Tales of a Uchiha escrita por Saberus


Capítulo 2
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Rin deixou o hospital alguns minutos depois de sua declaração. Não havia mais nada a dizer para a sennin lendária que iniciou os cuidados médicos com o paciente, mas até mesmo ele sabia que não valia a pena já que os pulmões do homem estavam em estado crítico. Até mesmo um iniciante sabe reconhecer que a falência daquelas órgãos poderia ocorrer a qualquer momento. Mas isso não era da sua conta. Ele só queria descansar, ou melhor, comer alguma coisa e então desaparecer de um jeito que ninguém o encontrasse. Para sua felicidade, conhecia os lugares ideais para as duas coisas. Seus olhos esverdeados, que expressavam nada além de calma e frieza, se atentam aos comércios enquanto o rosado caminhava com muita tranquilidade, levantando a cabeça para um discreto cumprimento para aqueles que o chamavam. Na realidade, seus pais eram bem conhecidos na aldeia e, por isso, o mesmo também era conhecido, mas nunca se importou por aquela pseudo-fama.

"Que saco" pensou, por mais que nada estivesse o incomodando de fato, mas talvez a interrupção no descanso fosse o suficiente para aquele pensamento. Ele continuou caminhando pela aldeia, olhou por um breve momento para um garoto loiro com alguém mais velho usando sobretudo e com cabelo escuro que cobria uma parte do rosto, passou perto o suficiente para ouvir a conversa de treinamento e reconhecê-los. Uchiha Sasuke e Uzumaki Boruto, mestre e aprendiz. Seus olhos esverdeados se encontram com os azuis suaves do loiro que o encara com uma leve seriedade. No entanto, Rin desviou seu olhar e agitou os ombros como se não ligasse para nada. A verdade é que o rosado não tinha problema com os novos ninjas, ou melhor, evitava ter problema com eles e, para a sua alegria, funcionava com perfeição. Seu objetivo não era o mesmo deles de se destacarem, serem fortes a ponto de virarem o líder da aldeia ou a sombra do líder, agindo por debaixo dos panos. Não, ele queria ser médico para ajudar quem precisava. E estava conseguindo seguir por esse caminho.

Sua atenção retornou para o caminho a sua frente e, com um pouco de destreza, desviou do número grande de pessoas à sua frente — sempre que evitava um, já aproveitava do movimento para prolongá-lo e desviar do próximo — como uma dança. Apesar da falta de ambição no estilo ninja, por obrigação aprendeu algumas coisas na academia e sua mestra, Sakura Uchiha, ensinou algumas coisas extras. Ele suspirou e levou sua mão direita ao punho esquerdo e o massageou e apressou seus passos até parar em frente a um comércio pequeno com algumas cadeiras e mesas. Entrou e moveu seus olhos para a direção de uma garota de cabelo loiro bem suave e olhos azuis, o padrão de qualquer um do clã Yamanaka, a jovem segurava na mão direita uma bandeja com alguns sucos e andava rápido servindo algumas mesas. Ele já tinha visto aquele lugar movimento, bem movimento, por isso sabia que seis cadeiras não representavam nada além de um contratempo inicial. Um sorriso pouco a pouco foi tomando seus lábios, suas bochechas ganharam um calor adicional. 

— Ah, Rin! — A garota o cumprimentou ainda distante quando o notou na porta e acenou com a outra mão.

No entanto, ela havia se distraído o suficiente. E os copos vazios na bandeja estavam para cair e estilhaçar no chão, mas Rin se moveu. A expressão do rapaz se alterou tão rápido quanto o acidente começou, e ele passou por inúmeras mesas vazias em pouquíssimo tempo, seu olhar se concentrando na garota e depois nos copos. Ele mordeu os lábios e então levou suas mãos, como o bote de um cobra, para os copos próximos do chão e aproveitou deles para pegar outros dois, mas parou no momento em que ouviu um quinto copo se quebrar e suspirou com lentidão antes de ajustar sua postura e olhou para a loira que estava boquiaberta.

— Quatro de cinco, nada mal. — A loira contou e pôs a bandeja na mesa vazia do seu lado enquanto os olhares dos fregueses eram para a dupla. — Eu não sabia que você era rápido. —

"Uma frase de efeito para impressionar?" ele pensou e fechou um pouco os olhos, um pouco mais demorado do que uma piscada. Ele engoliu em seco e pôs os copos na mesma mesa e cruzou os braços.

