Tales of a Uchiha escrita por Saberus


Capítulo 155
S07Ch18;




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Ontake guiou Misa por aquele corredor decorado com algumas fotografias e por um tapete longo e avermelhado enquanto Shiki e Rin conversavam civilizadamente — o que era um tanto raro para o escritor. O moreno parou de caminhar assim que ficou de frente para uma porta e levou a mão direita para a maçaneta, assim girando-a e depois empurrando a porta, dessa maneira revelando ser o banheiro que a recém chegada usaria, depois usou a mão esquerda para apontar um quarto que ficava próximo de outro.

— Aquele é o quarto que pode descansar, Misa-san. — Take disse e não demorou em dar continuidade quando percebeu que a visitante estava com uma mochila nas costas. — Posso levar suas coisas para lá? —

— Não precisa disso tudo. — Misa disse e sentiu-se um pouco envergonhada pela forma que era bem tratada pelo moreno que ainda não perdeu o hábito de usar o sufixo "San" quando referia-se a ela. A Yamanaka deu continuidade assim que removeu a mochila das costas. — Ao anoitecer darei uma volta com Rin. Conhece algum bom lugar? —

— Alguns. — Take disse e cruzou os braços enquanto olhava para a Yamanaka abrindo a mochila e retirando de dentro algumas roupas, mas acabou desviando o olhar quando a viu pegar roupas íntimas. — Há uma praça com uma árvore bicentenária… lá geralmente é o ponto de encontro de casais apaixonados. Ouvi por aí que o primeiro morador desse vilarejo plantou aquela árvore antes daqui ter um nome. E soube por Shojiki que dentro de alguns meses haverá um restaurante com um excelente chefe culinário que virá de… oh, porcaria… da onde mesmo? —

— Você esqueceu? — Misa perguntou.

— Esqueci. — Take respondeu com óbvio desapontamento consigo mesmo, afinal não considerou que aquela informação de dias atrás fosse importante naquele momento, por isso deu continuidade. — Me dê algumas horas, quem sabe consigo me lembrar. —

— Não tem para que se esforçar tanto. — A Yamanaka disse, então sorriu pelo canto dos lábios enquanto aproveitava para se levantar com as roupas escolhidas nas mãos. 

— Algum momento vou lembrar. — Take disse e levou uma mecha escura para trás da orelha e deu continuidade. — Enfim… tenha um bom banho, Misa. —

— Obrigada. — Misa disse.

A Yamanaka olhou para o moreno que acabou passando por ela e se distanciando, mas depois retornou sua atenção para o banheiro e adentrou no mesmo e olhou em volta, assim reparando na banheira e no chuveiro que aguardavam por ela. A loira sem dificuldade alguma se despiu e pôs a roupa suja num canto ao lado da porta e depois seguiu para o chuveiro e o ligou e ficou em baixo dele e de cabeça baixa, assim recebendo a água quente em sua nuca e depois em todo seu elegante corpo — danificado apenas por uma cicatriz de oito centímetros na barriga — e fechou seus olhos com a proveitosa sensação que diminuía sua náusea quanto mais a água escorria por seu corpo. Ela levantou sua cabeça e separou um pouco seus lábios, sem contar que abriu seus olhos e reparou na água que caia nela. A Yamanaka moveu um pouco sua cabeça, assim reparando num sabonete e pegando-o e ensaboando suas mãos e depois passando-as em cada centímetro possível de seu corpo enquanto o vapor da água quente embaçava o espelho localizado em frente da pia, mas ela não dava tanta importância para aquele detalhe. Misa pegou um pouco de shampoo e gentilmente passou em seus cabelos ao mesmo tempo que passava seus dedos neles para desfazer eventuais emaranhados. 

Enquanto isso, Rin terminava de contar para Chishiki o que tinha acontecido no País dos Vales enquanto Sirius estava deitado próximo de seus pés e com o focinho em cima da pata esquerda. O rosado olhou para Ontake que preparava um pouco de café, mas acabou que sua atenção retornou para o escritor.

— Preciso de um favor. — Rin disse.

— O que? — Chishiki perguntou.

— Cuidaria de Sírius por alguns dias? Tenho que fazer uma coisa no deserto e não quero arriscar a vida dele. — Rin disse e olhou para o cachorro que levantou uma das orelhas quando seu nome foi mencionado, mas nem mesmo abriu os olhos carmesins. 

