Tales of a Uchiha escrita por Saberus


Capítulo 125
S06Ch02;




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Ontake acordou no dia seguinte. Ele olhou para o lado esquerdo do quarto onde tinha-se uma janela. E assim pode observar que estava amanhecendo, por isso imaginou que fossem seis da manhã ou alguns minutos antes ou depois, afinal criou uma rotina ao acordar por volta desse horário. Ele sentia-se mais confortável com esse horário, pois somente assim poderia banhar-se sem a interrupção do escritor e suas idas e vindas para certas necessidades. O moreno não demorou a sair da cama e levantar seus braços para se espreguiçar e alongar um pouco suas costas, então curvou seu corpo ao máximo e tentou alcançar os dedos dos pés com os de duas mãos. E depois daquele simples e prático exercício o mesmo apanhou um conjunto de roupas — uma camisa preta florida, bermuda azul marinho e chinelo — e depois uma toalha e seguiu para a porta do quarto e a abriu devagar. E lentamente pôs a cabeça para fora e olhou para as duas direções e calmamente seguiu pelo corredor e chegou ao banheiro. Lá ele fechou — e trancou — a porta e despiu-se e adentrou no chuveiro de água morna e fechou seus olhos e aproveitou a sensação confortável do banho. Em momento algum baixou sua cabeça ou tateou suas partes baixas para lavá-las, afinal de contas aquela região não era novidade alguma, por isso deixou que o sabonete que usava para esfregar seus braços magros e abdômen escorresse por aquela região.

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Ele saiu do banheiro uns vinte minutos depois e tinha a toalha em volta de seu cabelo. Ele seguiu imediatamente para a cozinha e com um ânimo renovado pôs a água para esquentar com intenção de preparar um café para Chishiki que sairia um pouco mais tarde do quarto — quando resolvesse que não tinha mais como dormir e saísse reclamando de tudo. O moreno soltou um animado risinho enquanto se pegava imaginando o escritor e ele dançando juntos no festival que se aproximava, mas parou quando se lembrou de que teria de convidá-lo ainda e gemeu manhoso e cruzou os braços um pouco pensativo sobre aquele assunto e as possíveis recusas do escritor. O moreno levou as mãos para a cabeça e rangeu seus dentes. "Merda! Ele vai rir da minha cara por convidá-lo, mas…" o escritor pensava e retirava as mãos da cabeça e levava a esquerda para o queixo e deixava a palma direita em seu cotovelo direito e um bico se formava em seus lábios. "...ele pode aceitar…" pensou e então começou a sacudir a parte inferior do corpo — seu quadril — com um pouco de ânimo ao imaginar-se novamente dançando com o escritor próximos da fogueira com alguma música de fundo.

— Você está muito animado… — Uma voz masculina que chamou sua atenção. E aparentemente daria continuidade a algum comentário, se não fosse interrompido.

— Kyaaah! — Take gritou ao sair de seus pensamentos por aquela voz. 

Ele olhou para Shiki no corredor e coçando o cabelo e olhando-o com desconfiança, mas um sorriso de pura malícia tomando os lábios do escritor depois daquele gritinho incomum do moreno que possuía um rubor intenso nas bochechas. Take sabia que era cedo demais para Shiki sair do quarto, pois nem mesmo os trabalhadores da casa ao lado chegaram para fazer barulho. O escritor ajeitou seus óculos e caminhou em direção ao moreno que não parou de observá-lo, mas recuou alguns passos até se ver escorado na parede e com Shiki justamente próximo demais dele. Take tentou andar para o lado esquerdo, porém o braço do escritor se moveu e impediu seu caminho e pôs a palma da mão na parede e bem perto da cabeça do moreno. Take engoliu em seco e percebeu novamente a diferença de altura para com Chishiki que sorria maliciosamente e devagar passava a língua por seus lábios inferiores.

