The Fault in Albus's Stars escrita por Fanfictioner


Capítulo 2
Como os ciclos se repetem


Notas iniciais do capítulo

Mantendo a boa tradição de um capítulo todo domingo (embora semana que vem tenhamos dois capítulos, mas tudo bem hahaha), retorno para vocês com mais um capítilo do nosso libriano astrológico favorito.
Essa semana foram muitas fics incríveis, e justamente porque todo mundo tem um milhão de fics para ler e se atualizar, esse capítulo de hoj é mais curtinho (mas não menos recheado de caos) então espero que gostem!
Obrigada a todo mundo que comentou e favoritou a fic no capítulo passado (e pelas teorias de se Rose teria ou não traído o Al). Acho que vocês vão ter algumas respostas hoje!

Beijos e boa leitura!



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Playlist (músicas 2 a 5 para esse capítulo)

Como os ciclos se repetem (ou, mágoas de verões passados)

 As festas da Sonserina são as melhores de Hogwarts, e isso é um fato. 

Rose me expulsou da sala comunal até a hora do jantar e, quando eu voltei, após um banho quente, tudo estava arrumado. Os sofás tinham sido afastados para os cantos, deixando um vazio grande o bastante para as pessoas dançarem. Alguém - que eu tinha certeza que era Evangeline, com toda sua habilidade artística - havia escrito meu nome com balões que flutuavam sobre uma mesinha improvisada, com um bolo verde e branco.

— A gente falou que o filho de Harry Potter estava de aniversário, e os elfos foram generosos. - explicou Scorpius, entregando-me um copo com o que parecia Hidromel.

— Usando meu pai… que feio, Scorp. - brinquei, ainda olhando o lugar. - Eu posso beber isso ou está batizado.

— Confie no que quiser. 

Ele riu, bebendo do copo dele. Deus! Scorpius, você pode, por favor, dar um sossego para os meus nervos emocionados de pisciano?

— James quem trouxe, acho que pode confiar. 

James estava um pouco mais adiante, recostado contra o encosto de um dos sofás, conversando com Shafiq, Lorcan e Rose, e Roxanne invadira a pista, dançando em meio aos colegas da minha casa, muito desinibida.

O hidromel estava bom, mas eu logo troquei pelas doses de uísque de fogo que James trouxera clandestinamente de Hogsmeade, pela passagem da Bruxa de Um Olho Só. A música estava excelente, e alguém tinha colocado feitiço de imperturbabilidade nos dormitórios, para não incomodar os mais novos - ou os chatos que se recusavam a participar. 

Havia uma meia dúzia de pessoas da Lufa-Lufa e quase o mesmo da Corvinal, embora a única pessoa que eu reconhecesse fosse Candance Thomas-Finnigan, que era do sexto ano e filha de amigos dos meus pais. 

— Festa maneira, Albus! - ela cumprimentou. Eu achava que via uma aura em torno dela, mas meio segundo depois notei que era efeito do álcool.

— Ei! Valeu! Foi Rose quem chamou você?

— Ah, não. - ela ficou meio rosa. - Henry comentou que era seu aniversário, e disse que eu podia vir… nunca tinha vindo. Aqui embaixo, eu digo.

— Sempre bem-vinda. - levantei meu copo para brindá-la. - Só me chame para beber na torre da Corvinal, por favor.

— Vou lembrar. Feliz aniversário! 

Candance foi embora tão de repente quanto viera, com seu cabelo castanho longo balançando nas costas. Depois eu a vi enroscada em Henry em um amasso e achei graça.

— Al, um banheiro. - Lorcan apareceu, vindo da pista de dança com a boca vermelha e a gravata balançando amarrada na testa.

— Vai no meu dormitório… lado esquerdo do Hall, terceira porta à esquerda. Tem um número seis na andrava.

Quando Lorcan seguiu em direção ao Hall no fundo do salão, um nível mais alto de onde estávamos, indo aos dormitórios masculinos, Roxanne e Alice Longbottom me puxaram para dançar com elas, em um montinho de gente que rebolava junto no meio da sala comunal, e eu aceitei outro copo de qualquer coisa que estivessem servindo.

Era bom alguém ter poção para ressaca.

De relance, eu lembro de ter visto Rose subir para o hall em algum momento, provavelmente para buscar algo, porque Scorpius estava dançando com outros amigos nossos, em um canto da sala comunal. O mundo estava tão torto àquela altura.

— Se divertindo? - perguntou a voz arrastada e baixa de Scorpius.

