Tales of a Uchiha escrita por Saberus


Capítulo 1
S01Ch01;


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura.
Se quiserem comentar a respeito, fiquem a vontade.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/802805/chapter/1

"Que preguiça. Dá quase vontade de fazer absolutamente nada o dia inteiro" pensou o jovem de cabelos róseos, deitado no terraço do hospital mais conhecido da Vila da Folha, com suas mãos servindo como travesseiro para a cabeça. Seus olhos, esverdeados como esmeraldas, prestando atenção no lento movimento de uma nuvem que passou por cima dele, fornecendo por aquele momento uma sombra. Ele não estava ali em cima porque estava fugindo, nem mesmo no hospital por algum possível problema. Não, estava lá só porque quis apreciar o agradável período de primavera, uma das quatro estações do ano que gostava, queria também aproveitar o dia de temperatura ideal. Não faz sentido algum correr por aí naquele dia. Um bom apreciador — alguns diriam preguiçoso — sabe quando o dia está propício para um longo descanso. Ele abriu sua boca para bocejar, enquanto fazia isso seu corpo se espreguiçava e ele soltou um gemido lento, mas prolongado e moveu seu rosto para o lado direito, lentamente abrindo seu olho direito e um sorriso pelo canto se formando após o bocejo.

— Demorou para me encontrar desta vez. — Rin comentou, sua voz transmitindo um toque suave e gentil.

O olho em tom esmeralda do garoto de dezesseis anos analisa, com certo cuidado, o homem de jaleco branco que fechava a porta de ferro atrás de si, a única entrada e saída do terraço do hospital se não fosse um ninja para usar chakra nos pés para escalar, ou corajoso para pular de seis andares. O homem que se aproximava parecia, ou melhor, estava bravo por ver o garoto de cabelos róseos descansar, seus olhos verdes — como musgo — concentrando-se apenas no garoto enquanto andava apressado e confiante na sua direção. 

— Estou te procurando desde que te deixei na recepção para marcar seu nome, Rin. Desde de manhã não sei onde você estava. — O homem, lá pelos seus trinta e seis anos, comentou para o rosado e levou a mão direita enluvada para o próprio cabelo vermelho suave e olhou em volta. — O que está fazendo aqui? Se escondendo de obrigações que nem da última vez? —

— Relaxando. Marquei meu nome como sugeriu, mas quando olhei para a janela vi que o tempo seria agradável demais para ficar preso dentro de um hospital. Por isso, vim pra cá. — Ele respondeu, mas sabia o resultado daquela conversa e já foi se levantando e sacudindo a própria roupa.

— Sabe que é muito difícil encontrá-lo? Você nunca vai para o mesmo lugar duas vezes seguidas. — O homem não escondeu um sorriso quando disse aquelas palavras.

Era a mais pura verdade. Rin não gostava de ficar preso em certos lugares, nem mesmo de lotação. E isso piorava quando o dia parecia ser agradável, nem quente e nem frio, então o adolescente se metia em algum lugar por horas, até ver que já estava na hora de voltar ou até que alguém o encontrasse primeiro. E, como aquele homem mesmo disse, não repetia o mesmo lugar por duas vezes seguidas. Rin podia ser preguiçoso, mas era inteligente o suficiente para pensar nisso, talentoso para passar despercebido por inúmeros empregados, excelentes qualidades caso um dia tivesse a ambição de se tornar um ninja, progressão nesse possível estilo de vida não devia ser impossível, ou difícil, para ele, mas o rosado optou por um caminho menos arriscado e que não envolvia o confronto. 

— Não vou me desculpar... — O adolescente comentou e levou as mãos aos bolsos da calça que descia um pouco além dos joelhos, e olhou confiante para o homem à sua frente. — ...pai. —

Outra qualidade que descreve Rin é sua confiança. Nada fazia com que mudasse de ideia, era seguro de sua opinião de busca pelo conforto, suas atitudes, por menores que fossem, revelavam sempre a confiança inerente. Outros preferiam descrevê-lo como teimoso, mas seu pai o conhecia melhor do que ninguém para contestar essas pessoas. Foi ele o responsável, um dos, por moldar com sutileza a personalidade do adolescente, mas nunca conseguiram desfazer aquela preguiça dele, a busca por conforto. O homem sorriu, abaixou o rosto enquanto mantinha a expressão alegre, e moveu a mão direita até o cabelo do garoto e o afagou por um instante, Rin sentiu suas bochechas se esquentarem com a demonstração de afeto e compartilhou de um sorriso semelhante ao de seu pai, mas logo sentiu uma pancada com a mão esquerda do mais velho e, por isso, se ajoelhou e esfregou a área atingida.