— ...você está aprontando alguma coisa para estar tão animado. — Shiki disse e seus olhos dourados pareciam cintilar por poucos segundos. — Está sabendo de alguma coisa? —

— Na-Não est-estou aprontando na-nada… — Take disse e voltou a engolir em seco e olhou de relance para a água que continuava esquentando. Ele pensou nas suas chances de jogá-la na cara do escritor e escapar dele, mas teve noção de que seria errado e perigoso. — ...nem sabendo de nada. —

— Então, porque está animado? Tão distraído ao ponto de gritar um "kyah" ridiculamente fofo… — Shiki perguntou e usou um tom debochado para o moreno que concentrava os olhos vermelhos nele depois de parecer olhar para outra coisa, o escritor deu continuidade. — ...e duvido que não esteja sabendo de nada. Você tem bons olhos e uma audição surpreendente quando é para novidade. —

— Eu… — Take disse e sentiu quando suas bochechas esquentam mais e o calor se espalhou para suas orelhas por causa do estranho elogio a respeito de seus olhos. E ele parou de observar o escritor. — ...estou animado… porque… —

— Porque? — Shiki perguntou.

— ...porque… — Take engoliu em seco. Ele não tinha ideia do que dizer e de qual rumo daquela conversa tomar. — ...o festival está se aproximando… e será a primeira vez que vou assisti-lo. Eu tô… animado por causa disso. —

— Ah, esse festival chato. — Shiki disse e afastou sua mão da parede e cruzou os braços enquanto ficava de costas para o moreno e seguia para o assento na mesa. — Só idiotas participam. Sei que vou dormir cedo. Sabia que não dá para ouvir a música daqui? É uma maravilha. —

O moreno ficou em silêncio. Ele sentiu uma imensa vontade de gritar "Filho da puta" para o escritor e outras ofensas, mas imaginava que aquilo era parte de suas provocações rotineiras. Até mesmo pensou em convidá-lo para a última dança, mas se ele achava o festival chato… não daria muito certo o convite.

— Essas pessoas criam superstições em cima dessa porcaria. Sabia disso? Ah… claro que já sabia, afinal sua audição é excelente para fofocas. Os primeiros que criaram essa ideia ou boato a respeito da última dança eram idiotas. Eles podem ter dançado com pessoas que já amavam e aí se esforçaram de alguma forma para continuarem juntos, sei lá. Essa é a maior bobeira que já ouvi em toda minha vida. Só gente com pouco intelecto acredita nisso, francamente… — Shiki continuava dizendo enquanto seu cotovelo se apoiava na mesa e usava a mão para apoiar o queixo. — ...e você ainda dá atenção para essas pessoas. —

Ontake não se aguentou. Ele pegou a primeira frigideira que encontrou e a girou em sua mão direita enquanto se aproximava do distraído escritor. Ele levantou o braço esquerdo — que segurava a frigideira — e depois o moveu e o direcionou à cabeça de Chishiki, acertando-o. O escritor pôs a mão direita na região que levou à pancada e depois olhou para o moreno que o olhava um pouco zangado e que mordia os lábios inferiores com vontade.

— Você tá doido? — Shiki perguntou.

— Idiota! — Take disse.

O escritor não soube ao certo o que dizer em seguida, afinal aquela havia sido a primeira vez que Ontake lhe atacou daquela maneira. O moreno bufou e girou novamente a frigideira em sua mão e isso fez com que Shiki usasse os braços para proteger seu rosto, mas Take só largou o objeto na pia e pisando com um pouco de força seguiu para a porta e saiu imediatamente da casa depois de batê-la com uma força exagerada, assim deixando um escritor deveras confuso.

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Algumas horas se passam. E Ontake estava andando por Yattsuhoshi depois de ter bebido café preto no bar que esteve com Rin e Shiki a algum tempo. O moreno continuava com a expressão de irritação e rangia seus dentes. E até mesmo sua aura levemente ameaçadora era suficiente para as pessoas saírem de seu caminho. Em certo momento o moreno acreditou ter visto Shiki caminhando pelo vilarejo, por isso que o moreno procurou outra rota para… qualquer lugar onde pudesse reclamar pacientemente, mas ele não tinha um rumo muito certo.

— Idiota, cretino, miserável, arrogante, desgraçado, babaca... — Take murmurou.

— Quem você está xingando? — Uma voz feminina logo atrás dele.

