Tales of a Uchiha escrita por Saberus


Capítulo 124
S06Ch01;




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Era o dia seguinte. E já parecia que aquele não seria um dia assim tão diferente em Yattsuhoshi. O pacífico vilarejo ganhava movimento pouco depois das oito da manhã, mas algumas pessoas começaram a trabalhar muito antes disso, bem antes do sol raiar. A manhã já dava indícios de que não faria tanto calor pelo restante do dia — o que muitos acharam um motivo de alegria e por isso os mais alegres já se apossaram de lugares no bar local e bebiam, gargalhavam e conversavam. Chishiki continuava deitado em sua cama e mantendo as mãos atrás da cabeça e os antebraços nos confortáveis travesseiros, seu olhar cheio de desgosto estava fixo no teto e o mesmo parecia mais irritado que o normal, mas tinha-se um motivo para isso. Era o barulho de construção de uma casa particularmente grande próxima a dele, por isso nas últimas semanas perdia seu sono a partir do momento que a obra se dava início ao toque das seis da manhã.

— Você está acordado? — Uma voz masculina vindo de fora do seu quarto. 

— Tem como não estar acordado? — Shiki perguntou um pouco áspero. Ele deu continuidade assim que respirou profundamente quando as marteladas cessaram. — O que você quer, Ontake? —

— O café está pronto. E já disse para me chamar apenas de "Take", Shiki-san. — A voz masculina lembrou e parecia que o tom era carregado de desgosto. 

— Já estou indo. — Shiki disse.

Ele olhou para a sombra abaixo da porta se afastando, ouviu até mesmo os passos irem para outra direção. O escritor bufou e não demorou em esticar seu corpo — os dedos dos pés separando-se por alguns centímetros e as mãos se fechando em punhos — e aproveitando disso para sentar-se na cama e remover a coberta de cima dele e sair em sequência e seguiu para o guarda-roupa. Sua única roupa era uma cueca boxer amarela com duas linhas verticais avermelhadas, por isso supôs que não seria muito adequado sair dos aposentos vestindo só aquilo. O escritor puxou uma calça moletom cinza e depois uma camisa branca — as duas peças não possuíam decoração — e retornou para o lado da cama onde pegou o óculos na escrivaninha e o ajeitou. E novamente não demorou para que saísse do quarto e caminhou pelo corredor de poucos metros — uns cinco metros — enquanto reclamava do assoalho estar frio como um cadáver. E, como dito, não demorou para chegar em outro cômodo que era compartilhado com a sala de estar. Chishiki olhou com seriedade para Ontake que estava na pia e vestindo uma bermuda preta e um avental vermelho amarrado em sua cintura com a frase "kiss my ass" num balão que saia da boca de um rosto deveras rechonchudo. Ontake a algum tempo estava dormindo em sua casa e, para que não fosse um peso extra, tem o ajudado com muitos afazeres domésticos, dentre eles a limpeza da casa e o preparo das refeições. O escritor observou o outro rapaz terminando de lavar um copo da noite anterior ao mesmo tempo que cantarolava alguma coisa idiota, mas dava para imaginar que ele estava feliz. E ele também reparou que o cabelo escuro de Ontake — Take para os amigos — estava solto, assim os fios chegavam até os cotovelos. 

— Porque você está feliz? — Chishiki perguntou com um olhar sério e desconfiado Ele aproveitou para tomar o seu assento. — Alguém está muito doente e precisam de você? —

— O que? Não! — Ontake disse ao mover seu rosto um pouco para que assim pudesse enxergar o escritor já com o lugar tomado. As bochechas dele estavam ligeiramente coradas. — Eu só… — E acabou sendo interrompido.

— ...está tendo um surto de uma doença misteriosa em Yattsuhoshi e você é o único que pode salvá-los? Pois saiba que eu deixaria todos morrer… PRINCIPALMENTE ESSES DESGRAÇADOS QUE FAZEM BARULHO LOGO CEDO! — Shiki gritou assim que ouviu o martelo regressar a bater não muito longe de sua casa. 

— Não é nada disso. — Take disse com um olhar mais sério como se não tivesse gostado do outro o interromper ou dele ter gritado.

