Tales of a Uchiha escrita por Saberus


Capítulo 20
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Algumas semanas atrás. Um jovem com o cabelo semelhante ao do sétimo Hokage, porém mais escuros como a própria noite, de olhos vermelhos como o próprio sangue que corria em suas veias, encontrava-se sentado numa estalagmite e com as pernas cruzadas, mas com sua mão direita segurando um pacote de salgadinho e usando a esquerda para pegar alguns e levar para sua boca. Do lado da figura encontravam-se roupas escuras e uma máscara. O jovem mantinha sua atenção para fora da caverna que escolheu para se refugiar de uma tempestade. Ele semicerrou os olhos quando escutou alguns passos, passou a língua por seus lábios para remover migalhas do salgadinho. No momento em que o céu clareou por conta de um relâmpago, uma presença surgiu na entrada da caverna.

— Gluttony. — O recém chegado comentou a alcunha daquele que comia salgadinho e suspirou ao notar como o companheiro estava vestido. — Vista suas roupas. —

"War" Gluttony pensou ao levar outro salgadinho para sua boca, mas aproveitou para pôr o dedo indicador e médio dentro da boca e os lambeu para remover a pequena sujeira deles. O recém chegado possuía uma máscara de ferro com abertura para a boca no formato de um canídeo que era complementado por um capuz marrom que também se completava com o colete escuro de seu traje, o recém chegado possuía a bandana de Kirigakure no peitoral. War, como era chamado por seus companheiros, adentrou a caverna com as mãos nos bolsos e sua atenção se continuou naquele que não parava de se alimentar.

— E ai, War. — Gluttony murmurou e ergueu o saco de salgadinho em frente ao rosto e despejou o restante para dentro da boca.

— Você é nojento. — War murmurou e balançou a cabeça sentindo um leve desgosto daquele companheiro, mas assim mesmo continuou se aproximando até se sentar numa estalagmite ao lado. — Porque tirou suas roupas? —

"O mais chato" Gluttony pensou e amassou o saco de salgadinho e o jogou no chão. Se ele se lembrasse, ou alguém dissesse para ele, com certeza tiraria de lá, mas apenas se estivesse afim. Ele se espreguiçou, levantando os braços acima do corpo e entrelaçando as mãos durante esse processo, mostrando também como seu corpo era magro e quase sem músculos, mas muito bem preparado para combate físico. 

— Porque estavam molhadas, estúpido. — Gluttony o respondeu e abaixou os braços antes de apontar para o traje e olhou para a máscara. — Fique feliz por minha calça não ter se molhado nessa tempestade. —

War olhou para o traje de Gluttony e suspirou. Tudo estava jogado no chão de qualquer maneira e a máscara em cima das roupas. Ele deixou a estalagmite para se aproximar do traje e pegou tudo de uma vez. Não se importava que fosse observado pelo garoto que continuava lambendo os dedos. Não, ele simplesmente pegou a roupa molhada e se afastou o suficiente enquanto olhava em volta e um sorriso tomou seus lábios quando encontrou um ponto ideal para estender as roupas molhadas e as pendurou.

— Oh, os outros chegaram. — Gluttony comentou.

War olhou para trás. O suficiente para que visse Gluttony com o braço direito levantado e o polegar apontando para a entrada da caverna. Ali encontravam-se os dois últimos membros do grupo criminoso criado a algum tempo. Death, como sempre, usando uma máscara em formato de crânio com lentes vermelhas, com bandagens que começavam na ponta dos dedos indo até os ombros, vestindo uma camisa preta sem mangas e com listras brancas, calça preta e botas da mesma cor. Ao seu lado esquerdo, mas um pouco à frente, estava Prague. Este, por sua vez, estava com uma máscara completamente branca com dois buracos para os olhos e nada além disso, mas seu corpo era bem escondido pelo manto preto que ia próximo dos calcanhares e com alguns detalhes em roxo como, por exemplo, as bordas do traje. Os dois pareciam concentrados na dupla no interior da caverna.

— O que houve? — Foi Death quem perguntou. Por mais que sua voz estivesse abafada pela máscara, sabia-se que era uma figura masculina. O mesmo não parecia verdadeiramente preocupado com o que tinha acontecido, mas assim mesmo era educado o suficiente para perguntar. 

— Aparentemente… — Prague quem começou desta vez. Ele inclinou a cabeça para o lado enquanto anotava mentalmente alguns detalhes. — …Gluttony pegou essa chuva a caminho daqui, mas é idiota o suficiente para se esquecer de estende-las. —

— Não é tão difícil, Prague. Não precisa ser um gênio para saber que Gluttony é um idiota. — War quem comentou assim que se virou e deixou os braços cruzados. O mesmo retornava a se sentar na estalagmite que havia escolhido anteriormente. 