— Não. — Chishiki respondeu. 

— Oh, seu desgraçado! Não tô pedindo para arriscar sua vida por ele, mas só dar um pouco de água e comida e um lugar para descansar, só isso. — Rin disse.

— Shiki. — Ontake o chamou. Sua voz soando um pouco ríspida pela ação do namorado. — Essa casa não é mais só sua. Lembra-se do que me disse? —

"O que ele disse? Quais foram as coisas que perdi quando estava em coma?" o rosado pensou e olhou novamente para o moreno com bastante curiosidade. Ele sustentou seu olhar no moreno e aguardava por uma resposta.

— Eu lembro bem, mas não aceitaremos esse cachorro. — Chishiki disse e pareceu convencido daquela opinião. 

— Você está certo disso? — Ontake perguntou mantendo aquele tom ríspido e aproveitando para levar uma mecha do cabelo para trás da orelha esquerda. 

— Es-... Estou… — Chishiki disse e não sabia bem o motivo, mas suas bochechas ficaram quentes conforme acontecia aquela conversa, afinal poucas vezes tinha sentido aquele tom de voz do moreno. 

O olhar do moreno mudou. Se tornou frio como o gelo. E ele encurtou sua distância com Chishiki e depressa pôs o pé esquerdo no abdômen dele, assim impedindo qualquer movimento do escritor. E aquilo foi algo que o rosado observou em silêncio e ao mesmo tempo surpreso. "Que porra tá acontecendo aqui?" pensou e manteve seus olhos verdes concentrados no pé do moreno que estava pressionando o abdômen do escritor que mantinha as mãos acima do calcanhar e exibia um olhar sério.

— Take… — Chishiki chamou e engoliu em seco.

— Vá dar uma volta, Rin. Não será legal o que acontecerá aqui, mas garanto que Sírius poderá passar algumas noites conosco. — Ontake disse e suavemente passou a língua no lábio superior enquanto seu olhar era mantido no escritor.

O rosado não esperou para saber o que aconteceria, que tipo de discussão teriam para haver o convencimento. Ele apressou seus passos para a saída da casa, assim saindo dela e contornando-a. Ele se lembrava de que o banheiro possuía uma janela, por isso faria questão de ver sua noiva antes da mesma repousar. "Quem sabe posso acompanhá-la no banho… hehehe…" pensou e sentiu as bochechas corarem com aquela ideia, mas sabia que era apenas sua imaginação e hormônios agindo em colaboração com sua perversão. Ele acabou chegando à janela do banheiro e ficou em silêncio, afinal a mesma estava borrada pelo vapor, mas a imagem de Yamanaka Misa no banho era parcialmente nítida, por isso imaginou que a mesma pudesse vê-lo. Ele levou o indicador para a janela e bateu nela algumas vezes, assim chamando a atenção da noiva que parou de ensaboar o cabelo e cobriu os seios com as mãos, mas abandonou o gesto ao reparar que a pessoa que a observava era o rosado, por isso se aproximou da janela e a empurrou para cima. E não demorou para que ela apoiasse os braços no vão da janela.

— O que foi? — Misa perguntou e levantou uma das sobrancelhas.

— Ah… — Rin ficou sem palavras. Ele via com frequência sua noiva no banho, afinal a acompanhava, mas nunca esteve naquela posição, sem contar que os seios dela estavam cobertos por um pouco de shampoo e balançavam com suavidade. Ele sentiu as bochechas ficarem mais quentes e o calor se espalhar para as orelhas. Seus olhos verdes se concentravam apenas naqueles seios e lentamente sua boca foi abrindo-se mais e seu queixo caindo. — …ah… —

— Rin. Meus olhos não estão nos seios, além disso está babando um pouco. — Misa disse com um pouco de divertimento. Ela gostava de saber que o noivo sentia aquele tipo de atração por ela e até mesmo ficava envergonhado de vê-la assim. — O que aconteceu? —

— Eu vou precisar de um banho gelado… — Rin sussurrou e levou a mão para frente do rosto enquanto ficava de costas para a Yamanaka, então deu continuidade. — …não iria para a sala se fosse você. Eles, Chishiki e Ontake, estão em algum tipo de discussão que não estou interessado em saber qual é, por isso recomendo que tome banho e vá para o quarto descansar. —

— Está certo. E você está indo onde? — A Yamanaka perguntou enquanto água pingava de algumas partes de seu cabelo e até mesmo do queixo. 

