Tales of a Uchiha escrita por Saberus


Capítulo 134
S06Ch11;




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E era o dia seguinte, não passavam das seis e quarenta e cinco. Doro acordou já sentindo os enjôos matinais e não se demorou tanto na cama, por isso saiu e encurtou muito depressa a distância para o banheiro e ajoelhou-se em frente a privada e vomitou. Ela escutou alguns passos e imediatamente estendeu o braço direito ao lado do corpo e com a palma aberta, além disso usava a mão esquerda para secar algo que escorria pelo canto dos seus lábios.

— Eu tô bem. — Doro disse. Sua voz saiu um pouco fraca. Ela não precisava olhar para saber que era Tsuyu que estava preocupado.

E era verdade. Tsuyu estava parado na porta com uma cueca boxer azul e com uma expressão que não escondia o quão preocupado estava com o bem estar da noiva, mas também estava dividido com a felicidade, afinal de contas os enjoos eram por causa da evolução da gravidez da kunoichi, ou seja, ele não sabia exatamente o que expressar.

— Tô vendo… — Tsuyu disse, mas deu continuidade assim que pôs a mão na cintura e tentou falar com um tom… divertido, zombeteiro. — ...nunca a vi tão bem em todo o tempo que estivemos juntos. Você está radiante. —

— Desenvolveu senso de humor? — Doro perguntou e levantou uma das sobrancelhas, contudo um fino sorriso tomou seus lábios.

— Um dos males de ter você como parceira. A loucura é um ônus do senso de humor. — Tsuyu respondeu.

Doro até pensou em gargalhar, mas acabou se movendo para a privada novamente e vomitando. O moreno suspirou e encurtou a distância com a noiva e sentou-se ao lado dela e a mesma entendeu aquilo como um sinal para recortar sua cabeça no abdômen desnudo dele, ao mesmo tempo que o moreno pousava a mão — a única mão — na barriga da noiva e acariciava de cima a baixo. Doro não demorou em pôr sua mão por cima da mão dele e alterar as carícias para movimentos circulares.

— Ela gosta assim. — Doro disse.

— Claro que gosta… — Tsuyu sussurrou e revirou seus olhos, mas não contrataria a noiva além daquelas palavras que soavam irônicas.

— Não posso fazer nada se meus enjoos passam quando acaricia desta forma. — Doro insistiu e levantou seu rosto desta forma olhando para o noivo e fazendo um beicinho ao mesmo. — Eu te deixo louco mesmo? —

— Demais. — Tsuyu respondeu. E levantou uma das sobrancelhas quando viu a noiva inflar uma das bochechas. — Eu não estou mentindo. Você me deixa louco por qualquer razão. Quando decido fazer uma coisa… me pego imaginando em seu bem estar, em como ficará se eu fizesse tal coisa, por isso acabo enlouquecendo. E você é a responsável. —

Doro soltou uma risada. E aproveitou para se ajustar no colo do noivo, assim sentando-se de pernas abertas nele e passando os braços em volta do pescoço dele e sentindo quando a mão dele — ou pelo menos o indicador — se moveu de sua barriga e lentamente seguiu para cima enquanto levava consigo um pouco da camisa branca que a kunoichi vestia, assim deixando mais a mostra a barriga dela. 

— Diga que me ama. — Doro pediu.

— Não mesmo. — Tsuyu disse. Ele sorriu provocativo pelo canto esquerdo dos lábios. — O que faria com essa informação? Você já me tem no bolso, afinal é minha parceira e assim pode liderar meus esquadrões, além disso acho que gostam mais de você do que de mim, então pode pedir para me matarem a qualquer momento, mas agradeço que ainda não tenha feito isso. —

— Sua vida pode encurtar se não disser que me ama. — Doro disse. 

— Hm, eu amo o tipo de mulher que pode me bater. — Tsuyu disse e se esforçou para não sorrir quando a noiva soltou um riso. Aquilo era um bom sinal, afinal ela não estava mais enjoada. Ele deu continuidade assim que a vou fazer biquinho como se quiser ser beijada. — O que está querendo? Que eu te beije? —

— Ah, um beijo seria legal. — Doro disse e agitou seus ombros.

