Tales of a Uchiha escrita por Saberus


Capítulo 160
S07Ch23;




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A noite aos poucos foi sendo substituída pela manhã, assim tornando a temperatura baixa daquele mar de areia num calor insuportável. O corpo da rainha dos vermes da areia — junto aos seus subordinados — serviriam de alimento para as criaturas que viviam por lá… mas isso só aconteceria se encontrassem, afinal a areia e os ventos quentes enterravam aos poucos cada um daqueles corpos. Enquanto isso, o rosado aos poucos foi ganhando consciência, dessa maneira percebendo — sem abrir os olhos — que seu corpo estava deitado em alguma supostamente confortável, mas sua memória funcionava perfeitamente, por isso desacreditava que o corpo de Shukaku — que deitou na noite anterior — teria aquele conforto. O rosado abriu lentamente os olhos, a visão foi-se acostumando e não demorou para reconhecer onde encontrava-se, por isso suspirou e moveu o rosto para um dos lados, desta maneira reconhecendo um relógio que ficava numa das paredes.

— Estou mesmo na casa dela. — O rosado murmurou e aproveitou para sentar-se na cama e cruzar as pernas, então deu continuidade assim que reparou que usava somente sua cueca boxer. — Se eu não tivesse sem o braço esquerdo, com certeza teria dúvidas de que tudo não passou de um sonho… —

O rosado olhou para uma parte do quarto assim que escutou o barulho familiar de alguém subindo escadas. E ele ainda se lembrava de que havia uma escada que levava ao andar inferior e que todo aquele andar — o segundo andar — foi transformado num único cômodo, ou seja, um espaço quarto. Ele manteve seu olhar por mais alguns segundos, então reconheceu a pessoa que acabara de chegar ao cômodo. Era Yamanaka Misa que usava algumas roupas mais confortáveis — uma camisa púrpura que ia dois palmos abaixo dos seios, uma saia marrom que chegava aos calcanhares e sandálias pretas abertas nos dedos — e o cabelo mantendo-se solto. A loira carregava cuidadosamente uma bandeja com um copo e um prato com alguns alimentos leves para aquela manhã quente.

— O que aconteceu? — Rin perguntou e levou a mão para o estômago ao mesmo tempo que levantou as sobrancelhas ouvi-lo fazendo o familiar barulho, então engoliu em seco e deu continuidade. — Desculpe. —

— Tem que se desculpar mesmo. Tomei café agora a pouco… se soubesse que acordaria a essa hora, teria esperado mais um pouco para o café. — Misa disse com um nítido divertimento. Ela não estava culpando o noivo por nada. E não demorou para pôr a bandeja na cama. 

— "Agora a pouco"? Que horas são? — Rin perguntou e manteve seus olhos verdes como esmeraldas na Yamanaka, mas depois olhou para a bandeja com alimentos e bebida à sua disposição na cama. — Como chegamos aqui? —

— Oito e meia. Confesso que esperava que acordasse um pouco mais tarde por ter ficado exausto na noite anterior. — Misa respondeu e aproveitou para cruzar os braços abaixo dos seios.

— E o que aconteceu? E como chegamos aqui? — Rin perguntou e levou a mão para o copo e tomou um generoso gole, assim sentindo o bom gosto do abacaxi até não restar nada no copo. 

— Bom… — Misa disse.

[ ۝ ]

Era a noite anterior. A viagem já durava quarenta minutos, mas só por causa da lenta movimentação da Besta de Cauda que parecia interessada em deixar o rosado adormecido em sua cabeça descansar pelo máximo de tempo possível. Porém… não demorou para que Shukaku interrompesse a viagem e isso se tinha um excelente motivo. Isso porque ao horizonte já era visível o vale rochoso com provavelmente inúmeros guardas bem capacitados, não mencionando que a única entrada era por meio de uma fissura entre duas falésias. A distância era de mais ou menos um quilômetro, mas devido a coloração da Besta de Cauda, além de estar de noite e dificultar mais ainda, com certeza ninguém teria o notado até aquele momento. 