— Qualquer lugar menos aqui… — Rin respondeu com um olhar que demonstrava sua extrema cautela. 

— Hm, quer me acompanhar no banho? — Misa perguntou com um pouco de divertimento e soltou um risinho quando o rosado ficou rígido no lugar que estava, por isso deu continuidade. — Estou brincando. Vá se divertir, mas volte para me levar para Konoha. —

"Não brinca com essas coisas…" o rosado pensou e suspirou enquanto sentia o coração disparado no peito. Ele só balançou a cabeça em resposta e levou a mão para o bolso e começou a caminhar no momento que ouviu a janela sendo abaixada. O rosado não tinha o que fazer até a chegada do meio dia — momento que levaria Misa para Konohagakure — e tendo isso em mente, não pensou noutra coisa senão aparecer no único hospital e alcançar seu telhado, então colocando as mãos atrás da cabeça para servirem como travesseiro e fechando seus olhos depois de encantar-se pelo céu azul cheio de nuvens, sentindo-se agradecido por estar numa posição que o sol não o incomodaria e apreciando uma brisa até relaxante. O clima inteiro da manhã — nove da manhã — estava perfeito para aquele cochilo. Até por isso não demorou para que realmente pegasse no sono. A mesma coisa acontecia com Misa que saia do banheiro com novas roupas e o cabelo um pouco molhado, mas ela sabia que aquilo não teria problema. A Yamanaka olhou para o quarto que foi apontado para ela e na ponta dos pés seguiu até o mesmo, abrindo-o e acessando seu interior e caminhando para a cama, deitando-se e não demorou para que pegasse no sono.

[ ۝ ]

Horas depois. A Yamanaka lentamente foi ganhando consciência, então abriu seus olhos azuis preguiçosos concentrados na janela próxima da cama, não demorando para piscar e fechá-los por um momento e levando a mão direita para os olhos, coçando-os e abrindo-os novamente, assim concentrando-se na janela novamente. E depois usando as mãos para apoiar-se, sentando-se de joelhos na cama e semicerrando os olhos que não se desviaram da janela. Misa abaixou a cabeça e acabou suspirando, então saiu da cama e seguiu em direção a porta e abrindo-a e saindo por ela no mesmo instante enquanto usava a mão direita para coçar o cabelo levemente bagunçado. A loira seguiu para o lado direito do corredor e não demorou para chegar a sala de estar e olhando para Chishiki e Ontake que pareciam tranquilos demais. E até aquele momento a Yamanaka também estava tranquila mesmo quando via o céu alaranjado da janela do quarto.

— Que horas são? — A Yamanaka perguntou.

— Cinco e meia. Ia chamá-la para o almoço, mas parecia tão cansada que deixei pra lá. — Ontake disse enquanto sentava-se ao lado do escritor e entregava para ele uma xícara de café antes de dar continuidade. — Algum problema? Se estiver com fome… ainda tem um pouco de carne no fogão. —

— Tenho um problema. Ele devia ter me acordado ao meio dia e me levado para Konohagakure. Era um acordo que tínhamos. — Misa respondeu e levou a mão direita para a barriga e a coçou. Ela não sentia-se com fome, mas certamente deveria comer alguma coisa sendo que sua única refeição no dia foi durante o café da manhã. — Agora não estou querendo nada. —

— Eu comeria alguma coisa se fosse você. — Shiki disse logo depois de beber um pouco de café e manter um olhar um pouco sério na Yamanaka, então deu continuidade. — Sua barriga está vazia. Pode acabar tendo algum mal estar. —

— Eu concordo com ele. — Ontake disse.

"Rin me disse que discutiriam sobre alguma coisa, então imagino que já tenha acontecido a reconciliação…" pensou enquanto manteve seus olhos azuis concentrados no casal que parecia tranquilo demais. 

— Daqui a pouco, está bem? Tenho que saber o porquê dele não ter me chamado. — Misa disse. Ela já estava usando sua habilidade sensorial, por isso tinha certeza de onde o rosado se encontrava. — Espero que tenha sido uma emergência. —

— Uma emergência que esteve sob controle, pois não recebi nenhum chamado. — Ontake disse enquanto colocava os pés no colo do escritor e sorria para ele. — Me faça uma massagem. —

— Seu cu. — Shiki disse com óbvio desgosto e usando a mão esquerda para remover os pés do moreno de seu colo. — Tenho cara de seu empregado agora? —

— Onde está Sírius? — A Yamanaka perguntou ao notar a ausência do cachorro, além de não querer que as duas pessoas ali discutissem.