— Primeiro, sei o que esse beijo vai ocasionar, e segundo… não estou com vontade de fazer nada desse tipo depois de vê-la vomitar o jantar de ontem, então afaste essa boca suja de mim. — Tsuyu disse com um ligeiro divertimento. 

Mas era óbvio que aconteceria, além disso a kunoichi já demonstrava melhoras desde o rápido afago, por isso iniciaram um beijo. Tsuyu acreditava que aquela rotina — acordar, sexo em algum cômodo (geralmente começado no banheiro), depois obrigações com Mangetsu, depois obrigações com Doro (passeando com ela e comprando coisas de bebê, então sexo as escondidas ou na privacidade do quarto) e sabendo que as aventuras sexuais logo terminariam com o avanço da gravidez — eram prêmios de algum caridoso deus por tudo o que fez nos últimos anos. Ele pôs sua mão na nádega esquerda dela no momento que abriram suas bocas e mantiveram as línguas de fora e ocasionalmente um chupando a língua do outro.

[ ۝ ]

Duas horas depois. Doro sairá do banheiro com novas roupas — uma camisa preta de manga longa e uma saia amarela que se estendia até os calcanhares e sandálias pretas com aberturas para os dedos — e olhava de relance para o noivo estirado na cama e com a expressão mais boba possível, provavelmente estando nas nuvens, mas felizmente tinha pegado no sono depois de aproveitarem intimamente a companhia um do outro. Ela seguiu para fora do quarto e olhou para o lado direito, como sempre Musashi estava por ali e de braços cruzados e a cabeça levemente baixa, além disso os dedos batucavam seus antebraços, e ele abriu seu olho esquerdo para observá-la.

— Eu não acho que ele vá se levantar tão cedo, Musashi. — Doro disse e soltou um riso levemente divertido. E pôs as mãos entrelaçadas nas costas.

— O que você fez com ele? — Musashi perguntou.

— Eu deixei ele vazio. — Doro respondeu com um ligeiro divertimento, então se virou para o lado esquerdo no momento que ouviu uma gargalhada. — Ah, Fushin! —

— E aí. — Fushin disse e estendeu o braço direito para cima e deixou a palma aberta, então continuou assim que o baixou. — Você ouviu a moça, Musashi. O chefe não estará disponível, então um de nós precisa acompanhar o novato, e só você pode fazer isso, afinal… — A especialista em Genjutsu puxou o braço direito de Doro e o colou ao seu corpo. — ...estou numa divertida obrigação de cuidar da amada do chefe. —

— Eu posso cuidar dela. — Musashi disse e semicerrou suas sobrancelhas enquanto movia mais a cabeça e olhava diretamente para Doro.

— Claro que pode. — Doro disse. E sorriu com diversão e malícia com um requinte de crueldade. — Eu estava ansiosa para escolher umas calcinhas e sutiãs novos hoje, esses estão ficando apertados, sabe? —

— Hm, jura? — Fushin disse e olhou para os seios da kunoichi, então voltou sua atenção para Musashi que desviará imediatamente sua atenção. 

— Suas demônias. — Musashi sussurrou. E tornou a baixar a cabeça e fechar os olhos. — Sumam de uma vez. Eu cuido do novato… —

— Eu sabia que ia colaborar, Musashi. — Doro disse e levou sua mão direita ao cabelo do especialista em Kenjutsu e deu continuidade. — Trarei alguma coisa para você se realmente passarmos por alguma área comercial. —

— A Mangetsu está sendo controlada por mulheres… — Musashi sussurrou.