Shiki levou um pão com geleia para a boca e mordeu um generoso pedaço, então enquanto mastigava e sentia o agradável sabor — geléia de amora com limão — seu olhar retornou para o moreno que sentou-se na cadeira a frente dele e serviu-se de um suco natural de abacaxi com limão e tomou um gole demorado. O escritor prestou muita atenção no líquido escorrendo pelo canto esquerdo dos lábios do moreno e até mesmo para o movimento suave de sua garganta, mas a atenção de Shiki se desviou para a geleia quando os olhos vermelhos de Ontake se abriram e se concentraram nele e o mesmo depositou o copo de suco na mesa. 

— Então, o que aconteceu de tão bom para ter esse excesso de felicidade? — Shiki perguntou e voltou a morder outro pedaço de seu pão com aquele bom gosto de amora e limão.

— Um bom sonho. — Take disse e sorriu pelo canto dos lábios ao mesmo tempo que suas bochechas ganharam mais rubor.

— E com o que sonhou? — Shiki perguntou.

— Hm… só digo se você me disser com o que sonhou, Chishiki. — Take disse com um olhar mais suave e levando os cotovelos para a mesa e usando as mãos para apoiar o queixo. — Com o que um escritor famoso sonha? —

— Sonhei... que usava minhas mãos para enforcar aquele desgraçado por pensar em construir uma casa perto da minha. Foram as melhores oito horas de sono, mas aí ALGUNS DESGRAÇADOS ME ACORDARAM. — Shiki respondeu e berrou a última parte enquanto virava seu rosto para a janela propositalmente aberta, então voltou sua atenção para o moreno. — E você? —

Ontake sentiu vontade de estalar sua língua. Ele gostava e agia como um informante, por isso via alguns sinais de mentiras em eventuais respostas que lhe davam — algo que com o tempo aprendeu a perceber — e viu um desses sinais na pequena pausa do escritor. Já ele… não poderia contar seu sonho, afinal de contas tinha relação com o escritor a menos de dois metros dele. Ontake se lembrava perfeitamente do sonho quente que tiveram com Chishiki dele lhe tomando por longas horas num dos quartos — do anoitecer até o amanhecer — e ainda lhe dizendo doces palavras. As bochechas do moreno se esquentaram um pouco mais além da conta e ele abaixou o braço esquerdo. Por conta daquele sonho que mordeu o travesseiro durante alguns minutos enquanto… seus dedos…

— Cães. — Ontake disse depressa quando percebeu que ficou muito tempo em silêncio.

— Cães? — Shiki perguntou e levantou uma das sobrancelhas.

— É, cães. — Take disse. E não era exatamente uma mentira, afinal de contas no sonho houve a posição do cachorrinho. Ele deu continuidade assim que segurou o copo de suco com a mão direita e o levou para os lábios. — Muitas raças. Adoro, sabe? Lembro perfeitamente de estar com um vira-lata caramelo super gente boa nos meus braços. —

— Hm… — Shiki murmurou.

— De qualquer forma… o que estará fazendo hoje? — Take disse na tentativa desesperada de mudar depressa o tópico daquela conversa.

— Estou terminando meu próximo livro; Haru e a Câmara Secreta. Então, nos próximos dias enviarei ao meu editor. — Shiki disse e uma veia saltou em sua testa no momento que ouviu algumas marteladas mais altas. — Só pode ser… —

— Hm… será que pode enviar uma carta para Konohagakure? — Take disse e voltou a beber um pouco do suco que residia em seu copo. 

— Uma carta? Você nunca escreve uma carta. Para quem é essa carta? — Shiki disse um pouco surpreso e voltando a comer o pão e sentiu novamente o bom sabor de amora e limão. 

— Relaxe. Não estou me relacionando com ninguém a distância… — Take disse com um pouco de divertimento e levantou seus braços e entrelaçou as mãos, desta forma se espreguiçando. — ...uma carta para Rin a respeito do andamento da construção. —

— Hm. Já está com ela em mãos? — Shiki perguntou e um sorriso malicioso surgiu em seus lábios no momento que o moreno confirmou com um aceno de cabeça. — Deixe-me ver. —

— O que? Não mesmo! — Take disse e abaixou seus braços e saiu depressa do assento e olhou para um específico lugar… na mesa da sala de estar. 