— Eu não sou um idiota. — Gluttony murmurou e seu olhar se tornou um pouco mais sério.

— Não? — War perguntou, mas antes que obtivesse sua resposta ele deu continuidade enquanto cruzava as pernas. — Prague, descreva-o. —

"Merda" Gluttony pensou e levou a mão direita ao rosto. Death já estava mais do que acostumado com aquela discussão e, por isso, não seria estúpido de ficar em pé, então se aproximou de outra estalagmite e se sentou e copiou a posição em que War estava. O único que resolveu ficar sentado fora Prague.

— Gluttony… — Prague começou a dizer enquanto encostava suas costas na parede rochosa ao lado e moveu o rosto o suficiente para ver o céu clareando novamente por causa de um relâmpago. — ...excelente em Taijutsu e Kugutsu, mas age na maior parte do tempo como um idiota. Pode tentar parecer uma pessoa equilibrada e calma, mas não é nada disso. Você perde fácil seu temperamento no desenvolver de uma batalha e isso se transforma na sua derrota. Seu elemento principal e mais poderoso é o Suiton e, assim como Tobirama Senju, não há necessidade de ter água por perto para fazer os Jutsus. Isso prova como tem talento que acaba sendo desperdiçado por falta de equilíbrio emocional. —

— Prague é o mais perceptivo de nós. Apenas aceite isso, Gluttony. — War quem comentou e deixou que um suspiro escapasse de sua boca. 

— Tá, descreva o Death. — Gluttony comentou e apontou para a figura sentada e que não parecia interessada no desenrolar daquela conversa. 

Prague moveu o rosto para ver Death, mas não disse uma única palavra. A verdade é que aquela pessoa era misteriosa em todos os traços de sua personalidade, sempre quieto quando se reuniam e, por isso, não dava para descrevê-lo com a mesma exatidão que Gluttony. 

— Impossível. — Prague murmurou.

Outro detalhe a respeito de Death era sua quietude sombria. Em 99% do tempo o desconhecido preferia pelo silêncio, ou seja, reservando suas palavras apenas para sua mente que também era desconhecida. Ninguém sabia o que ele pensava a respeito daquele grupo ou de qualquer coisa, mas se estava entre eles é porque os ideais eram semelhantes. Death cruzou os braços e movimentou o rosto o suficiente para ver Gluttony, mas desviou sua atenção para o lado de fora e para a tempestade.

— Bom, podemos começar nossa reunião. — War quem comentou. Ele havia percebido a atenção de Death para o lado de fora e imaginou que o mesmo já estava insatisfeito com aquele lugar. — Cadê seu manto? Não me diga que está molhado. —

Death levou a mão direita ao bolso da calça e puxou de dentro um pergaminho menor do que seu mindinho. O abriu e revelou que na página continha um selo, mas ele não o desfez. Aquela já era uma resposta mais do que suficiente para o outro homem.

— Qual será o tema dessa vez? — Gluttony perguntou e levou as mãos para trás da cabeça e entrelaçou os dedos. — Não acho que conseguiremos mais aliados, War. —

— Não precisamos de mais aliados. Quatro é um número satisfatório. — War comentou e inspirou antes de dar continuidade ao seu comentário. — Vamos começar o plano. —

Nesse momento tudo se aquietou. Exceto pela tempestade fora da caverna que continuava firme e, provavelmente, não acabaria tão cedo, mas com certeza viria um dia agradável quando acabasse.

— Como é? — Gluttony perguntou.

— Está na hora. Estamos no ápice de nossas habilidades e já sabemos onde operar e por quanto tempo. — War comentou e aproveitou para se levantar e pôs as mãos nas costas antes de continuar com seu comentário. — Primeiro o país do fogo, depois do vento e assim por diante. Faremos com que o mundo ninja atual caia. Lembram do porque esse grupo foi formado? —

— Os ninjas dessa era são fracos. Inexperientes. Despreparados. Não possuem mais o mesmo potencial de antigamente. Devemos nos aproveitar disso para derrubar os países. Derrubar com a morte, a praga de doenças, a fome. E a guerra. — Foram as palavras de Death e ele não se importou que tivesse se tornado o centro da atenção dos outros três. As últimas palavras ele havia se dirigido para War, mas olhando para a bandana que ocupava seu traje. 

War era o único do quarteto que carregava uma lembrança física de algum lugar. "Impressionante. Essa foi a primeira vez que Death falou tanto" War quem pensou, mas o mesmo imaginou que os outros dois pensaram a mesma coisa já que suas atenções estavam fixas naquele que o respondeu. 

— Como faremos isso? — War perguntou novamente.

