Tales of a Uchiha escrita por Saberus


Capítulo 154
S07Ch17;




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A madrugada lentamente foi sendo substituída pelo dia, a lua cheia se pondo e o sol nascendo e erguendo-se no céu azul, mas nos primeiros instantes o céu não passava de um tom alaranjado muito elegante, sem dúvida um tipo de paisagem a ser admirada pelo resto da vida. Aos poucos, Rin foi ganhando consciência, assim seus sentidos foram funcionando — sentindo um cheiro um pouco desagradável e ouvindo algo que mais parecia com… — e imediatamente abriu seus olhos verdes e usou o cotovelo para sentar-se no feno que havia dormido por várias horas e movendo sua cabeça para os lados enquanto sua visão adaptava-se aos poucos com o interior mais ou menos iluminado do celeiro. E não levou muito tempo para localizar Yamanaka Misa que estava um pouco afastada dele, mas de joelhos e com um balde de alumínio nas mãos e deixando-o próximo do rosto enquanto vomitava dentro. 

— O que foi? O que aconteceu? Você está bem? — Rin perguntou com um olhar amedrontado e já pensando em centenas de possibilidades, até mesmo imaginando um tipo de alergia que a noiva possuía e que a estava prejudicando.

— Rin? — A Yamanaka sussurrou e moveu sua cabeça para o lado esquerdo, assim prestando atenção nele e sorrindo um pouco enquanto seus olhos pareciam bem úmidos, então deu continuidade quando pôs o balde no chão. — Estou bem… é só um mal estar… não precisa ficar tão preocupado comigo. Me empolguei com todas aquelas laranjas de ontem. —

— Quer voltar para Konoha e descansar? — Rin perguntou ao mesmo tempo que engatinhava em direção a Yamanaka e cuidadosamente pôs a mão no ombro dela. Seu olhar amedrontado, afinal sua preocupação acima de tudo era com ela.

— Já estou bem. Só preciso retornar para Konoha para dar aula, mas é apenas de tarde. — A Yamanaka disse e levou suas mãos para as bochechas do rosado que continuava com aquele amedrontado olhar, então não se demorou em dar seguimento. — Eu tô bem, então não precisa me olhar desse jeito. —

O rosado ficou em silêncio. Ele manteve seus olhos verdes concentrados nos azuis, porém desceu-os pouco a pouco e observou o pescoço suado da amada, assim como sentia as mãos um pouco frias dela em suas bochechas, por isso acabou suspirando e levando sua mão para a cabeça dela e acariciando. "Isso deve ter acontecido por causa da rotina, sem contar que encheu a barriga ontem com tudo que Ishi-san nos serviu, não mencionando o gasto excessivo de chakra naquele rápido treinamento… tudo pode ter ocasionado nisso" pensou.

— Você está pensando em alguma coisa. O que é? — A Yamanaka perguntou e sorriu pelo canto dos lábios quando recebeu um olhar surpreso do rosado, por isso deu continuidade. — Te conheço, esqueceu? Em que está pensando? Já está formulando um diagnóstico para mim, doutor Uchiha? Estou com alguma doença perigosa por causa desses animais, da alimentação ou rotina? — A Yamanaka perguntou com um pouco de provocação.

— Pare com isso. — Rin disse com um misto de seriedade e divertimento. Ele gostou que a Yamanaka estivesse se divertindo. E não demorou para dar continuidade quando a mesma começou a rir de seu comentário. — Se está agindo dessa maneira comigo… então deve estar ótima, mas descansará quando chegarmos em Yattsuhoshi. —

— Consigo fazer com que mude de ideia? — A Yamanaka perguntou com um pouco de divertimento e levantando uma das sobrancelhas enquanto movia suas mãos para a nuca dele e mantinha seus olhos concentrados nele.

O rosado ficou em silêncio. Ele imaginou onde aquela conversa levaria, porém não sentia-se seguro o suficiente sobre o bem estar da Yamanaka, por isso suspirou e sorriu pelo canto dos lábios. E gentilmente passou sua mão na cintura dela e a acariciou sem pretensão alguma, mas aparentemente a carícia fazia algum bem a ela, por isso continuou e acabou emanando uma energia esverdeada bem suave da palma — Shōsen Jutsu — e desta forma procurou qualquer problema no estômago. "Não é como se essa técnica fosse resolver uma má digestão, mas me sinto mais aliviado…" pensou e sentiu-se aliviado quando não houve qualquer identificação de doença, por isso cancelou a técnica e afastou sua mão do corpo da noiva que continuou abraçando-o.