— Essa doeu, velho! — Ele reclamou, usando as duas mãos para esfregar onde levou a pancada.

— Era para doer mesmo. — O mais velho comentou, retornando com as mãos nos bolsos do jaleco e se virando para olhar a porta de saída do terraço, depois olhou para o rosado ajoelhado. — Levante, não doeu tanto assim. Se tem vontade de ser médico, vamos sair logo daqui. —

Rin, como dito, não tinha interesse em ser um ninja comum que arrisca a vida em missões. Não, seu interesse era de seguir a mesma carreira dos pais, ou seja, ser um médico. E ele já provou inúmeras vezes, em demonstrações, que seu controle de chakra era bom, entendia as coisas com muita facilidade. Ou seja, outra prova de como era inteligente, perspicaz. O mais velho apenas encarou seu filho se levantar, como se nada tivesse acontecido, e retornou com as mãos nos bolsos da calça e mudou sua expressão para algo relaxado, mas sério e passou pelo homem que o encarou, ou melhor, viu suas costas que contavam mais a respeito da confiança do adolescente. Eles passaram pela porta de ferro, desceram inúmeras escadas e passaram por alguns corredores. O adolescente não perdeu a expressão de relaxo mista de seriedade quando passou por uma jovem, uma garota de cabelo escuro liso, óculos vermelhos melhorando a visão de seus olhos negros, com o símbolo de um leque vermelho e branco nas costas da roupa.

— Bom dia, Sarada-chan. — Ele cumprimentou enquanto passava pela herdeira do clã Uchiha.

— Já passou do meio dia, Rin. — Foi a única resposta que recebeu da garota que se afastava dele e do outro homem.

Rin não respondeu, não havia necessidade de uma contra-resposta se a mais jovem já estava longe para ouvi-la, mas ergueu seu rosto o suficiente, inclinando uma das sobrancelhas, olhando para seu pai que soltou um risinho depois da resposta curta da garota. Afinal de contas, ela estava certa e seu adolescente preguiçoso errado. Rin parou de andar por um momento e se aproximou de uma janela e olhou o pequeno jardim com belas árvores e bancos para que os pacientes se sentassem. Era um dos poucos lugares daquele hospital que foram pensados num descanso, ou passeio, de seus pacientes que, em geral, se cansam de ficarem sozinhos nas acomodações. Ele se afastou e voltou sua atenção para a figura masculina que o aguardava, mas com olhos atentos em cada movimento do filho.

— Você está sério demais hoje, velho. — Rin murmurou, levantando uma das sobrancelhas ao soltar aquelas palavras ao seu pai, mas continuou a falar antes que o mais velho tivesse a chance de respondê-lo. — Para onde está me levando? —

— Sua mãe. — O mais velho respondeu e se aproximou do único filho e pôs a mão direita no cabelo do rosado e o bagunçou um pouco. — E eu não estou sério. Só devia estar muito ocupado, mas tive de procurar pelo meu filho. —

Rin ficou em silêncio, mas não por muito tempo. Ele subiu seu olhar o suficiente para encarar o mais velho e, então, o respondeu.

— De nada por te deixar desocupado. — Rin murmurou e seus lábios lentamente se moveram para um sorriso, mas sem mostrar os dentes.

O pai do rosado sabia que não valia a pena continuar aquela conversa. Ele só revirou os olhos e soltou o cabelo do adolescente e apontou para um o quarto de numeração 502 antes de olhar para o garoto.

— Eu não estou com tempo, Rin. Meu objetivo era deixar você aqui na frente. Agora, cabe a você entrar ou não. — O mais velho disse e levou as mãos aos bolsos da calça, se virou e caminhou na direção de escadas que passaram a alguns metros.

— Que ótimo marido, velho. — Rin murmurou e revirou seus olhos esverdeados.

O mais velho nem o escutou. Rin levou uma das mãos para a cintura ao vê-lo partir para algo mais importante, depois virou o rosto para ver a porta branca. Ele considerava um desperdício de tempo, mas assim mesmo se aproximou e segurou a maçaneta e a girou, abrindo a porta que daria acesso ao quarto.

