Tales of a Uchiha escrita por Saberus


Capítulo 209
S09Ch07;




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Zäo Kurayami encarava seu filho com ânimo contido, porém gentileza era bem visível em seus olhos carmesins quase idênticos ao filho, quase idênticos por causa das olheiras que havia abaixo deles, ou a falta de brilho. Ontake engoliu em seco novamente e sentiu um formigamento nas mãos enquanto mais suor continuava escorrendo, assim como o ritmo de seu coração era completamente outro, ou sua boca inesperadamente secou, era óbvio que o mesmo sentia um desconforto imenso por estar na presença de sua mãe. Chishiki, que tinha pego a prancheta que fornecia detalhes a respeito da paciente, encarou sem qualquer interesse a mulher na cama e depois voltou a atenção para o papel com as informações médicas e das visitas mais recentes.

— Zäo Kurayami, de trinta e cinco anos, nascida em Kirigakure. Apresenta desde cedo um comportamento hostil com falta de empatia, manipulativo, irresponsável, agressivo e impulsivo, em resumo transtorno de personalidade antissocial, junto de perda de interesse, perda de interesse ou prazer nas atividades, irritabilidade, alucinações, depressão, terrores noturnos, em resumo Síndrome pós-traumática. — O escritor sussurrou e levantou uma das sobrancelhas com aquela última parte, mas não demorou para dar continuidade. — Sua mãe é uma sociopata com estresse pós-traumático, que boa notícia. —

O moreno moveu a cabeça com discrição para o lado esquerdo, assim olhando de relance para o escritor que largou a prancheta numa mesinha qualquer e cruzou os braços, este sentia os olhos carmesins do moreno em si, mas não dava a mínima para o que expressavam naquele momento. Ontake retornou a atenção para sua mãe que continuava na cama e reparou numa algema de couro no pulso direito dela, assim imaginando que aquilo a mantinha presa a cama e impedia de aventurar-se pelos corredores hospitalares, novamente engoliu em seco e levou a mão direita para trás da cabeça, assim coçando-a por alguns segundos.

— Quem é esse rapaz, minha flor? — Kurayami perguntou com uma inocente dúvida e movendo a cabeça para o lado esquerdo, concentrando seus olhos carmesins no escritor e dando continuidade quando um fino sorriso tomou seus lábios. — É um sujeito bonito e parece inteligente, então peço que não se deixe levar pelo que esses médicos dizem, está bem? —

— Essa pessoa? — Ontake disse e levantou uma das sobrancelhas, então olhou para o namorado e engoliu em seco novamente enquanto levava a mão direita para o cotovelo esquerdo, assim continuou. — Ele… ele é… — E acabou sendo interrompido.

— Manabi Chishiki, ou Shiki para aqueles que conhecem o meu trabalho. — Shiki disse e semicerrou as sobrancelhas ao mesmo tempo que assumia um olhar mais sério, então se aproximou do namorado e pôs a mão direita em cima da cabeça dele, acariciando-o uma única vez e deu continuidade. — Sou o namorado do seu filho. —

Houve apenas um segundo em que Kurayami pareceu duvidosa da última palavra que saiu dos lábios do escritor, junto de um leve baixar das sobrancelhas, porém ela não abandonou o finíssimo sorriso.

— É um prazer conhecê-lo, Manabi Chishiki. — Kurayami disse e baixou a cabeça numa reverência básica, mas não demorou para que continuasse. — Com o que trabalha? Sendo bonito e inteligente, tenho certeza que é um cargo importante, por acaso não seria médico de outro lugar? Eu aposto que as pacientes e enfermeiras o adoram, mas felizmente tem comprometimento com minha garota. —

— Não sou nada disso, e tenho certeza que não sou adorado dessa forma por tantas pessoas. Sou escritor de histórias fantasiosas e aventurescas. — Chishiki disse de maneira áspera e não demorou para dar continuidade após concentrar seus olhos amarelos nos olhos carmesins da mulher acamada. — A única coisa certa em seu comentário é que tenho comprometimento com o seu filho. —

— Um escritor? Que fantástico. E como se conheceram? — Kurayami perguntou, porém não expressava qualquer contentamento, apenas mantendo aquele fino sorriso que supunha ser o bastante.

— Nós… — Ontake tentou dizer, mas acabou sendo interrompido pelo escritor que sutilmente apertou-lhe a cabeça.