O moreno levou as mãos para perto da boca, assim cobrindo-a e evitando outro "Kyah" por aquele repentino comentário, então olhou para trás e olhou para a garota que estava próxima dele. Uma garota de cabelos azuis curtos e desgrenhados, olhos na mesma tonalidade do cabelo e que pareciam inocentes e levemente curiosos, a menina de treze anos usava roupas confortáveis e inclinava a cabeça para o lado esquerdo enquanto os braços estavam nas costas e suas mãos entrelaçadas. A garota era Kon.

— Você não deve aparecer assim. — Take comentou assim que afastou as mãos de sua boca e cruzou os braços.

— Desculpe, Take-nii-san. — Kon disse.

— E eu não estou xingando ninguém. — Take disse e retornou a caminhar e olhou para a garota que ficou ao seu lado esquerdo. — Você não tem que praticar sua dança? —

— Vovô me deu uma folga. Meus pés estão doendo nos últimos dias, por isso achou que era melhor. — Kon respondeu e levantou uma das sobrancelhas e deu continuidade antes do moreno ter a chance de falar alguma coisa. — Eu tenho certeza que estava xingando alguém. Quem é? Shojiki? —

— Não… não é ninguém. — Take disse.

— BakaShiki? Você disse que o ama-... — Kon foi interrompida. 

BakaShiki era como Kon chamava-o recentemente. Tudo porque o escritor era um idiota e a menina esperava que aquela forma de chamá-lo se espalhasse para outros moradores de Yattsuhoshi, mas por enquanto só ela o chamava.

Take imediatamente levou sua mão direita para a boca da menina, desta forma impedindo que ela continuasse com seu comentário. E olhou para ela com súplica e seriedade enquanto as bochechas estavam coradas. E ele levou a mão esquerda para perto da boca e encostou o indicador em seus lábios.

— Xiii… — Take disse e balançou a cabeça de um lado a outro, então continuou quando a menina recuou alguns passos. — ...isso morre comigo. Ele vai rir da minha cara no momento que expressar meus sentimentos. —

— Vai mesmo. — Kon disse.

— Aliás… como soube? — Take perguntou. Ele se lembrava perfeitamente de não ter divulgado aquela informação para a garota.

— Um chute. Posso não ter a mesma atenção que você, mas vovô me disse que a forma que uma pessoa olha para a outra quando está apaixonada é diferente. E é dessa forma que você olha para BakaShiki quando ele tá distraído. — Kon disse e sorriu com malícia e divertimento como se tivesse ganho um prêmio valioso.

— Será o nosso segredo. — Take sussurrou e pôs suas mãos na cintura e suspirou pesado, então baixou seu olhar para as pernas da garota. — Você disse que estava com dores? —

— Disse. — Kon comentou.

— Hm, me siga. — Take disse. 

Take levou Kon para um banco de madeira e fez com que a menina se sentasse e logo segurou seus pés e concentrou-se um pouco. E não demorou para que uma energia surgisse — Shōsen Jutsu — em busca de algum ferimento em toda aquela área dos pés da garota. Poderia ser qualquer coisa que estivesse machucando os pés da garota que observou. Algumas pessoas olhavam para a cena de ajuda com um pouco de admiração, mas retornam à caminhada, exceto por uma que ficou para assistir e lentamente se aproximar.

— Porque está bravo com BakaShiki? — Kon perguntou.

— Ele é um idiota. — Take respondeu.

— Todo mundo sabe que ele é um idiota. Eu quero saber porque está bravo. O que ele fez, Take-nii-san? — Kon insistiu.

— Eu… — Take mirou seus olhos no lado esquerdo, depois no direito e enfim voltou a olhar para a garota e sussurrou. — ...estou ansioso para o festival e para a dança, mas ele é cético e ainda chamou todos de idiota e disse que dormirá cedo no dia, que não irá participar, mas eu queria convidá-lo. —

— Dance com outras pessoas. — Kon disse e levou suas mãos para as bochechas do moreno e sorriu. — Eu vou adorar dançar com você, se quiser. Será meu primeiro ano também, Take-nii-san. —

— Tem uma idade mínima para dançar nesse festival? — Take perguntou e levantou uma das sobrancelhas.

— Dez anos, mas vovô queria que eu dançasse melhor do que os outros, por isso não participei nos últimos três anos. Eu queria dançar com Rin-nii-san, mas ele não está por aqui… — Kon disse com um pouco de desapontamento.