— Antes que diga alguma coisa me deixe dizer que sinto muito, mas o tempo está gostoso demais para ficar aqui dentro. — O rosado começou a dizer, mas não havia reparado direito no interior do quarto, ou melhor, sua atenção estava do lado de fora ainda.

— Entra e fecha a porta, Rin! — Sua mãe gritou.

Só então o rosado percebeu o que acontecia lá dentro. Uma mulher de quase trinta e dois anos, cabelo rosado bem escuro e olhos ônix, com o rosto um pouco suado e com sua mão direita segurando contra a cama o braço de um paciente que gritava exasperado, Rin percebeu outra mulher fazendo força no outro braço para impedir o homem de fazer qualquer coisa, mas dava para perceber que as duas já estavam cansadas.

— O que aconteceu? — Rin perguntou. Seu olhar calmo de antes foi substituído por seriedade em questão de segundos. Assim como também cortou a distância em pouquíssimo tempo.

— Dificuldade respiratória. Tentamos usar ninjutsu médico, mas ele se descontrolou e já pedi para que chamassem a Sakura. — A mãe dele respondeu e olhou para o garoto que passava as mãos cuidadosamente por seus cabelos róseos. — Cadê seu pai? Aliás, onde você esteve? —

— Não importa. — O mais jovem respondeu e olhou para uma mesa onde havia uma prancheta e uma caneta. — Segurem só mais um pouco. —

— O que vai fazer? — A mulher do outro lado quem perguntou dessa vez.

Mas Rin não respondeu. Nem mesmo olhou para ela. O jovem de dezesseis anos quebrou a prancheta e retirou o prendedor de metal afiado e depois pegou a caneta e tirou a tampa e o frasco onde ficava a tinta. Ele olhou para o homem cujo rosto chegava ao tom suave de roxo e emitiu um "tsc" antes de se aproximar da cama e com o prendedor fez um corte no pescoço do estranho, ignorou o pouco sangue que escorreu ou os olhares atentos de sua mãe e da ajudante. Ele já tinha visto inúmeros médicos fazerem aquilo em situações críticas. E aquela era uma situação crítica se não podiam esperar por Sakura Haruno, ou melhor, Sakura Uchiha que devia estar ocupada em outro lugar. Ele segurou com firmeza a caneta e a enfiou no corte recém aberto e sorriu quando o homem respirou com alívio. Rin levantou seu olhar assim que a porta foi aberta e por ela passou outra mulher de cabelo róseo e olhos esverdeados e de expressão preocupada direcionado ao paciente, mas depois para o garoto que a olhava. 

— De novo, Rin? — Sakura perguntou e levou as mãos para a cintura enquanto entrava no quarto e olhava para os quatro e tentava entender a situação. — Uma traqueostomia de emergência. Porque não tentaram usar Ninjutsu médico? —

Rin cruzou os braços.

— Minha mãe estava ocupada demais segurando um dos braços. E aquela ali a mesma coisa. Se uma soltasse, a outra não aguentaria muito tempo. Ainda bem que cheguei a tempo. — Rin contou e recebeu o olhar atento da Uchiha e engoliu em seco. — O que foi? —

— Porque você não usou ninjutsu médico se estou te ensinando? — A Uchiha perguntou com uma mudança sutil em seu olhar, mas não parecia brava já que seu sorriso indicava outra coisa. 

Rin sentiu as bochechas se esquentarem ao receber ainda mais atenção da sennin lendária, mas assumiu um olhar, ou melhor, uma postura mais séria e virou a cabeça para outra direção.

— Não achei necessário para o primeiro momento. Uma traqueostomia sem uso do chakra me pareceu uma sugestão melhor do que gastá-lo para tentar cuidar de pulmões que estão ruins. — O mais jovem respondeu. — Ele queria respirar. Eu o fiz respirar. —

Sakura continuou olhando para o mais jovem e um sorriso um pouco maior se estendeu por seus lábios. Rin Katsuryoku era um aprendiz com muito talento para ninjutsu médico, tendo um bom controle de seu chakra e muito perceptivo. Ela acreditava que poderia lapidá-lo para deixá-lo melhor do que o dia anterior. E, além disso, se interessou pelo menino desde que a outra médica do quarto — a mãe dele — o apresentou a quatro anos atrás e, desde então, ele se tornou seu aprendiz. 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Gostaram? Opiniões?



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Tales of a Uchiha" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.