escondendo parcialmente os seios, com água até a cintura. A mesma parecia no primeiro momento curiosa, porém assumiu uma inconfundível expressão de surpresa com as bochechas incrivelmente ruborizadas, então berrou a plenos pulmões.

Depressa, Musashi atirou seus machados numa árvore, assim as lâminas atingiram e perfuraram fundo o tronco, ao mesmo tempo segurou a tantō e lançou-a para outra árvore. E com um pouco mais de atenção deu-se conta de roupas perfeitamente dobradas na margem daquele riacho. O mesmo sentiu as bochechas se esquentarem mais do que antes quando identificou as roupas íntimas da espadachim; calcinha vermelha e sutiã preto. Ele ficou simplesmente sem qualquer tipo de reação enquanto a gravidade agia e fazia-o cair de barriga na água e submergindo, mas não levou muito tempo para emergir e tossir um pouco d'água e direcionar sua atenção para a espadachim que tinha coberto os seios com um cruzamento eficaz dos braços, e novamente não demorou para que o mesmo desviasse sua atenção para o céu enquanto o calor não abandonava suas bochechas. 

— Vai ficar quieto!? — Ryūsei perguntou com raiva, surpresa e confusão, na realidade não sabendo exatamente como se expressar, mas não demorou para continuar. — O que está fazendo aqui? —

— Eu… — Musashi olhou para a espadachim, porém acabou concentrando-se demais nos seios escondidos por aqueles braços, por isso optou por ficar de costas para a mesma e dar continuidade. — …ouvi um barulho, então pensei que estivesse em perigo, não que tomava banho. Eu sinto muito. —

— Barulho? Devia ter sido eu caindo na água. — Ryūsei disse e encarou as costas do usuário de machados por alguns segundos a mais, então continuou enquanto perdia o calor das bochechas. — Quis aproveitar que estava dormindo para tomar banho, mas não imaginei que acordaria pouco depois da minha saída. —

— Isso… — Musashi moveu sua cabeça para trás, porém engoliu em seco e voltou a olhar para frente e para cima, então deu continuidade enquanto as bochechas se esquentam mais. — …não foi inteligente, Ryūsei. Não sabemos se estamos sozinhos e você foi logo se distanciando do acampamento e ficando desprotegida. —

A espadachim foi para a parte rasa do riacho, assim podendo se sentar e ainda sentir-se grata pela água escura ter a capacidade de esconder seu corpo. Ela sorriu pelo canto esquerdo dos lábios quando reparou que o usuário de machados fazia de tudo para não vê-la, assim entendendo que o mesmo possuía um lado tímido.

— Você ficou preocupado comigo? — Ryūsei perguntou um pouco baixo ao dar-se conta de um comentário recente do usuário de machados.

— O que? — Musashi perguntou e moveu sua cabeça para o lado, assim enxergando a espadachim, mas depressa voltando a olhar para frente e depois para cima, então continuou. — O que você disse? —

— Se você ficou preocupado. — Ryūsei disse enquanto suas bochechas voltam a ganhar aquele rubor de a pouco, assim também esforçando-se para não sorrir.

— Sim. Eu fiquei preocupado. Não sabia onde estava e o barulho podia ser qualquer coisa. Eu não tive tempo de raciocinar que você estava tomando banho. — Musashi disse e semicerrou um pouco suas sobrancelhas e cruzou seus braços.

— Porque? — Ryūsei perguntou enquanto concentrava seus olhos carmesins nas costas do usuário de machados, mas não demorou para dar continuidade. — Porque se preocupou comigo? —

Musashi ficou em silêncio. Ele sentia as bochechas e orelhas se esquentarem um pouco com aquela pergunta, até mesmo fechou as mãos em punhos e semicerrou mais as sobrancelhas, então suspirou e baixou a cabeça, assim direcionando seus olhos para seu reflexo e engolindo em seco antes de desaparecer da água, assim aparecendo ao lado do tronco que seus dois machados foram parar, não incomodando-se com as roupas molhadas e pegando as armas, sua tantō já ocupava a mão direita. Ele observou as costas nuas de Ryūsei enquanto a mesma movia a cabeça para encará-lo no aguardo da sua resposta.

— Já disse inúmeras vezes. Você é a neta de um Daimyo, por isso sua cabeça pode ser a mudança na vida de qualquer bandido, por isso me preocupei. — O mesmo comentou e não demorou para pôr os cabos de suas armas nos ombros, então direcionar a atenção para onde era o acampamento e deu continuidade. — Não vou mais incomodá-la, então pode terminar seu banho e se preparar para continuarmos a viagem. —

— Só por isso se preocupou? Só porque sou neta do Daimyo? — Ryūsei perguntou e levantou as sobrancelhas enquanto o encarava com certa meiguice, não dando importância ao resto do comentário.