— Não posso ir mais longe, garota. — Shukaku alertou. 

— Eu posso imaginar o motivo. — Misa disse e passou a mão direita pela cabeça do noivo inconsciente enquanto prestava atenção na única fissura, então deu continuidade. — Obrigada por facilitar nossa viagem. —

— Já fiz isso uma vez por ele. Então, não há mal em repetir esse gesto de caridade, mas ele deveria se sentir realmente agradecido por estar em cima de mim. — Shukaku disse com um nítido orgulho e levantando um pouco sua cabeça enquanto soltava ar de seu focinho.

— Haha… — A Yamanaka soltou um animador riso. A mesma tinha conhecimento de que a Besta de Cauda e seu noivo possuíam um tipo de relação. E assim que parou de rir, o que não levou muito tempo, a mesma tratou de dar continuidade. — …farei questão de avisá-lo, está bem? —

Shukaku baixou-se. A Besta de Cauda encostou seu queixo no terreno arenoso, desta forma possibilitando uma descida da Yamanaka que escorregou pelo imenso corpo até alcançar o chão. Ela estava para dizer alguma coisa, provavelmente sobre a Besta de Cauda esperar para que ela pegasse o noivo, mas acabou que o rosado escorregou — rolou — pela cabeça da Encarnação da Areia, assim caindo daquela altura e chocando-se com o deserto. A Yamanaka pôs a mão direita em frente a boca, desta maneira abafando uma gargalhada pelo que aconteceu. 

— É um incompetente… — Shukaku disse com uma expressão despreocupada depois de entender o que tinha acontecido, mas não demorou para dar continuidade. — …obrigado por terem acabado com aquelas pragas. E você… Misa, a Incendiária do Deserto… sem dúvida está merecendo a alcunha depois do que fez. —

A Yamanaka soltou um riso ao mesmo tempo que suas bochechas se esquentavam. Ela realmente estava se sentindo envergonhada. A Besta de Cauda não esperou por uma resposta, por isso levantou sua cabeça e depois moveu-se para o lado esquerdo e tomou distância daquelas pessoas que o ajudaram. A Yamanaka olhou para o rosado que continuava inconsciente no chão, então suspirou e ajustou sua mochila, assim colocando-a em seu abdômen e depois levando o rosado para suas costas e deixando que o mesmo descansasse o rosto em seu ombro esquerdo, as mãos da Yamanaka seguravam as coxas do noivo para impedir que o mesmo caísse, não mencionando que a mesma curvou-se um pouco, assim melhorando para ele a viagem. A Yamanaka caminhou por um quilômetro até alcançar aquela fissura que servia como entrada de Sunagakure, então acabou sendo recepcionada por uma guarda com trajes marrons. A guarda possuía olhos verdes — na mesma tonalidade de musgo — com pele clara e seu cabelo castanho claro não era tão comprido com algumas mechas em frente ao rosto. Na mão direita da guarda havia uma garrafa de água pela metade.

— Quem são… — A guarda interrompeu seu comentário. Ela estava prestando atenção demais na Yamanaka, por isso não tinha notado corretamente o rosado desmaiado, mas quando o mesmo foi iluminado pelo luar, foi aí que ela se calou e deu um passo adiante. — Shiki? Esse é o Shiki? — Perguntou um pouco alto.

A Yamanaka ficou em silêncio. Ela havia se esquecido que em Sunagakure o noivo era conhecido como Shiki — o apelido de Chishiki como escritor — e vindo de Takigakure… mentiras intencionais para despistar o paradeiro de qualquer Uchiha Rakun ou Katsuryoku Rin. Ela se esqueceu também que o noivo serviu no único hospital de Sunagakure, por isso o mesmo poderia ser bem conhecido por aquelas pessoas. Em poucos instantes havia muitos olhares em sua direção, muitos parecendo curiosos e outros preocupados.

— Si-Sim… — Misa respondeu.

