Tales of a Uchiha escrita por Saberus


Capítulo 208
S09Ch06;




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O barco que o casal encontravam-se enfim atracou no porto, assim permitindo o desembarque dos mesmos na famigerada Kirigakure. Ontake, que vestia uma camisa escura junto de uma calça vermelha presa por um cinto, com outros cintos mais semelhantes circulando diagonalmente a parte superior das pernas, não mencionando a escolha em manter o cabelo preso, ou uma braçadeira preta no braço direito com o símbolo que representava a Rokujūshi, carregava nas costas uma mochila marrom com roupas o suficiente para uma semana, enquanto que Chishiki, escolhia vestir-se de qualquer forma, ou seja, não tentando parecer charmoso como seu namorado, por isso usava uma bandana amarela escura com um casaco azul escuro, cuja cauda descia até a parte superior das panturrilhas, com uma camisa verde de manga curta usada por baixo e bermuda marrom, este mantendo a mão esquerda no bolso enquanto a direita continuava segurando o livro que leu durante boa parte da viagem. 

— Onde vamos primeiro? Imagino que procurarmos um hotel para alguns dias seria uma boa opção, não acha? — Chishiki perguntou.

O escritor olhou em volta. O porto que o barco atracou até que tinha lá seu movimento de homens parrudos, ou seja, marinheiros e tantas outras nomenclaturas para os homens que viviam do mar, não sendo o melhor atracadouro por ter aquele horrível cheiro de peixe, assim provando que aquela área era mais centralizada na pesca, mas dava para o gasto. Ele retornou sua atenção para o namorado que parecia um pouco avoado, por isso suspirou e bateu na cabeça do moreno com o livro, assim ganhando a sua atenção.

— Qual seu problema? — Ontake perguntou ríspido ao mesmo tempo que semicerrava as sobrancelhas, obviamente tendo odiado o acontecido. 

— Você é o meu problema. Para onde vamos primeiro? — Chishiki perguntou novamente, não demorando em continuar quando cruzou os braços e pôs as mãos nos cotovelos. — Hotel para nós termos onde dormir nos próximos dias, ou hospital para o adorável encontro familiar? —

Ontake sentiu as bochechas ficarem quentes por aquela primeira resposta, assim como uma breve felicidade, afinal o escritor não costumava ser romântico, mas quando acontecia o mesmo dizia que era sua posse, algo estranho a ser dito, entretanto não para os padrões do escritor. Ele olhou em volta, assim tentando identificar onde exatamente os dois estavam, mas logo voltou a atenção ao namorado.

— Vamos ao Céu primeiro. Se bem que você irá para o inferno. — Ontake disse com certo divertimento, com uma pitada de malícia, além da costumeira provocação.

— Eu juro, vou afogá-lo se não explicar as coisas direito. — Chishiki disse e semicerrou as sobrancelhas, então usou o indicador da mão direita para arrumar os óculos, então continuou quando usou o mesmo indicador para cutucar a bochecha do namorado. — Hotel para não parecermos mendigos ou hospital? —

— Eu já disse, seu idiota incompetente! — Ontake disse com nervosismo e usou a palma da mão esquerda para levantar o queixo do namorado, então continuou com certa rispidez. — Eu juro que vou arrebentar a sua cara se continuar me cutucando! —

— Hah! — Chishiki riu. Era óbvio o tom debochado e provocativo naquela solitária gargalhada, este o encarou com malícia antes de acrescentar. — Com a força que tem? Você quase não tem músculos, e sua língua nem é tão afiada assim. Em resumo, não tem como me machucar. —

Ontake mordeu os lábios e sentiu as bochechas se esquentarem, assim como seus olhos carmesins ficam um pouco marejados, este tentava, e conseguia, parecer afetado pelo comentário do namorado que só encarou a cena com desinteresse, mas acabou sentindo um pouco de pena, por isso que este suspirou e levou a mão direita para a cabeça do mesmo e o acariciou, assim bagunçando um pouco o cabelo escuro do mesmo.

— Vamos, meu pequeno e incapaz anjo, está na hora de me levar ao céu. — O escritor disse enquanto as bochechas se esquentaram por aquele incomum pedido, então continuou. — Estou nas suas mãos, não tenho conhecimento algum de Kirigakure, então seja a minha bússola. —

As bochechas de Ontake ficaram mais quentes, além do calor que se espalhou para suas orelhas e os olhos carmesins ligeiramente marejados e assumindo uma expressão de surpresa, enquanto que seu coração batia um pouco mais rápido. Ele continuava olhando para o namorado que mantinha uma expressão suave, algo que deixava o moreno mais contente do que o habitual e que não passou despercebido pelo escritor que encarou aquela cena com desgosto.

