The Fault in Albus's Stars escrita por Fanfictioner


Capítulo 3
Como os eslavos bebem bem


Notas iniciais do capítulo

Não sei muito o que dizer, sei que estou devendo responder os comentários do capítulo passado, mas paciência... uma hora chego lá.
Vou atualizar os dois capítulos que faltaram da semana passada e sábado devo colocar o quinto. O último sai dia 31 para cumprir o calendário, e se eu ainda não apareci pela sua fic, mil perdões... antes de outubro eu chegarei lá.

Espero que gostem, beijooos



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Playlist (músicas 6 a 9 para o capítulo)

Como os eslavos bebem bem (ou, álcool e ciúmes não combinam)

Nem preciso dizer que o final de semana seguinte ao meu aniversário foi completamente miserável. Eu estava num poço de autocomiseração que beirava ao ridículo, e todo mundo pareceu entender que eu não estava para conversa, supondo que era culpa da ressaca.

Eu estava me esforçando além do que era capaz para que a convivência com Rose e Scorpius ficasse normal, porque a última coisa que eu queria era um deles fazendo uma intervenção sobre por que eu estava estranho, se a festa tinha sido ruim, perguntando se tinham feito ou dito algo errado.

Haha. Não, claro que não fizeram nada, Rose. Nadinha.

Ao mesmo tempo, eu me pegava várias vezes por dia divagando, olhando para o nada e tendo vários pensamentos patéticos de quem estava sofrendo por coração partido. Eu teria vergonha de alguém tentar usar a legilimência em mim, para ser sincero, porque eu sentia que estava sendo um pouco dramático demais, mas não podia evitar.

Pensava em como Scorpius era tudo que eu sempre tinha desejado, em como amava o jeito engraçado dele, ou em como, mesmo sem fazer esforço, ele era a parte mais carismática do nosso grupinho de amigos. Tudo que eu sempre soubera que gostava em garotos eram os traços que eu via em Scorp e, por um tempo realmente achei que poderia dar certo, que poderia acontecer, nós dois.

Quando eu viajava nas ideias da minha paixonite, achava que tudo sempre tinha feito parecer que éramos feitos um para o outro e, no entanto, ali estava Rose sentada ao lado dele no sofá de couro da sala comunal. Seria impossível não sentir ciúmes.

Eu não gostava do jeito como Rose olhava para Scorpius, porque quando os olhos dela sorriam, eu me sentia miserável em ver que ela gostava de Scorpius também. Eu respirava fundo, sorria e agia como se nada estivesse incomodando, mas eu sentia muito ciúmes. Scorpius era bonito demais para o próprio bem, e era óbvio que as pessoas o enxergavam como eu enxergava. Por isso eu sentia ciúmes.

Um ciúmes que parecia vivo dentro de mim, como um monstrinho no meio do meu peito. Eu comparava aquele sentimento com um cachorrinho não treinado, que rosnava e latia, irritado, toda vez que Rose e Scorpius ficavam lado a lado.

É claro que, no fundo, eu sabia que era imaturo, e que eu não tinha direito nenhum de me sentir daquele jeito. Eu não tinha direito nenhum de ficar bravo com Rose, afinal Scorpius nunca tinha tido nada comigo e nem mesmo se interessava por garotos. Os dois não deviam nada a ninguém, e podiam muito bem ficarem juntos, se eles se gostassem.

Eu nem queria imaginar o que a entrada do sol em Escorpião faria eu fazer com todo esse meu ciúme.

As funções de monitor estavam me tomando um tempo absurdamente demorado, e outubro passou voando, deixando-me preocupado com minha nota de Poções, que piorava a cada semana. Meus maus termos com Rose tinham que acabar logo antes que eu perdesse o ano.

— Mas que saco de bosta de dragão! - resmunguei, batendo na página do livro com raiva.

— O que foi, Al? - Rose perguntou com um risinho. - O que está fazendo?

Ela se esticou sobre a mesa em que estudávamos em grupo, puxando meu pergaminho para ler. Havia borrões nada caprichosos de tinta que tinham pingado sobre o papel, além de minha letra estar torta, inclinando-se para baixo.

— Por que meu cérebro vira gelatina toda vez que eu tento aprender isso?

— Porque você já criou um bloqueio. Me dá essa pena aqui, anda…

— O que vai fazer?