— Ishi-san já deve estar acordado e preparado um café para nós. O que me diz de sairmos daqui e forrarmos o estômago com alguma coisa que não sejam laranjas? — Rin perguntou e passou gentilmente o polegar em volta dos lábios dela e deu continuidade com um pouco de malícia. — Eu gostaria de saber como tentaria me fazer mudar de idéia. —

— Deixando-o sossegado, afastado de qualquer tipo de problema, quem sabe mimando-o com alguns beijos, assim poderia fazê-lo mudar de idéia. — Misa respondeu com sinceridade. 

— É sério que seria mimado com beijos? E que o sossego era uma opção? Ah, então não poderá me acompanhar, quem sabe não a levo de volta para Konohagakure? — Rin perguntou com divertimento.

A Yamanaka gargalhou com a "proposta" dele, sem contar que sua náusea tinha passado, por isso sentia-se aliviada. A loira aproveitou o momento para se levantar e aceitando silenciosamente a ideia de comerem alguma coisa e depois partirem em continuidade a viagem. O rosado sorriu pelo canto dos lábios e não demorou em levantar-se também e pôr o braço no ombro da noiva que acabou passando o braço esquerdo dela em volta dele. 

— Em Amegakure. Espere que lá será mimado com beijos pelo tempo que você achar necessário. — Misa disse enquanto olhava para ele e exibia um sorriso pelo canto esquerdo dos lábios. Ela obviamente não tentou ser maliciosa.

— Que tentador. Não tenho nem como recusar esse tipo de oferta. — Rin disse ao mesmo tempo que passava o indicador em algumas mechas loiras da garota e enrolava no dedo.

A Yamanaka gargalhou, enquanto que Rin sentia-se um real alívio por vê-la sorridente e tão melhor quanto a alguns instantes. Assim, os dois caminharam para fora do celeiro e olham para o lado esquerdo no mesmo instante que ouviram um latido, desta forma observam Sírius que de um jeito animado e atrapalhado se contorcia inteiro no gramado enquanto era bicado por algumas galinhas… provavelmente um tipo de vingança por causa da perseguição do dia anterior. O rosado gargalhou com a cena de seu cachorro levando a pior para as galinhas. Ele sabia bem que seu cachorro estava apenas se divertindo e não faria mal às aves que continuavam-no bicando.

— Bom dia, Sirius! — Rin disse e sorriu pelo canto esquerdo de seus lábios antes de acrescentar. — Eu não vou ajudá-lo, entendeu? —

— Isso acontece quando provoca um grande número, Sírius. E você estava sozinho, então agora aguenta. E não faça nada para elas. — Misa disse logo após o rosado concluir o comentário. 

O cachorro latiu em resposta, assim afugentando algumas galinhas e aproveitou para se reerguer, mas a situação não se alterou e Sírius logo teve de correr quando mais galinhas se reuniram, sem contar que agora um galo decidiu que era necessário sua presença para proteger suas parceiras. Os donos gargalham da situação que o cachorro se encontrava. A atenção do rosado se desviou para a casa de Kofuku Ishi no momento que escutou o rangido da porta, assim enxergou o fazendeiro que segurava na mão esquerda um copo com um líquido preto enquanto usava a direita para acenar na direção deles de forma a sugerir silenciosamente que se aproximassem. Os dois seguiram até o fazendeiro que exibia um olhar calmo para algo que estava a costas deles, mas ambos tinham certeza que ele olhava para Sirius ou as galinhas.

— Darão poucos ovos. — Ishi disse.

— Eu sinto muito. — Rin disse.

— Ele me obedece, então posso pedir que pare de incomodar suas galinhas, Ishi-san. — Misa disse e moveu sua cabeça para o lado esquerdo, assim olhando de relance para o cachorro.

— Ah, deixe-o se divertir um pouco. Será só dessa vez que os ovos virão em menor quantidade. — Ishi disse e levou sua mão direita para o cabelo do rosado e o afagou, desta forma bagunçando mais do que já estava. — Nem parece que dormiram. Vocês estão bem? —

— Haha… — Rin gargalhou enquanto abaixava sua cabeça e não sentia-se incomodado pela forma que seu cabelo era bagunçado, na realidade permitiu que continuasse.