Eu tinha deitado em um sofá, ciente de que estava bêbado, apenas para recuperar um pouco de energia para voltar a me divertir. De olhos fechados, eu só podia imaginar Scorp ali ao lado. Os cabelos louros caindo pelo rosto, provavelmente meio suados, o anel prata da família Malfoy em seu dedo roçando no copo de uísque que ele devia ter na mão.

A boca provavelmente curvada num sorriso arrogante.

Algumas terminações nervosas esquentaram antes que eu me lembrasse que aquele era o namorado da minha prima. E meu melhor amigo.

— Vocês sabem mesmo organizar uma festa. - respondi sem abrir os olhos, só para me acalmar primeiro. - Está incrível!

— E eu não organizei a primeira festa do trimestre para você ficar deitado. Anda, vamos dançar.

bêbado. - abri os olhos para comprovar.

— Quantos dedos tem aqui?

— Dois em pé e três dobrados?

— Não bêbado. Anda. - ele me puxou pela mão em direção à rodinha que Alice comandava, cheia de pessoas dançando.

— Scorpius, eu realmente alterado. - ri, as paredes da sala comunal parecendo dançar junto. Tudo estava absurdamente engraçado.

Ao contrário do que eu esperava, que Scorpius desistisse de mim pela minha chatice, ele passou a dançar comigo, sacudindo-se com empolgação e cantando alto - e tão ruim quanto eu. Eu não queria pensar em quão boa era a energia de estar conectado com ele daquele jeito, mas estava alcoolizado demais para fazer um esforço, então só fui levando.

Fui aceitando as mãos dele segurando nas minhas para uma dancinha, gostando demais do calor que ficava na palma. Fui devolvendo a coreografia de me inclinar na direção dele, fui rindo junto, fui me afundando naquele momento em que Scorpius estava cem por cento ali, comigo.

E isso, meus caros, foi o pior dos erros.

Principalmente quando alguém colocou uma música trouxa cuja letra dizia, exatamente, “não quero ser seu amigo, quero beijar seus lábios”. 

E Scorpius, brincando, segurou meu queixo. E cantou isso sorrindo. Olhando para a minha boca.

Meus olhos bêbados olhavam para ele completamente sedentos e rendidos, esperando pelo segundo em que Scorpius me beijaria. 

— Eu quero te beijar até perder o fôlego! - e Rose apareceu, pulando apoiada em nossos ombros, cantando o verso seguinte, claramente alterada.

Então Scorpius riu, segurou-a pelas mãos e passou a fazer com ela o mesmo passinho estilo anos sessenta que tinha dançado comigo pouco antes, cantando a segunda estrofe normalmente. 

Odeio minha vida. Eu quem deveria ser nomeado Sirius II da família, dado o tanto que sofro.

A festa para mim acabou ali. Não só eu estava frustrado por não ter beijado a pessoa por quem estou apaixonado, como tinha sido torturantemente lembrado que Scorpius não estava disponível. E lembrado que Rose era a pior prima do mundo.

Toda a raiva reprimida das últimas semanas explodiu dentro de mim, e eu saí para o dormitório chorando, numa mistura de mágoa, tristeza, raiva e inferioridade. Em resumo, eu saí da minha festa de aniversário completamente humilhado.

Os astros não brincam em serviço.

O dormitório do sexto ano estava vazio, e as camas de Scorpius e Henry estavam bagunçadas, deixando claro que eles tinham dado uma escapada da festa com as namoradas. Foi aí que eu comecei a chorar.

Chorar do tipo pesado. Soluçando, e tudo. Como um bom bêbado apaixonado patético, pensando nas coisas que tinham dado errado na minha vida amorosa e me levado até ali. Especificamente remoendo as cenas do verão de dois anos atrás, quando muitas coisas deram errado, eu não falei com Scorpius por quase três semanas, e ele e Rose tiveram um "namoro" de dez dias.

·

verão de 2020 (ou, as primeiras escolhas erradas da vida do único gay - até então - da família)

·

Eu soube que era gay aos dez anos, mas só conversei com minha família sobre isso quando tinha doze. Não houve grandes problemas, porque minha prima Molly havia se assumido lésbica poucos meses antes, então ninguém foi pego de surpresa.

Meu primeiro beijo foi um mês depois do meu aniversário de treze anos, com Will Macmillan, da Lufa-Lufa, matando uma aula de Trato das Criaturas Mágicas. E foi horrível. 