— Vai dar um passeio para desestressar, eu termino isso aqui... - ela explicou, riscando uma coisa. - De onde você tirou isso de cortar as vagens, Albus? Amassar sai muito mais suco!

— Dar um passeio?

— É, sei lá… vai esfriar a cabeça.

Eu olhava para Rose como se ela tivesse batido a cabeça em uma pedra. Era verdade que ela geralmente se voluntariava para corrigir o que tínhamos feito, mas fazer por nós era algo completamente diferente, e considerando que eu também não vinha socorrendo ela em Astronomia com tanta frequência, era bem inesperada aquela generosidade.

— Que foi? - ela perguntou, quando notou que eu e Scorpius a olhávamos, curiosos.

— Você… tá legal? - indiquei o meu pergaminho que ela corrigia.

— Não vou deixar você reprovar, seu idiota.

— Poxa, Rosezinha, meu bem… eu estou pendurado também, sabia? - brincou Scorpius e, pela primeira vez, eu não achei graça nesse tom dele. - Levei um Deplorável no trabalho passado…

Mas eu saí logo para dar uma volta, antes que meu estômago colocasse para fora o jantar, de tanto ciúme que eu sentia. Estava ventando fresco, para não dizer frio, e eu gostava do fato de poder ficar zanzando pelos corredores sem ser punido, por conta do distintivo no peito. O monstrinho nas minhas entranhas ficou irritado ao imaginar Rose e Scorpius juntos na sala comunal, pensando em como ela devia ter me dispensado para conseguir uns segundos sozinha com Scorp.

Eu estava de coração partido e ainda era o “empata casal”. Os astros não estavam mesmo para brincadeira quando escreveram um ano péssimo para mim.

Ranzinza, não me contive e apliquei uma detenção num casal da Corvinal que estava empurrando uma parede no corredor da sala de Transfiguração, e briguei com dois primeiranistas da Grifinória que estavam perambulando com um lembrol na mão. Eu estava irritado com meu próprio mau humor.

— Estamos revisando DCAT para a avaliação oral de amanhã, Al… - explicou Scorpius sentado em um sofá.

Evangeline, Peter e Henry estavam juntos, discutindo algo, e Rose tinha se recostado de lado no pedaço que sobrara do sofá, com os pés encostados na perna de Scorpius. Não que ela não costumasse fazer isso antes, mas agora me incomodava. Ciúmes!

— Vai lá, Albus… o que é um inferi e como se defender do ataque? - perguntou Shafiq, virando-se para mim.

— Vou dormir. - resmunguei, apertando as unhas na parte de dentro da mão para conter a raiva.

— O qu-

Nada, Rose. - interrompi. - Só quero dormir, tá?

— Okay… Scorp levou seus livros para o dormitório.

Meu Deus, eu estava insuportável até para meus padrões (e olha que eu vivo com James Sirius!), mas não conseguia evitar sentir um ciúme de roer os ossos. Eu era um péssimo ser humano, Merlin!

***

— Por favor me diga que sua coruja morreu! É a única justificativa aceitável para você estar com essa cara de quem está sem comer.

— No caso, eu realmente estou só com o café da manhã no estômago, então você ganhou meio ponto. - argumentei. - Espiando o treino dos outros de novo, James Sirius?

Lorcan reprimiu um risinho, sentando-se no degrau abaixo de nós na arquibancada. Era bizarro como um parecia a sombra do outro. Scamander e Potter, as metades da laranja que espiavam o treino de quadribol dos outros.

— Espiando seu não namorado treinando com a namorada dele de novo, Albus Severus? - ele implicou de volta, fazendo-me arquear uma sobrancelha.

— Você é cruel, sabia?

— Sou realista, o que é bem diferente. O que rolou?

— Com o quê?

— Essa sua cara de bunda. - ele me estendeu uma barra de chocolate pela metade, que tirou do bolso da veste.

— Ciúmes. Tristeza. Fundo do poço. - comentei dando de ombros, mordendo um pedaço generoso.

O que é chuva para quem está molhado, não é? Eu já tinha aceitado meu ano desgraçado.

— Ah, pelas cuecas de Merlin! Esse drama todo não é pelo oxigenado do Malfoy, é?