— ...escrevi uma carta para ele. Pode ser que ele apareça e dance com você, Kon-chan. — Take disse agora tentar animar a garota um pouco, então removeu as mãos dos calcanhares dela e cruzou os braços. — Seus pés só estão cansados. Descanse nos próximos dias e faça uma massagem com óleo neles, Kon-chan. —

— Ah, Rin-nii-san pode aparecer? Eu vou adorar vê-lo. Sabe que ele aj-... pois não? — Kon mudou o que ia dizer e não olhou para Take, mas para as costas dele.

E o moreno fez a mesma coisa. Ele olhou para trás e assim reparou numa desconhecida com a parte superior do corpo curvada e com o rosto bem próximo ao dele. A própria desconhecida — de pele escura, olhos verdes escuros como azeitonas e cabelo escuro e curto — piscou uma vez para ele e formou um sorriso gentil. A desconhecida usava uma espécie de gargantilha em formato de anéis com três ametistas em seu pescoço, uma faixa branca com bordas douradas lhe cobrindo os pequenos seios — quase uma tábua de não houvesse um pequeno volume — braceletes dourados em seus pulsos, uma espécie de tanga marrom escura cobrindo da cintura para baixo feito do mesmo tecido que tapeçarias, por cima disso outra tanga na cor da areia com listras verdes esmeraldas cobria seu quadril, as coxas e panturrilhas, um cinturão com o emblema de ouro e o símbolo de Kumogakure segurava as duas peças de roupa, por fim havia duas tornozeleiras do mesmo material que as gargantilhas, contudo com pingentes de opala no lugar das ametistas. A desconhecida inclinou o rosto para o lado esquerdo e continuou sorrindo. Quem visse de longe causaria a impressão de que a desconhecida e Ontake estavam se beijando.

— Pois não? — Take perguntou. Ele não tinha sentido a presença daquela garota e nem mesmo escutado se aproximando até aquele momento. 

— O que você fez… foi Iryō Ninjutsu, não foi? — A desconhecida perguntou. Ela não pareceu nenhum pouco incomodada pelo olhar cauteloso das duas pessoas. Sua voz carregava uma ligeira animação.

— Quem é você? — Kon perguntou.

— ...o que acontece se eu disser que foi Iryō Ninjutsu? — Take perguntou e seu olhar foi tornando-se um pouco mais sério, mas ainda não era capaz de esconder a cautela.

— Bom… — A desconhecida disse com a mesma animação enquanto sua mão direita se movia para trás da roupa… para algo que ela deixava cuidadosamente guardado, mas pronto para ser apanhado. 

Ontake não possuía a mesma inteligência que o líder da Rokujūshi, mas era certo que havia pensado num plano no momento em que a garota revelasse a arma para machucá-los. Ele primeiro acertaria o cotovelo dela e agarraria Kon em seus braços e assim tomariam distância, depois usaria um Jutsu de sua Kekkei Genkai de Natureza Avançada — Futton — para acabar de uma vez com a brincadeira. Seu plano era simples e nenhum pouco demorado ou difícil. A desconhecida levou seu braço a frente do corpo novamente e mostrou algumas notas de dinheiro para o moreno. "Está me chantageando para obter informações?" pensou o moreno que levantou as sobrancelhas.

— Devolvo seu dinheiro. Em troca, responde o que perguntei, tudo bem? — A desconhecida perguntou e continuou com aquele olhar inocente e um sorriso divertido.

— Não tem como ter roubado o meu… — Ontake levou a mão direita para o bolso traseiro da bermuda e percebeu que estava vazio. Ele olhou para a desconhecida e levou a mão direita para as notas. — ...meu dinheiro, sua idiota! —

— Ah, nem… — A desconhecida disse e levantou o braço para que o moreno ajoelhado não pudesse agarrar as notas, além disso aproveitou para ajustar a postura. — ...uma troca equivalente. —

— Ah… — Take suspirou e olhou de relance para Kon que estava rindo da situação, por isso retornou sua atenção para a desconhecida. — ...é sim. O que usei a pouco foi o Iryō Ninjutsu. Agora, de o meu dinheiro. —

— Não posso, mas agradeço pela informação. — A desconhecida disse e voltou a guardar as notas na parte de trás de sua roupa.