— Sim, estamos bem. — Misa respondeu e sorriu pelo canto esquerdo dos lábios quando reparou na alegria que seu noivo exibia, então retornou sua atenção para o fazendeiro antes de continuar. — Podemos tomar um café? —

— Já estava indo chamá-los para isso. Daqui a pouco o café começa a esfriar. — Ishi disse assim que afastou sua mão de cima da cabeça do rosado e a pôs no bolso. — Entrem. —

— Certo. — Rin disse.

— Obrigada. — Misa disse.

Ishi abriu espaço na porta de entrada de sua casa, assim os dois passaram por ele e se dirigiram para a mesa de madeira desgastada que estava localizada na pequena cozinha. Os dois ocuparam assentos um ao lado do outro e serviram-se de um café preto — Rin obviamente tomou amargo e Misa adoçou um pouco — e depois colocaram algumas fatias de pão em pratos e levaram para dentro da massa um pouco de bacon e ovos mexidos. Ishi estava na ponta da mesa, bebendo apenas o café e prestando atenção no casal.

— O que acontece agora? — Ishi perguntou.

— Como assim? — Rin perguntou e levantou uma das sobrancelhas enquanto tinha o pão com bacon perto dos lábios.

— Estarão indo para onde? — Ishi perguntou.

— Ah, isso… — Misa disse assim que afastou dos lábios o copo de café adoçado e o pôs em cima da mesa antes de dar continuidade. — …estamos indo para Yattsuhoshi e ficaremos lá por algumas horas, então iremos para Sunagakure e depois Amegakure. — A Yamanaka respondeu e pôs os cotovelos na mesa antes de acrescentar. — Rin tem assuntos pendentes em Sunagakure, sem contar nos amigos que podem estar esperando-o em Amegakure. Estou acompanhando-o, mas daqui algumas horas estará me levando para Konohagakure para que continue ensinando na Academia. —

— Entendo. — Ishi disse e levantou uma das sobrancelhas, então suspirou e bebeu um gole do café.

O rosado sorriu pelo canto dos lábios, porém disfarçou isso ao levar o copo de café para os lábios. "Há muita coisa para fazermos. Ainda bem que estou passando meu tempo com ela, assim tenho como aproveitar e curtir um pouco a paisagem…" pensou e olhou de relance para a Yamanaka que comia algumas fatias de bacon e enchia as bochechas, então retornou sua atenção ao copo em seus lábios, suspirou e num único gole acabou com o café que havia em seu copo.

— Está na hora de irmos. — Rin disse e aproveitou para se levantar. 

— Tão cedo? — Ishi perguntou.

— Nosso dia será cheio. — Rin respondeu e olhou para a Yamanaka que bebia café depois de engolir o bacon que enchia as bochechas. — Não coma depressa. Pode causar algum mal estar para você. —

— Não precisa se preocupar. — Misa disse e levantou a cabeça para olhar o rosado assim que afastou o copo de café de seus lábios. — Vá chamar Sírius, vou pegar nossas coisas no celeiro. —

— Vocês são fofos. — Ishi disse.

— Ah… — Rin sussurrou e sorriu pelo canto dos lábios, porém depressa desfez aquele sorriso e olhou para a noiva. — …eu queria conversar uma última coisa com ele, Misa-chan. Será que dá para ir atrás de Sírius por mim? —

— Hm? — Ishi murmurou.

— Da sim, afinal Sirius gosta mais de mim do que de você. — Misa respondeu e aproveitou para se levantar e fez uma reverência para o fazendeiro. — Obrigada pela hospitalidade. —

— Não precisa agradecer. — Ishi disse e balançou a mão direita de um lado a outro.

O rosado ocupou novamente seu assento. E nem mesmo olhou para trás, apenas confiou em sua audição, assim ouvindo o assoalho ranger enquanto a Yamanaka seguia em direção a saída da casa e abria a porta e depois saia dela. Ele ainda ficou em silêncio e sorriu com brevidade no momento que a escutou chamando pelo cachorro de pelagem escura. 

— O que aconteceu? — Ishi perguntou.

