Tales of a Uchiha escrita por Saberus


Capítulo 118
S05Ch24;




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E era o dia seguinte ao encontro. Não era tão cedo. E o tempo chegava a ser agradável — não estava quente, mas também não estava frio, além disso havia uma brisa bem suave. Rin acreditava que aquele dia seria perfeito para se esconder e cochilar por sabe-se lá quantas horas, porém isso não era bem possível. Ele estava com as mãos nos bolsos da calça escura e baixou sua cabeça ao mesmo tempo em que suspirou. Era óbvio seu descontentamento em não poder aproveitar da sua maneira aquele dia em questão. Rin estava em companhia de Misa e caminhavam por Konohagakure com seus respectivos rumos. E o mesmo não deu a mínima quando a Yamanaka divertiu-se com sua reação um pouco exagerada. "Que saco…" pensou o rosado que ergueu sua cabeça e prestou atenção no céu bem azulado com pouquíssimas nuvens.

— Você está pensando "Que saco" agora mesmo, né? — Misa perguntou e abriu um sorriso de divertimento quando ele a observou com curiosidade e surpresa em seus belos olhos verdes. — Eu te conheço muito bem, querido. Você está achando que o dia é agradável para um descanso, por isso tá querendo se esconder. Estou certa? Sinto muito, mas em algum momento tinha de voltar ao serviço. —

— Eu tô sabendo. De qualquer forma, não há mais treinamento, por isso seria bom retornar para uma atividade que não venho praticando a algum tempo. — Rin murmurou e levou a mão direita ao cabelo e o coçou ao mesmo tempo que abria a boca e bocejava preguiçosamente.

— Sim. E podemos acompanhar um ao outro por mais alguns minutos, afinal o Hospital não é tão longe da Academia. — Misa comentou e levou os braços para suas costas e entrelaçou suas mãos ao mesmo tempo que andava de costas.

— Eu ainda tenho que passar no Escritório do Hokage antes de ir para o Hospital. — Rin disse e levou a mão direita de volta ao bolso da calça e deu continuidade assim que sua noiva pareceu curiosa com o comentário. — Vou conversar com ele. Quero saber a respeito da reunião com o Kazekage. —

— Está querendo marcar logo a data com ele? — A Yamanaka perguntou. Ela não pareceu assim tão surpresa com o comentário do noivo. E até mesmo continuou quando ele balançou a cabeça em confirmação. — Está dando um passo importante, querido. —

— Com certeza que estou. — Rin murmurou. Ele removeu as mãos dos bolsos e aproveitou para cruzar os braços e suspirar. Era perceptivo como sentia-se incomodado.

— O que aconteceu? — Misa perguntou. 

— Duas coisas estão me incomodando. A primeira é que a presença de Doro seja necessária nessa reunião. Ela é a vice-líder da Rokujūshi, mas não quero tirá-la do descanso para participar de uma reunião, nem mesmo tenho certeza se está interessada. Pode ser que a cabeça dela esteja em outros lugares. — Rin disse.

— E a outra coisa? — Misa perguntou.

— Minha mãe está me evitando. Ela não me dirigiu a palavra desde que voltei para casa depois do nosso encontro, nem me olhou. Ela nem estava mais em casa quando acordei. Pode ser que esteja com depressão por causa do luto, por isso decidiu querer me evitar… deve saber que vou ajudá-la de alguma maneira. — Rin disse. E concentrou seus olhos verdes nos azuis de sua amada antes de dar continuidade e sorrir tristemente pelo canto dos lábios. — O que eu faço? —

— Hm… — Misa disse e levou a mão direita ao queixo e acabou andando para o lado direito do rosado e entrelaçando seu braço esquerdo ao direito dele, então deu continuidade. — ...proponho uma viagem para Amegakure. Só assim para descobrir os interesses dela, mas tenho um pouco de certeza que ela irá ajudá-lo. —

— Uma viagem para Amegakure? — O rosado perguntou ao mesmo tempo que semicerrou as sobrancelhas e sorriu com um pouco de malícia. — Você está ansiosa por essa viagem, não está? —

