Tales of a Uchiha escrita por Saberus


Capítulo 18
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Quatro anos se passaram desde aquele acidente. Sakura Haruno, nas últimas duas semanas, deu à luz a uma menina, mas contam que o nascimento não ocorreu na aldeia e sim noutro lugar, mas isso não a impediu de regressar para a Vila da Folha com o pequeno embrulho nos braços e receber deliciosos comentários da fofura da recém nascida. Outro que aparentemente retornará para a aldeia — sem saber quanto tempo ficaria, como sempre — foi Sasuke Uchiha que nunca estava longe de sua mulher, ou melhor dizendo, a rosada nunca ficava longe da visão de seu marido quando o mesmo ficava desocupado.

E naquele dia de Setembro, com o tempo um pouco nublado, isso aconteceria um pouco mais cedo se o moreno não parasse sua caminhada de retorno para a vila após completar uma missão. Sasuke Uchiha ficou em silêncio, mas olhando para dentro do bosque que ficava tão perto dos portões da aldeia. De alguma maneira sentia-se atraído para seguir aquele caminho. Ele semicerrou seus olhos e suspirou demonstrando um óbvio descontentamento, mas seguindo a direção que o chamava. O que de ruim poderia acontecer sendo que o mesmo era um dos ninjas mais poderosos? Exatamente, nada. Seu olho ônix concentrou-se no caminho desconhecido, encoberto por vegetação, mas que nitidamente alguém teria passado por ali nas últimas horas. "Já poderia estar na aldeia" pensou e suspirou, praguejando contra a estranha atração. Não havia um único barulho, um indício, de que era seguido para que pudesse se preparar para uma luta. Era irritante não saber para onde ia.

Enfim passou por duas árvores e pareceu surpreso ao se deparar com um espaço aberto sem árvores, mas a vegetação daquelas em volta daquele incomum espaço servia para dar um belo aspecto ao ambiente intocado por qualquer pessoa nos últimos tempos. A vegetação das árvores ao redor criava uma sombra ideal para qualquer visitante. Além disso, uma árvore de cerejeira crescia no centro do espaço. "Isso é uma clareira" o Uchiha pensou ainda impressionado com a gratificante visão de um lugar tão perto de sua aldeia. Ele pôs a mão direita para dentro de sua capa quando ouviu algo que vinha de um ponto cego seu, ou seja, daquela única cerejeira. Sua mão segurava o cabo da espada e ele moveu seu braço o suficiente para desensacar um pouco a lâmina. Ele ouviu novamente um barulho da mesma direção, mas soltou o cabo quando identificou o responsável pelo som. Uma criança saiu, ou melhor, rolou duas vezes e parou de barriga para cima e olhando para o céu. O menino de olhos esverdeados, cabelos róseos longos e uma nítida inocência, sorriu por ter conseguido remover outro cogumelo de tão perto da árvore. Ele olhou para o fungo um pouco maior do que suas mãos e o jogou em outra direção antes de se sentar no gramado e balançar a cabeça e, desta forma, deixar seu cabelo ainda mais bagunçado do que já estava. 

Sasuke agradecia por não ter sido notado. Desta forma poderia continuar observando a criança e julgava que a mesma teria entre três ou quatro anos. O menino se levantou e andou para perto da cerejeira e pôs as mãos em outro cogumelo e fez força para removê-lo, mas era uma tarefa difícil. Seu rosto mudou para um suave avermelhado e conseguiu arrancar o cogumelo e soube o que aquilo significava. Que rolaria pela quinta vez desde que começou o objetivo de remover os cogumelos daquela única e bela árvore da clareira, mas não se importava que fosse se machucar já que sabia que fazia um bem para a cerejeira. No entanto, aquilo não aconteceu. Antes que rolasse, sentiu um joelho o impedir e então ergueu o rosto enquanto segurava o cogumelo. E seus olhos esverdeados se encontram com o ônix de alguém que ainda não tinha visto pela aldeia, mas Rin não ficou com medo daquela presença.

Sasuke Uchiha usava um manto negro para cobrir seu corpo e esconder suas armas, seu olhar apesar de sério também era calmo. Ele mantinha-se concentrado no jovem rosado que possuía um brilho suave em seus olhos esverdeados. Aquela inocente criança não se intimidava com sua presença.