— Eu que pergunto isso. — Rin disse e cruzou as pernas antes de suspirar e levantar a cabeça, assim prestando atenção no teto da cozinha por uns instantes, mas retornou a olhar para o fazendeiro. — Há um quarto para hóspedes, não mencionando o fato dessa casa ser grande demais para uma pessoa, ou o número de copos. O que aconteceu? —

Ishi ficou em silêncio. Rin não possuía um olhar sério para aquele homem, mas algo puxado para a curiosidade e a própria gentileza rotineira. E ele mordeu suavemente o lábio inferior no momento que escutou o fazendeiro soltar um risinho.

— Não pode ser só uma casa preparada para hóspedes? — Ishi perguntou.

— Pode, mas numa fazenda? — Rin perguntou e levantou uma das sobrancelhas, então deu continuidade. — Então? —

— É tão incomum assim? — Ishi perguntou, mas suspirou quando não recebeu uma resposta do rosado, por isso deu continuidade. — Na última guerra… fiz uma promessa de que buscaria uma vida pacífica. E consegui encontrar a mulher que compartilhava do mesmo sonho, juntos construímos cada centímetro dessa fazenda, mas acabou que… algumas coisas estavam erradas naquela época. Ouvíamos histórias de pessoas que se explodiram por aí, mas nunca acreditamos… até que uma garotinha apareceu a nossa porta com um homem alto e gordo como guarda-costas, ou amigo, não sei… é tudo tão confuso às vezes. Eles pediram por um pouco de comida e uma cama para que passassem a noite. Aquele quarto de hóspedes só existe por um único motivo… nós queríamos um filho e tentávamos de todo jeito. E como o quarto estava vazio… o oferecemos para os dois e lhe demos a nossa comida. Então… na tarde seguinte, enquanto lavava os pratos, ouvi minha mulher discutindo com alguém e depois gritando como se estivesse em perigo, por isso fui ver o que tinha acontecido, mas indo também com intenção de protegê-la, por isso levei uma faca comigo. E vi minha mulher tentando afastar algumas pessoas de aparências estranhas… —

Rin ficou em silêncio. E lentamente mudava sua calma e curiosa expressão para algo que transmitia exatamente que estava chocado com o conto. E pôs a mão trêmula em frente a boca enquanto continuava ouvindo os detalhes do acontecimento que mudou a vida do fazendeiro.

— …isso aconteceu onde estão as vacas. — Ishi contou e moveu sua cabeça para o lado esquerdo, assim apreciando a janela a paisagem exterior que era do gramado e de algumas vacas que se alimentavam e sacudiam os rabos para se livrarem de moscas, então retornou sua atenção para o rosado. — Continuei vivendo aqui por causa das recordações da mulher que amava. Essa resposta é suficiente para você? —

O rosado ficou em silêncio. Ele poderia usar o Mangekyou Sharingan para fazer uso do Kuebiko, desta forma poderia apagar aquelas dolorosas lembranças da memória do fazendeiro, ou até mesmo modificá-las e transformar a falecida numa adoentada, mas uma parte dele considerou errado, por isso suspirou. "Um descendente do clã Chinoike" pensou e levou a mão para o cabelo e usou a ponta dos dedos para coçá-lo.

— Desculpe. — Rin murmurou.

— Não há com que se preocupar. A forma que agirem um com o outro… me trouxe um pouco de nostalgia, por isso continue assim, rapaz. — Ishi disse.

— Pode deixar. — Rin disse.

O rosado aproveitou para se levantar uma vez mais, então fez uma reverência em agradecimento à hospitalidade que receberam, mas o fazendeiro só balançou a cabeça de um lado a outro. "Está mesmo na hora de ir para Yattsuhoshi" pensou e aproveitou o silêncio para se virar e seguir em direção a saída da casa. Ele só levantou o braço com o punho quase inteiramente fechado num gesto de "obrigado" e depois levou a mão para a maçaneta e puxou a porta, desta forma dando-lhe acesso ao lado de fora e olhando para os lados. A Yamanaka estava do lado esquerdo, com as costas escoradas na porta e passando a mão suavemente em cima da cabeça de Sirius que a cheirava com interesse.

— Você escutou? — Rin perguntou.

