Tales of a Uchiha escrita por Saberus


Capítulo 3
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Rin levou um tempo para terminar de comer os bolinhos de arroz. Isso porque queria aproveitar o sabor da deliciosa refeição e, por isso, não se incomodou com a mudança de fregueses na última hora. Seus olhos, em tons esverdeados, também se concentravam no movimento de civis do lado de fora do estabelecimento. Então, voltou a atenção para o prato vazio na sua mesa e suspirou, reconhecendo que já estava na hora de ir embora se tinha comido tudo o que lhe foi servido. Levou sua mão direita ao bolso da calça preta, puxando de lá algumas moedas e colocando-as em cima da mesa e depois se levantando. Ele olhou para Misa, que conversava com algum freguês recente, mas olhou para ele assim que ouviu o curto assobio do adolescente de cabelos róseos que apontou com o indicador da outra mão para a mesa. Ela só balançou a cabeça com sutileza, confirmando que podia ver as moedas do lado do prato, e depois voltou a atenção para o freguês. Rin moveu os lábios para formar um sorriso discreto, nada muito espalhafatoso, e abaixou sua cabeça assim que usou o capuz para cobri-la e, por fim, saiu do estabelecimento. O adolescente tinha um ritmo próprio para sua caminhada, não era rápido demais para se cansar e não era devagar demais para ficar para trás quando conversava com alguém, por isso não demorava para ir de um ponto a outro. "Onde posso ir desta vez? Uma das cabeças de pedra me parece um bom lugar para descansar, mas alguém pode me incomodar. Ah, acho que ninguém vai me atrapalhar lá em casa" o rapaz pensou e então levantou um pouco sua cabeça, seus olhos esverdeados atentos ao movimento da vila que faria com que demorasse para chegar ao seu destino. 

"Uma rota alternativa" o rapaz pensou e olhou em direção ao beco mais próximo e foi para dentro dele. De início ignorou os sacos pretos — de lixo — e alguns ratos e caixas de papelão, ele andou por alguns metros até que parou em frente a um bueiro de esgoto e o empurrou e vislumbrou uma escada que o levava para onde queria ir. Não havia uma única regra a respeito do uso do esgoto para atravessar a cidade. "Aposto que quase ninguém pensa nisso" o rosado pensou assim que deixou as escadas e andava agora por um vão espaçoso de cimento, olhando de vez em quando para a água corrente a poucos metros dele e depois para a parede do seu lado. Poucas foram as vezes que usou aquele lugar, mas na segunda vez ele marcou com um "K.R" a escada, ou melhor, a parede que ficava mais perto de sua casa. Podia ser estúpido, mas era útil por encurtar o tempo de viagem em vários minutos. Depois de alguns minutos dessa caminhada pelo esgoto da vila, percebeu do lado de uma escada duas letras marcadas em giz branco, era sua caligrafia, e as letras um "K.R" e ele abaixou a cabeça para rir baixo por alguns segundos. Então, sem se demorar, segurou na escada e subiu para a superfície.

E lá estava ele. A poucos metros de sua casa de dois andares e com as luzes ainda apagadas. "Faz sentido. Ainda estão no hospital" o rosado pensou enquanto caminhava para perto do portão de madeira e o empurrava para ter acesso ao jardim bem esverdeado e com algumas flores que sua mãe plantou no tempo livre, assim como uma bela laranjeira com alguns frutos nos galhos mais altos. Ele só bocejou e removeu a mão direita do bolso de sua calça com a chave da casa e passou na porta para a abrir e entrou na casa. Rin olhou em volta assim que entrou na residência e tentou ouvir qualquer coisa, mas não havia indício de alguém lá dentro. "Ninguém mesmo" pensou e continuou olhando enquanto seguia para a escada que o levaria ao segundo andar. Reparando primeiro na sala de estar e depois na cozinha, mas não havia uma única diferença desde a hora que saiu com seu pai para o hospital. Ele subia os degraus e aproveitava para tirar a jaqueta vermelha com capuz cujas mangas somente iam até os cotovelos, depois retirou a camisa preta de manga longa longa — até os pulsos — e os aquecedores de seu pulso saíram em seguida. Não teria sentido ir agora para seu quarto e deitar sendo que acabara de sair do esgoto. Toda sua cama estaria fedendo nas horas que ele descansasse e sua mãe poderia reclamar com ele por horas.

