Tales of a Uchiha escrita por Saberus


Capítulo 19
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E ali estava Sakura, anos depois, olhando para os belos olhos de Rin. Os olhos de Sharingan que pertencem ao clã Uchiha. A expressão do mais jovem demonstrava uma clara confusão, sem entender o que acontecia, mas em momento algum o mesmo recuou ou parou de acariciar o cabelo da mais velha. Os olhos de Rin voltam a coloração esverdeada costumeira e o jovem aproveitou para se distanciar um pouco da mais velha. E reparou no olhar de Sakura. A kunoichi das lesmas possuía um brilho suave em seus olhos e a mesma se negava a deixar que as lágrimas escorressem, havia um tipo de alegria que ele não conseguia definir e um pouco de tristeza também. Ele ficou em silêncio por alguns segundos enquanto seus olhos se cruzavam com o de sua mestra, mas moveu as mãos para as bochechas da kunoichi e engoliu em seco.

— Sakura-sama, está tudo bem? Eu tenho certeza que meu soco não foi tão forte assim. — Rin comentou e um pouco de suor escorreu por seu rosto ao imaginar que causou algum problema para sua mestra. — Ou foi a cabeçada? —

Sakura ficou em silêncio, mas sentiu um alívio deixando seus ombros recém tensos. Rin, ou Rakun, era alguém que se importava com o bem estar das pessoas, alguém com um bom coração. "Por enquanto não devo dizer o que penso" a kunoichi pensou e fechou seus olhos e apreciou por alguns segundos o toque das mãos do mais jovem em suas bochechas, mas voltou a abri-los. "Não quero causar problemas para Shiawase e Akami" pensou novamente e continuou olhando para o garoto e, por fim, suspirou antes de segurar os pulsos do mais jovem e afastar as mãos de seu rosto.

— Ah, não foi nada. Eu estou bem, Rin. — Sakura comentou e devagar se levantou e pôs as mãos na cintura antes de olhar em volta e seus olhos se concentram no Uzumaki que continuava observando em silêncio, mas depois se voltam para o garoto. — Diga-me, Rin. Como venceram o Gluttony mesmo? —

Rin estranhou a pergunta. Naruto se aproximou para que pudesse ouvi-la, por mais que já tenha lido documentos que contavam sobre aquela missão. O hokage imaginava que haveria novos detalhes se insistisse naquela lembrança. O mais jovem ficou em silêncio, mas abaixou a cabeça um pouco e olhou o gramado por alguns segundos. Ele não queria reviver as memórias de seus amigos morrendo um após o outro. Seu olhar perdeu um pouco daquele ânimo, pôs as mãos nos bolsos da bermuda antes de levantar o rosto e balançar a cabeça.

— Não vencemos, perdemos. — O rosado sussurrou. Ele imaginava que uma vitória seria se os amigos estivessem vivos, mas ali estava como único sobrevivente. — Eu vou para casa. Depois quero saber a quarta regra, Sakura-sama. — Ele olhou para o Uzumaki que havia se aproximado para escutar os detalhes da missão. — Desculpe, Hokage. Eu não quis chamá-lo de assassino. —

"Ele está mais calmo, mas ainda abalado com tudo que aconteceu" o Uzumaki pensou e percebeu aquele olhar do mais jovem. O lembrava muito da época em que soube da morte do Ero-Sennin, mas o único diferencial era que o menino se esforçava para esconder a amargura. Caso Rin não falasse sobre o que está sentindo, com certeza ninguém perceberia o quão pesado estão seus ombros. Claro, exceto pelas pessoas que o conhecem verdadeiramente bem. Naruto suspirou e concordou com aquele pedido de desculpa e chegou mais perto do rosado e pôs a mão enfaixada em seu cabelo.

— Se serve para alguma coisa…eu já pichei o monumento dos hokages quando era mais jovem. Inúmeras vezes. — O Uzumaki comentou e se lembrou da época em que estava sozinho na sua infância, mas sorriu para o mais jovem. — Não tem com o que se preocupar, Rin. —

— Tudo bem. Daqui uns dias voltamos para cá para que eu diga sobre a quarta regra… — Sakura deu uma pausa de dois segundos em seu comentário. Ela não queria dizer o outro nome por engano por mais que aquele fosse o verdadeiro nome do jovem. — ...Rin. Ah, e não conte para sua mãe o que aconteceu aqui. —

Rin concordou. Não tinha porque contar sobre uma briga com o líder da aldeia da folha e com a melhor médica do país do fogo. Ele usou a mão direita para esfregar seus olhos enquanto sentia seu corpo pesado. Tinha um pouco de sentido em estar cansado já que ainda não estava completamente recuperado e até poucos minutos atrás estava numa cama hospitalar. 