— Não posso negar. — Misa disse e levantou um pouco seu rosto ao mesmo tempo que formou um biquinho em seus lábios. E continuou com uma ligeira inocência na voz. — Quem sabe tenho alguma utilidade por lá? Vai que ela precisa ser convencida a participar? Eu posso ajudá-lo nisso. —

"...está querendo passear e não sabe esconder" pensou o rosado que preferiu manter-se em silêncio. Ele não se importaria se Yamanaka Misa quisesse acompanhá-lo, na verdade ficaria muito agradecido em tê-la ao seu lado. Ele suspirou e parou de andar, desta maneira sua noiva também interrompeu a caminhada já que o braço dela estava entrelaçado ao seu. Ela ficou sem entender o motivo por ele ter escolhido parar e até moveu o rosto para o lado direito e levantou uma das sobrancelhas. Era como se fizesse uma pergunta silenciosa. Algo como "Porque paramos?" fez-se subentendido em sua agradável expressão. O rosado gentilmente moveu sua cabeça para mais perto da Yamanaka, desta forma encostando sua testa a dela.

— Rin? — Misa sussurrou e engoliu em seco e até separou um pouco mais seus lábios quando sentiu a mão direita dele em seu queixo. 

— Não vou beijá-la. Quero dizer, não agora. — Rin sussurrou e seus olhos verdes se concentram por um ou dois segundos nos lábios dela, mas voltam para os belos olhos azuis. — Disse a você naquela noite que poderia me acompanhar até Amegakure. Eu me lembro do que me disse em sua sala de aula… eu não quero que sinta-se vazia. —

A Yamanaka ficou em silêncio, mas atenta nos olhos verdes dele. Um olhar que era a perfeita mistura da seriedade com a gentileza reconhecível do mesmo. Ela logo o viu tomar distância e continuou seguindo-o com seus olhos. 

— E quais os seus planos para hoje? — Rin perguntou e estendeu sua mão direita para a noiva com intenção dela entrelaçar as mãos. 

— Ah, bom… o mesmo de sempre. — Misa respondeu e logo moveu suas mãos para fazer um reconhecível selo e assim um Kage Bunshin surgiu ao seu lado esquerdo. — Vou pôr em prática a ideia que vou outro dia. E aproveitar para reunir energia natural para aperfeiçoar aos poucos a duração do meu Sennin Mode. —

A Yamanaka olhou para sua Kage Bunshin que compreendeu imediatamente o que deveria fazer, por isso se virou na reconhecível direção do Monumento dos Hokage e afastou-se. O rosado olhou para a garota que permanecia ao seu lado e que acabou entrelaçando suas mãos. Os dois voltam a caminhar.

— E quanto a sua mãe… — Misa sussurrou depois de alguns segundos de silêncio. E moveu seu rosto para observá-lo. E então continuou. — ...você deveria mesmo conversar com ela. —

— Você está sabendo de alguma coisa? — Ele perguntou e moveu seu rosto para observá-la. Era bem perceptível a preocupação tanto no olhar quanto na voz do rosado.

— Não. — Misa respondeu e balançou a cabeça de um lado a outro para deixar bem claro que não sabia de nada. 

— Ah… — Rin murmurou.

— Ela deve estar abalada ainda, querido. Não passou muito tempo desde… — Misa não concluiu seu comentário. Não porque foi interrompida, mas porque não havia necessidade.

— ...tô sabendo, mas prometi para ele que cuidaria da minha mãe. E estou tentando fazer isso, no entanto não dá para fazer muita coisa quando se é ignorado. — Rin disse e levou a mão disponível para o cabelo e o coçou ao mesmo tempo que suspirava. Era nítido como estava descontente com a situação estranha. 

Houve novamente silêncio. Não por causa do assunto que pareceu desconfortável, mas por opção. Os dois continuaram a caminhada em silêncio, mas próximos um do outro e de vez em quando apontando para algo que parecia cômico e assim riam e quebravam um silêncio que durava por minutos. Misa acabou levando a mão disponível para perto da boca e abafou uma gargalhada no momento que Rin lhe mostrou o Sharingan e seus olhos se movem apressadamente. 

— Pare, está fazendo minha barriga doer! — Misa disse ao mesmo tempo que choramingava de tanto rir. 