Ele jogou suas roupas num canto do banheiro — inclusive a calça preta e a cueca boxer — e tomou um demorado banho. E depois seguiu para seu quarto e vestiu uma camisa preta sem manga e de gola alta com uma bermuda cinza e deitou em sua cama, abraçou o travesseiro e olhou pela janela enquanto seus olhos pesavam até fechá-los e dormir.

— Rin! — Uma voz feminina no andar inferior da casa, mas audível. O suficiente para que o adolescente abrisse um pouco seus olhos. — Rin, vem jantar. —

Rin abriu um pouco mais os olhos, piscando algumas vezes e olhando pela janela novamente e percebendo que já era de noite, os postes já iluminados e as estrelas brilhando. Ele coçou os olhos e se sentou na cama e abriu a boca para um bocejo duradouro e depois se espreguiçou.

— Já vou! — Foi sua única resposta.

Rin então saiu da cama e depois de seu quarto, parou no momento em que sentiu o cheiro do andar inferior e levou a mão direita para sua barriga. Ele engoliu em seco só de imaginar o sabor do peixe frito e das batatas assadas e do próprio arroz. O rosado depressa chegou a escada e desceu seus degraus, o levando para o andar inferior e depois seguindo para a cozinha, então ficou em silêncio por um instante, olhando para seu pai sentado numa ponta e lendo o jornal da manhã — que não teve tempo de ler — e sua mãe do lado direito dele o servindo. Os olhares do casal se dirigiam para o recém chegado na cozinha. E a mulher abriu um sorriso reconfortante.

— Obrigado por mais cedo, querido. — Foi tudo o que sua mãe disse, suficiente para atrair a atenção do marido que olhou para o filho. 

— Não foi nada demais. — Rin comentou e se sentou no lado esquerdo de seu pai e olhou para o prato dele já preparado e depois olhou para sua mãe. — Sakura falou mais alguma coisa? —

— O que aconteceu? — O pai do garoto perguntou, dobrando o jornal e o colocando debaixo da cadeira para que lesse mais tarde. 

— Uma emergência. — A mulher respondeu seu marido, mas percebeu a confusão nos olhos do mesmo e explicou. — O paciente do quarto 502 está com um grande problema nos pulmões. Quis o Rin lá para que pudessem conversar e distraí-lo um pouco, mas tudo mudou de repente. Ele ficou com falta de ar, seus pulmões não estavam trabalhando bem, então optei por usar ninjutsu para ajudá-lo, mas ele ficou violento. Por sorte, outra médica estava na hora para agarrá-lo. Mais sorte ainda foi o Rin aparecendo e pensou rápido em fazer uma traqueostomia de emergência. — A mulher olhou para o mais jovem e balançou a cabeça. — Depois que saiu? Não disse mais nada. Não para mim, pelo menos. —

— Uma traqueostomia de emergência? Esse é o meu garoto! — O homem comentou e levou sua mão direita ao cabelo do filho e o bagunçou por alguns segundos.

Rin sentiu suas bochechas esquentarem por aquela demonstração de afeto de seu pai. O garoto reparou na felicidade verdadeira de seu pai e depois olhou para sua mãe que colocava os cotovelos na mesa e as mãos para apoiar o queixo, assistindo maravilhada a cena em questão. 

— Aliás, você usou os esgotos outra vez, né? Suas roupas estavam fedorentas, mas tem salvação então as joguei na máquina de lavar. — A mulher comentou, sem abandonar o sorriso direcionado ao filho e inclinou um pouco sua cabeça. — Porque não caminha pela aldeia como uma pessoa normal? —

— Ah, eu respondo essa. — O pai do garoto disse e parou de esfregar o cabelo de Rin e cruzou os braços antes de dar seguimento. — "Porque é perda de tempo andar quando tem muita gente, pelo esgoto é mais rápido já que ninguém usa e não há leis sobre a utilização do esgoto." Falei certo, Rin? —

Rin revirou seus olhos quando sua mãe riu da resposta que seu pai deu. Uma resposta que ele já contou inúmeras vezes. O rosado só balançou a cabeça, concordando com a resposta de seu pai que acabou gargalhando. O jovem rosado optou por um silêncio e cortou o pedaço de peixe e batata em seu prato e depois levou para sua boca. A mãe de Rin foi a segunda a parar de rir e preparar uma garfada e levar para sua boca, seu marido foi o último.