— O que… porque? — Take perguntou e aproveitou para se levantar e coçou seus olhos com um pouco de irritação.

— Não é da minha ética fazer devolução. — A desconhecida respondeu.

O moreno já estava irritado com a situação. E a garota se afastava aos poucos deles com uma aura calma e inocente como se não tivesse feito nada, mas era certo que tinha. Ela o roubou e ainda divulgou e ofereceu uma troca, mas ela não cumpriu com a parte dela, ou seja, ele acabou sendo roubado e enganado por alguém que sequer conhecia. E para piorar… Kon ria dele. Ele rangeu os dentes e tentou agarrar a desconhecida ao se impulsionar para frente com os braços estendidos, mas a desconhecida murmurando uma música de boca fechada desviou ao rodopiar para o lado e levou os braços para as costas e entrelaçou as mãos. Ontake firmou os pés no chão para interromper com sua viagem e depois se virou na direção que a estranha seguiu na esquiva e voltou a se impulsionar para pegá-la, mas aquilo obviamente não aconteceu já que ela tornou a desviar com um belo sorriso em seus lábios. E agora não era só Kon que estava rindo dele, mas algumas pessoas pararam para assistir suas tentativas fracassadas. 

— Ei, foi ela que me roubou! — Uma voz masculina na multidão.

— A mim também! — Duas outras vozes em uníssono.

— Pega ela, garoto! — As três vozes em simultâneo.

— Nossa, peguei tanto dinheiro emprestado assim? — A desconhecida perguntou com desconcentração e soltando um riso divertido em seguida.

— Sua ladrazinha… — Ontake rangeu os dentes e já estava bem nervoso por estar passando vergonha, então começou a formar alguns selos. — Katon: Karyū-... —

Algumas pessoas tomaram distância quando perceberam que o garoto realmente usaria Ninjutsu para aquela besteira, mas pareciam entender que Ontake já estava nervoso demais. No entanto… a garota voltou a se movimentar antes que ele pudesse concluir o nome do Ninjutsu. E logo sentiu que alguém se escorava em suas costas, por isso olhou de relance para o lado esquerdo e viu o rosto da garota — descontraída — deitado em seu ombro e ela lhe encarando com total inocência.

— Estou só me exibindo um pouco. — A garota sussurrou e piscou seu olho esquerdo para o moreno.

E antes que ele pudesse dizer alguma coisa a garota tomou distância novamente, mas moveu sua perna esquerda para trás enquanto se apoiava com o pé direito, desta forma chutando as costas do moreno e derrubando-o de bunda para cima no chão. O moreno se levantou depressa e rangeu seus dentes com nervosismo e olhou para onde deveria — e não estava mais — estar a garota, porém também viu um braço direito estendido na multidão com um aceno casual.

[ ۝ ]

O sol já estava se pondo. Ontake passou a tarde caçando a garota misteriosa que o roubou — e não a encontrou. Ele não queria envolver Shojiki nessa história, pois acabará se tornando pessoal por uma série de fatores. O moreno ainda nervoso retornou para a casa e bateu com o dobro da agressividade de antes e olhou para Shiki que se deliciava com uma xícara de café e lia um jornal, porém o olhou quando o mesmo chegou.

— Uma hora essa porta vai cair. E você terá de comprar outra... — Shiki disse.

— Cale a boca. — Take disse enquanto seguia nervoso para o corredor que o levaria para o quarto de hóspedes. 

— O que aconteceu? Até parece que foi roubado… — Shiki disse com um pouco de provocação e deboche.

— Eu fui roubado. Seu idiota de merda, cabeça de abacaxi! Não só isso, mas também fui enganado e feito de bobo na frente de um monte de gente. — Take disse assim que parou na entrada do corredor. Ele nunca se sentiu tão irritado assim em toda sua vida.