— Já fui um experimento para ele. — A guarda disse com um sorriso de canto ao se lembrar do acontecimento, então levou a mão direita ao peito e deu continuidade. — Desculpe, ainda não me apresentei, não é verdade? Sou Mai. —

— Misa. — A Yamanaka respondeu.

— O que Shiki está fazendo por aqui? — Um guarda, em cima da falésia do lado esquerdo, perguntou aos berros enquanto estava ajoelhado e prestando atenção no que acontecia no terreno abaixo. — Ele está morto? —

— Ele não está morto, Dan! Porque ela levaria um morto nas costas? Pensa um pouco, tá!? — Mai disse aos berros e prestando atenção no guarda, mas depois retornando sua atenção para a Yamanaka e baixando as sobrancelhas e sussurrando. — Ele não está morto, né? —

— Ele está bem. Shiki só exagerou no gasto de chakra, então acabou perdendo a consciência, mas está tudo bem com ele. — Misa respondeu.

— E o que está fazendo aqui? Saryu me contou que ele viajou para Amegakure… — Mai disse.

— Ele tem assuntos com o Kazekage. Uma reunião até onde me contou… em agradecimento por ter ajudado a população durante algum tempo. — Misa respondeu. 

— Ah, compreendo. — Mai disse e pôs uma das mãos na cintura enquanto prestava atenção no rapaz inconsciente, mas não demorou a levantar a cabeça e aumentando um pouco sua voz ao dar continuidade. — Dan, avise o Kazekage que Shiki está por aqui! —

— Pode deixar! — Dan disse.

— E vocês… — Mai retornou sua atenção para a Yamanaka. — …podem entrar em Sunagakure. —

— Muito obrigada. — Misa disse e abaixou sua cabeça, assim fazendo uma reverência em agradecimento.

A Yamanaka não obteve resposta. Ela entendeu como sendo o momento para seguir por aquela abertura, por isso levantou sua cabeça e retornou a caminhar com o rosado em suas costas e sentindo inúmeros olhares, mas sabia que aquela atenção não era para ela e sim para o inconsciente em suas costas.

[ ۝ ]

— …e foi isso. — A Yamanaka contou.

— E como chegamos na casa da Doro? — Rin perguntou assim que fez uma pausa em sua refeição. Ele mantinha seus olhos verdes concentrados na noiva.

— Me lembrava de onde ela morava, por isso não foi tão difícil de encontrar, além disso havia uma janela que não tinha sido fechada. Que descuido de vocês, francamente… — A Yamanaka disse com um pouco de decepção.

— Hã… querida… — Rin levou o indicador para a bochecha e a coçou. Havia um pouco de divertimento em seu olhar e no próprio tom usado. — …nós fomos os últimos a deixarem essa casa. Lembra-se da nossa primeira noite? Ninguém mais dormiu por aqui, exceto a gente. E de manhã… Doro estava com Sakura-san, então… nós somos os culpados. —

A Yamanaka ficou em silêncio. E aos poucos começou a se lembrar do dia em que se separou do rosado após a primeira noite deles. E de certa forma… todo o argumento dele pareceu verdadeiro. O máximo que a loira conseguia se lembrar era de ter trancado a porta com a chave, mas não havia qualquer recordação quanto a fechar as janelas.

— Bom… — Rin disse ao perceber que a Yamanaka continuava em silêncio, sua atenção sendo apenas na bandeja de café da manhã. — …ainda não estou com tanto chakra como antes, mas dá para levá-la até Konohagakure conforme o combinado. —

— E buscará Sirius em Yattsuhoshi? — A Yamanaka perguntou depois de se sentar ao lado dele na cama. 