— Você se agrada com tão pouco. Parece até um cachorro que fica feliz com um afago na cabeça, vai saber o que um assobio pode causar em você. — Chishiki disse com certa provocação e afastou a mão da cabeça de seu namorado e cruzou os braços novamente, então continuou quando assumiu novamente uma expressão de desgosto. — Vamos sair daqui. O cheiro de peixe, suor masculino e testosterona já estão me incomodando. —

O moreno não pareceu descontente pelo primeiro comentário do namorado, na verdade estava acostumado e as provocações funcionavam no relacionamento, por isso que era divertido. Ele apenas soltou um riso meio bobo por aquele pedido, mas assim mesmo concordou e levou a mão direita para o braço esquerdo do escritor e começou a puxá-lo para longe daquele cais movimentado, porém obviamente olhando para os lados em busca de alguma coisa. Chishiki tentou parecer mal encarado a todo momento, assim imaginando que não seriam parados por aquelas pessoas que pareciam, ou melhor, estavam ocupadas demais, mas assim mesmo este queria causar uma péssima impressão. Ontake sorriu com malícia e diversão quando guiou o namorado até outro barco a motor e de casco branco e dourado com o elegante kanji 空 — céu — que chamou a atenção do escritor. 

— Agora vou exigir uma explicação. — O escritor disse. Era óbvio que este parecia bem curioso com a nova situação.

— Primeiro será o presente de casamento, depois o hotel em que passaremos alguns dias, por fim o hospital. — Ontake disse e piscou seu olho direito para o namorado, então deu continuidade com um tom irônico. — O que acha de darmos prejuízo às suas economias? —

— Hah… — O escritor gargalhou como se considerasse o comentário muito divertido, então deu continuidade quando pôs a mão direita no queixo do namorado. — Sabe a quantidade de vendas mundiais da saga de Haru? Não será fácil me causar um prejuízo, meu tolo namorado. —

— Mantenha isso em mente. — Ontake disse e sorriu pelo canto dos lábios, então indicou o barco e deu continuidade enquanto diversão rondava seus olhos carmesins. — Vamos nessa. O presente de casamento deles nos aguarda. —

— Que seja, mas por qual razão temos que pegar outro barco? — Shiki perguntou com certa irritação, na realidade apenas desgosto, afinal começou a detestar viagens marítimas quando passou doze horas num barco para chegar naquele arquipélago.

— Porque o céu fica do outro lado de Kirigakure, meu querido e ignóbil namorado. Íamos levar horas se fôssemos a pé, mas de barco são apenas minutos desperdiçados. Compreende? — Ontake perguntou e usou o indicador para apontar ao barco, então deu continuidade. — Se me entendeu, já sabe o que tem que fazer. —

— Amarrar uma corda no seu pescoço bonito junto de concreto e torcer para que afunde rápido? — Shiki perguntou com inocência, levantou uma das sobrancelhas enquanto olhava com rispidez para o namorado. 

— Há, Há. — Ontake disse.

O escritor optou pelo silêncio, assim seguindo para o barco de alumínio que continha aquela pintura excêntrica no casco, dessa maneira escolhendo um lugar para sentar-se e colocando os pés no lugar ao seu lado para impedir que o namorado sentasse ao seu lado, o que acabou rendendo um certo olhar de desgosto do moreno, mas Ontake balançou a cabeça de um lado a outro e apenas escolheu o lugar atrás do escritor que parecia satisfeito com a falta de companhia ao lado. O moreno não deixaria barato, por isso levou a mão direita para trás da cabeça do escritor, assim dando um tapa um pouco acima da nuca e sorriu com provocação quando recebeu um olhar de verdadeiro desgosto do escritor. Os dois não se importavam com o marinheiro na popa do barco que ligava com facilidade o motor.

— Tinha um mosquito. — Ontake disse, sendo obviamente uma mentira. Ele piscou seu olho direito para o namorado antes de dar continuidade. — Tem muitos mosquitos por aqui. —

— Você é bem infantil, mas cá entre nós, sabia que não é difícil para mim te afogar? — Chishiki perguntou com óbvia provocação, concentrando seus olhos amarelos no namorado e sorrindo como se não tivesse índole, então continuou. — Quer tentar me estapear novamente para ver o que acontece? —

Dessa vez foi Ontake que optou pelo silêncio e cruzando os braços enquanto mostrava a língua para o namorado, assim causando um breve riso no escritor que olhou discretamente para o marinheiro que moveu a cabeça para outra direção, assim escondendo seu rosto e usando aquela oportunidade, mesmo com o barulho de vento e onda favorecendo que não o escutassem, para gargalhar pela forma que o casal comportava-se. 