Fushin e Doro se olham, mas nem pensam em respondê-lo. As duas simplesmente se aproximam do especialista em Kenjutsu e cada uma beija uma das bochechas — Doro a direita; Fushin a esquerda — e afastam-se as gargalhadas do rapaz que estava envergonhado. As duas seguiram pelo corredor e logo viraram a esquerda e chegaram num elevador — colocado ali sob a ordem de Tsuyu por causa da canseira futura que Doro teria ao subir as escadas por causa da gravidez — e o acessam e não demoram em descer os andares enquanto conversam sobre os mais diversificados assuntos, mas todos tinham uma finalidade: fofoca, ou conhecer a vida dos outros. As duas saem do prédio da Mangetsu depois de mais alguns minutos e continuam caminhando ao seguirem o lado esquerdo da rua.

— Mas mudando de assunto por um momento. Aliás, quero saber depois essa história do Uteki, Fushin… — Doro disse e levantou um pouco seu braço esquerdo e acenou para algumas pessoas que a cumprimentavam. — ...para onde os membros da Rokujūshi foram? Ainda não me disse. —

— Bom, escutei cinco falarem sobre o rumo que escolheriam. — Fushin disse e mostrou a palma da mão direita enquanto olhava para o céu azul sem nuvens. — Um escolheu o País dos Demônios, outro o País das Águas, dois foram para o País dos Relâmpagos e outro para o País do Som. Nenhum deles escolheu o País do Fogo ou do Vento, afinal ele está lá e perto da fronteira, por isso não seria difícil uma viagem entre um país e outro. —

— Até que escolheram lugares interessantes. — Doro disse e levou a mão disponível para o queixo e o coçou, sentindo-se cada vez mais curiosa quanto a ideia dos membros irem viajar. — Todos foram? —

— Não. Ensui está em algum canto de Amegakure. Ele disse que usará a vantagem que tem por ser do clã Hozuki para melhorar em hidroterapia. É até por isso que não está te vigiando nos últimos dias. — Fushin respondeu.

— Ainda bem. Eu odeio que me sigam… — Doro disse e olhou em volta na tentativa de reconhecer algum rosto da Mangetsu, mas nenhum era familiar, por isso voltou sua atenção para Fushin. — ...quando cheguei com Rin e nos hospedamos num hotel bem barato, éramos seguidos por alguns rapazes da Shi no Hana, mal saímos do hotel. —

— E assim conheceu a Tsuko. E conseguiu a amizade dela. Estou certa? E assim ela te protegeu. — Fushin disse.

— Sim, está bem certa. — Doro disse e fez um beicinho ao se lembrar da ruiva que faleceu a alguns meses. — Ela me protegeu quando algumas pessoas tentaram me levar… e provavelmente faria um uso sombrio de mim. —

— Que bom que parou na Mangetsu. Eu odiaria não ter com quem conversar sobre a vida dos outros. — Fushin disse. 

— Falando em vida dos outros… — Doro disse e novamente acenou para algumas pessoas que a cumprimentavam. — ...o que acha de Lich… aquele que tomou o lugar de Kanako Urai. —

— Ele é quieto, um pouco sério, mas não demonstrou ser uma ameaça para nós, na realidade ele é mais na dele. Ele parece forçar um sorriso quando fazemos algo engraçado. O lado positivo é que presta atenção nas reuniões, bem diferente de Musashi e eu. — Fushin disse. Não sentindo-se nenhum pouco culpada com as últimas palavras.

— E ele é um… — Doro não concluiu seu comentário.

— ...seguidor de Jashin? Sim, já ouvi sobre esse deus caótico, mas não esperava que alguém da Mangetsu o servisse. — Fushin disse e sentiu um arrepio se espalhar por seu corpo, até por isso se abraçou. — O lado positivo é que Tsuyu pôs algumas regras para ele. —

— Tsuyu não me disse. Que regras são essas? — Doro perguntou e levantou uma das sobrancelhas.

— Nem pra mim. Foi Musashi que deixou escapar. — Fushin disse. E deu continuidade assim que olhou para a colega. — Sem tentar converter as pessoas, sem matar as pessoas e… parece que… se ele te olhar ou te tocar com segundas intenções… a Mangetsu inteira está autorizada a cair em cima dele. E parece que Musashi está ansioso para enfrentá-lo, sabe? Ele é um pouco… — Fushin não concluiu seu comentário.