— …fomos apresentados. Um amigo dele o levou para a minha casa numa noite qualquer, os dois queriam um local para descansarem, mas deixei apenas seu filho entrar na minha casa. — Chishiki contou com certo divertimento e sorriu pelo canto direito dos lábios, então não demorou em continuar. — Só o deixei entrar porque ele se mostrou fã das minhas obras, então gradativamente ficamos mais próximos até acontecer de namorarmos e agora moramos juntos. —

Kurayami ficou em silêncio, porém não demorou para assumir uma expressão remetendo à confusão, até mesmo à curiosidade.

— Porque está falando como se Ontake fosse um menino? — Kurayami perguntou ao mesmo tempo que abria e fechava sua mão esquerda algumas vezes no lençol da cama, então continuou assim que soltou um risinho forçado e direcionou seus olhos carmesins para o filho. — Ontake é uma menina. Não percebe como seu corpo é magro, desprovido de músculos, ausência de pêlos e o cabelo comprido? Cedo ou tarde os seios vão crescer, dê-lhe tempo se é com isso que o deixa incomodado, afinal sei como os homens se interessam por seios grandes e, infelizmente Ontake é uma tábua, mas uma linda tábua que amo demais. —

Chishiki riu um pouco alto. Sua risada, evidentemente servia para debochar daquele comentário, assim causando um pouco de confusão na mulher acamada que levantou uma das sobrancelhas com aquele acontecimento inesperado, enquanto que Ontake preferia por seu silêncio, estando de maneira óbvia bem incomodado na presença materna, porém acabou soltando o ar que havia em seus pulmões.

— Onde está a vovó? — Ontake perguntou e direcionou seus olhos carmesins para a mãe, mas acabou direcionando-os para qualquer outra coisa quando sentiu a atenção dela.

— Sua avó? Ela saiu uns minutos antes de sua chegada, mas disse que logo estaria de volta. — Kurayami disse e direcionou seus olhos para a porta do quarto, depois para a janela ao seu lado e imaginou que em breve veria a mais velha lá embaixo a caminho do quarto, mas voltou a atenção para o garoto e continuou. — Quando ela voltar, quem sabe não peço para que o acompanhe até uma loja de roupas? Deve haver algum vestido ou saia a seu aguardo, assim pode jogar essas roupas ridículas fora. —

— Ela está mentindo. — Chishiki sussurrou assim que curvou-se um pouco para alcançar a orelha do namorado, ao mesmo tempo que semicerrou as sobrancelhas, então continuou enquanto acariciava a cabeça do mesmo. — Não há assinaturas de visitantes nos últimos três dias. E suas roupas não são ridículas, você está lindo. —

Ontake sentiu as bochechas esquentarem um pouco por aquele repentino elogio, assim como um arrepio quando recebeu uma indesejada atenção da mãe.

— O que é esse símbolo? Por acaso é do clã Manabi? — Kurayami perguntou com certo desinteresse enquanto prestava atenção na braçadeira que residia com o moreno.

— O clã Manabi? Heh… sou o único membro e tenho certeza que não há essa estupidez de simbologia. — Chishiki disse e aproveitou para cruzar os braços e agarrar os cotovelos.

— Esse… esse símbolo… — Ontake parou de falar por um momento e olhou para a braçadeira, suspirou e voltou a atenção para a mãe e continuou. — …representa o grupo que ingressei há algum tempo; o círculo significa o ciclo de bondade e o losango representa o Iryō Ninjutsu. —

— Você aprendeu Iryō Ninjutsu? — Kurayami perguntou e levantou as sobrancelhas, dessa vez parecendo mesmo um pouco surpresa, então continuou. — Quando? E como? —

— Sim, aprendi. — Ontake disse com um sorriso mínimo e levando a mão direita para uma mecha de cabelo e ajustando-o atrás da orelha, então continuou. — Há algum tempo, menos de um ano para falar a verdade, depois que aceitei participar de um evento em que conheci o amigo que nos juntou. — O moreno olhou discretamente para o escritor, assim não demorou em continuar quando olhou as mãos. — E estou me especializando em venenos, antídotos e medicamentos, mas confesso que não uso esse conhecimento por falta de oportunidade. —