[ ۝ ]

E assim, uma viagem de vinte minutos para uma certa área de Kirigakure aconteceu. O barco de poucos lugares atracou no novo cais de madeira pintada de branco para dar um pouco mais de classe ao novo ambiente, assim afastando algumas gaivotas que descansavam ou tentavam enxergar suas presas marítimas nos postes que possuíam belíssimas luminárias, tendo naquela parte uma área de descanso coberta para que as pessoas pudessem aproveitar da forma que desejassem; seja pescando ou cochilando. No começo do cais, continha dois portais que conectam-se e continham a mensagem "bem vindos ao paraíso", assim como uma estrada branca de listras douradas e uma vegetação de árvores e arbustos de ambos os lados que levava para a entrada de um elegantíssimo hotel de nove andares em formato de "L" com mais vegetação a sua volta, mas era perceptivo como aquilo não afetava em nada, assim como era visível que o lugar possuía a sua praia particular e uma piscina que no momento era aproveitada por algumas pessoas enquanto outras entretinham-se numa quadra de tênis e outras num mini golfe, e mais outras deitavam-se em camas e deliciam-se com massagens de profissionais com uma música suave e chique ao fundo. Havia uma placa chamativa na entrada do hotel com o mesmo kanji que tinha no barco. 

Lá, sem sombra de dúvida, era um resort para os ricaços, ou pessoas de cargos importantíssimos. Chishiki ficou de queixo caído a todo momento enquanto caminhava ao lado de seu namorado que parecia despreocupado com o cenário, por isso sentiu-se confuso quando o namorado pôs as mãos em suas bochechas e o apertou agressivamente até fazer beicinho. 

— Como diabos sabe desse lugar? — Chishiki perguntou com irritação, semicerrando as sobrancelhas enquanto suor frio escorria de seu rosto, rangendo os dentes enquanto continuava com um sussurro. — Vou ter que vender meus órgãos se quiser um minuto do tempo de alguém? —

— Não diga bobagens. — Ontake disse com a mesma irritação, então usou a mão direita para afastar o namorado ao bater no peito dele, assim continuando. — As pessoas de Kirigakure sabem da existência desse resort, mas não é qualquer um que tem condições de pagar por toda essa mordomia. —

— Eu sei que não é qualquer um que tem condições. Tá sentindo esse cheiro? — Chishiki perguntou com ironia e logo respirou fundo na esperança de se manter calma, assim não demorou em continuar. — É o cheiro do dinheiro. O mar não cheira a mar, mas a dinheiro. O som do vento não é o som normal do vento, são moedas caindo. E viemos para cá com essas roupas estúpidas que fazem parecer que somos mendigos! Se eu pedir esmola para alguém, é certeza que posso receber uma quantia para a vida toda, seu… imbecil, desmiolado. —

Ontake apenas riu, o que acabou deixando o escritor com mais desgosto por aquele momento, afinal não sabia o que poderia esperá-los se seguissem com o planejamento do moreno, mas assim mesmo deixou que este o guiasse até a elegante fachada do hotel/resort, onde eram supervisionados por um indivíduo sem um único fio de cabelo e que vestia-se de maneira formal, mas não era tão mal encarado, pois o desconhecido não demorou para abrir um gentil e hospitaleiro sorriso, algo que criou breves suspeitas no escritor, entretanto decidiu corresponder ao sorriso enquanto o moreno já adentrava na belíssima e luxuosa construção. Chishiki olhou em volta, assim apreciando o ambiente que normalmente não frequentaria. 

O assoalho belíssimo possuía um único e largo tapete vermelho que ia da entrada até o balcão de recepção, as paredes possuíam fotografias que tinham assinaturas de pessoas que já em algum momento passaram por ali e inúmeros vasos de flores raríssimas, dentre tantas outras coisas que davam um charme burguês a mais para a recepção, como os quatro degraus que devem ser subidos para se chegar ao balcão que não era qualquer coisa também, afinal este era ondulado e sua única entrada e saída era por um espaço perto da parede ao lado esquerdo, possuindo novamente o kanji em dourado e envolta de um círculo vermelho, além disso era resguardado por uma única pessoa que mantinha-se entretida com a página de um livro grosso e uma pena, ou seja, estando a fazer anotações de alguma coisa. 