Musashi ficou em silêncio. Ele levantou a cabeça e encarou o céu por um momento, então baixou-a ao mesmo tempo que suspirava e concentrava seus olhos na espadachim, assim balançando a cabeça como se concordasse com o comentário dela e semicerrou um pouco mais as sobrancelhas, então seguiu na direção do acampamento sem dizer qualquer palavra. Ryūsei encarou o caminho feito pelo usuário de machados por algum tempo, porém voltou seu olhar para o reflexo na água e bufou com um nítido descontentamento.

[ ۝ ]

Para a felicidade de uns, e infelicidade de outros, não houve qualquer problema na viagem a caminho do País dos Vales, não levando mais do que seis horas para que chegassem ao destino, ou quase lá. O usuário de machados foi o primeiro a deixar a densa vegetação de uma montanha, assim concentrando-se no trajeto restante que era uma estrada qualquer pela montanha e que levava até o outro lado bem enevoado que era resguardado, este acabou olhando para trás quando ouviu a vegetação se mexendo, assim concentrando-se em Ryūsei que demonstrava um certo cansaço pela longa viagem. A espadachim, sentindo-se aliviada por deixar a floresta, curvou-se o máximo que pode e levou as mãos para os joelhos perfeitamente dobrados.

— Já tem ideia do que encontrará para eles? — Musashi perguntou ao mesmo tempo que cruzava seus braços e levava as mãos para os cotovelos.

— Uma vaga noção. — Ryūsei disse com pouco fôlego, então sentou-se no chão e olhou para cima, então continuou. — Me deixe descansar um pouco. Eu não consigo acreditar ainda que corremos por duas horas. —

— Teríamos perdido a vantagem visual. Viajar de noite é sempre um problema, afinal não sabemos o que podemos encontrar no caminho, nem dizer com precisão quantos inimigos são. — Musashi disse com aspereza e rapidamente se ajoelhou ao lado de Ryūsei e estendeu os braços em sua direção. — Se segure em mim. —

Ryūsei não entendeu de início o pedido do usuário de machados, mas logo se surpreendeu quando o mesmo, um pouco irritado pela demora, guiou os braços para envolvê-la por sua barriga, assim levantando-a e colocando, em simultâneo, a mesma em seu ombro direito, ao mesmo tempo sua mão repousava no joelhos dela, a espadachim não escondia a vergonha por aquele acontecido.

— O que… o que pensa que está faze-... fazendo? — Ryūsei perguntou enquanto suas bochechas ficaram coradas, assim como tentava esconder o rosto com uma das mãos.

— Te carregando pelo resto do caminho, afinal está cansada demais para andar. — Musashi disse com descaso, este já usando a mão esquerda para puxar a tantō da parte de trás da sua cintura. 

— Sou pesada, então me solte, Musashi! — Ryūsei disse com um tom manhoso, além de cada vez mais envergonhada quando se dava conta do cenário. 

— Verdade que é pesada, mas até que estou impressionado por não ser tanto assim. — Musashi disse e logo sentiu um arrepio se espalhar por todo seu corpo, isso só acontecendo por causa do espadachim que lhe beliscou nas costas de maneira impiedosa.

— Não se deve dizer para uma dama que ela é pesada. Tente aprender ao menos isso, se quiser agradar as mulheres a sua volta. — Ryūsei disse com ódio, tendo obviamente desgostado ser chamada de pesada pelo usuário de machados.

Musashi suspirou com óbvio desagrado, pensando, ou imaginando, o que aconteceria se, acidentalmente, cravasse a lâmina de sua tantō na coxa esquerda da espadachim, porém acabou suspirando novamente, assim abandonando a ideia e dando início a sua caminhada enquanto a carregava em seu ombro, mas não levou muito tempo para que este lançasse sua arma, assim a lâmina cortou maravilhosamente o ar e cravou-se na parede rochosa da montanha e numa distância consideravelmente próxima do portão que era resguardado por uma única pessoa que apenas olhou em volta para entender o que havia acontecido, não demorando mais do que um milissegundo para que o usuário de machados, carregando a espadachim em seu ombro, surgisse no campo visual daquela pessoa que estendeu sua Nagamaki quando percebeu a aproximação.

— Alto! — O guarda disse.