— Aham. — Misa respondeu e moveu o rosto para o lado, assim o observando e mantendo um olhar bem suave para ele e dando continuidade assim que sorriu com nítido divertimento. — Receberá um beliscão mais tarde por se meter na vida dos outros. —

— Ah, porcaria… — Rin disse e assumiu uma expressão de desgosto, quase como se achasse uma coisa completamente nojenta, mas também usando um tom que parecia haver arrependimento. — …eu só tava um pouco… —

— Você insistiu naquela conversa. Estou sendo gentil com apenas um beliscão, querido. — Misa disse e levou suas mãos para as bochechas de Sirius e as agarrou e balançou o rosto dele de um lado a outro. — Estou certa, Sirius? —

O cachorro — que obviamente estava se divertindo com a forma que era tratado — latiu em resposta e parecia contente com o dono secundário receber algum tipo de punição. "Cachorro traíra" Rin acabou pensando e olhando depressa para sua mochila, então pegando-a e colocando-a nas costas e depois colocando sua mão no ombro da Yamanaka que continuou prestando atenção nele. E não demorou para que houvesse o simultâneo desaparecimento dos três daquela área, assim como a repentina aparição meio segundo depois em frente a uma casa na redondeza de Yattsuhoshi. A Yamanaka olhou com cuidado para a casa e percebeu que em cima da porta havia uma marcação idêntica àquela no anel que ocupava um dedo de sua mão esquerda, depois olhou para trás e ficou em silêncio enquanto levava as mãos para frente da boca e seus olhos brilham enquanto vislumbrava um pedaço mínimo do pacífico vilarejo. Rin sorriu pelo canto dos lábios com a reação da noiva.

— Gosta do que está vendo? Espere até passear. — Rin disse e levou sua mão para a cintura da noiva e passou a fazer carícias, mas sem qualquer malícia.

— Podemos dar uma volta? — Misa perguntou enquanto apreciava as carícias em sua cintura.

— Podemos, mas primeiro vem aquele descanso que mencionei, ou já se esqueceu? — Rin perguntou e levantou uma das sobrancelhas e sorriu pelo canto esquerdo dos lábios antes de continuar. — Banho quente e descanso, sem dúvida serão úteis por causa do mal estar de agora pouco. —

— Quando acordar já estará na hora de ir para Konoha. — A Yamanaka disse.

— E daí? Quer enfrentar o deserto pouco antes do meio-dia? — Rin perguntou. Ele ainda sentia o desgosto por toda aquela areia e as dunas, sem contar a ausência de sombra fresca, lembrava-se também de haver amaldiçoado mentalmente o deserto durante a viagem. 

— Não… não quero… — Misa disse.

— Nem eu. Então, sairemos um pouco depois do anoitecer. Ou seja… dará suas aulas normalmente, daremos uma volta e depois saímos. — Rin disse e removeu sua mão da cintura dela e usou o indicador para apontar a porta recém colocada na casa do escritor. — Agora… diga-me… há alguém atrás dessa porta? —

— Hm? — A Yamanaka murmurou e usou suas habilidades sensoriais, assim identificando duas presenças de chakra, mas nenhuma dessas presenças encontrava-se atrás daquela porta. — Não. Porque? —

— Por nada. — Rin disse e alargou um sorriso de intensa animação enquanto fechava sua mão totalmente em punho, então deu continuidade. — Vou bater na porta. —

— Ah? Espere… que-querido, na-não. — Misa começou a dizer assim que percebeu a intenção do noivo, mas já era tarde demais.

E realmente era tarde. Isso porque o rosado já tinha movido o braço à frente do corpo. Ele não usou muita força para que não destruísse a porta, mas usou o suficiente para removê-la da entrada como fez a alguns dias. Seu punho acertou a madeira resistente e a porta saiu com extrema facilidade e chocou-se com a parede e um pouco de poeira subiu. O rosado abaixou o braço enquanto escutava passos apressados e depois o levantou e sorriu amigavelmente quando reparou em Chishiki que olhava de início para sua porta sem entender o que tinha acontecido, depois olhava para o rosado de força monstruosa e sentia-se nervoso e por isso rosnava, então mudava seu olhar para alto cheio de fúria. E isso só piorava porque Ontake estava gargalhando animadamente, afinal não foi o responsável por aquele desastre.

— Minha porta! — Chishiki disse.

— É, assim não tem como bater com ela na minha cara. — Rin disse e levou a mão para o bolso e olhou para Ontake que estava sentado no sofá. — E aí, Take? —

— Eu sinto muito… — Misa disse assim que passou por seu noivo e se aproximou do escritor que continuava bravo com a destruição da porta. — …tentei pará-lo, mas já era tarde. — 

— É sempre divertido revê-lo, Rin. — Take disse assim que conseguiu parar de rir e usou a mão direita para secar as lágrimas de alegria por aquele acontecimento.