— Ah, minha menina, estou contente por saber disso. Você sempre foi um pouco diferente das outras meninas, mas sabia que boa parte das mulheres usam o Iryō Ninjutsu? — Kurayami disse uma óbvia mentira, afinal não havia como saber com certeza o número e o gênero de pessoas que aprendiam Iryō Ninjutsu a todo momento e tentou expressar de maneira falha uma satisfação, mas não demorou em acrescentar quando estendeu o braço solto na direção do moreno. — Chegue um pouco. Me deixe vê-la um pouco mais de perto, senti-la. Há tempos não tenho essa oportunidade. —

— Porque será… — Chishiki sussurrou com desgosto. Ele não fazia questão de esconder a reprovação que sentia por aquela mulher, não demorando em continuar quando olhou para o namorado dando um passo adiante. — …é sério que está indo? —

— Ela não me machucará. Não mais do que já conseguiu me machucar. — Ontake disse com uma expressão entristecida enquanto olhava para o namorado. 

Ontake aproximou-se um pouco mais de sua mãe, ao mesmo tempo Chishiki manteve-se atento ao cenário e obviamente receoso com a participação de seu namorado, deixando as sobrancelhas um pouco abaixadas e uma expressão cheia de desconfiança para com a mulher de cabelos negros. Ontake, que tentava esconder o medo que sentia por sua mãe, uma nítida tristeza por conta da história que compartilhavam, sentou-se na cama e fechou vagarosamente seus olhos quando sentiu a mão da mais velha encostando em sua bochecha e acariciando-o distraidamente com o polegar. Chishiki escorou suas costas na parede ao lado da porta e suspirou com desgosto, porém discretamente olhou para o lado quando uma enfermeira, que carregava uma bandeja com um pouco de comida, adentrou no cômodo e pareceu surpresa com o cenário.

— Meu deus… — A enfermeira sussurrou e cada centímetro de sua expressão não escondia a surpresa, então olhou para o lado e reparou no escritor, assim não demorando em continuar. — …quem são vocês? —

— Manabi Chishiki. — O escritor respondeu enquanto usava o polegar direito para apontar para si, então continuou quando apontou para o namorado com o indicador. — Zäo Ontake, pensei que as enfermeiras soubessem pelo menos quem é o filho daquela mulher. —

— Zäo Ontake é um garoto? Kurayami sempre contou como se fosse uma garota, que estranho. — A enfermeira disse.

— A avó dele não corrige essas histórias? — O escritor perguntou num óbvio tom duvidoso enquanto semicerrava mais as sobrancelhas. 

— Visitas? Estou nesse hospital há oito meses, desde então nunca vi alguém entrando ou saindo desse quarto, exceto os médicos e as enfermeiras que saem chorosas por causa do temperamento explosivo dela. — A enfermeira disse e pôs a bandeja ao lado, então olhou o escritor e não demorou em continuar com um fino sorriso em seus lábios. — Eu nunca poderia imaginar que ela receberia uma visita. Ah, que droga… — 

— O que? — O escritor perguntou numa evidente preocupação e semicerrou mais as sobrancelhas, porém desfez o cruzamento dos braços.

— Não foram vocês que tiraram a algema dela, né? — A enfermeira perguntou assim que reparou melhor na cena e pode ver a mão livre da morena acamada.

— Não. Já estava assim quando chegamos. — O escritor respondeu com toda sinceridade possível e levantando as sobrancelhas.

Chishiki voltou a atenção para o cenário de mãe e filho, assim assistindo quando Kurayami levou a mão para o cabelo do garoto e o puxou com força enquanto alterava sua expressão para raiva e seu rosto ficava bem vermelho. Seus olhos carmesins evidenciavam um tipo de raiva e desgosto, mantendo-os concentradissimos no rapaz que agora tentava se desvencilhar dela.