Depois desse episódio, eu passei algumas semanas em uma crise de sexualidade, já que tinha tido um primeiro beijo péssimo, e nenhum dos meus amigos, exceto Rose, sabia que eu gostava de garotos. No dia dos namorados houve um passeio para Hogsmeade e, resumindo uma longa história, eu acabei tendo um "segundo primeiro beijo" com Colin Finch-Fletchey, do quarto ano (eu aparentemente tenho uma queda por lufanos) e minha relação com a minha sexualidade voltou aos eixos. 

O que nos leva ao fato de que, em abril, eu percebi que estava apaixonado por Scorpius.

Nós dois éramos grudados (não que isso tenha mudado muito), e passávamos muitas horas juntos, aprontando coisas com o mapa do maroto e inventando algo para passar todo o nosso tempo livre antes de a escola ficar séria de fato. Rose estava junto quase sempre, mas de algum modo havia alguma coisa de diferente entre Scorp e eu.

Ao menos eu sentia assim.

Nas férias, foi o primeiro ano que o senhor Malfoy deixou Scorpius passar alguns dias na Toca comigo e Rose, e todo o clã Potter/Weasley. A mãe de Scorpius tinha uma relação amigável com a minha, que convidou Scorp na estação de trem, quando voltávamos da escola.

Duas semanas depois, Scorpius chegou na Toca com mochilas e coisas para ficar por sete dias inteiros. Eu e Rose estávamos à beira de uma síncope por passarmos o verão com nosso melhor amigo - e eu, em especial, porque estava caidinho por Scorpius. Tirando os estresses comuns entre crianças e adolescentes, foi tudo muito tranquilo, e meus avós adoraram Scorpius, apesar de qualquer coisa.

Principalmente vovô Arthur, que encontrou em Scorp alguém que odiasse Lucius Malfoy tanto quanto ele. Amizade instantânea.

Na época, nós nos amontoávamos nos quartos que tinham sido de nossos tios e pais, e era uma maravilhosa confusão de gente. Devia passar da meia-noite, Teddy e Victoire já tinham ido embora. Lucy e Louis, que nem tinham idade para Hogwarts ainda, já tinham ido dormir, e o assunto eram os interesses amorosos de quem tivesse ficado na conversa.

James contava de uma garota com quem estava ficando, perguntado por Dominique, e Rose saiu para o quarto pouco depois, entediada. Eu sabia que a curiosidade viraria para mim logo menos, e queria que Scorpius soubesse por mim - e não por toda minha família - que eu beijava garotos, então, nervoso, inventei estar com sono e perguntei se ele queria ir deitar.

O quarto que eu e ele dividíamos com James tinha sido do tio Ron, e ficava no sótão. 

— Acho que a conversa lá embaixo ainda vai até tarde. - ele comentou, com uma risadinha.

— É… eles são bem curiosos na vida amorosa dos outros. Alguma hora iam chegar em você...

— E iam se decepcionar, porque eu não teria nada para contar. - Scorpius deu de ombros.

— Você realmente não… você sabe, beijou ninguém? - minhas orelhas esquentaram, e eu agradeci estar meio escuro.

Scorpius negou com a cabeça.

— Você já?

— Já… - ele arregalou os olhos, divertido.

— Mentira, Al! - eu não neguei, e ele sentou-se ao meu lado na cama, fazendo o estrado de molas ranger um pouquinho. - Quando?! Com quem?!

— Em outubro. E em fevereiro.

— Tá brincando! Como não contou isso? Como foi?

— Foi… foi normal. Quer dizer, o primeiro foi ruim. - Scorpius riu da minha cara, e eu corei.

— Caramba, Al! Você deve ter sido o primeiro de nós três.

Ele falava de um jeito como se eu fosse incrível por já ter beijado alguém, e eu estava adorando que Scorpius me tivesse naquela admiração e estima.

— A Rose sabe, eu contei a ela. - acrescentei.

— Nossa! Estou chocado! - ele se levantou e ficou andando pelo quarto, sem ligar para que Rose tivesse sabido primeiro. - Tenho muita curiosidade de como deve ser beijar, mas acho que vou travar de nervoso quando for a minha vez.

— Não é tão difícil, você vai se sair bem.- dei de ombros, sentindo o coração batendo forte pelo rumo da conversa. - Mas, uhm… Scorp. Uma coisa que você precisa saber…

— O quê?

— Eu… eu meio quebeijomeninos.