Shiki reparou naquele olhar. E depressa deixou seu assento com o pão ainda em seus lábios e correu para a pequena mesa de centro em que havia o que parecia uma carta ainda não envelopada e o quanto antes jogou-se para apanhá-la enquanto tinha certeza de que Take terminava de sair de seu assento. O escritor apanhou a carta enquanto passava por cima do móvel de madeira e deu uma cambalhota quando chegou ao assoalho e levantou o braço direito e mostrou a carta em sua mão. E depois olhou com seriedade e malícia para o moreno que estava no meio do caminho, mas baixou seu olhar para o conteúdo da carta.

"Olá, prezado Rin. Como você está? Espero receber boas notícias do que anda fazendo por aí, meu amigo."

O escritor leu em voz alta o começo daquela carta e não se incomodou quando o moreno levou as mãos para frente do rosto na falha tentativa de esconder-se. Era bem óbvio como o mesmo estava envergonhado com a situação inesperada.

"Na sua ausência, me tornei o médico de Yattsuhoshi. E estou ajudando as pessoas diariamente, mas os casos médicos não possuem tanta gravidade assim. São coisas bem simples. O povo desse vilarejo é muito gentil e adoram uma festividade. Aliás, soube que dentro de alguns dias haverá um pequeno festival, por isso deixo de antemão que você está convidado."

— Antemão? — O escritor perguntou e levantou uma das sobrancelhas e voltou sua atenção para o moreno que balançou energicamente a cabeça. — Pegou um dos meus dicionários? Parece uma carta com muita formalidade. —

— Cale a boca… e termine de ler. — Take disse e baixou os braços ao mesmo tempo que aproveitava para se sentar no sofá velho que em certa época Rin usou para dormir. 

"Gostaria de avisar que a construção de sua casa está num ritmo acima da média, meu amigo. Os construtores desse vilarejo se empolgaram com a notícia de que estará de mudança quando ela for terminada, mas não conheço a veracidade da informação, por isso apenas queria deixá-lo avisado. Estou ansioso para seu retorno. Mande notícias."

— Então? — Take perguntou esperançoso.

— Se eu mandar por engano para um Daimyo, pode ser que responda com o mesmo grau de formalidade, mas eu acho que está bom. Você enrolou um pouco, mas foi bem objetivo em seu assunto. Eu não faria melhor, parabéns. — Shiki disse e dobrou a carta e a levou para o bolso da calça moletom. — E quais seus planos para hoje? — O escritor perguntou e retornou ao assunto de antes.

Take mordeu os lábios inferiores para esconder um sorriso. Ele olhou para o escritor levantando-se e passando por ele sem ao menos olhá-lo, mas as orelhas de Shiki estavam parcialmente coradas, por isso acreditou que aquelas palavras eram um tipo de elogio. Ele sentiu-se um pouco mais do que satisfeito. Eram aquelas pequenas coisas que faziam com que a sua admiração pelo escritor aumentasse.

— O mesmo de sempre. Estarei no hospital até uma certa hora para o caso de precisarem de mim, então irei para as fontes termais e depois ao mercado comprar alguma coisa para o jantar. O que você recomenda? — Take perguntou.

— Frango. Qualquer coisa a base de frango pode servir. — Shiki disse e retornou ao seu assento e deu continuidade ao seu café da manhã. — E algumas batatas. —

— Hm… você está querendo um ensopado. — Take disse e levou a mão direita ao seu queixo e o alisou com uma expressão pensativa. Não era nenhum pouco difícil a preparação de um ensopado. 

Não era nenhum pouco difícil já que sua mãe o ensinou culinária nos anos que ela o considerava como uma "filha", somente por essa razão que sabia cozinhar.

— Pode ser. Eu ainda nem terminei o café da manhã e já me vem perguntando do jantar… — Shiki disse e pegou o copo de suco do moreno e tomou um gole generoso, desta maneira acabando com o conteúdo. — ...ah! —

"Um beijo indireto…" Take pensou. Ele aproveitou para sair do sofá enquanto o escritor continuou se alimentando. O moreno retornou para o quarto de hóspedes — agora denominado seu quarto — e trocou suas roupas em um conjunto bem simples. Ele saiu do quarto usando botas marrons, calça cinza escura com uma listra horizontal de cada lado, uma camiseta de linho branca com o lado esquerdo sendo um pouco maior — indo até a coxa — e os dois lados da camiseta eram ligados por linhas douradas na altura do peito, e uma camisa azul por cima e contendo detalhes geométricos azul escuro nos punhos, além disso seu cabelo estava trançado e jogado sob o ombro direito. O moreno apressou seus passos enquanto era vigiado pelo escritor que terminava de comer outro pão com geleia de framboesa.