— Lá fora. Ele saiu uns dois minutos antes de você aparecer. — Ontake respondeu ao mesmo tempo que encostava sua cabeça no ombro do namorado, então deu continuidade. — Mas também tinha dado uma saída pouco depois que Rin saiu também. —

Chishiki passou a mão direita em volta de Ontake e ficou acariciando o abdômen dele enquanto usava a esquerda para beber seu café. Misa ficou em silêncio, contudo moveu sua cabeça na direção da saída — que ainda faltava o encaixe da porta — e seguiu naquela direção, assim deixando os dois a sós. Ela olhou para os lados assim que deixou a casa, assim percebendo Sirius deitado de barriga para cima na grama e sacudindo-se por inteiro com a boca aberta e a língua de fora, por isso abriu um pequeno sorriso.

— Sírius! — Misa chamou pelo cachorro e deu continuidade assim que a cabeça dele se levantou e os olhos carmesins se concentraram nela. — Vamos atrás dele. —

O cachorro entendeu — ou quase — e por isso ajeitou-se e depressa correu em direção a dona enquanto a grama saia de sua pelagem escura. Sírius só parou quando esteve na frente da Yamanaka e moveu um pouco seu focinho, assim cheirando-a por alguns instantes e assumindo uma expressão que carregava dúvida, mas certamente assumindo que aquela era sua dona. A Yamanaka pôs a mão direita em cima da cabeça do cachorro e o acariciou.

— Está sentindo o cheiro do shampoo, né? — A Yamanaka perguntou e levou sua mão para trás da orelha do cachorro e fez uma carícia que acabou fazendo com que ele balançasse a pata esquerda de trás.

A Yamanaka caminhou em companhia do cachorro. Ela podia sentir o chakra do rosado, então cruzou os braços abaixo dos seios enquanto tomava distância da casa de Chishiki. Ela sentia-se brava por seu noivo tê-la esquecido, ou melhor, não ter palavra quando disse que a levaria todos os dias para Konohagakure. E começou a supor o que era tão importante para fazer com que ele esquecesse dela. "Se fosse uma emergência no hospital poderia ter mandado um Kage Bunshin me avisar e buscar Take para ajudá-lo, se bem que há outra pessoa que está recebendo o treinamento do Iryō Ninjutsu, então isso não seria uma desculpa…" pensou e começou a sentir um pouco mais de irritação. "Então, aposto que ele está dormindo, cochilando ou o que seja" pensou e rangeu os dentes um pouco mais. E não demorou muito tempo para que caminhasse pelo vilarejo e seguisse na específica direção que sentia o chakra do rosado.

— Que idiota sem compromisso. Não cumpre com acordos. — A Yamanaka sussurrou enquanto apressava mais ainda seus passos.

— Quem é o idiota descompromissado? — Uma voz masculina que demorou um pouco para ser reconhecida. Era de Shojiki que estava logo atrás da Yamanaka e de braços cruzados e demonstrando dúvida, mas estranhamente havia um brilho em seus olhos.

A Yamanaka parou de caminhar, assim Sírius repetiu a dona e sentou-se no chão, porém movia seu focinho, assim farejando Shojiki e assumindo novamente uma expressão cheia de dúvida — confusão — e depois olhando para outra direção. Aquilo foi um gesto que chamou a atenção de Shojiki que só sorriu pelo canto dos lábios. "Eu devia estar brava demais para não ter notado o chakra dele se aproximando…" a Yamanaka pensou e engoliu em seco e manteve seus olhos azuis concentrados no líder do vilarejo, mas sentindo que alguma coisa estava levemente diferente. Uma sensação que não conseguia explicar direito, notava também o chakra levemente conhecido, mas que sua natureza um pouco revoltada, assim como o mar tempestuoso a fazia duvidar e questionar se estava conseguindo entender direito devido à raiva que sentia.

— O Rin. Ele é um idiota que não cumpre com a palavra, um descompromissado, aposto que está cochilando e achou mais válido continuar do que… do que… me levar em Konoha. Ele é um irresponsável. — Misa respondeu e semicerrou as sobrancelhas, além disso seu olhar transmitia cada vez mais raiva.