— Oh! — Era uma voz masculina. Um pouco grossa e rouca. E pertencia a Uteki que olhava com seriedade para as moças que pararam de caminhar para observá-lo, então deu continuidade. — Diga para seus amigos que minha clínica não é correio, entendeu? —

— Do que está falando, Uteki-san? — Doro perguntou e cruzou os braços abaixo dos seios. E parece que Fushin concordava com sua dúvida.

— Uma pessoa do País do Fogo, de Konohagakure, mandou uma carta para você, garota. — Uteki disse e usou sua mão direita (o indicador) para cutucar a testa de Doro enquanto mostrava uma carta na mão esquerda. — Arrume um endereço novo para suas cartas chegarem, entendeu? Vocês tem um prédio enorme… o que custa mandar para lá? —

— Cutuque ela mais uma vez. E eu te prendo em vários Genjutsu que você nem reconhecerá mais a realidade. — Fushin disse. Seu olhar demonstrava a mais pura concentração e seriedade. 

— Uh… vocês… — Uteki tentou dizer, mas não conseguiu pensar em mais nada.

Doro pegou a carta que estava na mão esquerda do médico, dessa maneira livrando-o delas, então olhou para o mesmo afastando-se e depois retornou sua atenção para Fushin que prestava mais atenção na carta do que no acontecia em seu entorno. A kunoichi grávida abriu a carta e começou a ler com Fushin ao seu lado esquerdo lendo o pouco conteúdo. E quando terminou a leitura, Doro virou-se e apressou seus passos com intenção de retornar para a Mangetsu.

O retorno não demorou tanto, afinal estavam com pressa, o que demorou foram os dois minutos que tiveram para o elevador descer até ao primeiro andar e subir numa lentidão desgraçada. Doro chegou ao andar que ficava com Tsuyu e apressou seus passos ainda mais e abriu violentamente a porta do quarto e olhou para seu noivo que estava acordando novamente só por causa de como a porta foi aberta. Fushin estava no seu encalço.

— PROBLEMAS! — Doro gritou.

— Oh porra… — Tsuyu disse e usou a mão para coçar os olhos cansados, lentamente seu sorriso de alegria se desfez. — ...que diabos aconteceu? Quem atacou a Mangetsu? A Amegakure? —

— O que? Não! — Doro disse e seguiu para o guarda-roupa e foi jogando algumas roupas para Fushin que jogava tudo numa mochila. — Rakun. Ele está em coma em Konoha. —

— E como você sabe? — Tsuyu perguntou e cruzou as pernas enquanto estava sentado na cama e usou o cobertor para se cobrir ao reparar num estranho olhar de Fushin. — Sai do quarto, Fushin. —

— Fica no quarto, Fushin. — Doro disse quando percebeu que a amiga obedeceria a ordem do moreno, então voltou sua atenção para ele. — Recebi uma carta de Misa. A namorada do Rakun. E ela me disse que ele está em coma. Eu vou visitá-lo. E estou indo nesse momento. —

— Pode ser uma armadilha de alguém. Todo mundo sabe que somos próximos dele. — Tsuyu disse. Ele olhou para Fushin que continuava no quarto. — Sai, Fushin. —

— Fica, Fushin. — Doro disse. Ela retornou sua atenção para o noivo e o olhou com mais seriedade. — Eu vou assim mesmo. Se for verdade… ficarei lá até que melhore… se não for… pelo menos saberei que está bem. —

— Você está grávida. — Tsuyu disse. Ele se rendeu a deixar Fushin no quarto. E continuou calmo, mas acabou suspirando quando recebeu um olhar mais sério da noiva. — Certo, discutir com você não fará bem para minha cabeça, disso eu tenho certeza. Fushin… avise Musashi que nós quatro viajaremos para Konohagakure e que deixe os esquadrões alertas e protegendo Amegakure a todo custo durante nossa ausência. Doro… pode arrumar minhas coisas também? Por favor. — 

— Certo… — Fushin disse.