O rosado sorriu. Ele gostava bastante de ver a Yamanaka com aquele tipo de satisfação. Ele gostava de vê-la esbanjando alegria. Seu olhar se suavizou, no entanto o Sharingan continuou ativado. A atenção do rosado desviou para trás no momento que sentiu uma mão receosa em seu ombro direito. E ele reparou que Misa o copiou com um pouco mais de curiosidade e depois levantou as sobrancelhas. Isso só acontecia porque Miura estava logo atrás deles. O rosado semicerrou as sobrancelhas por um breve momento. Ele não conhecia o outro Yamanaka o suficiente, mas nos brevíssimos encontros soube identificar o olhar que era transmitido por ele e até seu jeito agressivo, mas naquele momento… nada daquilo parecia servir em Miura que possuía olheiras profundas em torno de seus olhos amarelos como ouro. Não havia qualquer indício da agressividade costumeira dele, mas apenas algo que o rosado não soube identificar. Além disso, sua roupa estava manchada de sangue.

— Miura-nii-chan! — Misa disse. Era bem nítido como estava contente em rever o irmão mais novo. Ela continuou assim que deu uma boa olhada nas manchas de sangue da roupa dele. — O urso-negro deu trabalho? —

Rin olhou para sua noiva. E levantou em seguida suas sobrancelhas. "Como assim urso-negro?" era o que pensava. Ele não acreditava que alguém do tamanho de Yamanaka Miura tivesse a capacidade de lidar com um urso-negro. Ele retornou sua atenção para o garoto.

— Ahn… não. — Miura respondeu e balançou a cabeça de um lado a outro. Ele olhou para o rosado que acompanhava sua irmã, mas acabou baixando a cabeça e desviando seus olhos para qualquer lugar. — Po-... pode me acom-... acompanhar? —

— Agora? — Misa perguntou.

— Si-... Sim. — Miura disse e levantou sua cabeça para olhá-la, mas engoliu em seco e abaixou a cabeça novamente e fechou suas mãos em punhos. — ...Ma-... Mamãe tá espe-... esperando nos portões. —

— Nos portões? Miura… daqui alguns minutos tenho que… — Misa se interrompeu. Ela afastou sua mão da mão de seu noivo e tornou a fazer o selo do Kage Bunshin e cruzou os braços ao dirigir sua atenção para a recente cópia que surgiu ao lado direito. — Você dará aula. —

A recente Kage Bunshin balançou a cabeça em confirmação e, assim como a Kage Bunshin anterior, tornou a se afastar, mas dessa vez seguindo na específica direção da Academia. 

— Você está mantendo dois Kage Bunshin. A experiência não será demais? — Rin sussurrou a pergunta.

— Não é nada demais. — Misa disse enquanto prestava atenção em seu noivo, mas voltou a olhar para o irmão mais novo e cruzou novamente os braços. — Porque temos de ir aos portões? —

— Só… va-...vamos. — Miura disse.

— Deve ser sério para você agir assim com tanta… — Misa deu uma melhor olhada em seu irmão. Ela não sabia exatamente o que o outro estava sentindo, mas imaginava mesmo que o assunto fosse de extrema importância para se reunirem nos portões. — ...não sei ao certo. Bom… — Ela retornou sua atenção ao noivo antes de continuar. — ...até mais tarde, querido. —

— Hm… — Rin murmurou. Ele continuou olhando para Miura por mais alguns segundos, mas acabou suspirando e balançando a cabeça. Achava um pouco estúpido criar algumas dúvidas só por causa do comportamento diferenciado de Miura. — …até. Eu te amo. —

— Eu também, querido. — Misa disse e levou seus lábios para a bochecha esquerda do rosado e assim o beijou e piscou seu olho direito para ele. — Boa sorte na reunião. E conversando com sua mãe. —

— Haha, obrigado. — Rin disse e passou seus braços em volta da cintura da Yamanaka e a puxou para um confortável abraço. Ele sentia o agradável aroma de jasmim dela e por isso sorriu pelo canto dos lábios, por isso acabou sussurrando. — Vá direto para minha casa depois… —

— Certo… — Misa disse e fechou seus olhos e aproveitou por alguns segundos aquele abraço recebido.