— A gente pode não falar do cabelo dele, que eu talvez goste? - pedi e James revirou os olhos. - E eu achei que você gostasse dele… 

— E eu gosto. Mas, porra, Albus! Já faz, o que, uns três anos? - eu concordei com a cabeça. - Três anos! Três anos gostando de uma pessoa que não retribui… não chega, não?

— Não é assim que funciona, James…

— De certa forma, é.

— Claro que não! Eu não decido estalar um dedo e parar de gostar do Scorpius! - comentei, meio chateado.

— Mas também não escolhe parar de se martirizar vendo ele e Rose juntos. - ele disse com aquele tom irritante de quem estava certo, arqueando a sobrancelha, e eu revirei os olhos. - Fala sério, Al! Você não tem outros amigos não?

— Óbvio!

— Bem, não parece. Se está tão incomodado com Rose e Scorpius juntos, porque não dá um tempo?

— Dar um tempo deles?

— Vocês não nasceram grudados, Albus. E, claramente, não está sendo legal para você ficar aí, assistindo o casalzinho. Você só anda com eles, não sai com seus outros amigos... Na verdade, dá um pouco de pena, Al… quando foi a última vez que você ficou com alguém?

Eu corei e enchi a boca de chocolate, sentindo-me irritado e meio humilhado.

— Não é da sua conta.

— Tá vendo? É disso que eu estou falando!

— Eu fiquei com alguém, não que seja da sua conta. Antes da páscoa. - retruquei, atrapalhando o cabelo.

James deu uma risada irônica, deixando-me constrangido. Eu não era um grande namorador, e, na verdade, tinha um pouco de timidez em ficar com quem eu não conhecia, mas é claro que eu sentia um pouco de falta de não ter alguém com quem passar o tempo.

— Sabe qual é o problema? Você não está com ciúmes deles dois, ou chateado com a Rose… você está se sentindo trocado, porque eles estão juntos e você meio que sobrou.

— Não estou, não! - insisti na defensiva, e James me olhou como se eu fosse muito mais novo que ele.

De repente, eu me sentia como naquele dia antes de vir para Hogwarts, com James provocando que eu talvez viesse para a Sonserina. Só que a diferença era que, dessa vez, ele não dizia o que dizia para ser implicante, mas porque estava certo. Eu só não queria admitir.

Sabe como é, ascendente taurino falando alto.

— Al, você sabe que é verdade. Sei que deve doer para caralho, mas você não pode viver esperando que Scorpius vá se apaixonar por você! Tipo, você precisa seguir em frente, sabe? Tá jogando sua adolescência fora… você não faz nada se não for com Rose e ele, e é ótimo que sejam seus melhores amigos! Só…

— Só… ?

— Só acho que já passou da hora de você… sabe, superar isso que sente pelo Scorpius. Não acha?

Eu não queria responder. Era óbvio que eu achava, era óbvio que eu queria parar de sofrer como um condenado por uma pessoa que não retribuía meus sentimentos. Só não era tão simples - ou eu não queria deixar que fosse.

— E o que você acha que eu devia fazer? - perguntei, observando Rose rebater um balaço na direção do segundo artilheiro do time, um garoto do quarto ano.

— Sair, ver gente… ir com alguém para Hogsmeade. - ele deu de ombros. - Dar uns amassos por aí…

sugerindo que eu use outros garotos para esquecer o Scorpius? - eu ri para James, implicando.

— Ei, uns beijinhos nunca mataram ninguém, sabia? Não precisa fazer um voto perpétuo com ninguém… só… 

James começou a fazer caretas e gesticular um amasso com alguém invisível, e eu caí na gargalhada. Ele tinha essa habilidade de facilmente me tirar do fundo do poço, com seu humor idiota e conselhos que surpreendentemente faziam sentido.

— Quais as dicas do grande namorador da Grifinória, então?

— Para o seu governo, - ele revirou os olhos com arrogância - eu pelo menos tenho alguém para beijar.

— Mentira! Quem é a coitada?

Ele me mostrou o dedo do meio, fazendo-me dar um risinho, mas não respondeu. Se bem que era do perfil de James arranjar alguém com a facilidade de um estalar de dedos. Privilégios do quadribol e de ser um geminiano extrovertido demais para o próprio bem.

— Primeira regra, você vai ter que desencanar e se divertir.

— Eu sei me divertir! - protestei, quase indignado.