A especialista em Genjutsu afastou-se. Ela saiu do quarto e assim deixou Doro terminando de ajeitar as roupas que levariam para Konohagakure. 

— Você tem certeza disso? — Tsuyu perguntou. Ele sabia o quão próximos sua noiva era do amigo, mas não dava a mínima, afinal conhecia os sentimentos de Doro por ele. — A carta era confiável? —

— Conheço muitas técnicas de Suiton, além de Iryō Ninjutsu e ainda estou levando meu disparador. Se for uma armadilha, ótimo. — Doro disse e aproveitou para reequipar-se com seu disparador de Senbon no braço direito e preparou as agulhas e alguns vidros com venenos.

— Às vezes esqueço o quão perigosa minha mulher pode ser, mas também é isso que acaba me atraindo mais em você... — Tsuyu disse e sorriu pelo canto dos lábios.

— Esse é um pouco do meu charme. Sou um perigo, mas compenso com gentileza e uma paixão intensa. — Doro disse.

Tsuyu pareceu concordar, então suspirou e saiu da cama e seguiu ao banheiro para que pudesse tomar um banho enquanto a noiva preparava uma mochila para ele. Se tudo corresse bem… sairiam de Amegakure no final da tarde e chegariam em Konohagakure em dois dias.

[ ۝ ]

Enquanto isso em Yattsuhoshi, Ontake soprou uma mecha de cabelo que estava lhe atrapalhando a visão. Ele carregava na mão direita uma sacola com alguns ingredientes que usaria para o almoço daquele dia, na mão esquerda tinha uma carta que um falcão peregrino lhe entregou ao pousar ridiculamente perto dele a algumas horas quando justamente estava indo fazer as compras. 

— Então… chupões, não é mesmo? — Uma voz feminina que ele não demorou a reconhecer logo atrás dele. Era Kohi, que ainda continuava em Yattsuhoshi só porque os ciganos não a queriam mais pelo fato de ter se unido a outro grupo. Então deu continuidade. — Aqui e aqui. —

Ontake afastou-se de Kohi. Seu olhar não escondia a curiosidade por ela ter descoberto aquilo, mas também a vergonha por… bom, ela ter descoberto. Ele olhou para o lado esquerdo e reparou em dois chupões visíveis em seu ombro, depois olhou para Kohi que carregava um olhar que ele não demorou para reconhecer, afinal era o mesmo que Shiki exibia quando queria começar com as provocações.

— Nenhuma palavra sobre esse assunto. — Ontake disse e semicerrou seus olhos, então mexeu em sua camisa para esconder os dois chupões que recebeu naquele dia enquanto preparava o café da manhã. 

Kohi suspirou. Ela balançou a cabeça e continuou caminhando na companhia do moreno que começou a sentir-se incomodado por aqueles olhos cor olivas tão concentrados nele.

— O que você quer? — Ontake sussurrou. 

— Então, já aconteceu? — Kohi perguntou.

— O que aconteceu? — Ontake também perguntou.

— Ah, não aconteceu? — Kohi perguntou. Sua voz carregando uma leve decepção, assim como seu olhar parecia ter perdido o ânimo.

— Não aconteceu o que? — Ontake perguntou. Ele começava a se sentir irritado por não saber sobre o que a ex cigana estava falando. 

— Você realmente não sabe? Não tem experiência? — Kohi perguntou e inclinou a cabeça para o lado esquerdo, mas deu continuidade antes que o moreno lhe dissesse alguma coisa. — Sexo. Já aconteceu? —

Ontake ficou em silêncio. E bastante surpreso com aquela pergunta. E na realidade… chocado. E envergonhado, afinal suas bochechas começaram a esquentar e isso se espalhou para as orelhas e ele acabou por mordendo os lábios inferiores. "Que tipo de pessoa faz esse tipo de pergunta tão descaradamente?" pensou o moreno que acabou suspirando e tentando se controlar nas reações.