— Não conte para minha mãe que eu invadi seu escritório, por favor. — O rosado murmurou para o Uzumaki. Ele sabia que sua mãe reclamaria um monte caso a história se espalhasse de que ele invadiu o escritório para bater naquele homem. 

O Uzumaki concordou. O mais jovem apenas bocejou e abaixou sua cabeça depois de olhar em volta e identificar o caminho que devia seguir para retornar para a aldeia. Quando o rosado já estava um pouco distante, Naruto olhou para Sakura que silenciosamente olhava para Rin.

— Rakun, Sakura-chan? — Naruto perguntou e levantou uma das sobrancelhas com uma clara dúvida. — Pode me explicar? —

— Desde que não espalhe. — Sakura o respondeu e cruzou os braços abaixo dos seios antes de dar continuidade. — Lembra do que aconteceu no hospital a uns dezesseis anos? Aparentemente, meu bebê está vivo e em outra família. —

— Porque não contou para ele? — Naruto voltou a perguntar e também cruzou os braços.

— Porque ele está bem. Por agora é isso que importa. — Sakura o respondeu e um pequeno sorriso tomou seus lábios antes de voltar a atenção para o loiro. — Não conte para o Sasuke-kun. Por enquanto, só nós dois sabemos disso. — A rosada levantou um pouco seu rosto e olhou para o céu antes de suspirar. — Ele nem se tocou que ativou o Sharingan. Está fazendo isso de forma inconsciente em momentos de raiva. —

— Acho que despertou quando os amigos morreram. — O Uzumaki murmurou e se aproximou um pouco da rosada e não escondeu um sorriso. — Até quando guardamos esse segredo? —

— Não sei. — Sakura o respondeu.

Enquanto os dois conversavam, Rin já estava longe. Caminhando novamente pela aldeia e de cabeça abaixada desde o começo, seus olhos esverdeados concentrados no chão enquanto seu corpo de forma automática desviava das pessoas à sua frente. Ele não estava afim de retornar para casa usando os esgotos da aldeia. Preferia o caminho mais longo para que colocasse um pouco de seus pensamentos em ordem. Seus olhos evidenciaram um cansaço em progresso, mas uma tristeza que também se aprofundava com o passar do tempo. Ele parou de andar quando sentiu um toque no seu ombro direito e levantou a cabeça um pouco e depois a moveu para trás para saber quem o segurava. E um sorriso frágil tomou seus lábios quando reconheceu a pessoa. Era Yamanaka Misa com o cabelo loiro preso num rabo de cavalo e não usava o uniforme do estabelecimento em que trabalhava, mas roupas folgadas como se naquele dia estivesse de bobeira, os olhos azuis da garota pareciam contentes, mas preocupados com o garoto que havia encontrado perambulando pela aldeia.

— E aí, Misa. — Ele sussurrou para a garota e se virou para a enxergar melhor e sorriu um pouco mais antes de remover a mão direita do bolso e levá-la para esfregar os olhos.

— Fui ao hospital, mas você não estava mais lá. — Misa disse e levantou uma das sobrancelhas e um sorriso tomou o canto esquerdo dos seus lábios. — Nem sua mãe sabia para onde você tinha ido, Rin. —

— Ah. — O rosado falou. Era verdade, seu plano nada desenvolvido de escapar do quarto hospitalar para brigar com o Hokage não deixava implícito o período de tempo ou um retorno ao quarto. Ele subiu sua mão para o cabelo e o coçou. — Eu já estava cansado do hospital. Então, fui descansar por aí. Acho que é por isso que eu estou um pouco cansado ainda, Misa. —

"Uma boa desculpa se eu parecer triste" ele pensou um pouco satisfeito por aquela mentira. Odiava contar mentiras, mas era o único jeito. Ele ficou em silêncio quando a loira não disse uma única palavra, mas seus olhos azuis não se desviaram dele. Era como se Misa o avaliasse e pudesse identificar a tristeza que o mesmo sentia. Aqueles olhos azuis que se encontraram com os seus esverdeados e ficaram assim, quietos e se olhando, por algum tempo. Misa Yamanaka não insistiria com os sentimentos pesados de Rin, ela sabia disso e percebia que o mesmo sofria. Ela esperaria até o momento em que ele resolvesse dizer tudo para alguém e queria acreditar que esse alguém fosse ela. Mas ao mesmo tempo, queria dar um pouco de alegria para o rosado para que ele não sofresse com o que guardava.

— Podemos ir para algum lugar, Rin? — Misa perguntou e levou sua mão, a mesma que antes ficou no ombro dele, para segurar a mão direita dele.

"Tipo num encontro?" Rin pensou e sentiu o coração acelerar um pouco quando sua mão direita foi segurada pela loira. Sua ideia era retornar para casa e seguir direto para o quarto e dormir pelo tempo que fosse necessário, mas andar por aí com Misa parecia, ou melhor, era uma ideia excelente. Ele só balançou a cabeça e, desta forma, concordou com a pergunta da garota.