— Tem certeza de que é isso que está sentindo? Essa é sua opinião a respeito dele? — Shojiki perguntou e olhou para os lados, assim reparando em muitas pessoas, então se aproximou da Yamanaka e esticou o braço direito na direção dela, mas houve um breve receio e fechou sua mão em punho e abaixou o braço. — Vamos por outra direção, está bem? —

— Hm? Tá bem, mas eu não conheço muito de Yattsuhoshi, então terá que guiar, Shojiki-san. — Misa disse.

O homem soltou um riso e balançou a cabeça, assim concordando com o comentário dela e seguindo para o lado esquerdo, um rumo bem diferente do que era seguido pela garota, mas que acabaria levando ao mesmo lugar. 

— Então? Não respondeu às minhas perguntas ainda. — Shojiki disse.

— Eu não sei. Só estou… — Misa não concluiu seu comentário.

— Brava. As pessoas fazem loucuras quando estão bravas… — Shojiki disse e desviou sua cabeça, assim reparando no céu alaranjado de fim de tarde, mas então retornou a olhar para a garota que o acompanhava. — …fazem e dizem coisas erradas, mais fazem do que dizem na realidade, mas acho que isso depende da pessoa, então imagino que você seja do tipo que diz. —

— Eu não costumo ficar brava, mas isso foi irresponsabilidade dele, um descompromisso comigo… ele só tinha uma obrigação, Shojiki-san. — Misa disse.

— Não mesmo, né? Você finge que está brava, os beliscões que dá nele… — Shojiki disse com um leve divertimento e levou a mão direita para a bochecha e deu-se um beliscão, mas parou com aquilo ao perceber a curiosidade tomando o olhar da garota. — …enfim. Você acha mesmo que ele só tinha uma obrigação, Misa? —

— Hã? Como assim? — Misa perguntou.

— Rin. Ele tem muitas coisas para fazer ainda. Não tem? Está cansado de todos os problemas que chegam até ele, por isso está descansando num lugar confortável. Eu não acho que seja irresponsabilidade dele, nem mesmo sua, está bem? Rin tem dezessete anos, mas com certeza tem mais obrigações que qualquer outra pessoa, ainda mais numa época tão pacífica. Ele cumpre com seus compromissos, então pode acreditar que ele sentirá muito por não ter conseguido levá-la para Konohagakure. — Shojiki disse, mas não demorou para dar continuidade assim que fez um gesto positivo com o polegar esquerdo. — Leve essas coisas em consideração. Eu não gostaria de vê-los brigados, por favor. —

A Yamanaka ficou em silêncio. Sua raiva, até mesmo o cansaço, atrapalharam em sua capacidade de raciocinar, mas não demorou para perceber como estava enganada em sentir raiva do noivo por algo estúpido. Ela olhou para Shojiki que continuou observando-a e parecia até mesmo que os olhos dele ficavam marejados conforme seus olhares se mantiveram fixos no outro, porém não demorou para que ela desviasse o olhar, assim observando Sirius que disparou na mesma direção que seguiam.

— Vá. Ele deve ter sentido o cheiro de Rin. — Shojiki disse e levou a mão esquerda para a cintura.

— Não vem comigo? — Misa perguntou e levantou uma das sobrancelhas enquanto olhava para ele.

— Em outro momento, minha querida. — Shojiki respondeu e removeu a mão da cintura e tornou a seguir o caminho que fizeram.

— Ahn… obrigada por ter me ajudado, Shojiki-san. Eu acho… que precisava mesmo ter pensado um pouco e visto mais coisas. — Misa disse.

— Não tem porque me agradecer. — Shojiki disse e levou a mão esquerda para o cabelo e acrescentou enquanto o coçava um pouco. — Só… seria um saco saber que houve uma briga por algo bobo. —

A Yamanaka soltou um riso, assim concordando com o comentário do líder de Yattsuhoshi, então se virou e olhou para Sirius que a aguardava a uma boa distância, depois olhou para onde Shojiki estava, mas o mesmo havia desaparecido, por isso retornou seu olhar para o cachorro de pelagem escura e seguiu em sua direção e até mesmo apressou um pouco seus passos. 

[ ۝ ]

Rin lentamente foi ganhando consciência, prova disso foi ter levado a mão para frente dos olhos e resmungar alguma coisa, mas era entendível sobre ter tirado um bom cochilo, no entanto não demorou a perceber o céu alaranjado e se tocar de que não tinha feito uma coisa, por isso depressa se sentou no telhado no hospital.