— Há muitas coisas que você não sabe a meu respeito, Misa. — Ele comentou e no mesmo instante sentiu arrependimento por aquelas palavras, ou melhor, por aquela frase estúpida. 

— Por exemplo? — Misa, a jovem funcionária do restaurante, perguntou e aproveitou para se aproximar de Rin, curvou um pouco seu corpo e as mãos se entrelaçaram nas costas dela. — Conte algo a seu respeito, Rin. E eu conto algo a meu respeito. —

Rin engoliu em seco e recuou um centímetro. Seus olhos verdes suaves e os azuis dela se sustentaram por um pequeno período. Ele sentiu o suor deslizando por seu rosto e todas as palavras fugiram de sua mente. Era como se não tivesse ensinamento algum para pronunciar palavras. Suas bochechas e orelhas pelavam com todo aquele calor. Um detalhe a respeito de Rin? Ele pode gostar de qualquer um, homem ou mulher, mas se intimida fácil quando essa pessoa se aproxima demais, ou seja, fica um pouco idiota quando a pessoa está muito próxima dele. 

— Eu odeio o inverno. Época seca demais para o meu gosto. Não gosto também por causa do frio que dói meus dedos. — Contou, e era verdade. Dentro de um ranking de suas estações, Primavera ocupava a primeira posição e Inverno a última. Ele se sentiu ainda mais idiota por falar aquilo.

Ele percebeu quando o olhar da garota mudou, mas ele não entendeu para o que, até ouvi-la suspirar e voltou a pegar a bandeja da mesa. Rin podia ser inúmeras coisas, mas não tinha jeito com quem gostava.

— Quando o inverno começar vou te dar uma coisa para aquecer seus preciosos dedos. — Foi tudo o que a jovem sussurrou apesar do rubor de suas bochechas. Ela apontou para um cardápio. — Vai pedir o que? —

"Eu tenho que perguntar o que vou ganhar?" ele pensou, mas rejeitou a ideia e levou as mãos aos bolsos.

— Um chá. Pode ser qualquer um. E bolinhos de arroz com atum seco e tomate. — O rosado respondeu de automático e já foi se sentando numa cadeira com a mesa mais perto da porta e olhou para a loira. — Nada doce, por favor. Não gosto de doces. —

— Aí está uma curiosidade que eu queria ter ouvido no lugar de "detestar inverno". — Misa comentou, ou melhor, sussurrou, mas assim mesmo o rosado a escutou. 

— Só achei necessário dizer já que da última vez que vim aqui você me deu alguns doces grátis. O chocolate, meu pai comeu. — Rin contou.

Misa o olhou por alguns segundos, incrédula. Havia se esforçado na noite anterior fazendo aquele chocolate para o rosado, como uma retribuição por outra coisa, só para então descobrir que alguém da família dele que comeu o chocolate. Ela inflou as bochechas e pensou em usar a bandeja para bater na cabeça de Rin, mas se controlou.

A loira se afastou, mas retornou pouquíssimo tempo depois com uma bela xícara de chá verde e pôs na mesa para que Rin aproveitasse. Ele só olhou para a bebida e depois para a garota que correspondeu ao olhar e se afastou.

Rin bebeu um pouco daquele chá, mas manteve sua atenção na loira que parecia brava com ele. Nem mesmo parecia a jovem que o mesmo conheceu, ou melhor, ajudou a algumas semanas. Ele olhou para o líquido esverdeado da xícara e sorriu.

[ ۝ ]

Era ainda uma hora da tarde, mas assim mesmo fugia de suas obrigações para encontrar um bom lugar para descansar. Desta vez ignorava as ideias de procurar por esse lugar na aldeia, mas estava decidido a achá-lo na floresta que ficava antes dos portões da aldeia. O primeiro e único objetivo: passar despercebido. Foi fácil já que apenas cobriu o rosto com o capuz que complementava sua roupa e se aproximou de um cidadão mais velho que nem estranhou sua presença, ou melhor, nem se importou e continuou sua saída. Para qualquer um, até mesmo os guardas, Rin era neto de um senhor de idade avançada. E bom, ele conseguiu sair da aldeia e pôs sua mão direita no ombro do senhor que, com dificuldade o olhou.