— Não. Estamos namorando há cinco dias. Ainda é cedo demais para pensarmos em… — Ontake não concluiu seu comentário.

— ...como vai saber que fazer com ele é bom sem ter experimentado antes? Quanto mais cedo souber, melhor. Não é isso que dizem sobre algumas coisas? — Kohi disse.

— O sexo não é importante num… — Ontake não concluiu novamente seu comentário.

— Está com medo de fazer? — Kohi perguntou.

— Eu não estou com… — Ontake novamente não concluiu seu comentário.

— O que tá escondendo? — Kohi perguntou.

Take ficou em silêncio. Ele não tinha medo de fazer sexo, assim como também não achava tão importante num relacionamento, afinal acreditava que o amor era mais importante, mas o que escondia? Uma coisa muito importante que só tinha contado para um certo rosado na primeira vez que chegou a Yattsuhoshi, desde então não tocou mais no assunto, sendo o mesmo motivo para o qual usava bermuda na fonte termal. Ele odiava o que lhe restava de seu órgão e a ausência de outras duas coisas, sentia-se envergonhado, e imaginou que nunca precisasse exibi-lo. Aquilo, sem dúvida, era sua maior vergonha. 

— Nada. — Take disse.

— Mentiroso. — Kohi disse.

— Suma daqui, demônio! — Take disse.

O moreno levou a perna direita para frente, desta maneira tentando chutar a garota que desviou e gargalhou animada, mas aceitou a sugestão do moreno e por essa razão tornou a se afastar. Ontake bufou e apressou seus passos, desta maneira regressando mais rápido para casa e abrindo a porta e fechando-a com bastante força. E olhou para Shiki que estava sentado no sofá e que acabou lhe lançando um olhar peculiar.

— A… — Shiki começou a dizer, mas não teve a oportunidade de concluir o comentário.

— Fale dessa porta mais uma vez e vou enfiar a maçaneta num lugar que não gostará, Shiki. — Take disse enquanto colocava a sacola e a carta na mesa e ia para a pia jogar um pouco de água no rosto.

— Depende em quem essa maçaneta acabar sendo enfiada. Em mim certamente não vou gostar, mas em você? Provável que acabe gargalhando. — Shiki disse. Ele parecia ligeiramente provocativo em seu comentário, então deu continuidade quando o moreno lhe lançou um ofensivo gesto. — O que houve? Você não estava tão irritado assim quando saiu daqui. —

Ontake lançou um olhar sério para o escritor. Um típico olhar de que provavelmente o outro estava encrencado com ele em outro momento. O escritor suspirou ao receber aquele olhar e saiu imediatamente do sofá e caminhou para perto do moreno que voltou a ficar de costas para ele e lavando o rosto na pia, tanto que surpreendeu-se no instante em que Shiki pôs as mãos em sua cintura e buscou conforto de sua cabeça no ombro dele.

— O que houve? — Shiki perguntou.

— De uns dias para cá está sendo bem romântico, né? Custava fazer isso quando eu aparecia bravo? — Ontake perguntou e sentiu as bochechas se esquentarem pela vergonha que estava sentindo.

— Já conversamos sobre isso, mas eu acabaria fazendo isso todos os dias e todas as horas, afinal você vive bravo. — Shiki disse com suavidade e passando a abraçá-lo e deixando-o mais próximo de seu corpo. — O que houve? —

— Eu não vivo bravo. Você que me estressa com suas provocações, eu só devolvo na mesma moeda. E acontece que você é irritante. — Ontake disse.

— Obrigado. Para mim isso é um elogio. — Shiki disse e aproveitou para fechar seus olhos enquanto descansava a cabeça no ombro do moreno. — O que houve? Essa é a última vez que vou perguntar. —

— Última? Eu gostaria muito que você insistisse por mais umas quinze vezes. — Ontake disse.