— Que legal. — A Yamanaka murmurou e um sorriso mais largo tomou seus lábios enquanto se aproximava um pouco mais do rosado. — Vamos ao cinema, Rin? Tem um filme novo que eu adoraria ver com você. —

"Que tipo de filme ela gosta?" pensou enquanto olhava para a garota agora tão perto dele. Ele imaginava que aquele encontro — ou o que fosse na cabeça de Misa — seria útil para um conhecer um pouco mais o outro. Ele inspirou com profundidade, sentia seu corpo um pouco cansado e pesado, mas agradaria o quanto pudesse a loira e só então ia descansar quando chegasse em sua casa. Sua intenção era fazer com que a garota se divertisse, por mais que ele não estivesse muito bem.

— Claro, vamos lá. — Comentou e olhou para a mão dela que segurava a sua e depois olhou para a garota. Ele ajeitou a forma que seguravam as mãos e, desta forma, entrelaçou seus dedos com os dela. — Eu pago, Misa. —

— Que maravilhoso. — Misa comentou e aproveitou que sua mão estava entrelaçada com a do outro para puxá-lo pelo caminho. Ela o olhou enquanto o puxava e sorriu com muita alegria. — Os salgadinhos também, Rin. —

— Claro, os salgadinhos também. — Rin murmurou e abaixou a cabeça um pouco para esconder um sorriso enquanto era puxado pela garota.

"Já sei como papai se sente quando vai passear com mamãe" ele pensou enquanto era puxado pela loira, mas admitia que gostava daquilo. Daquela sensação de estar com outra pessoa. Uma pessoa alegre como a Misa. Em alguns minutos a dupla chegou à frente ao cinema e a loira prontamente apontou para um filme recente sobre um casal de ninjas que teve de se separar por causa de missões em lados opostos e agora lutariam contra o espaço e tudo para voltarem a de ver. Era um maldito filme de ação com muito romance, mas que era muito bem criticado. 

Enquanto os dois viam o filme, outra coisa acontecia bem longe da vila da folha. Pedaços de uma máscara — a máscara de Gluttony — eram pegos por outra pessoa com uma máscara completamente branca com dois buracos para os olhos e nada além disso, mas seu corpo era bem escondido pelo manto preto que ia próximo dos calcanhares e com alguns detalhes em roxo como, por exemplo, as bordas do traje. O estranho segurava na mão direita enluvada um pedaço da máscara de Gluttony e na mão esquerda uma carta que era amassada e jogada na água e levada pela correnteza. O estranho mascarado se levantou e moveu a parte superior de seu corpo e olhou numa direção específica como se soubesse exatamente onde era Konoha, mas logo desviou sua atenção para qualquer outra coisa e levou as mãos enluvadas para dentro dos bolsos de seu manto, depois de ajeitar o capuz para encobrir a máscara que escondia o seu rosto, e seguiu seu caminho sem dar a mínima para Konoha ou o fragmento da máscara que encontrou. Se ele achou um pedaço, então seria questão de tempo até que os outros também encontrassem.

O estranho mascarado começou a se distanciar dos inúmeros corpos que deixou para trás e com intensas queimaduras corporais, tão intensas que suas roupas se grudam aos corpos e o metal das bandanas derreteu em seus rostos. O cheiro de carne queimada era nojento, mas o mascarado sabia que não demoraria para chover depois que usou tanto Ninjutsu de Katon e, desta forma, o cheiro poderia acabar indo embora. 

E novamente outra coisa acontecia longe daquele lugar. Mais precisamente numa pequena aldeia sem guarnição. Bom, tinha guarnição, mas não estava preparada o suficiente para lidar com coisas esquisitas. E a pessoa que andava em silêncio para sua entrada, com uma máscara de ferro e lentes vermelhas cobrindo o rosto, um manto preto com capuz, bandagens em volta dos braços, camisa preta sem mangas e com listras brancas, calça preta e botas da mesma cor, era a definição de esquisito e mortal. O estranho parou de andar para que pudesse ver as construções de madeira em chamas. Todas as construções estavam fechadas com um obstáculo em todas as saídas. E os gritos das pessoas era como música para seus ouvidos. Pessoas de todas as idades que não tinham nenhum assunto com ele, mas o mascarado passou por ali apenas para um pouco de seu entretenimento. Ele desviou sua atenção para um pedaço de papel na mão direita.

— "Conheci pessoas de Konoha. Vai ser bem divertido esfregar suas caras. Com amor, Gluttony". — O mascarado sussurrou o que estava escrito na carta antes de amassá-la e guardá-la no bolso de sua calça.


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