— O que está fazendo? — O Uchiha finalmente perguntou e subiu seu olhar para a árvore de cerejeira com cogumelos e depois voltou sua atenção para o garoto.

— Tirando cogumelos. — Rin o respondeu com toda a sinceridade que tinha. Sua voz era suave e gentil. — Me ajuda, senhor? —

Sasuke ficou em silêncio. Não era todo dia que recebia uma oferta como aquela, mas assim mesmo a criança lhe pedia com tanta sinceridade que ele não sabia se era possível recusar. Ele continuou olhando para o garoto que fazia aquele pedido para alguém que nunca tinha encontrado na vida. 

— Porque está tirando cogumelos? — O Uchiha uma vez mais perguntou e removeu o joelho das costas do mais jovem.

— Mamãe está brava porque fugi da sala de espera para dormir. — Rin se explicou e abaixou o olhar para os indicadores que cutucavam um ao outro. — Mas também tava com medo, senhor. Tinha uma agulha desse tamanho. — O rosado afastou as mãos por quinze centímetros. — Que ia no meu braço se eu ficasse. Então, fugi. — Rin explicou e coçou uma das bochechas antes de suspirar. 

"Ele não explicou nada" o Uchiha pensou e imaginou que seria um pouco difícil conversar com uma criança, mas agora soube que o menino era um fujão e preguiçoso.

— Continue. — O Uchiha pediu.

— Papai diz que sempre dá uma flor bonita para mamãe quando ela tá brava. — O rosado apontou para os galhos da árvore e sorriu antes de apontar novamente, mas desta vez para o próprio cabelo. — Vai lembrar de mim. —

"Já tenho o motivo" o Uchiha pensou e olhou com cuidado para as mãos de Rin e viu como estavam machucadas por puxar tantos cogumelos a sabe-se lá quanto tempo. Ele se ajoelhou o suficiente e voltou seu olhar para os que ainda restavam e depois para o garoto.

— Tinha alguma ideia de como pegar um galho? — O Uchiha perguntou.

Rin ficou em silêncio. Por um segundo e depois dois. Até que dez segundos depois, balançou a cabeça.

— Nem. — O rosado respondeu com sinceridade e apontou para os cogumelos que ainda sobravam antes de prosseguir no seu comentário. — Mas ia pensar em alguma coisa depois de tirar. Mamãe não gostaria deles. São feios. —

— Sabe que não vai precisar levar os cogumelos, né? — O Uchiha perguntou.

— Nem. — Rin o respondeu novamente com aquela mesma sinceridade.

Sasuke não impediu que um sorriso se formasse com toda a sinceridade daquela criança. Ele reparou que o rosado também sorria e, desta forma, deixava óbvio a falta de um dos dentes.

— Como se chama? — O Uchiha perguntou novamente. Poderia levar o garoto para os pais se soubesse o sobrenome ou os nomes dos pais. — Quem são seus pais? —

O garoto ficou em silêncio com aquela pergunta. Não porque foi aconselhado a nunca responder perguntas de estranhos — e que vivia ignorando isso —, mas porque achava aquela voz um pouco familiar desde que começaram a conversa. Rin olhou para o Uchiha se levantando, mas aparentemente aguardando por sua resposta. 

— ...Rin. — O jovem respondeu, mas prosseguiu assim que seus olhos esverdeados se voltaram para o caminho imaginário, e errado, de onde julgava ser a aldeia da folha. — Mamãe e papai são mamãe e papai. —

"Ótimo, ele não sabe o nome dos pais" o Uchiha pensou e levantou o rosto o suficiente para encarar a árvore de cerejeiras e depois o garoto que o olhava com um interesse estranho. Só então compreendeu o porquê do garoto o olhar. Era porque o mesmo servia para pegar um galho de cerejeiras que não estava tão alto, mas para uma criança de quatro anos tudo poderia ser alto. Ele suspirou, com um sorriso pelo canto esquerdo dos lábios e abaixando sutilmente a cabeça. 

— Eu não vou pegar uma coisa que vai melhorar sua relação com seus pais. — O Uchiha disse, mas levou sua mão para a gola da camisa do rosado e o suspendeu no ar e o pôs nas suas costas. — Você que pegue, Rin. E depois disso vou levá-lo para a aldeia. —

— Como sabe que venho de uma aldeia? — O rosado perguntou e olhou para o galho mais bonito de cerejeiras e o pegou e o puxou. E para a sua surpresa o galho saiu sem dificuldade. Isso porque ele não viu Sasuke desembainhando sua espada e cortando o pedaço escolhido.