O abraço não durou. Isso porque Miura pôs a mão direita no ombro da garota e a puxou, mas sem fazer uso de muita força. E a mesma compreendeu que seu irmão estava com pressa, até por isso desfez o abraço e deu novamente um beijo na bochecha dele e tornou a tomar distância. Rin observou os dois se afastarem e engoliu em seco e levou a mão direita para o rosto quando uma coisa incomum aconteceu. Ele começou a enxergar o fluxo de chakra de Miura e de Misa, mas o mais estranho era que o fluxo de chakra de Miura estava um pouco bagunçado. Ele piscou e seus olhos voltaram ao tom verde costumeiro. E assim continuou observando os dois se distanciando mais e mais. Ele levou a mão direita ao cabelo e voltou a coçá-lo, então se virou e seguiu na direção do Escritório do Hokage.

[ ۝ ]

E realmente aconteceu. Quinze minutos depois o rosado já estava dentro do escritório redondo e cheio de papéis do Hokage. E não era o único que estava por ali, afinal Uchiha Sasuke e Shikamaru Nara interromperam uma conversa séria quando o mesmo adentrou no escritório. Naruto continuava em seu assento e olhando-o com curiosidade.

— Estava o esperando, mas não imaginava que apareceria tão cedo. — O Uzumaki disse.

— Minha fama de preguiçoso está se espalhando? — Rin perguntou e olhou na direção do Uchiha com um pouco de seriedade, mas acabou retornando sua atenção para o Uzumaki, porém mantendo-se em silêncio.

— Você não esconde o quão preguiçoso é, então não tente me culpar. — Sasuke disse com um olhar igualmente sério.

O rosado sorriu pelo canto dos lábios. Aquilo era a máxima verdade a seu respeito. Ele seguiu para o assento à frente da mesa e sentou-se e cruzou os braços e manteve seus olhos esverdeados no loiro que continuou observando-o. 

— É isso mesmo que está querendo? — Naruto perguntou com um olhar que era a mistura perfeita da calma e seriedade, ele deu continuidade assim que recebeu um olhar duvidoso do rosado. — Gaara apenas me sugeriu que marcássemos essa reunião para que ele o agradecesse pelo que fez por Sunagakure, mas… acima de tudo, é um Kage. E você é um Chunin… entende onde estou querendo chegar? —

— O que esse idiota não está conseguindo dizer… é o seu comportamento, Rakun. Você é inteligente, isso é um fato, mas tem que entender que precisará agir de outra forma quando se encontrar com Gaara. — Sasuke disse.

— Você acabou de chamar o Hokage de idiota. E sou eu quem tem que agir de outra forma? — Rin perguntou e levantou duvidosamente uma das sobrancelhas ao dirigir sua atenção para o Uchiha. 

— Ele te pegou nessa… — Shikamaru sussurrou.

— Cale a boca. — Sasuke disse áspero e dirigiu seus olhos ônix sérios para o conselheiro.

— Sim, eu entendo o seu ponto. — Rin disse assim que voltou sua atenção para o Uzumaki, então deu continuidade. — Agirei de maneira respeitosa na presença do Kazekage. Ele não estará conversando apenas com um Chunin, mas também com um Uchiha que lidera um pequeno grupo que precisa se desenvolver, por isso irei me comportar para que não haja problema. —

— Isso é bom. — Naruto disse. E deu continuidade assim que pôs os cotovelos na mesa e o queixo foi apoiado nas mãos entrelaçadas. — Para quando sugere que aconteça essa reunião? —

— Alguns meses… — Rin respondeu.

— Porque tão longe? — Sasuke perguntou.

— Em breve estarei retornando para Amegakure com alguns artifícios de Orochimaru-sama, além disso há a necessidade de treinamento dos membros da Rokujūshi. Quem está no meu lugar agora é a vice-líder, mas ela está gestando, por isso imagino que seja bom oferecer um descanso para ela. Além disso, serei o responsável pelo nascimento da criança, então terei de ficar por lá até o final. Partirei quando o Exame Chunin for finalizado. — Rin respondeu a pergunta de Sasuke.

— De quantos meses estamos falando? — Naruto perguntou.

— Um ano. Talvez pouco menos que isso, mas é certo que seja mais de meio ano. — Rin respondeu. 