— Você é idiota? — Chishiki perguntou e levou suas mãos para a gola da camisa do rosado e apertou um pouco. — Você se faz de inteligente? Não tem nada melhor para fazer? Agora está trazendo sua noiva e o maldito cachorro para dentro da minha casa? Tá achando mesmo que aqui é uma hospedaria? —

"Ela tentou me parar?" o rosado pensou e levantou em surpresa uma das sobrancelhas no momento que foi agarrado pelo escritor. Ele ficou em silêncio enquanto escutava suas reclamações a respeito da porta e até mesmo das incontáveis visitas com pessoas sempre diferentes. Nenhum deles reparando em Yamanaka Misa que aproximou-se da porta caída para verificar os danos. Rin suavizou seu olhar enquanto recebia as reclamações do escritor que parecia só depois de alguns instantes ter notado que Sirius estava perto dele com os pelos eriçados e os dentes à mostra com um olhar bem agressivo. "Um cão protetor quando necessário" pensou o rosado enquanto sua noiva parecia surpresa pela mudança de comportamento do cachorro.

— Sírius, tá de boa. — Rin disse e olhou de relance para o canídeo que retornou a postura relaxada de sempre.

— Seu idiota… — Chishiki disse e soltou a gola da camisa do rosado, então cruzou os braços e o encarou com desgosto. — …vou cobrar o conserto, tá me entendendo? —

— Não vai. E sabe porque sei que não fará isso? — Rin perguntou, mas obviamente era uma pergunta retórica, pois logo deu continuidade. — Porque tenho uma história para você, por isso me perdoará por ter derrubado sua porta. —

Chishiki ficou em silêncio, contudo exibiu um olhar cheio de dúvida para o rosado a sua frente que parecia querer manipulá-lo, por isso acabou suspirando e levando as mãos para a cintura.

— O que está querendo? — Shiki perguntou.

— Misa precisa tomar um banho e descansar por algumas horas, enquanto isso acontece podemos conversar sobre um crime solucionado. Não acha uma troca justa? — Rin perguntou.

— Certo… — Shiki disse e olhou para a Yamanaka que parecia ainda preocupada, depois olhou para o moreno ainda no sofá. — …mostre onde fica o banheiro e dê seu quarto, mas jogue algo lá dentro para tirar aquele odor. —

— Posso jogar você lá dentro. O que acha? Se bem que seu cheiro de merda não mudará tanto assim… — Ontake disse e sorriu pelo canto dos lábios ao mesmo tempo que deixava o sofá.

— Me divirto com você achando que conseguirá alguma coisa. Já reparou no quão magro e ausente de músculos é? — Chishiki perguntou e levantou uma das sobrancelhas.

O escritor se aproximou de Ontake. E os dois começaram a trocar algumas provocações. Misa se aproximou de Rin que só ficou em silêncio, mas parecia concentrado na forma que os amigos se tratavam… que era bem diferente da forma amável deles. O rosado sabia que aquele não era o momento de escutar uma discussão, por isso suspirou e assobiou alto, assim chamando a atenção para si e apontando para a Yamanaka com o indicador. 

— Misa precisa de um banho e de descanso, Take. Dá para levá-la, por favor? — Rin perguntou.

— Claro, desculpe pelo que acabou de acontecer. Me acompanhe, Misa-san. — Take disse e como última provocação empurrou o escritor para o lado e passou ao lado dele e seguiu em direção ao corredor.

A Yamanaka já havia aceitado a ideia de tomar um refrescante banho e descansar por algum tempo, por isso acompanhou o moreno, assim deixando Rin a sós com Chishiki e Sírius. O escritor sentou-se no sofá e cruzou os braços com um sorriso provocativo para o rosado que era incapaz de fazer aquele tipo de movimento.

— Então? — Shiki perguntou.

— Hehe… — Rin soltou um risinho. E deu continuidade assim que sentou-se ao lado do escritor e pôs uma perna em cima da outra. — …a história de como salvei o País dos Vales, de como impedi o assassinato do Daimyo, é interessante para você? —

Shiki ficou em silêncio, porém não escondeu a surpresa por mais que aquele comentário do rosado fosse tão simples. E até mesmo o olhar do recém chegado era sério… o que levava a acreditar que aquilo realmente tinha acontecido.

— Conte-me tudo. — Shiki enfim disse.


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