— Gluttony… — O braço direito de Death se levantou com o punho fechado, exceto pelo indicador, e apontava para o mencionado. — ...atacará fazendas com suas invocações. Destruirá fontes de alimento com aldeias próximas e, se um ninja aparecer, o matará. —

"Correto, quem diria que ele escutava as reuniões" War pensou e não escondeu um pouco da satisfação. 

— Prague… — O braço de Death se moveu e ele apontou desta vez para o mencionado. — ...usará seus insetos para espalhar doenças e estragar a agricultura. —

"A utilidade de um Aburame" War pensou e olhou para Prague que balançou a cabeça como se concordasse com as palavras de Death, por mais que já tivesse ouvido aquilo inúmeras vezes.

— Eu… — Death apontou para si e deu continuidade. — ...matar. Tenho que eliminar aldeias pequenas de qualquer jeito. Criar desespero. —

"Simples" War pensou.

— E você… — Death apontou para War antes de prosseguir. — ...tem ligação com Kirigakure. Se deixar alguma evidência de que seu país está envolvido em alguma coisa, as relações entre os dois países ficarão tensas. Muito ruim se considerar suas habilidades. —

"O meu clã" War pensou e abaixou a cabeça o suficiente para olhar suas mãos, ou melhor, o pedaço de cristal — gelo — que o mesmo formou durante o solo de Death. O cristal estava entre as palmas de suas mãos e se estilhaçou quando ele as fechou em punho. 

— Parabéns por ter escutado todas as reuniões, Death. E por ter falado mais palavras do que já falou em todas as reuniões. Pelo visto, está ansioso para começarmos, né? — War perguntou para o companheiro, mas ao não receber uma resposta ele só suspirou e se ajeitou na estalagmite que havia se sentado. — O bom e velho silêncio. —

— Como manteremos contato com o outro? — Gluttony perguntou e aproveitou para se levantar e seguiu em direção às suas roupas e pôs a mão nelas. — Um pouco mais secas. —

— Idiota. — War murmurou.

— Do jeito que preferir. — Foram as palavras de Prague. O mesmo se lembrava das numerosas discussões em reuniões anteriores a respeito de comunicação, de todas as ideias que foram jogadas e rejeitadas. — Mas a ideia original não era de nós encontrarmos mensalmente aqui, War? —

— Isso mesmo. — War respondeu.

"Saquei" Gluttony pensou e aproveitou para vestir seu traje um pouco mais seco. Ele ajeitou as plumas de seu manto quando o vestiu e depois ajeitou a máscara no rosto e voltou a se sentar na estalagmite que havia escolhido. Ele foi observado apenas por War, mas o segundo em questão desviou sua atenção para o lado de fora quando outro relâmpago soou.

— A geração atual se tornou inútil e não conhece o verdadeiro perigo. O mundo ninja está calmo demais. Essa é a nossa oportunidade de derrubarmos quantos países pudermos com esse plano. — War murmurou e sua atenção se desviou para cada um dos colegas que mantinham-se em silêncio. — Está na hora de começar. —

— Então… — Gluttony murmurou e levou as mãos para os bolsos assim que deixou o lugar que havia se sentado e caminhou na direção da entrada da caverna. Ele ignorava que era observado pelo restante. — ...estamos liberados? —

"Impaciente" War pensou enquanto movia a cabeça e olhava para cada integrante daquele grupo. Death abaixou sua cabeça depois de ouvir a pergunta de Gluttony e olhou para o chão como se fosse mais interessante. Prague, por outro lado, olhava para War e aguardava pela resposta que daria. Ninguém liderava aquele grupo, mas todos conheciam, ou melhor, usavam a palavra dele como final. Isso porque acreditavam e confiavam nele. E isso era suficiente.

— ...liberados. — War murmurou.

"Vão, se divirtam" ele pensou. Gluttony foi o primeiro a ir embora e pular do pequeno vão que dava acesso a aquela caverna na montanha. O segundo acabou sendo Prague que transformou seu corpo em inúmeros insetos e desapareceu quando saiu da caverna, mas se forçasse um pouco a audição ainda daria para ouvir o zunido. Death continuou parado em seu lugar. E War estava para perguntar o porquê dele não ir embora, mas o misterioso só fez um selo de mãos e seu corpo foi coberto por chamas que acenderam a caverna por alguns instantes e depois desapareceu. 

— Um Bunshin de Katon. Nunca foi o original. — War murmurou um pouco impressionado.

War se permitiu que sorrisse pela ousadia de Death. Onde quer que estivesse, era ainda mais misterioso por escolher ficar e deixar que um Bunshin fosse em seu lugar. War se levantou e se aproximou da saída da caverna e continuou olhando para o lado de fora tempestuoso e suspirou antes de dar um passo para fora. E ir embora de lá. A decisão de começar já havia sido divulgada e a partir daquele momento era de se esperar por resultados.


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