Sasuke revirou seus olhos e sentiu uma das mãos do garoto em seu cabelo enquanto seus pés batiam de forma fraca no seu ombro.

— Você vem de uma aldeia, Rin? — Sasuke perguntou por mais que soubesse da resposta.

— Ah, sim. Konoha. — O rosado respondeu.

Sasuke optou pelo silêncio. E olhou para o caminho que fez para que chegasse até a clareira e sabia que não seria difícil fazê-lo, mas também olhou para cima, ou seja, para a abertura que mostrava o céu e algumas nuvens. Com suas habilidades não era complicado passar daquela altura. Não sabia o porquê, mas queria agradar um pouco a criança em seus ombros. "Nii-san, já sei como você se sentia" o Uchiha pensou, mas desistiu de se gabar para uma criança. Ele só refez o caminho para fora da clareira e depois para longe da floresta e depois de poucos minutos tinha entrado em Konoha. "Ele mencionou uma sala de espera e agulhas. Uma vacinação, provavelmente?" pensou e sentiu seu cabelo ser puxado.

— Tio. — Rin o chamou.

— O que foi? — Sasuke perguntou com um pouco de desinteresse, mas também curioso. E ignorando os olhares de pessoas que sussurravam sobre o mesmo carregar a criança daquela forma descuidada. Ele não se importava. — O que está querendo, Rin? —

— Banheiro. — Rin sussurrou e um leve arrepio passou por seu corpo antes de puxar mais o cabelo do moreno. — Por favor. —

— Aguente. Em breve estaremos no hospital com sua mãe. Aí ela poderá levá-lo ao banheiro. — Sasuke disse.

É, não deu certo. Um minuto, quem sabe um pouco menos, foi o tempo que Rin aguentou antes de esvaziar sua bexiga nos ombros do moreno e, desta forma, molhando seu manto escuro e o deixando fedorento. O Uchiha obviamente retirou o manto e o guardou e agora o rosado andava do seu lado com uma expressão de pura vergonha. 

— Desculpa, tio. — Rin murmurou e sentiu os olhos se encherem de lágrimas antes de esfregá-los com a mão direita. — Desculpa. —

"Ah, merda. Ele vai chorar" o Uchiha pensou e imaginava que nada ia piorar quando o xixi começou, mas ali estava uma criança de quatro anos provando o contrário. Ele não sabia o que aconteceria quando o mesmo começasse a chorar, mas coisa boa não era. 

— Achamos você, Rin! — Uma voz à frente deles.

O Uchiha olhou para o lado direito quando escutou aquela voz feminina. E lá estava Shiawase Katsuryoku de cabelo longo — até os cotovelos — e com uma expressão de alívio enquanto aproximava-se do garoto ao seu lado. O Uchiha não deu um único passo para proteger o menino. Ele tinha escutado o nome que saiu da boca da estranha. Rin olhou para sua mãe se aproximando dele e estendeu a mão direita com o galho cheio de cerejeiras e isso foi suficiente para a mulher parar perto do filho.

— O que é isso? — Shiawase perguntou para o filho, mas então se deu conta de que ele estava acompanhado de um adulto. E olhou para o homem sombrio ao lado de seu garoto. — Ah, obrigado por acha-lo. Eu estava tão preocupada. Onde ele se meteu dessa vez? —

"Dessa vez?" Sasuke pensou e olhou para Rin e imaginou o quanto de problemas uma criança de quatro anos dava para os pais, mas depois sua atenção se voltou para Shiawase.

— Na floresta, numa clareira. — Sasuke respondeu.

— O que foi fazer na floresta, Rin? E o que são essas coisas? — Shiawase perguntou para o garoto assim que obteve a resposta do Uchiha.

— Presente. — Rin sussurrou uma resposta para seus mãe e mostrou novamente o galho de cerejeiras. — Papai diz que uma flor bonita sempre deixa você calma. —

Sasuke não tinha mais o que fazer ali. Ele retornaria para sua casa e lavaria com certa urgência toda sua roupa. Por isso aproveitou que mãe e filho conversavam para seguir seu caminho. 