O moreno não demorou em gargalhar no momento que o escritor o girou e em sequência o suspendeu, desta forma levando-o para a pia como fazia sempre que queria beijá-lo na cozinha. Shiki não esperou e seus lábios alcançaram os do moreno, assim unindo-os num beijo aparentemente suave e sem malícia, um beijo confortável para ambos por mais que usassem pouco a pouco as línguas, mas não durou muito tempo, afinal o escritor interrompeu para recuperar um pouco de fôlego… e uma fina saliva conectava suas línguas.

— Chega de conversa, né? Vai me contar o que aconteceu para chegar naquele humor? — Shiki perguntou.

— Quatro vezes… — Ontake disse enquanto suas bochechas estavam ruborizadas, então deu continuidade assim que passou os braços em volta do pescoço do escritor, então balançou a cabeça de um lado a outro. — ...não vou. Sinto muito, mas é pessoal demais. —

— Pessoal quanto? — Shiki perguntou.

— Muito. — Ontake respondeu, então suspirou e removeu as mãos de volta do pescoço dele e aproveitou para empurrá-lo para longe.

Shiki ficou em silêncio. Ele olhou para o moreno saindo de cima da pia e passando por ele com os braços cruzados e seguindo para o corredor. Era provável que o moreno escolhesse tomar um banho ou descansar para acalmar-se e então preparar o almoço. 

— Tem relação com você usando bermuda quando vai na fonte termal? Ou cruzando as pernas quando está na banheira? Ou… a magreza de seu corpo e a ausência de pelos? — Shiki perguntou. 

— Está tudo conectado. E não quero falar sobre isso, Shiki. Não acho que seja bom para alguém escutar, desculpe. — Ontake disse e olhou para a mesa e lembrou-se da carta, mas não sentia-se animado em lê-la.

— Eu gostaria de ouvir. — Shiki disse e bagunçou o cabelo antes de se aproximar do sofá e sentar-se e olhar para o moreno com uma leve seriedade. — Prometo que não farei qualquer tipo de comentário provocativo. E que vou escutá-lo. Então, conte-me. —

Ontake olhou para o corredor. Ele poderia muito bem ir para o banheiro e tomar um banho com água bem quente, mas também… Shiki fazia parte de sua vida, por isso não faria mal contar a ele sobre o que aconteceu em seu passado, ou faria? "Se é pra acabar, que acabe…" pensou e andou até o sofá e sentou-se ao lado do escritor e cruzou os braços.

— Tudo começou quando minha mãe foi violentada sexualmente… — Ontake começou a contar a história por inteiro que se lembrava e que sua avó também tinha lhe contado.

[ ۝ ]

A história foi contada em meia hora. E Shiki continuou em silêncio do início ao fim. Ele acreditava que o moreno era corajoso o suficiente por ter contado aquilo e também por guardar algo daquele nível. Ele engoliu em seco enquanto via que o ânimo foi perdido completamente nos olhos escarlates do moreno. E tentou falar alguma coisa, mas Take se levantou abruptamente e fechou suas mãos em punhos algumas vezes, então como se tivesse tomado coragem… levou as mãos a camisa e a puxou para cima, removendo-a e deixando a mostra o corpo magro e realmente sem existência de quaisquer pelos. 

— O que está fazendo? — Shiki perguntou.

— Tomando coragem na vida e mostrando o que aconteceu. — Take respondeu e coçou uma das bochechas enquanto levava as mãos para a bermuda. — Rin sabe o que aconteceu, mas nunca mostrei para ele. Você… é o primeiro que estará vendo. —

Shiki ficou em silêncio. Ele olhou para as mãos trêmulas do moreno e suspirou. Ele falava em coragem, mas estava receoso em mostrá-lo certas cicatrizes do passado. O escritor pôs as mãos em cima das mãos de Ontake e lhe lançou um olhar gentil, gentilmente puxando-o para perto de si e pondo-o em seu colo e passando as mãos em torno de sua cintura em seguida e levou os lábios para o pescoço dele.


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