— Sei que sabe, mas não vale ficar pensando no Scorpius enquanto fica com outra pessoa. - ele lançou um olhar de advertência, e eu precisei rir. - E eu recomendaria que você não se apegasse, já que... bem, é de você e seu emocional sequelado que estamos falando, né?

— Ei!

— Não queremos que você largue o Scorpius para ir mergulhando de cabeça em outro crush que vai durar anos.

Eu estava me divertindo com James brincando de me ensinar a ficar com alguém. Era, no mínimo, engraçado, e eu não diria para ele, mas estava gostando daqueles momentos aleatórios em que nos encontrávamos na arquibancada de quadribol e ficávamos falando bobagens.

— Obrigado por acreditar no meu potencial, James. - ironizei e ele riu. - E o que mais? Pintar o cabelo como Teddy?

— Nah! Odeio dizer, mas sua cara é até decente. Esse jeito santinho que todos sabem que não é santo, a coisa de ser misterioso e sonserino… - ele gesticulou para meu rosto.

— Não é minha culpa ser a mistura perfeita dos melhores genes da mamãe e do papai, sabe?

— Cara boa, nome ruim. Não se pode ter tudo, sabia? - eu ri alto, concordando em parte. - Roxy já contou que tem um garoto do time interessado em você? 

— Comentou algo.

— Viu? Tá fazendo um bom trabalho já… os carinhas já estão interessados.

— Carinhas?! Ai meu Merlin, você é tão hétero, James! Você, tipo, grita aura hétero!

Ele caiu na gargalhada, e ficamos falando mais algumas amenidades até vermos o time começar a descer das vassouras. 

— Ei, mas agora estou falando sério… Fred comentou que vai ter uma festa de Halloween na torre da Corvinal, dia 31. Acho que você devia ir, se divertir. Soube que vai ser meio privado, já que é dia de semana e tal… então se eu fosse você, decidiria logo.

— Você vai?

— Lysander vai deixar a gente entrar. - ele indicou Lorcan, que se levantava para descer da arquibancada com a gente. - Posso pedir para ela deixar você ir também. 

Rose e Scorpius vinham juntos na nossa direção, saindo do campo com as vassouras de corrida apoiadas nos ombros, e novamente o monstrinho do ciúme se remexeu dentro de mim, de maneira que eu não pensei muito antes de responder a James.

O sol em escorpião certamente me tornava uma pessoa mais impulsiva, o que podia ser muito perigoso. Mas, como meu ano astrológico já estava completamente desastroso sem eu fazer esforço, decidi que estava tudo bem deixar minha parcela de contribuição com a desgraça.

— Perfeito, pede para ela, por favor. 

James sorriu maldoso para mim, sabendo que eu tinha sido influenciado por nossa conversa. Um pouquinho de diversão sem Rose e Scorpius podia ser o que eu precisava para aplacar meus ciúmes.

***

Lysander cruzou comigo no corredor na hora do almoço e passou um papelzinho para mim quando deu um toquinho de cumprimento. Eu guardei no bolso do uniforme e esperei estar sem Rose e Scorpius para ler, porque sabia que eram as orientações para a festa daquela noite. Nenhum dos dois sabia que eu planejava sair e eu também não pretendia contar nada para eles, por isso inventei uma desculpa qualquer e dei um perdido em Rose após o jantar, enquanto Scorpius tinha ido ao banheiro.

Além de mim, havia uma garota da Lufa-Lufa esperando no corredor,  e começamos uma conversa banal sobre a empenhada decoração de Halloween do Grande Salão. Não demorou muito para que James, Alice, Roxanne e Lorcan aparecessem e se juntassem a nós no assunto. A aldrava de águia repetiu o enigma quando já fazia um tempo que estávamos esperando, e acabou virando uma brincadeira nossa tentar adivinhar a resposta.

— Não tenho dúvidas de que o chapéu seletor acertou em não colocar vocês na Corvinal. - riu Lysander quando finalmente abriu para nós, que éramos seus amigos.

Lysander tinha deixado o cabelo crescer desde o ano anterior, quando decidira que queria fazer a transição de gênero, mas fora o fato de que ela usava roupas muito mais femininas que antes, não se podia notar diferença. Lysander sempre nascera para ser ela, ao final das contas.