— Merda… Konoha. — Rin sussurrou.

— Já é tarde. — Misa disse a alguns metros dele. A mesma estava abraçando as próprias pernas e olhando para o céu enquanto o rosado ao seu lado movia a cabeça para olhá-la com certa surpresa, espanto por ela estar ali com ele. — Tentaremos de novo amanhã. O que me diz? —

— Ahn… me desculpe, Misa. Eu não queria ter… eu… — Rin não sabia exatamente o que expressar naquela situação, mas certamente sentia-se arrependido por faltar com a noiva.

— Está tudo bem. Você só está cansado com tudo que tem acontecido. Não vou brigar com você por causa disso, querido. — Misa disse e fechou seus olhos e aproveitou uma brisa fresca que balançou suavemente com seu cabelo. — É lindo aqui. Realmente um ótimo lugar para vivermos. —

— …obrigado. — Rin disse. Ele sentia que, de algum jeito, evitaram uma perigosa discussão. O rosado se aproximou da noiva e recostou seu ombro ao dela. Ele sentia que aquele era o momento para liberar um pouco do que sentia. — Eu tô cansado… e não é pouco. —

— Você pode se apoiar em mim. Não precisa ficar tão cansado. — Misa disse e deixou suas pernas estendidas e assim permitiu que o rosado encostasse a cabeça em sua coxa. Ela sabia qual era o tipo de cansaço do noivo. 

— Não é justo com você. — Rin disse e sentiu a mão direita da noiva em seu cabelo enquanto a esquerda ficava em seu abdômen.

— E é justo com você? — Misa perguntou e levantou uma das sobrancelhas.

— É diferente. — Rin disse e levou sua mão para cima da mão esquerda da noiva e sorriu antes de dar continuidade. — Só faço essas coisas… para que o futuro seja bondoso conosco. Para que daqui uns anos possamos dizer que agi corretamente. Estou cuidando para que nenhum estúpido procure atrapalhar nossas vidas. —

— E como sua noiva… futuramente esposa… mereço metade dessa responsabilidade, não acha? Mereço ajudá-lo, querido. Sabe que não quero apenas ficar em suas costas e observá-lo cuidando de mim. — Misa disse.

— Por minha causa… Miura está daquele jeito. E quase não tenho ligação com ele, então imagine o que podem fazer com você. Eu não… suportaria, Misa. Eu não aguentaria se alguém a machucasse, eu não suportaria perde-la. — Rin disse e levou a mão para o rosto, assim cobrindo-o, escondendo-o da visão da Yamanaka, mas eram nítidas as lágrimas que escorriam por eles e molhavam a calça da Yamanaka, assim como o mesmo mordia o lábio inferior com vontade para não soltar qualquer som.

— Isso não vai acontecer. — Misa disse com suavidade e manteve um sorriso bem gentil enquanto continuava acariciando o cabelo do noivo. — Se alguém me machucar… eu machuco de volta… e dou um beliscão como segundo aviso. Se alguém me tirar de você… eu machuco mais essa pessoa e volto correndo para teus braços. 'Nenhum clã valoriza o amor como os Uchiha", mas saiba que o clã Yamanaka também tem isso. O símbolo do clã, o trevo de arbusto, simboliza o amor positivo. Amor é liberdade, criatividade, poder de transformação, o amor é o único sentimento que pode verdadeiramente fazer uma alquimia na alma de quem sente, pois o amor é um sentimento que nos empodera, que nos faz desejar a própria felicidade e a felicidade de quem se ama, na mesma proporção. — A Yamanaka disse e levou sua mão direita para a mão do noivo e facilmente a tirou de frente do rosto dele, assim observando os olhos verdes e marejados dele. — E veja só… você não está feliz… e não é isso que desejo constantemente para nós. Me deixe ajudá-lo. —

O rosado ficou em silêncio e observando como o olhar da Yamanaka estava bem focado, concentrado, como se cada palavra solta de seus lábios carregasse uma verdade universal. Ele sentiu as bochechas se esquentarem, por isso moveu seu rosto, assim encarando o pacífico vilarejo e o céu alaranjado.