— Obrigado pelo passeio. — Rin comentou.

Antes da resposta do senhor de idade, ele se afastou e seguiu para dentro da floresta, com as mãos nos bolsos da bermuda e olhando em volta, buscando um lugar que pudesse descansar sem problemas, ou seja, sem que ninguém o encontrasse nas próximas horas até que ele passasse pelos portões como se nada, literalmente nada, tivesse acontecido.

Rin em meia hora chegou a um riacho cercado por árvores. Ele removeu as mãos dos bolsos e concentrou chakra nos pés e escalou a maior das árvores, se sentou no galho de aparência resistente e cruzou os braços e abaixou a cabeça para então descansar. Em menos de dez minutos já estava dormindo.

— Socorro! —

Ele abriu seus olhos e reparou uma coisa. Não era o meio da tarde, mas o fim dela. Havia ainda um resquício do sol, mas coisa bem pouca. E a segunda coisa foi ter ouvido os passos apressados não muito longe, e novamente aquele pedido de socorro. Ele ficou em silêncio, mas antes de se dar conta já estava de pé no galho e vendo o movimento do mato abaixo das árvores. "Só uma pessoa" pensou e olhou para a árvore mais próxima dele e pulou para ela e conseguiu chegar a um dos galhos. Ele continuou atento ao que acontecia lá embaixo, tentando imaginar já que o mato escondia muita informação. Ele suspirou e deu um passo além do galho e caiu na grama e olhou para trás dele, para a garota com alguns arranhões que parecia surpresa com sua chegada, mas não escondia o terror, ou melhor, o medo. 

— Eu me chamo Rin. — Ele se apresentou e ouviu o farfalhar da vegetação atrás dele. Suspirou e lentamente fechou sua mão direita, mas seus olhos continuavam gentis para a garota. — Rin Katsuryoku. —

— Misa, Misa Yamanaka. — Ela o respondeu e olhou para trás do rosado e usou as mãos machucadas para cobrir a boca. — Um lobo. — Sussurrou.

"Merda" pensou e voltou a ouvir o farfalhar. Sentia a vigília sobre eles, mas estava decidido a não agir enquanto o animal não agisse. E então, o lobo cinzento saiu de trás da moita com sua boca cheia de presas aberta para terminar com aquela diversão. Mas Rin virava seu corpo e mantinha sua mão direita fechada com toda força, seu olhar não era mais gentil, suave, mas sim sério, frio, distante.

— Shannaro, Kuso Baka! — Ele gritou.

Ele acertou o lobo. E o animal foi jogado longe e só parou porque seu corpo colidiu com o tronco de uma árvore, mas ele não se levantou para repetir. Deveria ter perdido a consciência. "O aprendizado com Sakura vale a pena…" Rin pensou, mantendo a posição que usou para socar o animal por alguns segundos, até se dar conta de que alguém precisava de ajuda e, por isso, se virou e olhou para a loira que estava surpresa com aquela força monstruosa. Ele retornou com seu olhar gentil e tranquilo e se aproximou da garota e pôs uma das mãos no ombro direito dela.

— Vai ficar tudo bem agora, Misa. — Ele sussurrou.

E retornaram para a aldeia. Rin segurava Misa com cuidado em seus braços, suas mãos suavemente encostavam na pele dela, e delas emanava uma energia que era suficiente para fechar os ferimentos da loira. Aquilo, de fechar machucados leves, era tudo o que podia fazer por enquanto.

[ ۝ ]

Rin retornou ao presente. E olhou para um prato com dois bolinhos de arroz, depois olhou para Misa que tinha acabado de servi-lo e parecia confusa pela atenção.

— O que foi? — Misa perguntou.

— Me lembrando de como você pareceu assustada quando nos conhecemos. — Rin respondeu. — Com medo de um lobo e de mim, seu herói. —

Misa ferveu. Primeiro foram suas bochechas e depois seu rosto e depois suas orelhas, mas ela sabia que não ficaria assim. Ela usou sua bandeja para acertar um golpe atrás da cabeça de Rin e depois abraçou a arma do crime enquanto se afastava com as bochechas infladas.

— Kuso Baka. — Ela murmurou.


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