— Como é? - ele sentou-se novamente ao meu lado, porque eu tinha falado baixo e rápido.

— Eu. - respirei fundo. - Eu gosto de meninos. Eu, eu beijo meninos.

Scorpius não disse nada por uns segundos. Ficou apenas lá, parado, calado, absorvendo o que eu tinha dito. Meu coração estava tão acelerado que eu sentia que ia sair pela boca, e a cada segundo sem uma reação de Scorp, eu me sentia mais idiota e arrependido de ter contado.

— Ah, legal. Sua família sabe? Legal, legal…

— Tudo bem?

— Tudo.

— …

— Al?

— Uhm?

— Como sei se gosto de meninos ou meninas?

Minha orelha esquentou muito com aquela pergunta, e eu senti o quarto calorento.

— Acho… acho que... bem, não sei. Beijando meninos também?

— Faz sentido, é… - Scorpius mordeu o lábio, pensativo e meio nervoso.

Eu estava quase tendo uma síncope com tudo aquilo: o assunto, o fato de me assumir, Scorpius perto, meu coração rápido demais. Meus pais receberiam um filho a menos em casa, dali dois dias.

— Você… você tá s-

— Al… ia ser muito estranho…?- ele indicou nós dois com um gesto.

Ali minha pressão despencou.

— Não! - falei, meio agudo demais. Era aquela fase da voz mudando. - Quer dizer, não. Não ia ser… você entendeu.

— Uhum.

Ficamos em silêncio, os dois esperando que algo acontecesse. Deus, eu ia beijar Scorpius!

— Você quer… - perguntei, incerto do que estava perguntando.

— Pode.. pode ser você a… começar, sei lá. - ele deu um risinho, nervoso, olhando para mim.

— Certo.

Todos meus beijos até ali tinham sido recebidos, e nunca dados. Mal sabia Scorpius que eu estava tão nervoso quanto ele.

A cama de molas rangeu quando eu me apoiei para perto dele. Foi automático que ele fechou os olhos, e eu podia ouvir a palpitação do coração dele, veloz demais. Tinha certeza de que ele ouvia o meu também. 

Estou beijando Scorpius, estou beijando Scorpius, estou beijando Scorpius. 

Foi apenas um selinho retribuído, e eu não saberia dizer se fora o meu melhor beijo porque eu estava pegando prática, porque Scorpius beijava bem naturalmente ou porque eu estava absurdamente apaixonadinho, mas definitivamente foi o meu melhor beijo. Minhas mãos suavam apoiadas no lençol, e houve um momento em que os dedos de Scorpius encostaram nos meus e eu achei que fosse explodir.

Um segundo depois que o beijo acabou, antes que tivéssemos chance de comentar qualquer coisa sobre, James entrou no quarto, conversando com alguém no corredor, e eu me levantei sobressaltado.

— O que houve? - ele perguntou, olhando de mim para Scorpius.

— Nada. - ele disse frio. - Al estava me contando uma coisa. Boa noite, gente.

Eu demorei a dormir, deslumbrado, revivendo aquele beijo, com o coração acelerado e as mãos suando.

E foi meu último dia de sossego até o final do verão.

No dia seguinte, Scorpius agiu como se nada tivesse acontecido, como se tivesse sido em um universo paralelo. Sua opinião sobre beijos, e sobre ser legal gostar de garotos tinha mudado cem por cento, e ele estava conversando pouco comigo. Perguntei algumas vezes se estava tudo bem, se tinha algo errado, e a resposta sempre era que estava tudo normal.

Jogamos quadribol de equipes no jardim e, apesar de sermos da mesma equipe, ele não falou tanto comigo quanto com Rose, que jogava no time oposto. Passei o dia meio chateado e emburrado, aparentemente sem razão.

Morrendo de ciúmes.

A despedida de Scorpius foi esquisita, e não nos falamos nos dias que se seguiram. Eu não sabia bem como me sentia, mas certamente estava doendo aquele fora que eu tinha levado. Na festa de aniversário do meu pai, seis dias depois do beijo noturno entre mim e Scorpius, Rose me chamou para conversar.

— Eu só queria que soubesse que… que Scorpius me beijou. - a voz dela baixou no fim da frase.

— Como é? - eu perguntei, confuso e nervoso. - Não! Rose, eu beijei Scorpius!

— Quê? - Rose empalideceu. - Não… não, Scorp- não, Al… não foi como você está pensando.

— Agora conta.