— Aqui é lindo mesmo. — Rin sussurrou e sorriu pelo canto dos lábios, mas retornou sua atenção para a noiva ao não obter uma concordância, então deu continuidade. — Começamos com pequenas coisas. Está bem? —

— Se irá ajudá-lo, por mim está ótimo. — A Yamanaka respondeu e suavizou um pouco sua expressão.

— Certo, então… — Rin fez uma pausa, mas acabou sendo necessária, afinal sentou-se no telhado e depois colocou-se de pé e pôs a mão na cintura. — …vamos sair daqui. Temos que continuar nossa viagem. —

A Yamanaka se levantou um pouco depois. E não demorou para sentir a mão dele um pouco acima de seu cotovelo, ela até tentou dizer alguma coisa para o rosado, mas já era tarde demais. Demorou menos do que dois segundos para que o cenário — o telhado do hospital — mudasse para a frente da casa dos amigos. Misa pôs a mão em frente ao rosto e suspirou.

— O que foi? — Rin perguntou.

— Sirius. Ele estava comigo, mas não tinha subido. — Misa disse e afastou a mão do rosto e olhou em direção ao vilarejo. — Eu vou lá buscá-lo. —

— Sério? Deixa comigo… — Rin disse.

— O que você vai fazer? — Misa perguntou.

O rosado respirou fundo e levou dois dedos para a boca — médio e indicador — e liberou o ar acumulado como um ruidoso assobio que só parou depois que suas bochechas e orelhas assumiram um tom avermelhado muito forte. E ele ofegou enquanto baixava a mão e sorria para a Yamanaka.

— Seria um saco ir até o hospital para buscá-lo. Ainda bem que ele reconhece o meu assobio. Então… não vai demorar para que chegue aqui. — Rin disse e olhou para a entrada da casa e suspirou. — Bem… perdemos o almoço, não é verdade? —

— Sim, isso mesmo. Está querendo jantar e então partimos? Ou acha melhor prepararmos alguns lanches e comermos no caminho? — A Yamanaka perguntou.

— Eu realmente não quero ser um incômodo para esses dois. Já foram gentis cedendo o banheiro e o quarto de hóspedes por algumas horas. E talvez aceitando Sírius por alguns dias. — Rin disse e levou a mão para o cabelo e o coçou ao mesmo tempo que suspirava. — Que saco… o que cê acha? —

— Eu acho que vou adquirir o hábito de falar "que saco" se conviver por muitos anos com você. — Misa disse e levantou uma das sobrancelhas, mas então gargalhou no momento que o rosado passou a mão em sua cintura e o puxou para perto dele e beijou-lhe o pescoço. — Hahaha, pode ir parando! —

— De falar "que saco" ou de beijá-la? Porque a resposta para as duas coisas é um sonoro "sinto muito, mas não". — Rin disse.

A Yamanaka continuou rindo e aproveitando os lábios do rosado em seu pescoço, mas sabia que o momento cedo ou tarde deveria ser encerrado, por isso que usou as mãos para afastá-lo de perto e depois olhou para o lado no momento que escutou um latido, assim observando Sirius vindo a galope com a língua de fora. Rin aceitou aquele gesto, por isso tomou distância da noiva e seguiu para dentro da casa dos amigos enquanto a Yamanaka ficava a se divertir inicialmente com o canídeo. Ele não demorou para perceber Chishiki bebendo café e começando a leitura de um livro, enquanto Ontake preparava o que parecia serem lanches.

— Você escutou? — Rin perguntou.

— Se tivesse uma porta ali… quem sabe não tivéssemos escutado? — Chishiki perguntou e recebeu um olhar sugestivo do rosado, por isso fez uma expressão mais séria e deu continuidade. — Tem uma porta ali por acaso? —

— Você se prende a coisas pequenas. Será porque… — Rin tentou formular um comentário com óbvia malícia, mas não deu tempo.

— Calado. E não comecem, por favor. — Ontake disse e sorriu pelo canto direito dos lábios quando ouviu um risinho do rosado, mas não deu para dar continuidade. — Ouvi sim. Então, estou preparando esses lanches para que não caiam mortos de fome, além disso suas garrafas já estão abastecidas de água. E suas mochilas já estão prontas. —

— Obrigada, Ontake. — Misa disse assim que passou pela entrada com Sírius lhe acompanhando.