— É… os malditos ciganos estão na área, por isso saio de casa sem nada importante… — Shiki disse e tomou outro gole da xícara e suspirou por estar um pouco quente. Ele não desviou sua atenção do moreno. — Levei a carta para o correio. Deve chegar amanhã ou depois em Konoha. —

— Os ciga… você sabia que eles tinham chego!? Porque não me avisou que isso poderia acontecer? Sabe quanto dinheiro perdi hoje? — Take perguntou e sentiu a irritação crescendo um pouco mais e fechou suas mãos em punhos com muita força.

— Não deu tempo, sabe… — Shiki disse e alargou um sorriso debochado. Ele parecia não dar a mínima para o que tinha acontecido com o moreno. — ...você saiu de casa tão depressa. E a pancada na cabeça me fez esquecer de ir atrás para avisá-lo. Aliás, porque me bateu? Tenho certeza que desta vez não fiz nada de… —

Mas já era tarde. Ontake já estava nervoso e cansado demais para continuar ouvindo o moreno. Ele abriu a porta do quarto e a fechou com tanta força que as janelas — da sala e do quarto — tremeram e ele se jogou na cama e afundou seu rosto no travesseiro, então respirou profundamente e gritou quando seu rosto deitou de lado.

— IDIOTA! — Ontake gritou.

E tudo o que ele ouviu foi uma gargalhada divertida em outro cômodo. Ele sentia-se ainda com muita raiva do escritor, ou melhor, de si por ter sido idiota, da desconhecida por tê-lo roubado, feito-o de idiota e enganado-o, e do escritor por causa do que tinha acontecido de manhã. Ele fechou seus olhos por um momento, mas voltou a abri-los quando a porta do quarto foi aberta e por ela entrou o escritor que segurava uma xícara na mão direita e o jornal na esquerda.

— Seus elogios a minha pessoa são os melhores. — Shiki disse.

— Tenho muitos outros se quiser. — Ontake disse com um pouco de aspereza e se deitou de costas para o escritor que continuava de pé ao lado da cama. — Não encha meu saco, tá? Vá comer no bar ou junto aos porcos, não me importo. —

— Eu vou, mas você precisa relaxar um pouco. Está muito nervoso e acho que as portas de casa não aguentaram por muito tempo, então trouxe um chá. — Shiki disse com suavidade. 

— Eu odeio chá. — Ontake disse.

— Nem se eu beber e dar na boca para você? — Shiki perguntou com obviamente um pouco de provocação. Ele soltou um riso divertido quando desviou de um travesseiro jogado pelo moreno envergonhado.

— Suma, demônio. — Ontake disse e rangeu os dentes enquanto o calor se espalhava para suas orelhas. 

— O chá está aqui. — Shiki disse e agitou seus ombros antes de se ajoelhar e pegar o travesseiro e jogá-lo na cara do moreno. — Depois não reclame que não faço bondades. —

— Não vou reclamar. — Take murmurou e abraçou o travesseiro que foi jogado nele e suspirou quando ouviu os passos do escritor se distanciando da cama, por isso suspirou e murmurou. — Espera… —

— Já foi. Não adianta pedir mais para dar o chá em sua boca. — Shiki disse e cruzou os braços, mas assim mesmo deu continuidade quando o moreno rosnou em desaprovação ao comentário dele. — Que foi? —

— Pode… fazer uma massagem nos meus pés? Andei o dia inteiro atrás de uma rata que levou meu dinheiro… — Take pediu.

O escritor olhou com descrença para o moreno, mas balançou sua cabeça depois de um suspiro preguiçoso e por isso se aproximou da cama e sentou-se nela e logo teve os pés do moreno em seu colo. Ele cuidadosamente levou suas mãos para eles e começou a massageá-los e acabou ouvindo alguns murmúrios do moreno em aprovação ao começo. Era verdade que os pés de Ontake estavam doloridos e o toque das mãos do escritor neles era maravilhoso e aos poucos segurou os lençóis com suas mãos enquanto os dedos do escritor passavam por entre os dedos de seis pés para ajudá-lo com a dor, além disso os polegares dele deslizando com suavidade pelas solas de seus pés… o moreno moveu seu rosto corado para o lado esquerdo e fechou seus olhos.

— Ah… — Ontake gemeu baixo.

— Acho que vou nesse festival idiota. — Shiki disse ao mesmo tempo que o moreno soltou aquele incomum som


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