— Eu poderia desarma-lo em dois segundos, quebrar essa Nagamaki e enfiar um dos pedaços no… — Musashi começou a dizer, porém acabou sendo censurado quando sentiu um soco em suas costas, assim olhando irritado para o lado e suspirando novamente, então voltou a atenção para o guarda. — …sou um humilde viajante na companhia da neta do Daimyo. Diga oi, Ryūsei. — O usuário de machados ficou de costas para o guarda.

O guarda baixou um pouco sua Nagamaki quando percebeu que Ryūsei, a neta do seu Daimyo, encontrava-se de fato no ombro do sujeito que o ameaçou a pouco. Ela moveu o braço direito, dobrando-o um pouco e acenando com a palma aberta para o guarda que pareceu cada vez mais confuso com o cenário não habitual.

— O-... Oi. — Ryūsei disse, está sentindo-se cada vez mais envergonhada, mas não demorou para acrescentar. — Podemos ir adiante? —

— Ryūsei-sama! — O guarda disse e cravou a Nagamaki no chão, deixando-a ereta, e olhando para cima como um verdadeiro soldado recebendo ordens superiores, então continuou. — É claro que pode adentrar. Seu pai ficará mais do que contente ao ser notificado do seu retorno, mas antes… quem é esse sujeito que a carrega? —

— Este é meu companheiro. Musashi, do País do Ferro. — Ryūsei disse com gentileza e sorrindo de maneira terna para o guarda, então continuou. — Ele pode parecer grosseiro, ou uma ameaça, mas é um… — Ela acabou não concluindo seu comentário apenas porque sentiu um beliscão em sua coxa direita, assim cobrindo a boca com as duas mãos.

O guarda, por mais duvidoso que estivesse, aceitou e deu passagem, nesse momento o usuário de machados ficou de frente para ele e caminhou, assim passando pelo mesmo com um óbvio desinteresse e levando a mão esquerda para o bolso da calça enquanto seguia para aquele portão que dava acesso a um elevador. Musashi olhou em volta com um mínimo de interesse, porém voltou a encarar as portas metálicas quando se fecharam e uma peculiar música começou a ser tocada conforme o elevador descia. O usuário de machados atentou-se na paisagem que dava para ser apreciada por mais que houvesse aquele nevoeiro, então suspirou enquanto semicerrava as sobrancelhas, assim levando a mão esquerda para frente dos olhos e coçando-os.

— Não precisava ter me beliscado. — Ryūsei disse enquanto sentia as bochechas ficarem mais quentes.

— Você disse mais do que deveria. Ele só perguntou quem sou, não qual meu comportamento com os outros. — Musashi sussurrou com óbvio desagrado e depois levando a mão esquerda para o bolso, então continuou. — Fique aliviada que não fiz nada demais. —

— Está bem, mas será que poderia me pôr no chão? Não estou mais tão cansada para andar, então… por favor? — Ryūsei perguntou com um tom manhoso. 

Musashi optou pelo silêncio, mas assim mesmo seguiu com aquele pedido, dessa maneira levando a espadachim ao chão, deixando-a em pé à sua frente naquele elevador mais ou menos grande que continuava a descida, este continuando com a mão esquerda no bolso enquanto a direita permanecia na lateral do corpo da espadachim que encarava-o em silêncio, porém gentilmente movia suas mãos para as bochechas do usuário de machados que engolia em seco quando sentia as mãos calejadas e cicatrizadas em seu rosto avermelhado. 

— Você está quente. — Ryūsei sussurrou enquanto mantinha seus olhos carmesins no usuário de machados. 

— Tenho pelo que estar envergonhado. — O usuário de machados sussurrou com aspereza, porém em igualmente calma, enquanto sua mão direita seguia para o pulso esquerdo da espadachim, assim continuando quando segurou um pouco acima. — Vamos, afaste-se um pouco de mim. Já estamos quase chegando. —

— Não. — Ryūsei disse confiante e fazendo questão de manter a mão esquerda na bochecha do usuário de machados, porém gentilmente acariciou as bochechas dele.

— Não? — Musashi perguntou com curiosidade, assim como levantou uma das sobrancelhas para deixar mais evidente a curiosidade que sentia.

— Não. Não até que me diga o porquê preciso me afastar de você. — Ryūsei disse e engoliu em seco enquanto mantinha seus olhos carmesins mais concentrados no usuário de machados.

Musashi baixou as sobrancelhas. Ele olhou discretamente para o ambiente externo, assim constatando que faltava ainda para chegarem, então voltou a olhar para Ryūsei e agiu apressado. Ele usou sua mão direita para afastar as mãos da espadachim de suas bochechas, em seguida a guiou até a parede metálica do elevador, assim fazendo a mesma escorar as costas e encará-lo com a pequena diferença de altura e seus corpos tão próximos um do outro. Ryūsei se surpreendeu quando o punho direito de Musashi socou a parede, então observou discretamente o antebraço deste se encostando em seguida no frígido metal. Ela observou o usuário de machados encarando diretamente em seus olhos. Encarando-a com concentração, seriedade e gentileza.