— O rapaz está melhor? — Rin perguntou depois de engolir os pedaços de peixe e batata. Seus olhos estavam concentrados na sua mãe como se pudesse ler cada uma das expressões dela. — Ela usou ninjutsu médico. Ele está melhor? —

Ele até podia dizer que não se preocupava com o desconhecido, mas seria uma mentira. 

— Sim, ele está melhor. — A mãe dele respondeu e saiu da cadeira para pegar a jarra de suco de limão na geladeira e depois retornou para a mesa. — Mas seus pulmões estão doentes demais. A broncopneumonia teve muitos avanços com os descuidos dele. E não duvido que ela vá retornar pior do que antes. O que aconteceu hoje foi um gostinho do pior. —

— Há certas coisas que nem mesmo o Ninjutsu Médico pode curar. — O pai de Rin que disse desta vez depois de beber um pouco de suco de limão.

Rin suspirou, conhecia bem as limitações iniciais do ninjutsu médico, mas também sabia que com o treinamento certo essas barreiras não existiriam. A própria Tsunade Senju conseguia se manter jovial por causa do ninjutsu desenvolvido, e Sakura Haruno, ou melhor, Sakura Uchiha, foi um dia sua aprendiz. As duas tornaram-se conhecidas como sannins lendárias das lesmas em épocas diferentes. Os olhos do esverdeado se baixaram para o prato de comida e ele bagunçou um pouco com seu garfo antes de ouvir a porta batendo.

— Eu atendo. — O rosado murmurou já saindo da cadeira sob o olhar atento de seus pais. 

Rin saiu da cozinha e seguiu pelo corredor iluminado e cheio de fotos familiares e vasos de plantas até a porta da casa e a abriu. Ele ficou em silêncio por um momento enquanto olhava para a pessoa conhecida do lado de fora. Era uma mulher — Jounin — de cabelos negros até os cotovelos, bandagens cobrindo seus pulsos e indo além das mangas de sua camisa preta, seus olhos brancos como pérolas já informando que a mesma pertencia a um dos clãs mais poderosos da aldeia — Hyuga — e a mesma parecia, ou melhor, estava calma enquanto via o rosado. Aquela pessoa se chama Hyuga Suitai.

— O que está fazendo aqui a essa hora? — Rin perguntou, mas não deu passagem para que a mulher entrasse. 

Ele conhecia aquela mulher. Na verdade, teve que conhecer durante a breve formação de um time que participou, mas que foi desfeito sem terem feito qualquer missão.

— O Hokage quer vê-lo. — Suitai respondeu ao rapaz e depois olhou para além do rosado. — Desculpe interromper o jantar em família, mas Rin é requisitado pelo Hokage. —

— Algum problema? — A mãe dele perguntou e deu alguns passos na direção da porta.

— Relaxem. — Suitai disse, mas não abandonou a expressão calma antes de voltar seus olhos perolados ao mais jovem. — Ele não está com problemas. Mas há algo que o Hokage quer discutir com ele. —

— E o que seria? — O pai do garoto perguntou. O homem não estava na entrada da cozinha ou ao lado de sua esposa, mas atrás de Rin apertando sutilmente seu ombro direito. — Isso não pode esperar até amanhã? —

— Que saco. — Rin disse e usou seu cotovelo para bater no pai e dar um passo para trás. Seu olhar era um pouco sério já que havia entendido. — Me dê um minuto para buscar a minha bandana. —

— Como é? — A mãe de Rin perguntou.

— Alguma missão idiota. — Rin respondeu e deu alguns passos adicionais até uma cômoda do lado da entrada da cozinha e puxou de dentro da gaveta uma bandana empoeirada. — Vou ter que participar de alguma missão. —

— Sei que está descontente com isso, Rin. Mas não posso descumprir as ordens do Hokage. — A Hyuga comentou, mas continuou assim que percebeu os olhares dos pais na sua direção. — Prometo que vou cuidar dele. —

— Quem mais já recebeu esse aviso? — Rin perguntou ajeitando a bandana no seu pescoço. — Kira Uzumaki e Li já sabem? —

— Estão no escritório. Esperando por você. — A Hyuga respondeu.

"Que saco" o rosado pensou e passou por seus pais que ficaram em silêncio, observando o mesmo seguir para fora da casa acompanhado pela Jounin que levava uma das mãos para as costas do mesmo antes de desaparecerem numa cortina de fumaça.


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