A pessoa, de pele clara e cabelos pretos que caem até os ombros com uma franja um pouco ondulada caindo sobre um dos olhos perfeitamente azuis, mantendo o cabelo preso em um rabo de cavalo na nuca com uma fita azul, vestia-se da forma mais elegante possível, ou seja, um traje de libré formado por uma calça social de preta, camisa social de linho branca com uma gravata borboleta vermelho sangue, um colete cinza com 6 botões lisos, sobretudo preto arrumado de forma que as mangas brancas da camisa apareçam na parte do pulso e luvas de couro marrom. 

Chishiki foi o primeiro a se aproximar do balcão, segundos depois Ontake o acompanhou e optou por ficar do seu lado esquerdo. Os dois encaram o homem que continuou fazendo as anotações como se a presença dos recém chegados não tivesse qualquer importância, porém este fechou o livro no momento que o escritor tentou enxergar o que era escrito naquele livro de capa preta. Chishiki semicerrou as sobrancelhas em óbvio desgosto pela negativa receptividade.

— Boas vindas, caros senhores, ao Sora's Resort. Chamo-me Sōjin, o mais próximo de Kami para os mais diversificados assuntos, em que posso servi-los? — O recepcionista perguntou de maneira calma e levantando um pouco seu queixo no processo.

— Ahn… — Ontake murmurou. Ele sentia-se um pouco pressionado, por isso engoliu em seco e sorriu de forma inocente enquanto erguia as sobrancelhas. — …gostaríamos de fazer algumas reservas para uns amigos que casarão em breve. Esse será o presente de casamento para dois casais. Tem a possibilidade? —

— Rendimentos há em todos as partes, inclusive denoto a respeito desse presenteamento que é um aceno caridoso de sua parte, airoso senhor. — Sōjin, o recepcionista, disse e um fino sorriso tomou seus lábios.

— O que? — Ontake perguntou. Ele obviamente estava confuso com aquelas palavras elegantes, porém coçou os olhos antes de dar continuidade assim que teve uma breve compreensão. — O que pode nos contar sobre o Sora's Resort? —

— Que belíssima indagação. — O recepcionista disse com gentileza, assim não demorando em continuar quando concentrou seus olhos azuis no moreno que conversava com ele. — O Sora's Resort tem o objetivo de receber desde sua fundação, que ocorreu quase precisamente a seis décadas, membros da mais alta classe, dando-lhes o melhor tratamento e comodidade possível. Recebemos Kage e Daimyo de incontáveis aldeias de nações, tanto as grandes quanto as pequenas, assim como bons cidadãos que marcam este mundo seja de forma econômica, intelectual ou… —

— Minha cabeça está doendo. — Ontake disse com um certo desconforto e massageando as têmporas, então continuou quando olhou para o escritor. — Resume o que ele disse. —

— O que estou divagando, gentil senhor. — O recepcionista disse e voltou com aquele fino sorriso antes de dar continuidade. — É que recebemos a elite desde sempre e nosso serviço é o melhor, não à toa que possuímos cinco lustrosas estrelas. Com todo respeito, mas não é qualquer um que pode bancar nossa hospedagem, mas posso recomendar um hotel com uma agradável vista para o mar, quem sabe consigam bancar uma longa estadia? —

O moreno levou alguns segundos para entender o que era proposto pelo recepcionista, mas não precisava ser um gênio para a compreensão. Chishiki, um pouco incomodado pela situação, pôs a mão direita no balcão e usou a ponta dos dedos para batucar, assim ganhando a atenção do recepcionista que olhou de início para a mão, então para o escritor que não escondia o incômodo.

— Esse idiota com certeza não teria como bancar uma longa hospedagem, mas eu posso. Já tinha perdido meu interesse com esse lugar no meio do seu comentário, mas de repente me lembrei de como são as pessoas que sou amigo, por isso estou motivado. — Chishiki disse com aspereza e semicerrou um pouco as sobrancelhas, então deu continuidade quando sorriu pelo canto dos lábios. — De quanto estamos falando? Sete diária para duas pessoas. —

— Nossa diária para uma pessoa é cento e dezoito mil e seiscentos e sete Ryo… — O recepcionista disse e manteve seus olhos azuis bem concentrados no escritor, então deu continuidade como se soubesse de cabeça a conta. — …para duas pessoas é duzentos e trinta e sete mil e duzentos e quatorze Ryo. Se a matemática não me falha, suponho que deveria desembolsar um milhão, seiscentos e sessenta mil e quatrocentos e noventa e oito Ryo. — 

— Heh… — Chishiki soltou um risinho. Ele não demorou em continuar quando ajustou o óculos usando o dedo do meio da mão direita. — …em condições normais me negaria a pagar essa porcaria, quem sabe esquecer que tenho amigos e voltar para minha casa, mas responda-me… sabe quem sou? —

— Não, senhor. — O recepcionista disse com desinteresse e semicerrou com sutileza as sobrancelhas.