— Quer saber o porquê? — Musashi perguntou e semicerrou um pouco as sobrancelhas, assim não demorando em continuar antes que recebesse sua resposta. — É a mesma de sempre. Você é a neta do Daimyo, e dessa vez está em casa, enquanto que eu não passo de um nada, não tenho nada demais, sequer tenho importância, sou uma peça descartável, como um peão ou um cavalo, enquanto você é uma peça de valor bem acima, como um rei, consegue me entender? —

Ryūsei continuou em silêncio, porém um pouco impressionada por aquela racionalidade do outro, assim conseguindo ter uma melhor compreensão do que o usuário de machados lhe dizia e que parecia verdadeiramente calmo com toda aquela proximidade. Ela cuidadosamente guiou a mão direita para a bochecha de Musashi que encarava concentrado cada movimento dela, mas este não fazia questão de evitar o gesto. 

— Isso é suficiente para você? — Ryūsei perguntou enquanto concentrava seus olhos carmesins no outro, então continuou. — Essa distância será suficiente para você? O que espera conseguir? —

— O que espero? Eu espero conseguir sua alegria, nada além disso. Se eu conseguir ao menos isso, então para mim é suficiente. Saiba que estarei sempre por perto, protegendo-a e rezando por sua felicidade. — Musashi disse enquanto sua expressão suavizou conforme a encarava, sentindo um peso deixando seus ombros por enfim contar sobre aquilo, este olhou para o ambiente fora do elevador, então deu continuidade. — Chegamos. Anime-se, está em casa. —

O usuário de machados prontamente tomou sua distância e agiu como se nada tivesse acontecido, assim como guiou as mãos para os bolsos e pareceu mais concentrado, enquanto que a espadachim levou alguns segundos para assimilar aquela resposta e a declaração da chegada, dessa maneira movendo sua cabeça e direcionando a atenção para as portas metálicas que abriram-se quando o elevador parou, assim permitindo a saída de ambos da caixa metálica. A espadachim olhou para o ambiente externo, então sorriu pelo canto dos lábios ao dar-se conta do pequeno séquito aguardando-a. Eram quatro soldados comuns que carregavam em suas mãos dominantes uma Nagamaki cada, enquanto outro indivíduo, de olhos negros, cabelo escuro despenteado e curto, usando as mesmas roupas que os soldados, porém com algumas medalhas no peito esquerdo, ficava à frente dessas quatro pessoas e deixava os braços em suas costas com as mãos entrelaçadas, aparentemente exalando confiança e calma e direiconando sua atenção para as duas pessoas no elevador.

— Ryūsei. — Kinzoku disse e permitiu-se um sorriso pelo canto dos lábios quando concentrou seus olhos unicamente na filha que não via a um certo tempo.

A espadachim não disse uma única palavra. Ela avançou em direção ao seu pai e abraçou-o para que pudesse matar um pouco da saudade, assim sentindo-se aliviada quando o mesmo correspondeu a aquele abraço. Os soldados atrás da dupla não demoram para sorrirem com aquele cenário de reencontro. O usuário de machados não demorou para deixar o elevador e momentaneamente levantou uma das sobrancelhas quando sentiu o olhar do mais velho em si. Um olhar perigoso, avaliativo e mortal, como se já tivesse matado centenas de pessoas com um único contato visual, enquanto exalava uma exacerbada confiança, assim como uma igual calma, sem dúvida era um pai cheio de curiosidade para saber quem era o rapaz que acompanhava sua única filha. Musashi não se impressionou por aquele olhar, por isso que sorriu pelo canto dos lábios e correspondeu com uma crescente seriedade enquanto seus dedos se mexiam vagarosamente nos bolsos, como se estivesse cada vez mais disposto a enfrentar aquele homem. E aparentemente Kinzoku sentia o mesmo, porém Ryūsei sequer perceberá aquela troca de olhares enquanto desfazia o abraço.

— E você. Quem seria? — Kinzoku perguntou, assim quebrando o incômodo momento de silêncio.

— Ele é… — Ryūsei começou a dizer, mas acabou sendo interrompida pelo usuário de machados.

— Ele perguntou para mim. — Musashi disse enquanto removia as mãos dos bolsos e aproveitava para cruzar os braços, então deu continuidade ao semicerrar mais as sobrancelhas. — Musashi, líder do esquadrão de Kenjutsu na Mangetsu, em Amegakure, nascido no País do Ferro. —

— Ora, um samurai? — Kinzoku perguntou com um certo ânimo irônico.