— Não precisa agradecer, Misa. Além disso… Sirius dormirá aqui pelo tempo que quiserem. — Ontake disse e aproveitou para mirar seus olhos carmesins sérios no escritor, então deu continuidade. — Não é mesmo? —

— A contragosto aceitaremos. — Shiki disse.

— Ao menos estão cuidando dele. — Misa disse e aproveitou para ficar ao lado do rosado que já estava com a mochila dele nas costas, então aproveitou para pegar a sua e colocá-la também.

— Ahn… passaremos o natal e ano novo em Amegakure. Se não tiverem compromisso nessas datas… que tal ficarem conosco? — Rin perguntou enquanto olhava para o moreno se aproximando dele com duas sacolas cheias de lanches. — Obrigado. —

— Natal e Ano Novo? Hm, podemos? — Ontake perguntou enquanto olhava para o escritor.

— Não tenho nada melhor para fazer nessas datas. Eu até posso começar a procurar alguns compromissos. — Shiki disse.

— Isso é o "sim, eu adoraria" dele. — Rin sussurrou para a Yamanaka que soltou um risinho em resposta, então deu continuidade. — Certo, obrigado por tudo, aos dois. — O rosado olhou para Ontake e depois para Chishiki.

[ ۝ ]

Os dois saíram de Yattsuhoshi a algumas horas. E nesse período se alimentaram numa pausa de meia hora. E não demorou para cruzarem a fronteira com o País dos Ventos e do Fogo — passarem por uma ponte. O que demorou mesmo foi a chegada ao deserto extenso, mas isso aconteceu pelo menos duas horas após passarem pela fronteira e seguindo numa caminhada de bom ritmo. Rin suspirou e sentiu o desgosto crescente por toda aquela areia infinita e começou a lembrar-se do quase acesso de loucura que teve na primeira vez por causa do calor escaldante e da própria solidão. 

— Misa? — Rin chamou pela noiva.

— Já estou sentindo. — Misa se adiantou.

O rosado tinha a técnica perfeita para a eliminação de muitos vermes, por isso só precisava contar com a Yamanaka para ajudá-lo na parte sensorial. Não demorou para ativar seu Sharingan, assim teria como prever os movimentos e evitar as possíveis armadilhas na areia, porém… não era só aquilo que ele precisava, por isso usou o In'yu Shōmetsu e não demorou para ativar o Mangekyou Sharingan e colocar-se de joelhos e de costas para a Yamanaka que levou a mão direita para trás de sua cabeça. Misa usou o Kanchi Denden, assim transferindo para a mente do rosado tudo o que estava sentindo naquele momento, ou seja, a localização de quinze vermes da areia que não tinham notado suas presenças. O rosado sorriu pelo canto dos lábios enquanto um pouco de sangue escorria de seu olho esquerdo e pingava ao chegar no queixo e manchar um pouco a areia.

— Enton: Satsujin no Yari. — O rosado sussurrou.

Ele combinou o elemento Enton com a habilidade sensorial da Yamanaka. Aquela técnica era pouco usada — quase não a usou desde o treinamento com Juugo — e assim mesmo era muito útil. Chamas negras são conjuradas no chão do chão em formato imperfeito de estalagmites, cada uma dessas incomuns estalagmites de fogo negro ocupava uma posição — a mesma posição dos vermes da areia, assim matando-os instantaneamente. O rosado ofegou e levou a mão para frente do olho esquerdo.

— Isso é exaustivo. — Ele sussurrou.

— Tem um a caminho. — Misa sussurrou assim que semicerrou suas sobrancelhas ao sentir uma presença aproximando-se deles por baixo da areia.

— Um? Que ótimo, assim não preciso usar o Ame-no-hohi toda hora. — Rin disse enquanto sentia-se aliviado e seu Mangekyou Sharingan se desativou, assim fazendo com que seus olhos voltem ao tom esverdeado. — Vou lidar com força bruta por enquanto. —

— Chegou. — Misa disse e abriu seus olhos azuis. 

E era verdade. Alguma coisa aproximava-se por baixo da areia e não demorou para se revelar quando chegou a uma boa distância do casal. Um longo corpo escamado arroxeado — sem a presença de olhos — de um verme da areia de mais ou menos trinta e dois metros se revelando e deixando que areia escorresse por todos os cantos de sua cabeça enquanto sua boca era aberta e assim revelava presas extremamente afiadas além de um perturbador som que irritou os tímpanos da dupla silenciosa que apenas observava com surpresa a revelação da criatura. 


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