— Engraçadinha, você, né, Lys? - James cumprimentou, mexendo no cabelo louro dela enquanto atravessava para dentro do salão comunal. - Eu trouxe coisinhas…

A mão de James que estava fechada soltou alguma coisa sobre uma poltrona, e então eu entendi. Havia umas três garrafas de uísque de fogo deitadas sobre a capa de invisibilidade do papai, que James tinha usado para fazer uma espécie de sacola. 

O miserável criava usos inimagináveis para aquela capa!

— Você honra o Prongs e o Padfoot, sabia? - provoquei, pegando uma das garrafas para avaliar.

— A ideia foi minha, viu? Só para constar… - Roxy retrucou, andando pela sala. - Vou achar gente legal, até depois…

De fato, era algo privado. Não devia haver uma dúzia de alunos de outras casas, e tudo dava a entender que eram sempre amigos ou companheiros de alunos da Corvinal. Era pouco depois das nove, o toque de recolher soaria logo menos, mas ninguém parecia ligar, já que tinham colocado música e quase todos os alunos do quarto ano para baixo já tinham saído do salão.

Eu havia passado a maior parte do tempo conversando com Fred e Alice, então não sabia bem se isso estava contando como “sair da minha zona de conforto”, mas definitivamente estava sendo bom.

— Ei, Al! Deixa eu apresentar para você… - disse Fred, vindo até mim e Alice acompanhado de alguém e comendo uma tortinha de abóbora. - Esse é o Hector, o cara da astronomia. Heck, esse é meu primo Albus... 

— O famoso Albus Potter. - ele sorriu, estendendo a mão para me cumprimentar.

Meu pai é famoso, eu sou só- 

— Acertou aquele desafio da primeira aula de Astronomia. E fez uma previsão certa na aula de Adivinhação do… sei lá, terceiro ano?

Hector tinha um sotaque forte e diferente, talvez tivesse sido criado na Irlanda do Norte, ou no País de Gales. Tinha um nariz adunco, e um rosto afilado e anguloso, além de cabelos muito escuros que usava em um coque alto na cabeça.

De algum jeito, Hector era bastante atraente.

— Quarto ano.. é, fui eu. - ri meio constrangido. - Estou em desvantagem, eu não sei se sei quem você é…

— Hector Asimov, estou na sua turma de Adivinhação. Meio inglês, meio búlgaro, por isso parece que eu tenho um rato entalado na garganta. - Alice deu uma gargalhada e eu ri um pouco, curioso.

— Heck foi quem abasteceu a gente de bebida hoje. Vocês já provaram? - Fred estendeu um copo para mim, convidativo.

— Você nem tem quinze anos, garoto, por que tá bebendo? - repreendi em tom de brincadeira, ao que ele revirou os olhos para mim. - Deixa a Roxy ver você nesse estado… 

Peguei o copo de bebida e virei a pequena dose, arrependendo-me em seguida.

— Albus! - Hector riu. - Pega leve, é vodca búlgara... bem mais forte que uísque de fogo.

— Percebi. - murmurei rouco, com os olhos lacrimejando.

Ficou óbvio no segundo em que a bebida desceu pela garganta, ardendo como brasa, que eslavos não brincavam quando o assunto era álcool, e Hector riu da minha cara, oferecendo um doce em seguida. Alice cheirou um copo, ponderando se iria arriscar ou não, e continuamos conversando.

— Mas… seus pais, tipo… como?

— Torneio Tribruxo-

— De 94! Nossa, verdade! - interrompi, lembrando-me das histórias que eu tinha ouvido do meu pai. - Seu pai é da Durmstrang, então?

— Foi de lá, é. Minha mãe foi da Corvinal, eles se falavam por carta e tal… meu pai veio atrás dela depois da guerra, é uma história bonitinha, até. - ele deu de ombros.

A conversa rendeu bastante, porque Hector era engraçado de um jeito diferente, sem acidez ou ironia, e parecia que estava o tempo todo animado e sorrindo (eu me perguntava o quanto daquilo era álcool). Alice saiu algum tempo depois, e Roxy e Lorcan se revezavam vindo para perto e dando um pitaco ou outro na conversa de vez em quando.

Já devia ser depois das dez quando Rose apareceu.

— Olha só quem está por aqui! - ela brincou, rindo surpresa.