— Manabi Chishiki, ou Shiki, caso conheça o meu trabalho, nascido em Takigakure e vivendo atualmente num vilarejo pacato do País do Fogo, muito prazer. — O escritor disse e sorriu pelo canto dos lábios antes de dar continuidade. — Escritor da saga de Haru. E sabe exatamente quantas vendas o primeiro e o segundo livro tiveram? —

— Não, senhor. — O recepcionista disse e engoliu em seco enquanto um suor solitário escorria pelo canto do rosto.

— O primeiro teve cento e sete milhões de cópias vendidas, o segundo está com sessenta milhões. — O escritor disse enquanto aumentava seu sorriso, tornando-a quase debochado e dando continuidade. — E soube que o terceiro alcançou recentemente os cinquenta e cinco milhões, não mencionando que não pretendo deixar essa saga como uma trilogia. Eu só vivo numa cabana e num vilarejo quase desconhecido por um detalhe bem curioso… — O escritor disse e semicerrou as sobrancelhas antes de finalizar com seu comentário. — …eu odeio pessoas, e ninguém se atrairia numa cabana qualquer, mas eventos aconteceram e aprendi a gostar de alguns estúpidos que não sabem que minha casa não é uma hospedaria, bem diferente desse lugar de merda. —

O recepcionista percebeu o que acontecia um pouco tarde demais, porém não abandonou a gentileza habitual que transmitia com seus hóspedes. O escritor concentrou o suficiente de seus olhos amarelos no recepcionista.

— Vou querer uma reserva de sete dias para dois casais, ou seja, quatro pessoas. E pode ficar relaxado… — O escritor disse e pôs a mão direita na bochecha do recepcionista, assim dando tapinhas que fizeram o mesmo fechar momentaneamente seus olhos. — …vou pagar agora e quero o voucher para entregar ao casal como presente de casamento, entendido? —

Ontake ficou em silêncio, obviamente espantado com o diálogo de seu namorado que não perdera aquela presença esnobe e quase impotente em momento algum. Sōjin, o recepcionista, abandonou um pouco do orgulho enquanto seu rosto era gentilmente foco dos tapas da mão direita do escritor. Ontake tinha a noção de que, a partir daquele momento, a situação havia se invertido, por isso imaginava que o tratamento com o escritor, ou até mesmo com ele, mudaria completamente.

[ ۝ ]

Assim, algum tempo passou. O casal retornou para a parte principal de Kirigakure e assim escolheram um hotel qualquer para que passassem alguns dias naquela região e ainda passaram numa livraria para que o escritor comprasse um livro erótico onde guardou os vouchers numa determinada página e brincou dizendo que aquele seria seu presente de casamento aos noivos. Eles sabiam que tinham de fazer algo a mais; a incômoda reunião de família. Por isso, Ontake guiou Chishiki por várias ruas até chegarem numa grande construção com o kanji 医 — Médico — em destaque num tom de azul escuro e tendo sua semelhança com o hospital de Konohagakure. O moreno guiou o namorado por alguns corredores, não levando muito tempo para chegarem à ala psiquiátrica daquela construção e não se importou quando recebeu olhares de enfermeiras que o reconheciam. As expressões do moreno tornam-se mais sérias e distantes conforme aproximavam-se de uma porta vermelha com uma prancheta do lado com o nome da pessoa que residia naquele quarto; Zäo Kurayami. 

Ontake engoliu em seco enquanto sentia as mãos gelarem, então respirou fundo e abriu a porta, assim dando acesso ao cômodo que nada mais era do que um quarto de hospital qualquer, porém sem tantos aparelhos eletrônicos e nenhum equipamento que pudesse ser afiado. 

Havia uma cama perto da única janela e que era ocupada por uma pessoa, na casa dos trinta e seis anos, atraente e bastante alta, com pele clara, longos cabelos negros como a própria noite que iam até os seios e olhos vermelhos como o sangue que corria em suas veias. Ela olhou para Ontake que mantinha-se imóvel na entrada do cômodo e sorriu com inocência para o moreno consideravelmente mais jovem do que ela.

— Olá, filha. — Kurayami disse com ânimo e aumentando um significativo sorriso para seu único filho.


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