Sasuke não escondeu a surpresa em seu olhar pelo tempo que o filho manteria-se distante de Konoha, porém sabia que não tinha o direito de falar sobre ausência, afinal passava meses — e anos — muitas vezes sem ver a família, apenas protegendo Konoha das sombras de ameaças como o clã Otsutsuki, espionagem de eventuais inimigos, muitas coisas que apenas ele seria capaz de fazer.

— Posso convencer Gaara a esperar um pouco mais por essa reunião, mas com o Daimyo do País dos Vales pode ser mais difícil esse convencimento. — Naruto disse.

— Com o Daimyo dá para ser mais cedo… — Rin disse e sorriu pelo canto dos lábios antes de dar continuidade. — ...ele quer agradecer por ter salvo sua vida, por isso farei questão de visitá-lo antes do Exame Chunin ser encerrado. Há como agendar essa reunião e, se possível, o convencer a me deixar levar a vice-líder da Rokujūshi para essa reunião? —

— Verei as possibilidades. — Naruto disse.

[ ۝ ]

Ao mesmo tempo que acontecia aquela conversa, Misa acompanhada por Miura acabaram por chegar nos portões de entrada de Konohagakure. Havia uma pessoa aguardando por eles — Yamanaka Kaisō — que manteve-se escorada no portão e com os braços cruzados e a cabeça abaixada, mas levantando-a no momento que os dois se aproximaram. Misa reparou que não havia nada ali para que deixasse seu irmão com aquela estranha preocupação, por isso voltou sua atenção para ele ao mesmo tempo que a mão direita dele repousou sobre seu ombro. E ele possuía um pergaminho pequeno e aberto em sua mão direita com alguma coisa escrita com sangue. O sorriso de Miura cresceu.

— Reverse Kuchiyose no Jutsu. — Ele murmurou.

Os três desapareceram. Num piscar de olhos, os três não estavam mais perto de grandes portões de entrada e saída de Konohagakure, mas numa área que não conheciam muito bem — pelo menos dois deles. Era uma área com grama e muita vegetação em volta, mas que principalmente tinha uma cabana de madeira com aspecto de abandonada não muito longe deles. Misa ficou em silêncio, sem entender ao certo o que estava acontecendo, então olhou para sua mãe que parecia morder os lábios e mudar seu olhar. E até mesmo Miura tentou sair correndo de perto delas, mas acabou tropeçando no próprio pé e assim deu de cara com o chão, desta maneira ficando estatelado.

— O que está… — Misa tentou dizer, mas não teve a oportunidade.

— Uma armadilha. — Kaisō interrompeu sua filha mais velha. Ela sentia-se uma idiota naquele momento por não estar com qualquer tipo de arma, ou seja, dependeria apenas de suas técnicas. — Bem que estranhei o comportamento de Miura. Ele nunca agiu dessa forma, mas baixei a guarda por ser meu filho. —

— De quem? — Misa perguntou e fechou suas mãos em punhos com força, mas voltou sua atenção para o irmão que tentava rastejar. — Que merda você fez? —

— CUMPRI COM A MINHA PARTE! — Miura gritava, mas era muito óbvio que aquilo não foi uma resposta para a própria irmã que continuava observando-o.

Um silêncio. E então uma risada que originava-se dentro daquela cabana, então a figura de Death sairá caminhando com a maior naturalidade de dentro da construção de madeira. Seus olhos azuis se concentrando por tempo o suficiente em Misa, depois em Kaisō que recuou um passo, mas não parecia que a ANBU possuía um plano de fugir, então em Miura que enfim rastejou para perto dele e levou as mãos para a calça do mesmo e assim se ajoelhou e sorria ao mesmo tempo que chorava.

— MATE-ME! MATE-ME! VAMOS, MATE-ME! — Miura gritava e aquele sorriso se desfez um pouco no momento que sentiu a mão pesada do assassino em sua cabeça.

— Ainda é cedo. Por enquanto… — Death dizia ao mesmo tempo que seu olhar antes sustentado no garoto, retornou para Kaisō e alargou um sorriso que mostrou a maioria dos dentes. — ...machuque bastante aquela mulher. —

Miura ficou em silêncio, mas nem pensou direito no assunto. Ele lentamente moveu seu rosto e assim encarou a mãe que continuava próxima de Misa. A ANBU emitiu um estalo de língua e seu olhar tornou-se mais sério enquanto via o próprio filho ficando em pé novamente e sendo presenteado pelo assassino por uma de suas adagas. 