— Não, por enquanto não. Sirius tem muito pelo, então ficará incomodado com o clima quente do País dos Ventos. — Rin respondeu e semicerrou seus olhos por um breve momento, então moveu a cabeça ao lado direito, assim prestando atenção na janela que permitia a paisagem do lado de fora da casa. — Até mesmo você deveria tomar um pouco de cuidado. A mudança de temperatura repentina… —

— Pare de se preocupar tanto comigo. — Misa disse e não demorou para se mover, assim sentando-se no colo do noivo e passando os braços em volta de seu pescoço. — Eu amo quando se preocupa, mas já está sendo exagerado. —

— Eu gosto de cuidar de você. Me sinto um pouco mais significativo. — O rosado disse com um sorriso pelo canto dos lábios enquanto repousava sua mão na cintura da noiva e usava o polegar para acariciar a barriga dela enquanto o restante dos dedos roçam com suavidade na pele dela. — Eu não sabia que tinha essa roupa. —

— Eu não tenho. — Misa disse e apreciou o toque dele em sua barriga e o próprio roçar dos outros dedos, então deu continuidade quando olhou para o armário. — Doro deixou algumas roupas para trás. Aparentemente… não pensou que viveria em Amegakure. —

— Fica bem melhor em você. Dá uma elegância para a minha querida… — O rosado sussurrou e levou seus lábios para o pescoço dela, assim dando um beijo antes de continuar sussurrando. — …amada… — E deu mais um beijo que fez a Yamanaka rir por causa da afetuosidade matinal do noivo. — …maravilhosa… — E mais um beijo.

O rosado não continuou com os elogios. Isso porque ouviram algumas batidas na porta, por isso que ele acabou suspirando e afastando seus lábios do pescoço da amada que soltou um risinho enquanto deixava o colo do rosado depois que ele retornou a deitar-se com uma expressão de desgosto, incomodado pela interrupção. 

— É Saryu-san. Me encontrei com ela a uns quarenta minutos quando fui ao mercado comprar algumas frutas. Ela disse que teria algo para você. — Misa disse enquanto pegava a bandeja que continuava na cama e olhou cuidadosamente para o noivo descontente, então deu continuidade. — Vá tomar um banho. —

— É óbvio que vou… — Rin sussurrou e levou a mão para o cabelo e o coçou antes de suspirar. — …um banho bem gelado. —

— Rin… — Misa disse com divertimento e depois olhou na direção do banheiro. — …vá de uma vez. —

O rosado prestou um pouco de atenção na loira, percebendo naquele momento que não haveria o que se fazer, por isso sentou-se na cama e depois saiu dela enquanto resmungava sobre oportunidades e quaisquer outras coisas que a Yamanaka não se interessou em prestar atenção.

[ ۝ ]

Vinte minutos. O banho dele teve essa duração. O rosado, vestindo uma camisa cinza com uma camisa com mangas largas vermelha por cima e uma calça escura com sandálias pretas, deixou o segundo andar enquanto terminava de ajeitar o aquecedor escuro em seu braço usando os dentes para aquele objetivo. Saryu e Misa ocupavam assentos em volta de uma mesa e as duas prestavam atenção no rosado.

— Olha só quem está vivo. — Saryu disse no momento que reparou a chegada do rosado ao andar inferior. 

— Eu poderia dizer a mesma coisa sobre a senhora, vovó. — Rin disse e levantou as sobrancelhas e depressa moveu-se para o lado esquerdo, assim desviando de uma faca jogada contra seu rosto. — Errou. — Ele recebeu uma colherada em sua testa, assim fazendo-o inclinar a cabeça para trás um pouco, mas não demorou para dar continuidade. — Essa doeu. —

— Enfim… — Saryu disse e pôs uma perna em cima da outra ao mesmo tempo que cruzava os braços. — …Uteki me contou dos seus feitos em Amegakure. —

O rosado ficou em silêncio. Ele se esqueceu por um momento que Saryu era amiga de Uteki, o médico da clínica. Ele andou até a mesa e ocupou um assento ao lado da Yamanaka e sorriu em agradecimento por haver uma xícara de café para ele.