Eu não sabia se gostava ou não de ela estar ali, porque se Rose estava significava que Scorpius estava e eu, definitivamente, não precisava de outra noite vendo os dois juntos.

— Hey, Rose. 

— E me disse que ia estudar, né? - ela se sentou no lado vago do sofá. - Scorpius foi pegar uma bebida, não sabíamos que você vinha.

— E eu não sabia que vocês vinham. - retruquei, Hector achando tudo muito curioso.

— Henry chamou a gente. Porque Candace chamou ele e ele se sentiu intimidado de vir só.

— Saquei. Rose, Hector. Hector, Rose, minha prima. - apresentei, vendo Scorpius chegar, arqueando uma sobrancelha.

— Al! Não sabia que ia estar aqui… a gente devia ter combinado. Ficamos meio receosos de comentar que viríamos, porque era privado e tal… - ele explicou, sentando entre mim e Rose. - Divertido?

— É, tá okay. - minhas entranhas deram uma revirada aguda de ciúme, com o monstrinho despertando.

A voz de James apareceu no fundo da minha cabeça “só acho que já passou da hora de você… você sabe, superar isso que sente pelo Scorpius” e eu me sentia frustrado, porque minha tentativa de me afastar do casalzinho maravilha obviamente havia dado errado. Até que Hector deu um tapinha no meu joelho, chamando minha atenção e me tirando da torta de climão em que estávamos os quatro.

— Vou pegar bebida e dançar um pouco, vamos?

Roxy estava, como sempre, comandando a rodinha de dança, dessa vez acompanhada de alguém que eu não fazia ideia de quem era. Alice e Lysander se sacudiam ao lado do grupinho principal e todo mundo parecia estar se divertindo muito. 

“Você fica enfiado nesse mundinho da sua cabeça, apaixonado pelo Scorpius”

Eu queria mesmo aproveitar o Halloween. Beber e me distrair, aproveitar a noite com meus amigos, distante de Rose e Scorpius por uma noite, para tentar parar de sentir aquele ciúme todo que me fazia mal. Rose continuava sendo minha melhor amiga e Scorpius ainda era a pessoa que eu mais gostava no mundo, só estava sendo péssimo esconder deles como eu me sentia e ignorar que estava profundamente magoado.

“Não está só com ciúmes deles dois, ou chateado com a Rose… você está se sentindo trocado, porque eles estão juntos e você meio que sobrou.”

Sendo completamente emocional e unicamente baseado no ciúme e na pequena irritação que sentia, decidi que eu merecia ficar bêbado até esquecer que Scorpius estava ali. Não era justo que eu perdesse minha diversão porque era um idiota apaixonado numa pessoa que estava namorando minha prima.

Então eu me juntei com Hector e bebi um bocado. Depois dancei outro bocado com Alice e Roxy e lembro de estar no meio da rodinha, ciente de que estava alterado. Eu estava falante, um tagarela, e a vodca búlgara de Hector já não ardia mais como antes. Aquele estava sendo o melhor halloween até então. 

Gracinha, não acha que já deu por hoje? - Rose veio até mim, tirando o copo da minha mão.

— Não. Eu acho que estou super bem, Rose. - respondi pegando o copo de volta. Eu via uma Rose e meia, e minha língua estava engrolada. Eu queria rir de muitas coisas.

— Nem tudo que a gente acha é o que é, Al. - riu Scorpius chegando. - Anda, vamos voltar para a sala comunal. Já é quase meia noite.

— Podem ir, eu vou ficar mais um pouco.

— Al, eu acho melhor não… você parece alterado.

— Estou ótimo, Rose… não seja chata. - resmunguei revirando os olhos. Pisquei um pouco porque Rose e Scorpius estavam borrados.

— É, Rose… não seja chata. - Lorcan chegou, colocando um braço no ombro de Rose e eu ri. - Eu e James vamos ficar mais, cuido do mocinho se precisar.

Ela olhou de mim para Lorcan, depois para James, que conversava com Lys mais ao lado. Então Scorpius deu de ombros e pareceu satisfeito. Caberia aqui registrar que Scorpius estava fenomenalmente bonito e atraente, com o cabelo louro solto e as bochechas meio rosadas. A gravata pendurada com desleixo… 

— Vamos ficar mais um pouco então, Al… - ela deu um sorrisinho. - Vou ali com a Roxy.