— Só… só aconteceu. Eu nunca tinha beijado ninguém, Al, você sabe! Foi… foi besteira, me desculpa! Estávamos conversando, o assunto veio, e nos beijamos!

— Se beijaram ou ele beijou você? - eu estava muito, muito irritado.

— Não sei… ele. Nós dois… me desculpa, Al! Eu não sabia que vocês… quando isso aconteceu?

— Naquela noite em que você foi dormir enquanto estávamos todos conversando na sala. - cuspi, sentindo-me um enorme idiota. 

— Você beijou o Scorp… - ela repetiu. - Meu Merlin, não, Albus! Me desculpa, eu não sabia mesm-

Rose parecia genuinamente arrependida, mas eu não ligava, estava furioso, sentindo-me extremamente traído e envergonhado. Tinha pouco mais de dois meses que eu havia contado a ela que gostava de Scorpius, porque estava me deixando louco guardar esse segredo de todo mundo. Rose tinha ficado empolgada, achando bonitinho, e dado o maior incentivo, e agora isso.

— Que droga, Rose! Você sabia!

— Me desculpa! - ela choramingou. - Me desculpa, Al! Eu juro que… não foi por mal e, por isso eu quis contar, porque estava me sentindo péssima de esconder de você. Aconteceu naquele último dia aqui, e eu fiquei tã-

— Vocês estão namorando?

Rose não respondeu, parou com a boca aberta no meio de uma palavra que não saiu, mas os olhos dela se encheram de água, e então os meus também.

— Legal. Da próxima vez, já sei para quem não contar de quem estou gostando.

— Al! - ela pediu. - Vamos conversar!

Mas eu não estava disposto a conversar.

— Por favor, Albus! Se coloque no meu lugar, eu nunca tinha ficado com ninguém…

— Se coloque você no meu lugar! Tinha que ficar logo com quem eu estou afim? Ah, vai se danar, Rose!

Rose e eu não nos falamos pelo resto da noite, e ficou óbvio para a família toda que nós havíamos brigado, o que era extremamente raro. No fundo, eu não sabia de quem sentia mais raiva. Se era de Rose, que tinha escolhido ficar com Scorpius mesmo sabendo do meu interesse por ele, ou se era de Scorpius, que tinha me usado - eu cheguei a essa conclusão semanas depois - para satisfazer a curiosidade dele sobre a própria sexualidade.

Durante os dez dias seguintes, eu não falei com nenhum dos dois, ignorando todas as cartas, ligações e mensagens que mandaram. Rose e eu costumávamos ser grudados como gêmeos, e Scorpius era a terceira parte da nossa sincronia perfeita, então, de repente, parecíamos uma bateria sem carga alguma.

Eu não queria sequer pensar em ver qualquer um deles. 

O fato de que estavam namorando me deixava ainda mais irritado, e se não fosse James ter feito um esforço realmente impressionante para me tirar da fossa, eu teria ficado o verão inteiro me remoendo de desgosto, raiva e autopiedade.

No aniversário da mamãe, Rose apareceu para o jantar em casa, e eu estava disposto a ignorá-la novamente, se não fosse pela aparição inesperada - para mim - de Scorpius.

— O que fazendo aqui? - perguntei, um pouco mais agressivo do que devia, quando Scorpius entrou na sala de casa, ao lado de James, que atendera à porta.

— Albus! Que falta de educação é essa? - minha mãe repreendeu, levantando-se do sofá em que conversava com tia Angelina. - Scorpius, querido, que bom que veio.

— Meus pais pediram desculpas por não poderem vir, senhora Potter. Esperamos que goste da lembrança, feliz aniversário. - ele estendeu um presente de aniversário para minha mãe.

— Obrigada pela gentileza, Scorpius. Albus, sirva um suco para seu amigo, e depois podem ir para o jardim. Todos vocês. - ela dirigiu um olhar de advertência a James, que sempre tentava se esgueirar nas conversas dos adultos, usando Teddy como álibi.

Todos meus primos jogavam jogos de tabuleiro, riam e brincavam, mas a simples presença de Rose e Scorpius na minha casa estava me deixando completamente deprimido e irritadiço, e eu só estava fazendo sala porque minha mãe sabia ser repreensora.

Lá pelas tantas, eu estava envolvido em uma conversa com Roxanne quando James me chamou para buscar algo lá em cima.

— Se resolvam, vocês três. Não aguento mais sua cara de bunda dentro de casa, Albus. - disse ele trancando a porta do meu quarto enquanto eu estranhava a presença de Rose e Scorpius ali, sentados na minha cama, com caras constrangidas.