— Acabei de perceber uma coisa… — Shiki disse assim que engoliu o pedaço de pão que mastigava.

— ...o que? — Take perguntou.

— Foi um beijo indireto. Não foi? O copo… — Shiki disse. Porém… sua voz carregava um pouco de malícia e provocação, com certeza ele sabia a muito tempo daquele detalhe.

— Hm? — Take disse com um tom carregado de curiosidade. Ele sabia que devia tomar cuidado com o que dissesse a partir daquele momento, por isso que cruzou os braços enquanto ficava de costas para a porta e inclinou o rosto para o lado esquerdo. — Eu nem notei. Me admira que tenha percebido isso, Chishiki. —

Ontake não escondia sua homossexualidade. Já era de seu conhecimento que Shiki costumava se divertir por meio de provocações — deboches, muitas vezes — e até por isso tornou aquilo parte de sua rotina. Ele sabia que as provocações acontecem até mesmo com Rin — que era um pouco mais amigo de Shiki do que ele — então tudo o que dava para fazer era aceitar e entrar no jogo. Take sorriu pelo canto dos lábios quando soube que seu ataque foi bem efetivo e não o deixaria fazer um contra-ataque, por isso saiu depressa da casa e alargou um sorriso em seus lábios trêmulos e levantou os braços para acima de sua cabeça e quase… quase… gritou um "Isso aí!", porém se controlou. "Certo, minhas obrigações…" pensou o moreno que apressadamente afastou-se da casa do escritor e olhou de relance para a casa em construção de seu amigo — quatro enormes paredes de tijolo, ou outro material resistente, levantadas e agora as equipes se dividiram em terminar a construção externa e começar a construção interna de corredores e os cômodos. A atenção do moreno retornou para o caminho a frente e novamente apressou seus passos.

[ ۝ ]

Aquele foi um dia de considerável sorte. Ninguém precisou dele, nem para uma dor de cabeça, por isso achou que estava fazendo um bom serviço. No máximo, passou o dia ouvindo algumas pessoas — discretamente, como um bom informante — sobre um dragão elétrico gigantesco visto no horizonte a poucos dias, mas Ontake supôs que era conversa de bêbado, por isso não levou adiante. O moreno agora usava uma bermuda quando chegava a fonte termal masculina e ignorava as pessoas velhas que estavam ali com meramente toalhas nos colos e suando como porcos. O moreno não demorou em reconhecer o líder do vilarejo, por isso tornou a se aproximar dele e submergiu parte de seu corpo na água quente borbulhante quando chegou ao lado dele.

— Olá, Shojiki. — Take o comprimentou com um aceno de cabeça.

— Ah, garoto. Vi quando estava a caminho do hospital, mas não tive coragem de avisá-lo, me desculpe. — O líder de Yattsuhoshi disse. Sua voz carregava bastante sinceridade e era muito calma, bem relaxada.

— Avisar do que? — Take perguntou.

— Do festival que acontecerá em alguns dias. Bom, é certo que já sabe que acontecerá algo em breve, né? Afinal, vê que estamos construindo uma grande fogueira, não vê? — Shojiki perguntou, mas deu continuidade quando o garoto afirmou com um balanço de cabeça e aproveitou para molhar o cabelo. — Os habitantes de Yattsuhoshi, os mais novos pelo menos, pensam duas vezes antes de fazerem as coisas, pois assim evitam machucados e doenças. —

— Isso é um pouco… — Take tentou concluir seu comentário, mas acabou sendo interrompido.

— Difícil? — Shojiki perguntou depois de interrompê-lo, por isso deu continuidade quando o garoto voltou a afirmar com um aceno casual. — É normal sua descrença, mas verá nos próximos dias que o número de doentes e feridos será um total de zero. —

— Hm… porque todo esse cuidado? — Take perguntou.