— Não me deixe tão preocupada, querido. — Shiawase sussurrou para seu garoto e o abraçou sem se importar com o cheiro desagradável dele.

Mas Rin desfez aquele abraço e se aproximou de Sasuke. E o Uchiha olhou para trás quando sentiu um toque, ou melhor, um puxão em sua calça. Seu olho ônix se encontrou com os esverdeados do garoto de quatro anos.

— O que foi? — Sasuke perguntou.

— Obrigado. Papai e mamãe falam que sempre devo agradecer as coisas, tio. — Rin comentou e sentiu as bochechas se esquentarem antes de curvar um pouco a parte superior do corpo numa reverência. — Obrigado. —

Sasuke ficou em silêncio, mas retornou a se afastar. Rin olhou para sua mãe que aplaudia a ação do garoto em agradecer pelo mais velho o acompanhar. O rosado sentiu as bochechas se esquentarem e ele sorriu antes de cortar a pouca distância com sua mãe e a abraçar com todo amor que o pequeno corpo fornecia. Shiawase gargalhou e não se importou que estivessem em público antes de corresponder ao abraço e beijar inúmeras vezes as bochechas do garoto. 

[ ۝ ]

"Que tédio" Rin pensou enquanto caminhava pelo corredor do hospital. À sua frente estava sua mãe que balbuciava sobre algum paciente, do lado direito seu pai que segurava a gola da sua camisa para impedir que o filho desaparecesse para um cochilo. Rin já estava com doze anos e estava quase se formando na academia ninja.

— Onde estamos indo mesmo e porque ele tem que me segurar assim, mãe? — Rin perguntou por mais que soubesse a resposta para a sua última pergunta. 

— Como posso explicar isso? Ah, já sei. Tô com um paciente que viu as fotos da nossa família e agora quer passar o dia conversando com você. Seu pai está aqui porque é um bobo que não tem nada melhor para fazer. — Shiawase respondeu.

— Sério? Vou passar o dia conversando com um estranho? Seus conselhos não eram de nunca falar com um estranho? — Rin perguntou e usou sua mão direita para bater na mão de seu pai e assim fez com que o mais velho o soltasse. — Eu vou pra casa. —

— Rin, por favor. — Shiawase pediu e se aproximou do garoto que já estava andando e segurou em sua mão direita. — Só um pouco. Ele gosta de conversar e estou ocupada demais hoje. —

Rin ficou em silêncio, mas balançou a cabeça aceitando silenciosamente aquele pedido. Ele pôs as mãos nos bolsos da bermuda escura e acompanhou sua mãe pelo restante do caminho, mas parou com isso ao escutar uma comoção num quarto e se aproximou da porta antes que sua mãe o visse. Ele já estava deslizando a porta quando sua mãe o notou.

— Rin, não! — Ela falou.

Rin abriu a porta e viu a kunoichi das lesmas cuidando de um paciente com Ninjutsu Médico. As feridas graves do estranho eram curadas num ritmo extremamente acelerado. Sakura desviou sua atenção para a porta quando a mesma foi aberta e olhou para o garoto que entrava no quarto e pouco depois para Shiawase que também entrava. A kunoichi das lesmas percebia como o olhar do mais jovem estava tão concentrado no procedimento regenerativo, mas depois subiram e se encontraram aos seus. Ela nunca se sentiu tão estranha em toda sua vida com aquele olhar. "É isso" Rin pensou e antes que percebesse seu corpo já estava ajoelhado na frente de Sakura e com a testa apoiada no chão.

— Me ensine. Seja minha mestra. Por favor. — Foram todas as palavras que ele conseguiu pensar naquele momento. 

Sakura ficou em silêncio, mas sabia que ainda cuidava do corpo. Shiawase também ficou em silêncio. Até Akami optou pelo silêncio encostado na porta ao escutar aquilo. Rin nunca havia se ajoelhado para ninguém e ali estava seu garoto fazendo aquilo.

— Sakura-sama, desculpe o Rin. Ele nem devia estar aqui. — Shiawase sussurrou e se aproximou um pouco mais de Rin.

— Tudo bem… — Sakura sussurrou para Shiawase e olhou para Rin. —...tudo bem. Eu te ensino, Rin. —


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