— VOCÊ TIROU SEU BRINCO! AQUELE BRINCO TÃO LINDO QUE PERTENCEU A SUA AVÓ! VOCÊ TEVE A CORAGEM DE ME DESOBEDECER!? — Kurayami perguntou aos berros e certificando-se de agarrar mais cabelo quando sentia que os fios eram arrancados, então continuou. — VOCÊ É UMA DECEPÇÃO, ONTAKE! NÃO DÁ PARA CONTAR COM VOCÊ PARA NADA, SUA GAROTA IMUNDA. EU QUERIA TÊ-LA ABORTADO, SUA IMPRESTÁVEL, INÚTIL, VADIA! COMO ASSIM SÓ ANDA COM GAROTOS, VOCÊ É UMA PUTA POR ACASO!? E MORANDO JUNTOS TÃO CEDO? POR ESTÁ QUERENDO ENGRAVIDAR, SUA NOJENTA? EU NÃO CRIEI UMA MENINA PARA AGIR DESSA MANEIRA, ONTAKE! QUANTAS VEZES VOU TER QUE DIZER PARA NÃO USAR ESSAS ROUPAS, QUANTAS!? VOCÊ TEM QUE USAR VESTIDOS E SAIAS, COMPORTAR-SE COMO UMA GAROTA EDUCADA, NEM ISSO CONSEGUE!? SEJA A MALDITA BONECA QUE SEMPRE QUIS QUE FOSSE! —

Ontake ficará assustado e fechava seus olhos carmesins enquanto escutava sua mãe berrando a plenos pulmões com ele, sentindo que a qualquer momento iria colapsar e chorar por cada uma das palavras que atingiam-no como se fossem facadas, porém surpreendeu-se quando a enfermeira caiu quase que em cima de sua mãe e injetando alguma coisa em seu corpo que agiu depressa e tornou-a mais calma, o moreno tentou dar um passo para trás, mas acabou sentindo mãos gentis em seus ombros que pareciam ter como objetivo acalma-lo, conforta-lo, por isso olhou para trás e reparou no namorado que o encarava com suavidade. O moreno voltou a atenção para a mãe que havia se acalmado por causa daquela injeção.

— Ela tem conseguido se soltar ao distender o polegar. — A enfermeira disse assim que saiu de cima do corpo da morena e levou a mão direita para o rosto e secou um pouco do suor, assim não demorou em continuar. — Essa explosão até que não foi das piores. Teve uma vez que… — A enfermeira começou a contar uma história.

— Você não é nada do que ela falou, me entendeu? Nada... — Chishiki sussurrou quase inaudível, aproveitando-se da curta distância com o namorado para sussurrar em seu ouvido e assim só ele escutar, não dando importância para a enfermeira e gentilmente passou seus braços envolta do namorado, assim continuando quando certificou de que o abraçava. — Você não é uma decepção, nem imprestável, imundo, nojento, puto ou vadio. E sim, dá para contar com você para tudo… eu conto com você para que meus dias sejam melhores do que eram no passado, e adivinhe? São. Eu odiaria acordar pela manhã sem vê-lo sorrindo ou não me contando as primeiras fofocas do dia… meus dias são bem melhores quando você está radiante. Eu odiaria o dia que não houvesse nossas provocações, por isso não tente ser o que não é porque uma pessoa assim disse, não tente ser comportado, amo como é único. Eu amo cada centímetro de você, eu considero você como uma obra prima que só eu posso enxergar o verdadeiro significado, só isso importa e mais nada. —

Ontake ficou em silêncio. Ele sentia um conforto anormal na presença do namorado. Um conforto positivo. Ele se esforçou um pouco para sorrir e guiar uma das mãos para o antebraço direito do namorado, assim segurando e acariciando-o como se agradecesse por aquelas palavras. Palavras essas que serviam para cicatrizar com os ferimentos das palavras que sua mãe lhe disse a tão pouco tempo. Ele moveu de relance sua cabeça para o lado direito, assim prestando atenção no escritor que mantinha os olhos amarelos concentrados apenas em si. 

— Shiki… — Ontake sussurrou quando uma lágrima solitária escorreu de seu olho direito.

— Você não tem que dar ouvidos para uma pessoa que nunca o enxergou como verdadeiramente é, de ouvidos a quem te ama. — O escritor sussurrou enquanto semicerrava um pouco as sobrancelhas e fechou vagarosamente seus olhos, então continuou. — Quando precisa de ajuda, quem está do seu lado? Eu, não essa mulher que apenas o prejudica. Quando está feliz, quem está do seu lado? Eu, não essa mulher que apenas o entristece. Me escute: você é perfeito do jeito que é, não há nada de errado com você. Que um raio caia na minha cabeça se eu estiver mentindo. —

Ontake nunca imaginou que escutaria aquelas palavras tão cheias de sinceridade, amabilidade e afetuosidade do namorado. Até mesmo a enfermeira parou o monólogo de uma história desinteressante para assistir ao casal que aproximava-se mais, enquanto que Zäo Kurayami enfim fechava seus olhos e pegava no sono depois de ser drogada. O escritor continuou abraçando seu parceiro por mais alguns segundos até dar um beijo na parte de trás da cabeça dele e tomar uma distância significativa ao mesmo tempo que levava as mãos aos bolsos e suas bochechas ficaram ligeiramente coradas, em resumo tentando agir como se nada tivesse acontecido. 