— Não fiz nada demais por lá. E não estou afim de relembrar daquelas coisas, vovó. — Rin disse e levou a xícara para seus lábios, assim tomando um gole da bebida escura, então não demorou para dar continuidade. — E o hospital? Como estão as cirurgias? —

— Mais médicos estão se propondo a usar o Chikatsu Saisei no Jutsu. Essa mudança começou após sua viagem… e muitos disseram sobre orgulho e mais algumas sobre sobre odiarem ficarem atrás de um garoto que nem saiu direito das fraldas. — Saryu disse com um sorriso pelo canto esquerdo dos lábios. A cirurgiã chefe era uma das únicas que sabia da intenção do rosado. 

— Eles só ficam para trás de uma velha… — O rosado sussurrou com um pouco de divertimento. 

— Soube ontem de sua chegada. E admito que fiquei contente, afinal estou interessada no quanto melhorou com o Iryō Ninjutsu. E quando vi essa garota no mercado… não pude desperdiçar a oportunidade. — Saryu disse e pôs os cotovelos na mesa e entrelaçou as mãos, porém manteve seu olhar na ausência do braço esquerdo do rapaz.

— Ainda não me tornei um incapaz. Não ter o braço esquerdo torna as coisas mais divertidas. — Rin disse e levou a mão para o ombro esquerdo e suspirou, então deu continuidade. — De que forma está querendo me testar? Algum idiota testou coletes com papéis bombas? Ingestão de veneno? —

— Bem melhor do que isso. É uma cirurgia que estará começando em quatro horas… — Saryu disse e semicerrou seus olhos, mantendo-os bem concentrados no garoto que continuava bebendo café. 

— Você é um demônio. — Rin disse. Ele imaginava que aquela cirurgia só estava acontecendo por sua presença em Sunagakure. 

— Sou mesmo. E você é meu querido aprendiz, então é o herdeiro do demônio. — Saryu disse com um pouco de divertimento. 

— Vocês se dão bem demais… — Misa sussurrou e balançou a cabeça de um lado ao outro. 

— Então… o que tenho que fazer? — Rin perguntou e levou novamente seus lábios para a xícara de café e bebeu um pouco do líquido escuro.

— Separação de gêmeos siameses… bebês com pouco mais de seis meses. — Saryu disse e não pareceu impressionada pelo rosado se engasgar com a bebida quente, apenas deu continuidade. — Você realmente é mal usado em Konoha. —

"Na verdade… ele pouco fica em Konohagakure, então não tem como ser usado" pensou a Yamanaka que prestou atenção no rosado que parecia ainda bem surpreso com a cirurgia que acabaria tendo de fazer naquele dia. Ele engoliu em seco.

— Isso é uma cirurgia bem delicada… — Rin disse. 

— Eu sei. — Saryu disse e agitou seus ombros como se não desse importância para o perigo da missão, então deu continuidade. — Na vida… somos submetidos a escolhas. A vida de um ninja, até mesmo de um médico ninja, independente de sua posição, é cheia dessas escolhas. "Será que faço isso?", "Qual desses vou atacar primeiro?", "Quem eu salvo?". —

— Como assim? — Misa perguntou.

O rosado baixou a xícara de café, depositando na mesa e depois olhando para sua mão e fechando-a um pouco e engolindo em seco.

— Gêmeos siameses são gêmeos idênticos unidos por alguma parte do corpo, como tronco, costas e crânio, por exemplo, podendo ainda haver compartilhamento de órgãos, como coração, fígado, rins e intestinos. — Rin disse. Ele ainda se lembrava daquele tipo de informação nos livros que recebeu de Sakura durante o aprendizado. — A cirurgia para separação dos gêmeos siameses pode levar horas e é um procedimento muito delicado, isso porque de acordo com o tipo de união dos gêmeos pode haver compartilhamento de órgãos, o que pode tornar o procedimento de alto risco. Além disso, existem casos em que os gêmeos partilham apenas um órgão vital, como o coração ou o cérebro, e, por isso, quando houver a separação, um dos gêmeos provavelmente terá de dar sua vida para salvar o outro. —