— Não. Posso ter nascido no País do Ferro, mas não sou um samurai. E você seria o que, ou melhor, quem? — Musashi perguntou de maneira áspera e não se incomodou quando percebeu os soldados segurando os cabos das Nagamaki com mais força, este sabia que havia deixado os outros incomodados pela maneira rude que agiu com o homem à sua frente.

— Kinzoku, pai de Ryūsei e líder militar do País dos Vales. — Kinzoku disse e estendeu o braço direito em direção ao usuário de machados e com a palma aberta, então deu continuidade. — Muito prazer, Musashi. —

O usuário de machados ficou em silêncio, contudo olhou para a mão a sua frente num caloroso gesto de boas vindas, então olhou novamente para aquele homem e suspirou com um certo desgosto. Musashi levou o braço esquerdo para trás, enquanto que o direito ia à frente do corpo e usou sua mão para cumprimentar o mais velho num aperto generoso.

— Suas mãos são quentes e calejadas, e dá para sentir as cicatrizes nelas, mesmo as mais antigas. Você parece um rapaz de muita fibra. — Kinzoku disse enquanto continuava apertando a mão do usuário de machados, então deu continuidade. — Disse que é líder de um esquadrão de Kenjutsu, não disse? Que armas está mais habituado a usar? —

— Qualquer uma. Posso me acostumar rápido a qualquer tipo de arma, mas acho que faço melhor uso de machados. — Musashi respondeu e direcionou por um momento sua atenção para os soldados atrás daquele homem, então deu continuidade. — Eu posso dar um jeito nessas Nagamaki sem qualquer dificuldade, assim como na arma que tem escondida e espera por uma brecha para usá-la, estou certo? —

— Você percebeu. — Kinzoku disse com um ligeiro ânimo e levantando sutilmente as sobrancelhas, então continuou. — Desde que momento? —

— A partir do momento que deixou a mão esquerda nas costas. Está esperando que baixe a minha guarda para um ataque surpresa, estou certo? — Musashi perguntou e acabou suspirando, então deu continuidade quando puxou das costas sua tantō de lâmina vermelha escura e de dezesseis centímetros, então continuou. — Eu também estou pronto para me defender. —

Ryūsei ficou em silêncio. Ela olhou com discrição para as costas do pai, assim confirmando que este mantinha a mão esquerda no cabo de uma tantō parcialmente removida, mas também reparou nos guardas que pareciam mais dispostos a enfrentar o usuário de machados quando este revelou a pequena arma, algo que chamou um pouco a atenção de Kinzoku que olhou discretamente para trás e semicerrou as sobrancelhas, um gesto que foi bem interpretado por seus homens, então o mesmo voltou a olhar para Musashi e moveu a mão esquerda, assim mostrando-a sem a arma que pretendia empunhar e levando-a para o ombro esquerdo do usuário de machados e sorrindo de maneira convidativa enquanto afastava sua mão direita da mão dele.

— Vamos indo. — Kinzoku disse. E obviamente que aquelas palavras eram para todos ali presentes, não apenas para os soldados atrás dele, mas também para o usuário de machados e a espadachim.

Os soldados deram um espaço significativo para que seu líder e a dupla passasse por eles, porém apenas Ryūsei acompanhou seu pai lado a lado e desfrutaram de uma animadora conversa, enquanto que Musashi teve a preferência de andar um pouco atrás dos soldados e manter os braços cruzados e olhando em volta, assim apreciando a rua que o pequeno agrupamento passava e não chamava tanto a atenção das pessoas, mas em dado momento se interessou por uma certa construção que era o destino daquelas pessoas que não pareciam tão impressionadas quanto ele. Ele sequer se deu conta de que era supervisionado por Kinzoku até que o mesmo resolveu dirigir-lhe a palavra.

— Seja bem vindo ao palacete de nossa família. — Kinzoku disse com um ligeiro ânimo enquanto passava o braço direito sob o ombro de sua amada filha, então deu continuidade. — Haverá um quarto, assim terá onde passar a noite. E um jantar para que seja bem recebido por nossa família. —

O usuário de machados ficou em silêncio, porém engoliu em seco ao dar-se conta de um detalhe curioso. Ele jantaria quase que ao lado da pessoa de maior importância do País dos Vales, ou seja, o Daimyo. Ele apenas balançou a cabeça em significativa concordância enquanto adentrava naquela elegantíssima construção.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Tales of a Uchiha" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.