Lorcan e Scorpius ficaram em uma conversa, então Hector se juntou a eles, depois James, e eu não conseguia prestar atenção no assunto completamente. Alguém fez um comentário e James virou-se para mim.

— Ah, é verdade. Não é, Al?

— O quê? - perguntei, a visão demorando para focar e eu achando graça daquilo.

— Você não concorda? - Lorcan perguntou, rindo.

— Concordo com o quê? - eu estava confuso, mas o riso deles me fazia achar que estavam me zoando.

— Concorda ou não? O que você acha?

Então, alterado e com uma autoconfiança alcoólica, eu achei que estava tudo bem brincar com aquilo. Eles achariam só uma piada, afinal. 

— Sim, eu acho que Scorpius e Rose não combinam. 

James deu uma gargalhada alta, surpreso, e Lorcan arregalou os olhos reprimindo um riso e olhando para Scorpius na mesma hora. 

— Como é? - perguntou Scorpius, meio sério, meio rindo.

— Não gosto de vocês dois juntos… acho que vocês não fazem um bom casal. Para mim, vocês dois precisariam de namorados novos...

— Al… - Lorcan riu. - Bebeu demais, Al…

Hector estava assistindo com diversão e certa curiosidade, considerando que não devia entender bem quem era quem. Ele sabia quem era Rose? 

— Conta isso melhor, Al… achei que apoiasse a gente. - Scorpius pareceu realmente interessado.

Eu estava muito confiante, então continuei meu ponto, embora fosse me arrepender das decisões alcoolizadas.

— Ah, vocês são bons. Mas não bons juntos, sabe? Tipo, Scorpius é bom e Rose é bom, - gesticulei com os dedos - mas Rose e Scorpius não é bom… entende?

Meu irmão estava se rachando em risos e Lorcan também se divertia. Era claro que eu estava falando sério, não tinha a intenção de ser maldoso, só achava que estava tudo bem falar. Scorpius também não parecia chateado, ao contrário, parecia estar se divertindo.

— Então você acha que não combinamos? - eu concordei com a cabeça. - E que precisamos namorar com outras pessoas.

— Isso. Você e Rose deviam… puf! - fiz um gesto de explosão com a mão, então Hector também riu e Scorpius mordeu o lado de dentro da boca.

— Puf?

— Puf. Vocês podem achar pessoas melhores…

— E quem você sugere então, Al? Para mim, quem você sugere de melhor para que eu namore, então? - Scorpius perguntou, com um sorriso meio arrogante, quase rindo da minha sugestão.

Veio na ponta da minha língua, porém, eu provavelmente precisaria ter bebido mais álcool para deixar aquela verdade sair e me humilhar daquele modo.

“Eu. Sugiro eu.”

No lugar, eu só fiquei quieto, olhando para o nada, pensando o que poderia ser uma resposta adequada. Eu estava mais autoconfiante, estava alterado, talvez estivesse até bêbado e não lembrasse daquela conversa no outro dia com clareza, mas não estava louco o bastante para expor meus sentimentos por Scorpius.

— Não me vem ninguém em mente. - eu disse por fim, achando graça daquela conversa.

Não sei descrever como, no entanto, a expressão de Scorpius ficou esquisita. Eu me considerava meio incapacitado de decifrar o que ele dizia não verbalmente, em especial porque estava preocupado de ter deixado muito transparente meus sentimentos.

O riso de James me fazia lembrar que eu estava ali com um objetivo: me divertir. Já tinha dito que não era o grande fã de Scorose, então agora não havia mais o que fazer. Eu lidaria depois com a possibilidade de ter magoado Scorp, agora eu queria esquecer que ainda gostava dele.

Então virei para Hector, que nos observava meio risonho.

— A melhor vodca búlgara ainda está disponível?

Sim, de certa forma eu estava bebendo por conta de Scorpius, que não me saía da cabeça há dois anos. E nada melhor que vodca búlgara e dança na sala comunal da Corvinal para me fazer esquecer meu interesse no meu melhor amigo.

Eu definitivamente não lembro muitas coisas depois disso, porque bebi e dancei bastante ainda, com Alice, Lysander, e Hector. Foi uma noite excelente e não tenho ideia de como cheguei ao dormitório da Sonserina.


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Notas finais do capítulo

Vejo vocês nos comentários? Beijoooos ❤❤



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