— Vejo que sabe a essência, mas e a prática? — Saryu perguntou, mas não deu para dar continuidade assim que percebeu o descontentamento do rosado. — Você não será o único por lá. Os melhores médicos de cada setor estarão naquela cirurgia. —

— Porque está fazendo isso comigo? — Rin perguntou e levou a mão para o peito e sentiu o coração disparado, então deu continuidade. — Está me punindo por alguma coisa? Você sabe que um dos gêmeos poderá morrer para salvar o outro, Saryu-san. Eu não quero… eu realmente não me sinto à vontade em brincando de escolher quem viverá. —

— Isso será um ensinamento para a vida. — Saryu disse com um olhar mais sério para o rosado, porém mantendo a voz calma para que o rosado a compreendesse. — Eu não considero isso como brincando de escolher quem viverá. Considero mais como salvando duas pessoas das dificuldades da vida. Um desses gêmeos poderá viver normalmente pelo sacrifício do outro. —

O rosado continuou em silêncio e mordia com suavidade o lábio inferior, mas acabou suspirando pesadamente e levando a mão para o cabelo e alisando-o para trás e lentamente assumindo uma expressão mais séria.

— Não faremos isso em Sunagakure. — Rin disse e devagar abriu e fechou sua mão depois de colocá-la em cima da mesa, então deu continuidade. — Há um lugar que poderá me ajudar. E não quero que avise os pais dessas crianças. Nem mesmo quero essa equipe fantástica de médicos. Só você e eu, Saryu-san… —

— E onde faremos isso? — Saryu perguntou.

— No único lugar possível que uma terceira opção é viável… — Rin sussurrou e sorriu convencido pelo canto dos lábios antes de dar continuidade. — …no único lugar que não exista só as opções de salvar o gêmeo A ou B, mas a terceira opção de salvar ambos. —

— Rin… — Misa sussurrou e levantou as sobrancelhas. Seus olhos azuis bem concentrados no noivo.

— Onde? — Saryu perguntou novamente, mas dessa vez com um pouco de rispidez, como se estivesse cansada de fazer o mesmo tipo de pergunta.

— No esconderijo de uma cobra. — Rin respondeu e olhou para sua mão e a fechou em punho e não demorou para sua expressão ficar suave, mas era nítido algo na profundidade de seus olhos verdes. — Preciso dar uma saída, Saryu-san, então nos encontramos daqui a pouco. —

— Tá certo. — Saryu disse e saiu de seu assento.

A cirurgiã chefe sorriu muito breve ao observar o rosado que parecia calmo mesmo com toda aquela situação, a mesma se virou e acompanhada de Yamanaka Misa seguiu para a saída da casa confortável da amiga do casal e conhecida da cirurgiã chefe. Enquanto isso, Rin permitia-se soltar-se e respirar profundamente e de boca aberta enquanto se levantava. Ele estava ofegante. "Separação de gêmeos siameses…" pensou e com o punho fechado socou o peito na tentativa de respirar com mais calmaria, mas não conseguia essa proeza. Esses socos só serviam para aumentar a dor que sentia em seu peito. "...se eu errar alguma coisa, qualquer coisa, vou acabar matando não uma, mas duas crianças… vou ser manchado por sangue inocente…" pensou e sua respiração continuou mais ofegante ainda. E começou a sentir que o ambiente — a cozinha — estava girando e de forma abafada ouvia a voz da Yamanaka. 

— Rin!? — Misa chamou pelo noivo. Era nítida sua preocupação com ele, afinal não era costume vê-lo tão ofegante e estranho.

Seu coração estava disparado. E agora sabia o porquê de abrir e fechar sua mão com tanta frequência nos últimos instantes. Era uma maldita sensação de formigamento que começava a se espalhar até o cotovelo. Seu estômago começava a se revirar da mesma forma que a cozinha. "Eu vou fracassar…" pensou ao mesmo tempo que seus olhos ficaram úmidos. Ele estava sofrendo com um ataque de pânico. E levou mais alguns segundos até que perdesse sua consciência.


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