Como o moreno mais jovem possuía uma admiração por informações — que apenas uma pessoa em Yattsuhoshi sabia — não custava nada ouvir aquele homem, quem sabe aquele tipo de informação lhe fosse útil em algum momento futuro.

— Ora, já disse. As pessoas daqui vêem grande importância nos festivais, mas esse acaba sendo aquele mais importante. A comida e a bebida não são interessantes de noite, mas a música e a dança? Sim, essas são. — Shojiki disse e cruzou os braços e olhou para seu reflexo na água reluzente e quente. — A uma crença que começou anos depois da formação do vilarejo. "Aqueles que dançarem a última dança sob a fogueira nada os separará". E isso acontece com muita frequência… foi desta forma que conheci minha falecida esposa. —

— Como aconteceu? Não foi na Quarta Guerra Mundial Ninja, foi? — Take perguntou com um pouco de receio, afinal de contas sabia que muitas pessoas pereceram a alguns anos.

— Não. Ela sempre teve o coração um pouco fraco, por isso acabou tendo um ataque cardíaco logo após o nascimento do nosso filho. Triste, muito triste, mas acontece com todo mundo. — Shojiki disse e olhou para alguns senhores que aproveitavam da fonte termal, por isso sussurrou ao garoto que o acompanhava. — Porque sempre vem com uma bermuda? —

— Ah… — Take sentiu as bochechas ferverem de vergonha. Ele não se sentia bem em usar uma toalha que poderia se desprender do corpo e assim revelar as partes que faltavam… ele seria considerado chacota. — ...sou muito… como é a palavra… tímido com certas áreas do meu corpo. —

— Entendo, faz um pouco de sentido. Desculpa ter perguntado, mas sabe como é a curiosidade de um velho. — Shojiki disse e levou sua mão direita para só cabelo molhado do rapaz.

— Ahahaha, que isso… — Take disse após uma rápida gargalhada e balançando apressadamente suas mãos, então deu continuidade. — ...velho? O senhor? Que nada. O senhor deve ter uns quarenta e… —

— Trinta e cinco. — Shojiki disse e semicerrou seus olhos ao mesmo tempo que um bico se formou em seus lábios. 

— Bem conservado. — Take disse e sentiu que na viagem de retorno para a casa de Shiki deveria se enterrar o mais profundamente na areia e aguardar pela morte. E sabia também que deveria mudar de assunto antes que acabasse se arrependendo. — Então, quem são os músicos? —

— Ah, uma velha amiga de Kumogakure. Ela estará passando por aqui junto a caravana nos próximos dias, então usará Yattsuhoshi para abastecer o estoque e prestará o serviço. — Shojiki disse e sorriu com um pouco de desconforto pelo canto dos lábios. — Só tome cuidado no dia… —

— Porque? Ela tem um charme irresistível? Garanto a você que não sou atraído facilmente por mulheres. — Take disse com diversão e levantando uma das sobrancelhas. 

— ...porque ela, e qualquer outro da caravana, são ladrões. Ciganos, obviamente, por isso gostam de uma boa festividade com música e bebida, mas possuem mãos leves. Quando menos perceber, terá perdido um relógio que foi herança ou uma quantidade razoável de dinheiro, mas tenho certeza que não fazem por mal, afinal de contas eles têm de voltar em segurança para Kumogakure, por isso terão de usar dinheiro ou objetos de valor para comprar os bandidos no caminho e a viagem ocorra em segurança… é o que imagino. — Shojiki contou. Ele pareceu bem indiferente quanto ao garoto não se importar com o charme feminino, mas expressou preocupação quanto ao que foi dito.

[ ۝ ]

Nada mais foi questionado com Shojiki. O banho termal não demorou mais depois daquela conversa. E o moreno retornou para casa onde preparou um excelente ensopado de frango com batatas para um esfomeado Chishiki que parecia sentir dor no pulso esquerdo depois de escrever mais alguns capítulos de seu próximo livro. O moreno não o acompanhou naquele jantar. Ele só seguiu para o banheiro onde tomou um banho demoradamente gelado e vestiu-se com um pijama qualquer e seguiu para sua cama ainda um pouco molhado. Ele deitou nela e olhou para o teto por alguns segundos antes de sorrir maliciosamente ao desenvolver uma ideia.

— Vou dançar com ele no festival. — Take sussurrou com ânimo. 


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