[ ۝ ]

Ao mesmo tempo, a reunião terminou. E pelo menos uma data foi marcada para o encontro de Rin com o Daimyo. O próprio rosado aparecia misteriosamente, segundos depois do encerramento, na entrada no hospital — pois havia deixado uma marcação — e apressou um pouco seus passos. Ele tinha suas obrigações com os pacientes, mas também precisava se encontrar com sua mãe para saber o porquê ela estava o ignorando. "Que sorte" pensou assim que acessou um corredor e viu que Sakura conversava alguma coisa com Shiawase que segurava uma grande papelada sobre pacientes. E ele logo se aproximou de Shiawase e cruzou os braços.

— Bom dia, Ra-... — Sakura começou a falar, mas foi interrompida pelo recém chegado. 

— O que aconteceu? — Rin perguntou e manteve seus olhos esverdeados em Shiawase. — Porque estava me ignorando? —

— ...eu não quero falar sobre isso com você. — Shiawase sussurrou. Seu olhar era um pouco mais pesado que de costume.

— Eu quero. Eu não quero ser ignorado por você, mãe. Se você está sentindo alguma coisa, me diga. Eu quero te ajudar… — Rin disse.

Shiawase suspirou e balançou a cabeça de um lado a outro. Ela até tentou se afastar, mas Rin novamente ficou a sua frente e olhando-a com mais seriedade. Sakura cogitou levar sua mão direita ao ombro do garoto, mas desistiu da ideia.

— Viu? Está fugindo de mim. Não está querendo conversar comigo. Se for a respeito do papai, posso levá-la para um psicólogo para que converse, mãe. — Rin disse.

— Pare… — Shiawase sussurrou e levou alguns dedos da mão esquerda para suas têmporas.

— Eu quero ajudar. O papai falou para cuidar de você. É isso que estou tentando fazer, mas você não está deixando… — Rin disse.

— PARE! — Shiawase gritou. 

O rosado engoliu em seco. E se calou, mas manteve sua atenção em Shiawase que suspirou pesadamente. Rin moveu sua cabeça um pouco no momento que sentiu um toque em seu ombro direito, desta maneira olhando para Sakura que tinha a mão esquerda em seu ombro. Rin retornou sua atenção para Shiawase, porém era óbvio que não entendia o porquê a própria mãe gritará. Shiawase percebeu que muitos olhares — principalmente dentro dos quartos cujas portas estavam abertas — se voltaram para o trio.

— Pare de me chamar de mãe. Pare de chamar meu marido de "papai". Pare de querer me ajudar. — Shiawase sussurrou as amargas palavras. Seu olhar não era da mesma gentileza de sempre. — Eu não sou sua mãe. Você não é nada meu. —

— Do que está falando? — Rin perguntou e soltou um riso divertido, mas era óbvio que estava confuso com a situação. Ele deu um passo adiante antes de continuar. — Você é minha... —

O rosto do rosado se moveu para o lado esquerdo. A marca da palma da mão de Shiawase estava na sua bochecha direita. Todo mundo naquele corredor escutou o tapa que o garoto recebeu. Shiawase continuava com aquela expressão séria.

— Não sou. E cansei de continuar com essa mentira. O meu filho está morto há dezessete anos. — Shiawase disse. Ela nem mesmo se incomodou pelo latejar que havia em sua mão esquerda. 

— Você me criou… — Rin disse. Seus olhos começaram a marejar. Ele deu continuidade assim que se aproximou mais da mulher e levou as mãos aos ombros dela. E sorriu com um pouco de desespero em seus olhos marejados. — ...você é minha mãe! Nós rimos juntos, choramos juntos! Você me ensinou um monte de coisa. Não está lembrada? Você puxou meus dentes amolecidos com um barbante. Você esteve na minha formatura na Academia. Você… você… —

— Meu filho está morto. Ele morreu nesse hospital, esmagado por concreto poucas horas depois do nascimento. Eu já cansei de continuar com esse conto de fadas. — Shiawase disse, porém era óbvio como seus olhos estavam marejados igualmente. — Certo, temos uma história juntos, mas você não é da minha família. Não tenho mais uma família. —

— Rakun… — Sakura sussurrou.