— Muito obrigado por sua ajuda. — O escritor disse enquanto direcionava a atenção para a enfermeira, assim não demorando em continuar. — Não quero que essa experiência se repita com outras enfermeiras, por isso ficará entre nós o gênero dele, está bem? —

Era meio óbvio que o comportamento de Kurayami pioraria se muitas enfermeiras a corrigissem quanto ao gênero de Ontake, quem sabe explosões temperamentais acontecessem com ainda mais frequência.

— De acordo. — A enfermeira disse e levou a mão direita para os lábios e fez um sinal como se passasse um zíper entre eles.

Chishiki não pareceu convencido, mas agitou os ombros e soube que o problema não seria deles se houvessem essas explosões. Além disso, no caminho para aquele quarto muitas enfermeiras reconheceram o moreno, por isso imaginou que havia um número que acreditava nas histórias de Kurayami enquanto outro conhecia a verdade. Ele suspirou e não disse mais nada para aquela mulher e olhou uma única vez para o namorado antes de decididamente afastar-se e seguir para a porta do cômodo, sorrindo um pouco quando escutou os passos dele lhe acompanhando e depois quando o mesmo levou a mão direita para as suas costas e o empurrou como meio de provocação, como se quisesse que ele apressasse os passos, não levando mais tempo para vê-lo ao seu lado e irritantemente sorridente.

— Belas pala-... — Ontake tentou dizer, mas acabou sendo interrompido.

— Vou cancelar nossa longa estadia. Podemos ir embora amanhã mesmo. Já estou cansado desse arquipélago e resolvemos nosso assunto principal, então não há mais nada para fazermos por aqui. — Chishiki disse com desinteresse.

— Eu gostaria que ficássemos mais uns dias para fazermos uma coisa. — Ontake disse com divertimento e sorriu pelo canto dos lábios.

— Não. Eu não tenho interesse nenhum em qualquer coisa envolvendo esse maldito arquipélago. — Chishiki disse com desgosto e semicerrando as sobrancelhas.

— Estou falando em acabar com o celibato. — Ontake disse com um ligeiro ânimo e óbvia malícia, mantendo aquele sorriso e dando continuidade. — Não sairíamos do quarto até o fim da estadia… você, nós… merecemos depois do que aconteceu, então… de acordo? —

— Ahn… — Shiki murmurou e levantou ao máximo as sobrancelhas enquanto sentia as bochechas se esquentarem mais, assim engolindo em seco e dando continuidade. — …de acordo. —

[ ۝ ]

Enquanto isso, em Amegakure a especialista em Genjutsu, Fushin, andava quase distraída por um corredor da Mangetsu ao mesmo tempo que segurava em sua mão direita uma filmadora. A jovem enérgica abriu um satisfatório sorriso quando reparou em Yamanaka Misa saindo de dentro do quarto que compartilhava com o noivo, está cuidadosamente carregando um bebê alimentado, adormecido e envolto num cobertor. Misa usava a mesma roupa de antes, mas agora deixando o cabelo preso num rabo de cavalo. Fushin aproximou-se da colega e sorriu de maneira agradável para ela.

— Misa… pode me dizer onde Musashi está? Não tô conseguindo encontrá-lo. — Fushin sussurrou, afinal não tinha vontade de acordar o bebê que residia nos braços da Yamanaka, mas não demorou para acrescentar. — Está sentindo o chakra dele? —

— Musashi? — A Yamanaka disse e levantou uma das sobrancelhas e balançou a cabeça de um lado a outro, então continuou. — Ele não está mais em Amegakure há algumas horas. Porque está querendo ele? —

— Queria gravar uma mensagem de vídeo dele para Tsuyu e Doro. Esse será o meu presente de casamento, assim não preciso gastar tanto com eles e todo mundo participa. — Fushin respondeu e sorriu com um ligeiro divertimento, então deu continuidade quando pareceu duvidosa. — Sabe para onde ele foi? Ou quanto tempo demora para voltar? —

— Eu não tenho certeza. Sei apenas que ele saiu com Ryūsei porque o vi juntos, então sinto muito. — Misa disse e balançou cuidadosamente seus braços enquanto olhava para o bebê que gemia manhoso pela sonoridade à volta dele, até parecendo que acordaria pelo desenrolar daquela conversa.