— Mas que merd- vocês que pediram isso?

— Não! Juro, foi ideia do James. - Rose levantou as mãos para apaziguar. - Al, não pode ignorar a gente para sempre… somos seus amigos.

— Eram.

— Somos. - Scorpius se levantou, sério. - Vamos resolver isso, Al.

— Não sei se tem como resolver o tipo de problema que vocês criaram. - eu gesticulei sério, com as sobrancelhas arqueadas.

— Já disse que não foi por mal, Al… - Rose parecia à beira do choro.

Eu respirei fundo, sem paciência para aquela conversa.

— Que diferença, faz? Vocês estão junt-

— Não estamos. - Scorpius me interrompeu. - Eu não imaginava que você ia ficar tão chateado de eu namorar sua prima, Albus… mas não, não estamos juntos.

Eu olhei de um para o outro, confuso, esperando a piadinha de mal gosto, mas Rose confirmou com a cabeça. Outra vez Scorpius mudando de ideia, como sempre. Ele era, sem sombra de dúvida, o geminiano mais fiel ao signo que eu conhecia. Mas, então, Rose não havia contado para Scorpius dos meus sentimentos por ele, nem ele havia contado para Rose que tínhamos nos beijado.

Todos estávamos brincando de omitir alguma informação um para o outro. Perfeito!

— É… uhm, muito esquisito seria você… e a minha prima. - repeti, incerto se eu queria confirmar aquela mentira ou só contar a verdade e nunca mais falar com nenhum dos dois.

— A gente nunca daria certo, Al… brigamos demais. - Rose riu, tentando aliviar o clima. - Levei dois dias de conversa para ter vontade de esganar o Scorp.

— Demorou ainda, eu queria gritar com você no primeiro dia. - ele retorquiu, e Rose revirou os olhos com impaciência.

— Então… nada?

— Nadinha de nada. Acho que antes parecia o certo, mas bastou uns dias para ficar claro que não...

— Só amigos. - Scorpius frisou. - Um beijo e oito dias conversando, nem chegou a ser um namoro… a gente ia se matar antes de fazer um mês.

— Podemos… passar por cima disso?

Era um tipo de ferida delicada. Rose tinha sido muito babaca ficando com quem eu gostava, e Scorpius tinha me usado, de certa forma, mas, ao mesmo tempo, eu não achava que seria o mesmo sem meus melhores amigos. Porém, eu poderia desculpá-los, poderia superar esses sentimentos amorosos por Scorpius.

— Olhem bem para o que fizeram, porque, bebês, agora nós temos um conflito. - eu cantei, citando uma cantora trouxa que Rose adorava. Ela riu.

— É tão triste pensar nos tempos bons… - ela continuou, vindo me abraçar. - Me desculpa, Al… a gente foi bem babaca com você. 

Eu aceitei o abraço de Rose, então ela sussurrou baixinho, para que apenas eu ouvisse.

— Não contei nada, e Scorp não sabe que eu sei que vocês… eu sinto muito mesmo, Al. De verdade, eu nunca qui-

— Tudo bem. - eu a interrompi, falando no mesmo tom. -  Acho que ele só queria… você sabe, saber se era… - ficou implícito. - E viu que não. Não acho que teria... sabe, retribuído o que eu sinto, de qualquer forma.

Rose me soltou, olhando com uma cara de quem sentia muito.

— Sinto muito. De verdade.- ela respondeu, mordiscando a boca.

— Estamos bem, então? O trio maravilha está de volta?

— Se você conseguir manter sua boca longe da de Rose. - eu ironizei, Scorpius e Rose riram, corados, e pareceu que as coisas estavam minimamente bem entre nós.

Exceto meu coração partido, claro.

E dois anos depois, cá estamos os três novamente.

Obviamente eu não havia superado a quedinha por Scorpius (que agora tinha virado um tombo sério de um precipício), Rose e ele agora estavam, de verdade, juntos, e eu seguia escondendo meus sentimentos.

Era um ciclo repetindo-se: eu lembrando do gosto da boca de Scorpius naquele único, e super infantil, beijo na Toca, chorando sozinho e tentando descobrir o que fazer ou para aonde ir com o meu coração partido.


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Notas finais do capítulo

Estou pelo twitter em @prongsstan caso alguém queira fofocar sobre fic ou qualquer outra coisa. Vejo vocês nos comentários ❤❤❤



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