O rosado levou suas mãos para o cabelo e segurou algumas mechas. Agora ele sabia o porquê sua mãe vinha o ignorando e até mesmo parecia um pouco mais distante. E até imaginou que fosse aquilo que a mesma gostaria de conversar antes dele partir em viagem para o esconderijo de Orochimaru. Ele soluçou e balançou a cabeça de um lado a outro enquanto lágrimas escorriam por seu rosto. E ouviu quando Shiawase passou por ele, aparentemente decidida em continuar com seu serviço. O rosado inspirou profundamente, esforçando-se ao máximo para não abrir o berreiro. Uma parte — muito pequena — dele tinha noção de que Shiawase estava liberando a amargura, outra supôs que ela estava no segundo estágio do luto — raiva — e precisava descontar e afastar alguém, e justamente esse alguém acabava sendo ele, ou poderia estar no quarto estágio do luto — depressão. Porém, essa parte, como dito, era muito pequena.

— Eu não sou o suficiente, então? — Rin perguntou e moveu seu rosto para encarar a mulher que tentou se distanciar. — É isso? Não importa o quanto eu tente isso… eu nunca serei seu filho? É isso que está dizendo? Pois saiba de uma coisa… —

— O que? — Shiawase disse.

— ...há uma casa em construção num vilarejo pacífico. Sei que o que está dizendo não é o que está no seu coração, por isso… vou esquecer. Sei que tudo que está me dizendo é mentira… — Rin disse. E ele obviamente contou uma mentira, mas queria acreditar na própria mentira. Ele continuou assim que abaixou suas mãos, mas manteve-as fechadas em punhos. — ...eu faço parte da sua família. E vou cumprir com a promessa que fiz no leito de morte dele. Vou cuidar de você, não importa o que sinta por mim, vou continuar do seu lado. Você acha que nunca a escutei chorando em seu quarto? Ou perdendo tempo olhando para o nada em casa? Isso me doía o coração, por isso decidi que estava mais do que na hora de um recomeço. Eu também queria que o papai estivesse aqui… e ele diria que você está agindo estupidamente, mas ele não está. Não importa o quanto a gente queira ele por aqui, não há como ele retornar, mãe. O que dá para fazer é aceitar. Se você quer continuar sofrendo, tudo bem… continue em Konohagakure, mas vou cuidar de você mesmo que tenha de fazer constantes viagens. Se você quer superar e seguir adiante, ótimo… Yattsuhoshi será onde nossa família irá recomeçar. Eu… — Rin olhou para Sakura que havia se calado a conversa inteira. — ...não estou bem, Sakura-sama. Não estou em condições de ficar no hospital. —

Antes que o mesmo tivesse uma resposta da kunoichi das lesmas, o mesmo veio a desaparecer do corredor, dessa maneira deixando Sakura com uma Shiawase acuada. O rosado veio a aparecer meio segundo depois no Monumento dos Hokage, em cima da cabeça de Uzumaki Naruto, e sentou-se e abraçou suas pernas. Ele precisava relaxar, ou melhor, liberar um pouco do sentimento pesado que crescia cada vez mais. Ele engoliu em seco e voltou a se levantar e olhou para a Academia, sorriu pelo canto dos lábios — de maneira forçada — e pulou do monumento, assim aterrissando no terreno e caminhando para dentro da academia e levando as mãos aos bolsos da calça enquanto passeava pelos corredores. Ele não se importava que a Misa da academia fosse uma Kage Bunshin, ele só queria passar alguns minutos observando sua noiva. E não demorou para chegar à porta da sala de aula e a observar pelo vidro da porta deslizante, mantendo-se escorado na porta. Ele continuou a observando pelos minutos seguintes até vê-la desaparecer e deixando os estudantes confusos. E não demorou muito para entender que alguma coisa tinha acontecido, pois Misa possuía chakra o suficiente para manter um ou dois Bunshin muitas horas, ou seja, sem dúvida que alguma coisa tinha acontecido.

 


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