— Musashi e Ryūsei? Os dois estão próximos recentemente, não acha? — Fushin perguntou enquanto olhava para a câmera em sua mão e sorriu com malícia antes de voltar sua atenção para a Yamanaka, então continuou. — O que será que estão fazendo? Aliás, o que darão para Tsuyu e Doro? —

— Excelente pergunta. Daqui uns dias estaremos a caminho de Yugakure, quem sabe lá tenha algo do agrado deles? — A Yamanaka perguntou com um sorrisinho generoso, cheio de diversão e imaginando-se nas quentes fontes termais.

[ ۝ ]

Enquanto isso, numa longínqua floresta bem afastada do País da Chuva, ou do País do Fogo, sob o agradável anoitecer com uma temperatura amena, com árvores altas com uma coruja ou outra e mais algumas moitas a volta, Musashi espirrou, assim quebrando o silêncio que residia naquele acampamento improvisado que era meramente iluminando por uma fogueira criada por ele, assim chamando a atenção de Ryūsei que terminava de comer um peixe frito que foi pescado a algumas horas pelo usuário de machados num riacho próximo daquele acampamento. Ambos vestiam-se com mantos que manteriam-nos aquecidos naquela noite, além de roupas que julgavam confortáveis por permitiriam maior mobilidade num confronto, não que fosse acontecer, mas era bom estarem prontos. 

— Você está bem? Não está ficando doente, né? — Ryūsei perguntou e levantou uma das sobrancelhas.

— Eu nunca fiquei doente, se o País do Ferro não me deixou uma única vez com gripe, não será essa temperatura que me deixará doente. — Musashi disse com um nítido orgulho e cruzando em seguida os braços. 

— Hm. — Ryūsei disse e encarou o peixe frito, então voltou seus olhos carmesins para o usuário de machados e continuou com certo divertimento. — Eu gostaria de cuidar de você se ficasse doente, mas é como dizem… os idiotas não ficam doentes. —

O usuário de machados ficou em silêncio enquanto a madeira da fogueira creptava, este acabou suspirando e movendo a cabeça para outra direção enquanto esforçava-se para parecer sério, algo que acabou divertindo a espadachim.

— Não precisava me acompanhar até o País dos Vales. — Ryūsei disse e um sorriso gentil tomou seus lábios, até mesmo seu coração bateu um pouco mais rápido, quando os olhos do outro concentraram-se nela.

— Você é a neta do Daimyo do País dos Vales, além de minha amiga. É claro que precisava acompanhá-la até em casa. Eu nunca me perdoaria se alguma coisa acontecesse com você, há bandidos que podem se interessar em você, então não me importo de protegê-la. — Musashi disse com toda sinceridade possível. 

Ryūsei sorriu um pouco mais. Era verdade que estava retornando para casa, mas com o intuito de encontrar um presente a altura dos noivos, por isso surpreendeu-se quando Musashi propôs-se a acompanhá-la. A espadachim continuou olhando-o por mais alguns segundos, até decididamente aproximar-se dele e sentar-se ao lado do mesmo, sentindo-se aliviada por ele não pestanejar por causa da proximidade.

— Generosidade a sua querer me proteger. — Ryūsei disse com uma gentileza na mesma proporção que o usuário de machados. Ela adoraria lembrá-lo que fez aquela viagem sozinha para Amegakure, ou que possuía algumas armas que salvariam-na de qualquer adversário, mas optou pelo silêncio daquela parte.

Musashi ficou em silêncio. Ele apenas continuou olhando para a fogueira que iluminava aquele pequeno e momentâneo acampamento, aquecendo-os. O mesmo apenas olhou para o lado que a espadachim se encontrava quando sentiu um peso no ombro, assim reparando nela que havia acomodado a cabeça e, ao que tudo indicava, cochilado, assim sentindo as bochechas se esquentarem um pouco mais. Ele levantou a cabeça, prestando um pouco de atenção no avanço da noite por alguns segundos e suspirou enquanto abaixava sua cabeça e voltava a se concentrar naquela chama enquanto confortava sua cabeça em cima da cabeça da adormecida espadachim.


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